Cherry Guns escrita por Rikki-Chan


Capítulo 2
What an annoying guy!


Notas iniciais do capítulo

agora começa de vdd,
esse cap foi revisado por Renatinha94..
é isso aí

divirtam-se



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A lembrança daquele dia passou rapidamente pela minha cabeça, enquanto observava o caixão do meu pai ser enterrado.

Sim, ele morreu. Não resistiu aos ferimentos. O tiro foi fatal.

E agora, já que minha mãe morreu ao me dar a luz, estou sozinha. Tudo bem, não completamente sozinha, já que eu e Gaara estávamos namorando.

Olhei para ele, que estava em pé ao meu lado, o braço em volta da minha cintura.

Ele rapidamente percebeu meu olhar, e retribuiu, apertando o braço.

O namorado perfeito. Compreensivo, amoroso, carinhoso, lindo, tudo o que uma garota sempre sonhou.

Essa foi a única coisa boa que a morte do meu pai trouxe.

Suspirei, observando o resto das pessoas que assistam ao enterro. Na sua maioria, eram homens de negócios, engravatados, sérios, com malas de couro e ternos de marca.

Meu pai era um homem assim, dono de uma empresa de financiamento de armas para o exercito. Estranho? Sim, mas devo dizer: altamente lucrativo.

Agora, ele morreu. Sou a única herdeira, e fui obrigada a ficar a frente desse império empresarial, já que tenho 21 anos.

Meus olhos continuaram vagando pelas pessoas presentes no cemitério. Uma brisa balançava de leve as flores que enfeitavam o lugar. O cheiro doce não combinava com o momento.

O dia estava claro, com poucas nuvens no céu extremamente azul, e incrivelmente quente, o que também na combinava nada com o motivo de estarmos ali.

Quando voltei minha atenção para o caixão, não estava mais ali. No lugar dele, havia terra remexida.

Acabou.

- Com licença – uma voz grave soou ao meu lado, onde um homem baixo, carrancudo e careca me encarava por cima dos óculos na ponta do nariz.

- Sim?

- Eu sinto muito por sua perda, Srta. Haruno – ele estendeu a mão branca e enrugada na minha direção.

- Obrigada – murmurei. Parecia que minha voz havia sido roubada.

Depois de me lançar um olhar de preocupação, o homem se retirou lentamente em direção aos grandes portões de ferro que guardavam aquele lugar.

Outro homem tomava a posição a minha frente, com a mesma expressão e a mesma mão estendida. Esse aparentava ter lá para seus 40 anos, os cabelos castanhos cuidadosamente penteados com gel, o terno perfeitamente alinhado, sem nenhum cisco.

- Sinto muito – repetiu a fala do mais velho, dando um firme aperto de mão.

E depois veio outro homem, e outro, e outro, e mais outro, repetindo o mesmo processo. Assim como eu repetia a mesma coisa:

- Obrigada.

Já estava cansada, nem ouvia mais o que me falavam, quando percebi que só faltava um homem esperando sua vez, e eu finalmente iria para casa.

- Srta. Haruno? – o homem chamou.

 

O fitei, impaciente.

 

- Sim?

Ele não aparentava ser um homem de negócios. Trajava uma blusa social preta e uma calça jeans simples, combinando com os sapatos de couro. Os cabelos pretos, lisos na frente e rebeldes atrás. Alto como Gaara, percebi que eram igualmente fortes. Talvez com a mesma idade.

Os olhos ônix me encaravam.

- Sou Uchiha Sasuke.

Sua mão direita se estendeu na minha direção, sendo logo apertada pela minha.

- Haruno Sakura.

Separamos as mãos.

Gaara apareceu subitamente ao meu lado, dando um aceno de cabeça para o Uchiha, que retribuiu.

- Nós podemos conversar em particular?

Olhei o moreno, confusa. Por que ele queria conversar? Será que ele não percebia que eu já não estava mais agüentando? Que queria ir embora para minha casa? Bufei, tentando montar uma máscara simpática no lugar da impaciente que eu usava no momento.

- Claro – respondi no meu tom mais amigável, me voltando para Gaara – Pode nos dar licença, por favor?

Ele pareceu ponderar por um instante.

- Não sei se devo, Sakura – a resposta veio acompanhada de um olhar preocupado.

