The Big Four - As Legiões Colidem escrita por River Herondale


Capítulo 19
|Merida| Pitch's Ritual


Notas iniciais do capítulo

Eu sonhei com a fanfic '-'
Não que eu estava nela, mas sim que eu estava escrevendo Y.Y o quão emocionante você pode imaginar que foi.
Tô com saudades de uns leitores que andam muito sumidinhos :( mimimi, eu amo seus reviews, assim eu fico tristinha...
Mas chega de mimimi e vamos para o capítulo (escrevi com sono, me perdoem).



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– Elliot, está começando uma guerra.

Elliot encarou-a, assustado.

– Como você sabe?

Merida olhou para ele e arrependeu-se de suas palavras.

Então ele também sabia. Quem tanto sabia sobre isso? Por que ela não pode saber? Eram tantas perguntas que estavam aflorando que Merida queria surtar.

Ela pensou em todas as desculpas possíveis que Elliot poderia acreditar.

Mas esse é o problema. Elliot a conhece a tanto tempo que sabe quando ela está mentindo.

- Não é óbvio, Elliot? Ultimamente os cavaleiros estão cada vez mais treinando. Meu pai sempre está com pequenos arranhões e eles estão recrutando mais e mais? Não sou idiota, Elliot. Isso é uma guerra.

Elliot concordava com a cabeça enquanto ela falava. Como ele foi tonto o suficiente de acreditar que ela não saberia?

- É minha única chance, Merida. É o único modo de provar minha capacidade.

- Você não tem que provar nada a ninguém.

- Tenho. É claro que tenho. Tenho que mostrar para aquela pessoa que sou mais do que isso.

Então era isso, pensou Merida. Ele estava apaixonado. Uma garota em especial que não percebia suas qualidades. Isso irritou Merida.

- Você... Quer provar algo para... ugh... Uma garota?

As bochechas de Elliot coraram.

- Nós poderíamos mudar o assunto...

- Não! Agora diga. Tem tantas garotas que te merecem. Você não precisa provar nada para ninguém.

Merida lembrava-se do Festival do Sol de Verão ano passado, que pegara Elliot e uma garota da vila, Jesminda, flertando. No final da festa, eles de despediram com um beijo. Jesminda era bem mais baixa que ele e, ao beijar, ela teve que ficar nas pontas dos pés e ele, agachado.

Ela havia achado hilário no momento. Um tanto engraçado e talvez uma pitada de ciúmes.

Não do modo amoroso, óbvio. Elliot era como um irmão. Ela apenas não queria perder o posto de melhor amiga dele.

- Eu a conheço faz um bom tempo. Somos bem amigos mas... só.

Ele estava cada vez mais corado. Uma pontada de dor também era perceptível.

- Ok. Não quero mais ouvir. – disse Merida, apontando o dedo indicador em sua boca, com a língua de fora, simulando uma ânsia.

Elliot riu.

Merida levantou-se e ajudou Elliot a também se levantar. Por mais que ela estivesse com medo de que ele realmente quisesse entrar na cavalaria, não poderia impedir. Ela devia apoia-lo.

É pra isso que serve os amigos, ela pensou, pondo seu braço direito em volta dos ombros de Elliot. Estava desconfortável por conta da grande diferença de altura entre eles. Por fim, eles inverteram. Ele pôs seu braço nos ombros dela.

Sua mão estava suando fria. Por mais que fosse desconfortável, não tiraria. Ela despediu-se dele na frente de seu quarto e foi lavar-se. Ela ainda estava com as roupas de ontem.

Enquanto se esfregava na banheira, pensava quantas garotas Elliot tinha acesso. Como ela não frequentava a escola da vila, como Elliot, deveria ser alguém de sua classe.

Ela sentia raiva da garota. Raiva dela por não perceber o quanto ele era brilhante.

Raiva dela por se importar com a casta em que ele vivia. As pessoas deveriam se casar por amor, não pelo poder.

Casar. Imaginar Elliot casado e com filhos era tão doloroso quanto. Ela tentou afastar o pensamento.

Mas óbvio, quanto mais se tenta, mais acesso aos pensamentos se tem.

Elliot era um ótimo irmão. Melhor do que ela para os seus, isso era óbvio. Ele tinha paciência e ensinava-os muitas coisas.

Após vestir-se com um vestido comum para o dia-a-dia, decidiu que deveria descer para almoçar. Uma hora ou outra deveria rever sua mãe. Merida contou até dez e desceu as escadas lentamente.

Seus irmãos estavam correndo no pátio, envolta da mesa. Sua mãe estava orientando as criadas para algo que Merida não conseguia ouvir. Havia preocupação no rosto da mãe.

