Ela não conseguia ficar parada, tamanha era sua excitação.

06h00 da Manhã. O sol estava nascendo. Da janela de seu quarto, Rose Weasley podia muito bem vislumbrar as montanhas que se encontravam ao longe, que eram separadas dela apenas pelo pequeno vilarejo onde morava, e o sol, naquele dia muito bonito, se encontrava saindo preguiçosamente de trás delas. O ar estava úmido por conta da chuva do dia anterior, de forma que gotas de água pingavam dos carvalhos, e a neblina matinal era rapidamente dissipada. Em sua opinião, o dia seria perfeito.

Rose não se continha tamanha era sua ansiedade e mudava de posição em sua cama a cada cinco minutos. Será que nada iria acontecer? Por fim, se irritou e decidiu que não poderia adiar, tinha que ser agora. Levantou-se quase pulando de sua cama, se espreguiçou e foi à procura de algumas vestes na bagunça do quarto. O Quarto de Rose, o maior da casa depois do quarto de seus pais, estava bem bagunçado. Roupas e livros cobriam o chão do quarto, papéis de balas, caixas de Sapos de Chocolate e vários Feijõezinhos de todos os sabores que ela devorou no dia anterior, se encontravam no criado mudo, ao lado de uma pilha de livros que ela pegou de sua mãe. O armário se encontrava aberto e com várias roupas desdobradas e amassadas. Ao lado dele, um enorme espelho pendurado na parede mostrou sua aparência: a juba de cabelos ruivos estava bagunçada, o pijama começava a ficar pequeno e seus olhos verdes, que normalmente aparentavam sonolência á essa hora, estavam acordados e agitados.

Após meia hora de procura pelo quarto, achou uma roupa que cairia muito bem nela, deixou-a separada em cima da cama, localizou uma toalha no meio da bagunça e foi tomar um banho demorado.

Para chegar ao banheiro, teria que passar pela sala e pela cozinha. A sala era pequena, com dois sofás verdes virados para uma televisão pequena equilibrada magicamente no ar. As paredes cor de Pêssego estavam repletas de retratos, de Rose, de seu irmão Hugo, de seus pais, de suas tias e tios e de seus primos. A Cozinha, também pequena, tinha uma larga mesa no centro e no canto esquerdo, havia uma pia de mármore branco espetacularmente limpo, chegava a brilhar. No canto direito, os armários preto e branco também estavam todos limpos e fechados e ao passar por eles, se dirigindo a uma porta ao fundo da cozinha, o estômago da garota roncou. O banheiro, pequeno com o piso em mosaico e as paredes com azulejos brancos, estava limpo, como o resto da casa, o que significava que a mãe de Rose, Hermione, deu um trato nela antes de dormir.

Rose tomou um longo e demorado banho, e quando estava se trocando em seu quarto, a porta ao lado se abriu e o irmão mais novo e irritante dela, Hugo Weasley, apareceu com seu pijama azul com vários desenhos de trouxas, o cabelo ruivo espetado e os olhos cansados de sono.

— O que você está fazendo?

— Estou me preparando para ir ao Beco Diagonal, comprar minhas coisas para Hogwarts - respondeu a garota penteando os cabelos para o lado e fazendo uma trança - Por quê pergunta?

— Porque o barulho do chuveiro me acordou, sabe que eu tenho sono leve - respondeu ele dando indícios de um bocejo. 

— Tá, tá - respondeu Rose indiferente - Desculpe te acordar, pode voltar a dormir.

— Não posso - respondeu Hugo, bocejando e levando a mão á boca - Agora que eu sai da cama, vai ser difícil pegar no sono novamente.

— Você é igual o Papai - observou Rose quase rindo - Sabe se tem alguma coisa para comer? Meu estômago está roncando.

— O meu também, vou dar uma olhada - respondeu Hugo, saindo sonolento em direção à cozinha - Não, não tem, mamãe terá que ir naquele mercado trouxa para comprar as coisas para o café da manhã – gritou ele da cozinha.

— Psiu - disse Rose, sussurrando de uma forma alta - Desse jeito você vai acordar mamãe e papai.

Porém era tarde demais. A porta no interior da sala se abriu e dela saiu um Ronald Weasley sonolento, de aparência cansada e com um pouco de baba seca no queixo, e a seu lado veio Hermione bocejando, os cabelos altos por natureza formando uma juba, deixando-a com cara de um Leão bem preguiçoso.

— Que barulho é esse? Vocês sabem que horas são? - perguntou Rony, nervoso, olhando pro Relógio - Qual o motivo da gritaria?

— Desculpe pai - falaram Rose e Hugo em uníssono.

— Por que estão acordados tão cedo? - perguntou Hermione com um ligeiro bocejo.

— Rose acordou primeiro, ela insiste em querer ir para o Beco Diagonal comprar as coisas para Hogwarts - disse Hugo com um "quê" de deboche na voz.

— Rose querida, sei que está ansiosa para ir ao Beco Diagonal, mas quantas vezes tenho que lhe dizer que não podemos ir sem a lista dos seus Materiais? - argumentou Hermione - Você sabe disso, já teríamos ido se ALGUÉM - lançou um olhar de esguelha para Rony. - Não tivesse perdido sua lista.

Ah sim, Rose não podia deixar de sentir certo remorso e raiva pelo pai, que ao pegar a lista de compras das pernas da coruja que veio entregá-la, ficou tão feliz que a filha iria para Hogwarts que deixou a lista escapar de suas mãos e voar para longe. Hermione até tentou um feitiço convocatório, porém a lista já estava muito longe por conta do forte vento.

— Ei, eu já pedi desculpas - defendeu-se Rony irritado - De qualquer forma Rose, McGonagall ficou de mandar uma nova lista, o que eu acho que ainda vai demorar muito, já que ela está ficando velha demais para escrever...

— Rony! - Hermione deu um tapa no ombro do marido, fazendo Hugo e Rose trocarem olhares e rirem - Já lhe disse para não falar assim dela, ela já nos ajudou bastante na época em que estudávamos lá...

Porém a bronca de Hermione foi interrompida quando duas corujas começaram a bater seus bicos na janela da sala. Uma coruja marrom, com várias penas faltando e uma coruja branca e linda, que Rose reconheceu como a nova coruja do tio Harry. A garota se apressou a abrir a janela e retirar as cartas das duas corujas, verificando para quem elas estavam destinadas logo em seguida. Seu estômago deu um pulo quando ela viu que a carta que a coruja marrom carregava estava destinada a ela e que logo embaixo, estava o Brasão de Hogwarts, com as belas cores das Casas.

Rose deu um grito de alegria, pois finalmente iria ao Beco Diagonal. E não apenas isso: Logo, ela iria para Hogwarts.