- Por favor, Gaara. Tenho certeza que o Sr. Uchiha será breve.

O encaramos, e ele confirmou silenciosamente.

Depois de um suspiro de derrota, Gaara me abraçou, murmurando eu meu ouvido:

- Qualquer coisa, me chama.

Andamos alguns metros à frente, chegando em uma grande e solitária cerejeira, com suas folhas espalhadas, colorindo o chão verde de rosa. O mesmo rosa que pertencia aos meus cabelos.

- E então, Sr. Uchiha? – sentei em um banco de pedra na sombra da grande árvore – O que deseja?

Ele se acomodou ao meu lado, passando as mãos pelos fios negros, me permitindo ter um vislumbre de seus orbes de mesma cor me encarando seriamente.

- Bom, Srta. Haruno. Eu sei que este não é o momento mais apropriado para tratar desse assunto. Mas, quanto mais rápido resolvermos isso, mais rápido acaba.

Esperei que ele continuasse, agora interessada no que tinha para falar.

- Eu sou o policial encarregado da investigação do assassinato de seu pai – tirou um distintivo de algum lugar, com sua foto em 3X4 em cima da identificação.

Policial: Uchiha Sasuke

 Cargo: Tenente-Coronel

Policial? Já? Eu mal enterrei meu pai e já tenho que cuidar disso? Será que não podiam me deixar sofrer em paz, e vir me atormentar com isso depois?

- Olhe, Sr. Uchiha – minha voz transmitia toda a minha impaciência – se não se importa, prefiro tratar disso mais tarde.

Levantei sem hesitar, só queria ir embora dali. Mas, antes que eu desse o segundo passo, senti uma mão envolver meu pulso esquerdo firmemente, me impedindo de seguir em frente. Estaquei. Meus olhos ficaram fixos na grama entre meus pés.

 - Srta. Haruno – a voz chamou minha atenção, fazendo-me virar para encará-lo, com o máximo de reprovação que consegui colocar nos meus olhos, por que não consegui colocar em palavras. A proximidade repentina de nossos rostos me impediu, me deixando tonta – entendo que não queira falar disso agora, mas é como eu disse, quanto mais cedo resolvermos mais cedo acaba.

Senti as maçãs do rosto queimarem, o que foi patético, como se eu fosse uma adolescente. Mas ele era lindo demais, o cheiro dele já me embriagava com toda aquela proximidade tanto que me irritava.

Por isso, e pela extrema segurança que a presença dele me passava, sentei novamente no banco.

- Tudo bem, vamos acabar logo com isso.

O moreno se juntou a mim.

- OK – puxou um bloco de notas do bolso de trás da calça, junto com uma caneta – A Srta. poderia responder algumas perguntas?

Me senti incomodada com o tom profissional que ele usou. Nunca precisei passar por uma situação assim, E nem queria.

Minhas mãos suadas agarravam freneticamente a barra da minha saia.

Movi a cabeça para cima e para baixo lentamente.

- Notou algum comportamento estranho em seu pai ultimamente? – perguntou, sem rodeios. Não houve mudança na voz ou na expressão do Uchiha.

- Como assim?

Ele levantou uma sobrancelha.

- Não sei, talvez estava agindo de forma paranóica, assustada...

Forcei minha mente ao máximo, procurando qualquer lembrança de algo que eu tenha achado estranho, qualquer detalhe, qualquer coisa que pudesse ajudar a encontrar o canalha que tinha acabado com minha única família.

- Não – murmurei, derrotada – Quer dizer, eu não o via muito. Estava sempre trabalhando – dei de ombros.

Anotou algo no bloco, sussurrando coisas para si mesmo que eu não consegui entender.

- Tinha algum inimigo?

Os olhos dele levantaram do papel e encontraram os meus, os fios negros caindo, teimosos, tampando parte deles. Corada, desviei os meus.

Forcei mais ainda a memória, essa pergunta era mais complicada que a outra, mas voltei ao mesmo ponto.

- Não sei dizer... ninguém alem de seus concorrentes, talvez.

Mais anotações.

- Ele via alguém?

O encarei, arqueando uma sobrancelha. Que tipo de pergunta era aquela?

- Desculpe, o quê?

