Seaweed Brain escrita por SeriesFanatic


Capítulo 4
Aquela noite na praia




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/399340/chapter/4

A rainha Atena ficou extremamente preocupada quando Thalia, Nico e Bianca chegaram ao porto da cidade falando do naufrágio. Ela tinha mais um filho chamado Malcolm, porém Annabeth era a herdeira do trono e sua filha favorita. Aquela noite foi a segunda mais desesperadora de sua vida. Luke havia chegado horas antes dos meninos, a tripulação e o capitão atracarem no porto. A mando da rainha, ele e todos da guarda real saíram à procura de Annabeth, apesar das chances da menina ter sobrevivido serem poucas. Quíron, o conselheiro real e um pai para as crianças/jovens/adolescentes que ali viviam, tentou acalmar todos, mas até ele achou que Annabeth estava morta.

Imagine a alegria de todos quando Luke entrou pela porta principal do palácio junto com Annabeth e Sra. O’Leary. Thalia nunca havia corrido tanto para abraçar alguém em sua vida quanto naquele momento, até Malcolm deixou derramar umas lágrimas e Quíron conseguiu respirar aliviado. Atena limitou-se a abraçar a filha e perguntar o que havia acontecido. Annabeth mentiu dizendo que se segurou a um pedaço de madeira e acordou na praia com Sra. O’Leary e Luke. Depois de recontar a mesma história quatro vezes, ela foi para seus aposentos tomar banho. Thalia e Bianca ficaram no banheiro falando da aflição de todos durante aquela noite e afirmando que ela ter sobrevivido foi um milagre vindo dos deuses.

– Deixe de bobagem Bianca. Todos sabem que madeira flutua e foi isso o que me salvou. – Annabeth disse, relaxando com a água quente da banheira.

– Eu sei disso, mas é que... não sei se foi pavoroso para você, mas para nós foi. Annabeth... jurávamos que nunca mais íamos te ver. – disse Bianca.

– Fico feliz em ouvir isso. – Annabeth riu.

Annabeth e Thalia caíram na gargalhada. É o seguinte, no palácio da rainha Atena vive os dois filhos dela: Annabeth e Malcolm. Mas ela meio que "adotou" a sua irmã caçula Thalia, após o pai delas (Zeus) morrer assassinado. E depois que o seu tio (Hades) morreu, Atena também ficou cuidado de seus primos Bianca e Nico. E a tia de Atena, Héstia, também morava no palácio. E tinha Luke, filho de Hermes (um dos irmãos de Atena) que passava o verão lá desde pequeno, já que seu pai era um rei muito ocupado. Hermes adorava o fato de Luke poder passar uma parte do ano com sua irmã menor e Atenas era uma boa cidade para se viver. Só que há alguns anos, Hermes mandou Luke para Esparta (propriedade de seu irmão Ares) para que o filho virasse um guerreiro. Luke estar de volta à Atenas significava o fim do curso de guerra dele no reino do tio. Ao menos era isso que Annabeth pensava.

O pai de Annabeth e Malcolm, rei Frederick, foi um sábio político que conquistou a princesa Atena. Eles se casaram e governaram a cidade em paz durante muitos anos, porém, o rei faleceu de uma terrível doença quando Annabeth tinha dez anos. Malcolm tinha apenas quatro. Tudo o que restou do pai para ela era a sua adaga favorita. Annabeth pediu que Thalia e Bianca a deixasse dormir e então sonhou com o rapaz que salvara sua vida. Ela não tinha realmente certeza se aquele rapaz era real ou se foi apenas um sonho enquanto ela se afogava, mas seu coração gritava tanto dizendo que era real, que ela estava se forçando a acreditar naquilo. Quando acordou, Annabeth notou a agitação no salão principal e encontrou uma algazarra para os parâmetros da realeza.

– Isso é uma péssima ideia. – Héstia afirmou.

– Não há outra alternativa. – Atena disse, séria.

– Mas é claro que há! Sempre há outra alternativa! – disse Thalia.

– Querida, sem querer ser rude, mas você é só uma criança. – Héstia disse passando as mãos pelos cabelos da sobrinha.

– Eu tenho 19! Não gosto quando me tratam como criança! – Thalia bufou.

– Quíron, leve Thalia e Bianca para fazerem algo. – disse Atena.