- É melhor nós almoçarmos. Fergus não virá para almoçar, provavelmente. – disse Elinor com um suspiro. – Meninos, sentem-se para o almoço. Merida? – Elinor girou o pescoço até seus olhos encontrarem em Merida. Ela relaxou. – Vamos comer, querida.

Durante todo o almoço, sua mãe ficou tagarelando sobre os ótimos presentes que Merida havia ganhado. Belos vestidos, alguns sapatos, livros e panos para confeccionar o enxoval de casamento. Tudo que Merida sempre odiara.

Os trigêmeos brincavam com os ossos da carne, provocando um ao outro. Elinor momentaneamente repreendia os meninos. Eles ignoravam.

Merida mordiscava sua comida lentamente. Os pensamentos afloravam sua mente com tantas hipóteses. Os últimos dias haviam sido consumidos com a ideia de o que significava os outros três que ela havia encontrado na floresta. Mas nesse momento, a preocupação com a guerra era maior.

Merida criou coragem e abriu-se para a mãe.

- Mãe, me diga o que está acontecendo.

Elinor ficou branca ao ouvi-la. Merida questionou-se se sua coragem não havia sido loucura.

- Meninos, estão liberados. – Disse Elinor para os trigêmeos, que levantaram-se correndo e saíram em disparada, deixando Merida e Elinor sozinhas.

Sua mãe suspirou lentamente encarou Merida. Com uma voz abatida, começou.

- Estamos em uma guerra.

- Eu sei que estamos. – disse Merida sem paciência.

- Filha, seu pai e eu queremos segurança a você e seus irmãos. Principalmente você, que é a nossa primogênita. Temos planos com...

- Planos? Como me casar, por exemplo? – Merida segurou-se para não dizer mais.

- Planos de que você poderia governar a nossa Legião com um cavaleiro muito corajoso, sim. E você deveria entender isso, Merida. Fazer isso pela sua Legião.

Merida ficou abalada. Isso realmente era verdade. E ela faria qualquer coisa pela sua Legião.

- Diga-me sobre a guerra. – Pediu Merida delicadamente, levemente decepcionada.

- Dezesseis anos atrás, a Epidemia do Breu espalhou por todas as legiões. A mesma epidemia que atormentou a população no ano em que o rei do Conto do Dragão fora assassinado. Óbvio, isso não é verdade. – sua mãe engoliu em seco e prosseguiu. – Um grupo da Legião da Água juntava-se escondidos com o símbolo do rei, um dragão, e diziam que eles escondiam o filho do rei, Regulus. Regulus havia mudado. Ele prometera vingança.

Durante os meses que se passaram, mortes estranhas estavam acontecendo em todas as Legiões. Assassinatos para algum ritual.

Diziam que os seguidores de Regulus levavam os corpos de diferentes Legiões, uma de cada, para que Regulus terminasse o ritual.

Ele retirava os Soul-Patronus do dono e simplesmente invocava a escuridão. Uma escuridão tão escura quanto qualquer outra.

Ela sufocava todos ao redor, criando neles uma sensação de desespero e por fim um vazio. A vida era retirada por completa.

Não se sabe o motivo desse grupo se encontrar. Mas se a epidemia se espalhasse, nada com vida sobraria.

O mal não foi aniquilado, você sabe. Alguns casos raros surgem nas Legiões. Mas ultimamente os casos estão aumentando tanto que, se continuar, podemos ser extintos.

Elinor parou e respirou fundo, com os olhos fechados. Ela balançou a cabeça e continuou:

- Seu pai acredita que alguém esteja fazendo o ritual de novo. Ele e grupo de ataque foram para a Legião da Água e provavelmente voltarão na hora da janta. Ainda não é hora de guerra. Não sem todas as provas.

Elinor levantou-se lentamente e as criadas apressaram-se para arrumar a mesa.

- Lembre-se, filha: Não existe nada que comprove o Conto do Dragão. Mas alguns acreditavam e criavam esses rituais em nome de Regulus. Não se preocupe com isso, certo?

Merida fez que sim. Sua mãe relaxou.

-Lucila, venha aqui, querida.

Lucila aproximou se da rainha, agachando-se ao encara-la.

- Alteza?

- Recomendo que apressem seu casamento antes que precisem de reforços e seu futuro marido seja convocado para a guerra.

Lucila tremeu ao ouvir as palavras.

- S-sim senhora.

***

A tarde de Merida fora como a de sempre. Aulas particulares, aulas de etiqueta e por último, tecer seu enxoval com a mãe.

- Merida, concentre-se no seu trabalho. – disse Elinor entre os dentes, concentrada na sua própria roca.

A vontade de Merida era de jogar tudo para o ar. Ela bufou e encarou seu trabalho. As linhas estavam completamente tortas.

- Droga! – disse Merida.