Pensei, em vão, em como minha voz escapou fina de meus lábios, talvez seja nervosismo. Logo apaguei esse pensamento irrelevante, esperando pela resposta do moreno ao meu lado.

- Ele estava saindo com alguém? Alguma mulher?

O quê? Meu pai? Saindo com uma mulher? O que ele queria dizer com isso? Meu pai amava minha mãe! Ele nunca olharia para outra mulher! Nunca! A raiva foi crescendo dentro de mim, e meu rosto queimando, dessa vez, de pura irritação. Quem ele pensava que era para sugerir algo assim?

Levantei em um salto, ficando de frente para ele.

- Escute aqui, Sr. Uchiha, o Sr. não tem o direito de sequer insinuar algo do tipo sobre meu pai que eu acabei de enterrar! – meu dedo balançava no rosto dele, agora mais alto que eu, por ele ter levantado.

Nem ao menos mudou a expressão do rosto. Quero ver até onde vai toda essa impassibilidade, Tenente-Coronel Uchiha Sasuke.

- Não estou insinuando nada, é apenas uma real possibilidade.

Real possibilidade? Há! Isso não é nem uma possibilidade, muito menos real. 

- Não é – levantei a voz, fazendo-a sair ainda mais fina – você não sabe! Não o conhecia! Ele nunca faria isso! Amava minha mãe! Nuca a esqueceu. Quando ela morreu, ao me dar a luz, ele ficou arrasado. Só trabalhava! Quando eu perguntava o por que de ele trabalhar tanto, ele respondia que era para me dar tudo do bom e do melhor! O fruto do amor ente ele e minha mãe. Então, isso não é uma real possibilidade!

Esfreguei meus olhos, marejados, que encaravam o homem para na minha frente.

Incrível como ele se mostra totalmente avulso a tudo o que está acontecendo, avulso a mim! Nada do que eu disse pareceu surtir efeito. Ele apenas escrevia no bloco, como se estivéssemos em uma conversa sobre receitas e ele estivesse escrevendo como fazer um bolo de chocolate.

- Vejo que a Srta. não está mais em condições de responder perguntas – do bolso da camisa, ele tirou um pequeno cartão branco – quando se sentir, hum, disposta, me ligue – colocou o cartão no banco de pedra – com licença.

Olhá-lo andando tranquilamente pra a saída do cemitério foi revoltante. Que sujeitinho mais arrogante! Ofendendo meu pai, na minha frente, no dia do enterro dele! Vou procurar referências assim que chegar em casa.

Sentei, bufando, ao lado do cartão. Limpei as lágrimas e o nariz, encarando o pedaço de papel, onde continha apenas o nome e o telefone de contato dele.

É a primeira pessoa que me fez odiá-la em apenas meia hora de conversa. Atrevido. Peguei o cartão e guardei de qualquer jeito na bolsa.

Passos ao meu lado atraíram minha atenção, e vi Gaara, se aproximando mais, para colocar o braço em volta de mim e secar algumas lágrimas que ainda caiam.

Era o que ele mais fazia, secar minhas lágrimas. Estava sempre lá. Às  vezes, à noite, eu ligava para ele aos prantos, porque tive um pesadelo, e em dez minutos ele estava na porta da minha casa, sem se preocupar com outra camisa que eu arruinava.

- Ele te fez chorar? – perguntou com sua voz suave.

Dei uma risada sarcástica.

- Ele é um idiota – dei de ombros, levantando – imagina que insinuou que meu pai estava tendo um caso!

Começamos a andar em direção aos portões.

- Devia ter me chamado – reclamou – eu o mandava embora rapidinho.

Ri novamente.

- Não foi preciso, eu mesma mandei – não mandei, exatamente, mas ele foi embora de qualquer jeito.

- Você sabe ser assustadora quando quer – o ruivo fez uma falsa cara de medo, me fazendo rir mais.

Apenas dei um soco de leve o ombro dele, desejando que minhas risadas não fossem só da boca para fora.

Já estávamos do lado de fora, e antes de seguir em frente, olhei a lápide de meu pai e a grande cerejeira trás dela, para depois selar meus lábios em um beijo com meu doce protetor.


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Notas finais do capítulo

espero q tenham gostado
por favor, mandem reviews!

bjks



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