A rainha estava magnífica em uma túnica negra que lhe ressaltava os cabelos de mesma cor. Com uma maquiagem leve, mas o lápis ao redor de seus olhos deixavam as íris cor de tempestade mais ameaçadoras. Héstia usava uma simples túnica verde escura feita de veludo, com uma cinta e pulseiras de ouro. As duas estavam sentadas em um jogo de sofás cor vinho. Thalia e Bianca paradas em pé ao lado de Héstia e Quíron (o centauro mais sábio de toda a Grécia) estava em pé tentando tirar Thalia e Bianca dali.

– O que está acontecendo? – Annabeth perguntou.

– Querida, fico feliz que tenha acordado. – Héstia sorriu. – Descansou?

– Sim titia. Mas o que está acontecendo? – Annabeth perguntou novamente.

– O que você acha? – Thalia grunhiu. – O imbecil do meu irmão aprontou de novo!

– Qual dos? Porque metade dos meus tios são imbecis. – disse Annabeth.

– Essa foi boa! – Bianca riu.

– Apolo. – Atena disse séria. – Para varear ele aprontou mais uma. Mas isso não é caso para crianças. Quíron, leve as meninas para fazer algo.

Apesar de ser o conselheiro real, Quíron estava mais para babá dos jovens que viviam ali e ele até gostava dessa função. O centauro conseguiu convencer Thalia, Bianca e Annabeth a irem para a cozinha, onde Ella (a harpia chefe sabichona) preparava o almoço. Pela janela da cozinha, Annabeth viu Luke, Nico e Malcolm brincando de luta no imenso jardim do palácio. O cheiro de galinha abria o apetite, mas Ella era rápida, qualquer um que tentasse beliscar ela bicava com força. Ella usava uma túnica branca com um avental por cima escrito "Harpia chefe" em grego.

– O que o tio Apolo aprontou dessa vez? – Annabeth perguntou.

– Sabe aquele cara de quem minha prima Ártemis estava noiva? – disse Bianca.

– Orion, o que o tem ele? – disse Annabeth.

As primas se entreolharam. Quíron estava fazendo um sanduíche, já que Ella nunca deixava ninguém chegar perto da comida principal, como sempre, a harpia ficava recitando trechos de receitas.

– Apolo matou o cara. – disse Thalia. – E sua mãe acha que a melhor forma de evitar que Ártemis saia em guerra contra o reino dele é dando um baile.

– Tia Héstia disse que é uma péssima ideia e nós concordamos. Ártemis não vai perdoar isso que Apolo fez só por causa de um baile. – disse Bianca.

– É, tem razão, é uma péssima ideia. – Annabeth afirmou.

– Viu?! Por que Atena nunca concorda com o que a gente fala mesmo sendo verdade?! – exclamou Thalia.

– Orgulho. – disse Bianca.

– Vem cá, o que tártaros deu no tio Apolo para ele matar o Orion? – Annabeth perguntou, intrigada.

Thalia abriu a boca para falar, mas a fechou com a mesma rapidez que abriu. Isso ela não sabia dizer. Bianca franziu o cenho tentando pensar na resposta. Thalia usava uma túnica azul clara, com uma cinta cinza de fero e o cabelo curto estava "preso" por um diadema cor de prata. Bianca usava uma túnica roxa, com uma cinta e um broxe de ouro, os cabelos negros presos em uma trança. Annabeth usava uma túnica rosa clara, um pouco mais escura que a cor de sua pele, com um broxe de uma coruja e uma cinta de couro que caia em forma de Y.

– Apolo é ciumento. – disse Quíron quebrando o silêncio. – Ele fez isso para não perder a irmã para outro homem.

– Isso é loucura! Ele tem várias irmãs! Como Atena e... é, só tem Atena e Ártemis. – disse Bianca.

– Ártemis é irmã gêmea dele e por mais que Afrodite seja casada com Hefesto, ela não é irmã de sangue dele. – disse Quíron. – Apolo ama a irmã, fez isso para não perdê-la.

(esse é o motivo mais aceito pelos estudiosos da Mitologia Grega)

– Que bárbaro! É tão... esparta! – Annabeth disse chocada.