Elinor a encarou, repreendendo-a com o olhar. “Uma princesa não reclama”, sua mãe diria.

Mas era impossível concentrar-se. Merida não podia deixar de pensar no que sua mãe havia lhe contado.

Ela sempre tivera aulas de história das Legiões, mas nunca havia sido mencionado antes sobre isso. Merida pensou em quantas coisas a população era proibida de saber, quantas coisas eram mentidas para eles. Merida sentiu-se suja.

O fim da tarde chegara após a longa seção de costura e Merida ficou livre para fazer o que bem desejasse.

Ela saiu pela cozinha, pegando algumas maçãs para dar para seu cavalo, Angus. Enquanto caminhava, mastigando a fruta, viu que Elliot estava treinando com uma espada velha no celeiro.

Merida ficou observando-o de longe. Ele estava inteiramente suado. Sua blusa bege estava grudada na pele, ressaltando seu umbigo e sua calça marrom estava encardida e grudenta. Seus cabelos que usualmente estavam bem ajeitados, estavam nesse momento grudados na testa. Os olhos de Elliot brilhavam em determinação.

Merida conteve-se para não rir. Ele era tão atrapalhado quanto um pato. Não um fracasso, mas também não era um talento. A espada também não ajudava. Estava tão velha e enferrujada que Merida sentiu medo de que ele pudesse se machucar com ela. Ela se aproximou.

No momento que ela pisou no celeiro, Elliot virou-se rapidamente e a encarou, nervoso. Ele bateu sem querer com a ponta de sua espada no balde de água ao lado, que despejou-se em seus pés.

- Ah, droga! – ele exclamou claramente desconfortável por Merida pegá-lo com a blusa tão grudada no corpo a ponto de estar transparente.

- Quem? Eu? – disse Merida, enquanto mastigava a maçã.

- Hã? Não! Merida, não, desculpe-me. – disse Elliot completamente vermelho.

Merida começou a rir. Como ele era idiota.

Merida jogou uma maça para ele. Ele olhou para a fruta em sua mãe e decidiu morder. Ele relaxou, com o braço entre o abdômen.

- Estava com tanta sede.

Eles se sentaram um ao lado do outro, comendo suas maçãs. Ela o encarava e achava estranho o modo que ele comia. Ele sempre comia tanto, mas continuava magro. Era incrível.

Enquanto comiam, Merida disse a ele o que sua mãe contara. Elliot concordava com a cabeça a cada fim de frase, interessado. Era sempre assim, Elliot e sua mania por conhecimento.

Quando terminou, eles ficaram quietos por alguns segundos. Por fim, Merida disse:

- Então, aonde você encontrou essa espada? – ela perguntou, batendo seus dedos na lâmina.

- Era do meu avô, pelo que parece. Meu irmão a usava nos treinos, mas como ele desistiu... – Elliot fez uma expressão de descaso com os ombros. – É minha.

- Já pensou em um arco? Virar arqueiro real, no fundo da armada, atingindo de longe e certeiramente todos os adversários em uma distância segura. Não é belo?

Elliot fez que sim com a cabeça, mas contestou.

- Porém o que eu quero é lutar em frente da armada. No lado de ser pai, com a espada em ação, corpo-a-corpo. Sentir o sangue do adversário atingindo meu rosto quando eu desse o golpe mortal e ter isso como um troféu.

Merida sentiu-se horrorizada ao ouvir isso. Elliot nunca fora violento. Mas Merida podia ver em seus olhos o verdadeiro entusiasmo.

Antes que contestasse, o barulho da cavalaria real surgiu no espaço. Seu pai havia voltado.

Merida e Elliot levantaram-se apressadamente e se despediram. Elliot suava frio.

Enquanto Merida corria para seu quarto, Elliot gritou para ela:

- Ei, não vai me desejar boa sorte? – ele perguntou, sem confiança.

Merida relaxou e olhou para ele afetuosamente.

- É claro, seu bobo. Boa sorte. – ela sorriu, mesmo que preocupada.

Ele também relaxou.

- Acho melhor você se lavar antes de se apresentar na frente de todos. É uma dica.

Ele de uma ligeira risada e concordou.

- É, é melhor.

E se despediram de vez.

Mas o que surpreendeu Merida foi que, quando todos os cavaleiros chegaram e tiraram suas armaduras para se sentarem diante do rei, na grande mesa, seu pai olhava furioso.

Os conselheiros conversavam com o rei e os cavaleiros debatiam as ideias.

Mas quando Elinor entrou na sala com os filhos, todos se calaram.

Algo estava acontecendo e era mais sério do que pensava.

E Merida estava disposta a descobrir.


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Notas finais do capítulo

Eu não revisei esse cap :( to com sono, rs
Até mais :D
(reviews? Quem sabe... hum... recomendação? rç)