Scream Out And Shut Up escrita por le97le


Capítulo 4
Don't Shut Me Up


Notas iniciais do capítulo

Voltamos a ativa, pessoal.
Agradeço pelos comentários, suas lindas :)



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Desci a ladeira com a bicicleta querendo morrer, ou melhor: sumir. Okay, esse dia está realmente estranho. Eu, Isabella Swan, a sumida, prefiro sumir a morrer. Estou me sentindo... Complicada. Olhei no relógio pelo que pareceu a décima vez desde que cheguei em casa. 16:48. Parece que realmente passaram minutos enquanto nos encarávamos na porta de sua casa. Aquele ser arrogante. Bufei.

Corri para o banheiro do meu quarto. Maquiagem e álcool nos machucados. Calça escura. Cabelo solto. Voltamos a estaca zero. Tomei uma ducha rápida. Alice me mataria se eu chegasse dois segundos atrasada. Tirei as pulseiras que apertavam as feridas abertas e soltei uma exclamação de alívio. Vesti uma blusa de manga longa. Tudo para diminuir a dor insignificante de alguns cortezinhos. Me irritei comigo mesma.

Corri pelo quarto pegando minhas roupas mais frequentes. Jeans justo, blusa de manga longa mais larga e velha que meu pai, moletom do Emmett. Suspirei. Outra vez. Olhei no relógio. 17:15. Fiz a conta mental de quanto tempo seria necessário até chegar ao cemitério e cheguei a conclusão de que, se eu não saísse naquele segundo, seria morta pela Alice.

Desci as escadas tomando um cuidado maior por causa dos joelhos machucados e passei na cozinha. Hmmm, nada como pizza de ontem. E quem tinha me ensinado isso? Rosalie, é claro. Ninguém normal seria namorada de Emmett Swan. Me lembrei dos cabelos loiros brilhantes como o sol que ficavam bagunçados depois de assistir um filme com Emm. Obviamente só ficavam assim depois da agarração. Bufei divertida. O bom humor estava de volta. Emmett sempre seria a razão dos meus sorrisos. Dei um sorriso fraco.

Onde vocês se meteram, Emm?

Agora eu, com toda a certeza do mundo, estava atrasada. Subi na moto. Liga, corre, acelera. O vento era impedido pelo capacete, então meus cabelos continuavam no lugar deles. Cheguei 15 minutos depois do horário marcado. Senti os olhos de todos me queimarem. Alice apareceu do meu lado e pegou minha mão. Isso também foi estranho. Sem reclamações sussurradas?

O padre continuou a falar qualquer coisa sobre Deus e os Céus. Não há Céu para os covardes, eu acredito. Não há Céu para mim, para Emm ou para Rosalie. Suspirei baixinho. "Rosalie Hale está agora mais leve, sua alma sem peso corporal vaga por entre a escuridão e a luz, tentando encontrar, finalmente, seu lugar". Duas lágrimas escaparam de meus olhos, uma para cada um. Eles se encontraram. Tenho certeza. É a única certeza que eu poderia ter. Dedos finos, compreensivos e delicados limparam minhas lágrimas e foi quando eu percebi ter fechado os olhos.

Onde vocês se meteram, Rosalie?

O discurso havia acabado e as pessoas se abraçavam, soltavam sorrisos tristes ou simplesmente se afastavam. Soltei a mão de Alice e fiz o mesmo caminho que fiz no dia do enterro de Emmett. A última cama do corpo, aberta para dar um adeus a Terra. Beijei a ponta dos meus dedos e passei os dedos pela testa de Rosalie. Me virei.

Algumas pessoas me encaravam com interesse visível. "Por que a herdeira dos Swan sem emoções se emocionaria no enterro de alguém que ela nem conhece?" As perguntas eram obvias. E eu fui embora.

O dia seguinte foi mais nublado e alguns pingos de chuva se permitiram cair, mas eu não me permiti sair da cama para ir à escola. Havia avisado Alice que não estava disposta a nada. Pensei em levantar e ir até a ladeira, mas lembrei da promessa que fiz a mim mesma no dia anterior. Não voltar lá, pelo menos hoje. Às 14:20 eu desisti da promessa e levantei da cama.

Pão de queijo e requeijão para o almoço. Bicicleta a postos rumo a ladeira. Subi a ladeira pelo lado oposto à casa de Edward Cullen, mas não havia como descer por esse lado, grama e lama não combinavam com pneus finos. Definitivamente. Andei pelo meu futuro pedaço de terra, imaginando como seria quando eu morasse ali. E, ali, me permiti chorar. Por ver, pela milésima vez, o que um erro pode causar a um amor. Um erro que nem foi do casal em si. E chorei por mortes que não tinha me permitido antes. Começou a chover e a única alternativa foi sair dali. Gritei antes mesmo de descer com a bicicleta. Senti a garganta arranhar com o esforço.

Gritei, e gritei, e gritei, e gritei. E desci a ladeira, e chorei, e chorei. E gritei entre os soluços, e chorei entre os gritos. Estava encharcada, o moletom de Emmett não servindo para mais nada, com frio, tremendo, chorando e gritando. Então, no meio da chuva, no meio da rua, uma pessoa. Freei, com o freio certo desta vez, e parei na frente dele. Seus braços estavam cruzados, a expressão séria, tão molhado quanto eu, mas sem tremer como um cachorro assutado. Larguei a bicicleta e sentei no chão. Eu nem me aguentava em pé.

Me abracei tentando juntar os pedaços de mim espalhados por ali. Coloquei o rosto nos braços cobertos de moletom gelado e chorei. Quantos anos de lágrimas saíam de mim naquele momento? Três? Quatro? Oito? Talvez mais.

Senti os braços molhados, mas quentes, me segurarem e me levarem para um lugar seco. Pela primeira vez desde que Emmett morreu fui abraçada e consolada por alguém. Mas logo me dei conta do que estava acontecendo e tentei me soltar.

– Não. - Eu sussurrei, a voz roupa pelos gritos. - Não. Eu quero ir para casa. Me solte. Meu quarto... - Continuei tentando me soltar e explicar o porque tinha que ir, mas logo fui interrompida por um conjunto imponente de voz e braços.

– Não. - A voz mais firme que aço e o abraço de ferro me fizeram calar. - Você vai entrar nessa casa comigo, Isabella. Vai se secar e me explicar exatamente o que tanto faz por aqui. E o que você achou que era brincadeira ontem, não existe hoje. - Foi em tom de ameaça, forte, firme e agressivo, mas foi... calmante. Empurrei seu peito e saí do abraço. Olhei para minha bicicleta, pensando na péssima ideia de chorar fora de casa e tentando pensar se em algum mundo eu chegaria nela mais rápido que o homem ali.

É claro que não, Isabella.

Sua mão encostou na minha, envolvendo doce e firmemente meus dedos com os seus. PARE DE ENTRAR NA MINHA CABEÇA E NA MINHA VIDA. Eu quis gritar para o homem completamente desconhecido que ainda me puxava para dentro de sua casa vazia. Tão vazia quanto eu.

E ele não desistiu.


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Notas finais do capítulo

Hmmm, O que acharam, lindas? Deem opiniões, comentários, especulações... Qualquer coisa.
Beijos,
L.



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