Antes que alguém pudesse dizer algo, Héstia entrou anunciando que Atena já havia mandado preparar as coisas para o baile de família que aconteceria em dois dias. As meninas reclamaram, nenhuma delas gostava desses bailes estúpidos; enquanto Quíron apenas observava segurando o riso. Atena passou a tarde revisando com os jovens as regras para o baile e depois do jantar, Annabeth foi para seu quarto, exausta. Tentou dormir, mas não conseguia. Ela ainda estava com sono mesmo tendo dormido até a hora do almoço, porém algo a estava deixando inquieta. Ela pegou um roupão e saiu caminhando pelo palácio. Numa oportunidade, encontrou Thalia e Luke sussurrando na biblioteca, mas ela não ligou para a conversa. Depois de ter andado o palácio inteiro, Annabeth ainda continuava sem conseguir dormir, então ela foi falar com Quíron.

– Tente tomar leite. – ele sugeriu morrendo de sono após Annabeth acordá-lo.

– Já fiz isso.

– Ah... conte carneirinhos antes de dormir.

– Quíron, eu tenho 18, não 8.

– Vá... dar uma caminhada na praia.

– Uma caminhada na praia? A meia noite? – ela estranhou.

– Quando eu estou estressado sempre vou caminhar na praia. Se bem que no meu caso é trotar, mas você entendeu.

– Eu não estou estressada, só... só estou... ah sei lá!

– Annabeth, você passou por momentos difíceis nas últimas vinte e quatro horas, mesmo estando inconsciente. Vá respirar um pouco de maresia, faz bem para seus pulmões. – Quíron sorriu com a maior cara de sono que você consiga imaginar.

– Obrigada Quíron. Boa noite.

– Boa noite, Annabeth.

Ela caminhou pelas ruas calmas de Atenas. Os poucos cidadãos que ela avistou, fizeram reverências e exclamaram feliz por a princesa estar bem. Envergonhada como sempre, ela apenas assentiu com a cabeça e sorriu. Chegou a um penhasco que tinha o mar embaixo e ficou encarando a lua, estava tão bela naquela noite. O céu claro, somente com as estrelas brilhando normalmente... nem parecia que há 24 horas havia tido uma tempestade que parecia ser o início do fim do mundo. Então ela ouviu uma discussão feia vindo da praia, com palavras que nem ouso a escrever de tão pesadas que eram. Mas Annabeth reconheceu uma das vozes, era sua mãe. Annabeth desceu o morro e viu a rainha Atena falando com alguém que estava dentro do mar, um homem forte, com uma barba curta e bem aparada, sem camisa e com a pele que parecia com a de um pescador.

“O que tártaros minha mãe está fazendo falando com um pescador?” ela pensou.

Então viu algo que a surpreendeu mais ainda do que o fato de uma rainha está na beira da praia à meia noite falando com um pescador: o tal homem não tinha pernas e sim uma cauda. A lua cheia deixava clara a visão de Annabeth, o pescador tinha uma calda de peixe verde. Isso fez com que a princesa arregalasse os olhos e a boca de tanto espanto. Atena e o homem (que Annabeth ouviu a mãe chamar de Poseidon), continuarão discutindo feio. Feio MESMO. Alguma coisa sobre um segredo ou algo do gênero. Annabeth estava atônita demais para poder distinguir as palavras com exatidão. Porém aconteceu algo que a surpreendeu ainda mais, se é que isso era possível. Ao longe ela viu um rapaz montado em algo, mas à medida que ela focalizava melhor sua vista, ela pode decifrar o que era e quase desmaiou.

O rapaz de seus sonhos estava ali. Lindo igual a como ela lembrava. Os cabelos negros se misturavam com a noite e ele (para a felicidade dela) estava sem camisa. Annabeth poderia ter desmaiado somente por notar que o rapaz que a salvara era de verdade, mas o que a fez realmente ter vontade de desmaiar foi ver no que o rapaz estava montado. Parecia um borrão negro de início, mas depois ela notou que era um hipocampo. Annabeth já havia lido sobre eles em um dos muitos livros da biblioteca da cidade, eram animais metade peixe metade cavalo que serviam a guarda de...

O mesmo nome que o capitão disse quando o navio estava prestes a afundar. Poseidon. O deus perverso dos mares. Aquele jovem estava montando um hipocampo. Não era possível que ele tivesse roubado um animal tão majestoso assim. E Annabeth conseguiu ver que ele tinha uma calda de peixe da mesma cor que o homem com quem sua mãe falava. O rapaz por quem Annabeth estava apaixonada era filho do deus do mar. E uma sereia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!