– Hayley? – quebrei o silêncio, confusa com as palavras de Elijah.

Senti Klaus se afastar, ainda sem encarar o irmão, mas mantendo toda a sua atenção em mim. Não compreendia exatamente o que o seu olhar tentava transmitir. Parecia preocupado, ao mesmo tempo que a sua postura denunciava a raiva que estava possuindo o seu corpo.

Elijah permanecia no mesmo lugar, obviamente ansioso, me olhando de um jeito estranho. Mesmo sem saber o que estava acontecendo, senti o meu coração apertar, e a minha mente se apoderar de teorias – cada uma mais ridícula do que a outra. Nenhuma fazia o menor sentido, mas a tensão que dominava a sala, também não.

Arqueei a sobrancelha, esperando uma explicação.

– Love…– começou hesitante - talvez seja melhor você esperar por mim e conversarmos mais tarde.

– Peço desculpa por ter interrompido o vosso momento, Caroline. Se o assunto não fosse importante… – trocou um olhar com o irmão e decidiu não continuar – Niklaus, estarei esperando por você, lá fora. – fez um pequeno aceno com a cabeça e saiu rapidamente pela porta.

– Preciso ir – falou Klaus.

– Precisa ir? – perguntei, começando a sentir uma leve irritação – Precisa ir onde? De que Hayley estava falando o seu irmão? Não vai me dizer que estamos falando da mesma Hayley de Mystic Falls. – comentei chateada, lembrando da loba irritante – Porque não teria lógica, certo? O que estaria Hayley fazendo em New Orleans? E mesmo que tivesse, porque razão você me deixaria sozinha, depois de meses desejando que eu aqui estivesse, só para correr atrás de quem a sequestrou? – terminei de falar, já com a voz elevada, notando a sua expressão de culpa, aumentar, durante o meu monólogo.

– Sweetheart, eu posso explicar tudo mas preciso que você me espere. – pediu – Eu sei que você está cheia de duvidas e eu prometo que irei responder a tudo, assim que voltar.

Caminhou até à saída e parou antes de seguir.

– Você disse que pararia de fugir, se eu ainda te quisesse. – relembrou o que eu havia dito, apenas alguns minutos atrás – Eu ainda quero você. Eu sempre vou querer. – reafirmou antes de prosseguir – Lembre-se disso. – seguiu em frente, dessa vez sem olhar pra trás.

Tinha ficado a sós, sem saber o que pensar, numa casa que não era minha, esperando por algo que com certeza não me deixaria feliz.

Quando decidi deixar Mystic Falls e viajar até New Orleans, nunca imaginei que o meu primeiro dia fosse terminar dessa maneira.

Mantenha a calma Caroline, mantenha a calma. – repetia para mim mesma, vezes e vezes sem conta.

Vagueei pela casa, conhecendo os vários cómodos, me distraindo com o bom gosto explicito em cada lugar. A decoração tinha o dedo de Rebekah, podia apostar. Já tinha visto alguns quartos, a cozinha espaçosa, a biblioteca - que parecia mais antiga do que os próprios originais – e agora estava perto de uma sala que, após duas tentativas, percebi estar trancada. As portas eram em vidro e, com alguma atenção, consegui distinguir algumas coisas que ocupavam o seu interior. Quadros, tintas, e outros materiais que pertenciam claramente a Klaus. Era o seu canto, onde criava a sua arte, não havia a menor dúvida. Fiquei curiosa para ver mais, mas de onde estava isso seria impossível de realizar. Desisti, fazendo uma nota mental de voltar ali mais tarde, quando o local estivesse acessível.

Mudei de rumo e subi as escadas. Outros quartos ficaram visíveis. Concentrada, segui o meu instinto e achei rapidamente o quarto do hibrido. Iria aproveitar pra descansar, colocando de lado os meus pensamentos e aguardando o retorno de Klaus.

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– Niklaus eu preciso me desculpar, não quero que pense que… - despertei do sono que me consumiu, ao ouvir duas vozes bem distintas.

– Não preciso das duas desculpas, Elijah. – interrompeu Klaus, mostrando indiferença – Agora preciso que me deixe sozinho, tenho assuntos mais importantes para resolver. – engoli em seco, sentando na cama e me preparando para o que viria.

– Como queira, meu irmão. – concordou sem se prolongar – Tenho certeza que Caroline irá compreender. – pronunciou enquanto se afastava.

Respirei fundo. O que eu compreenderia?

Escutei a porta do quarto abrir e fechar logo em seguida. Klaus sabia que eu estava aqui.

– Não vai dizer nada? – perguntou, me fazendo arrepiar com o seu tom sério.

– Não sou eu que tenho algo pra falar – retruquei do mesmo jeito – Você me pediu pra esperar, aqui estou eu.

– Caroline… - se aproximou – Só peço que me escute até o fim. – assenti – Quando vim para New Orleans o meu objetivo era apenas um, tomar de volta a cidade que construí. Elijah estava ciente disso e me acompanhou, não pelos mesmos motivos, na sua cabeça este seria o recomeço que precisávamos, o momento perfeito para estreitar os laços e agir como família. – sorriu ironicamente – Não demorou muito para que esse conceito fosse levado ao extremo. Através de uma bruxa tive conhecimento de que iria ser… - fechou os olhos – pai. – soltou, sem coragem de me encarar.

Encolhida na cama, na mesma posição que me encontrava anteriormente, fiquei sem reação.

Pai?

Klaus estava dizendo que seria pai e o meu raciocínio parecia não processar a novidade. Queria perguntar como é que era possível, quando tinha acontecido, e o mais importante… Quem era a mãe. E foi com esse pensamento, mesmo sem questioná-lo, que de repente as peças começaram a se encaixar.

Não.

Por favor, não.

Senti o meu corpo ficar gelado. O ar tinha sumido, e se eu precisasse respirar, tenho certeza de que estaria inconsciente nesse exato segundo.

–Hayley? – sussurrei, incapaz de colocar para fora as palavras que ecoavam na minha mente.

Vi-o confirmar com a cabeça.

– Como? – eu sabia como, não entendia é o que o teria levado a isso.

– Uma noite, nada mais. Bebi um pouco, estava sozinho e apenas aconteceu. – encolheu os ombros, desinteressado.

– Antes ou depois de… - suspirei – nós? – ele tinha noção do que eu queria dizer.

– Antes. Você sabe que eu jamais faria isso depois de estarmos juntos! – me repreendeu, como se tivesse o direito de o fazer depois de tudo o que eu estava descobrindo.

– Eu não sei nada – gritei, perdendo a calma – Você já sabia? Quando esteve comigo, já sabia que ela estava… - cerrei os dentes, e me obriguei a falar – grávida?

Klaus não respondeu. Nem precisava, estava tudo explícito no seu rosto.

– Não acredito que você foi capaz de me enganar desse jeito – chorei, sem conseguir controlar mais as minhas emoções.

– Não foi assim sweetheart – tentou explicar – Eu só não queria machucar você. E para ser sincero, também não esperava que nos envolvêssemos naquele dia. Se você se lembrar, não tivemos muito tempo para conversar.

– Para! Você está querendo contornar os fatos mas nada do que você possa dizer vai mudar a realidade! – declarei com firmeza.

– Love, eu… - quase voei para cima dele, impedindo que o mesmo continuasse.

– Chega, para de falar. – ordenei, acertando alguns murros contra o seu peito.

– Mas você precisa saber que eu descobri… - mais uma vez o calei, empurrando-o contra a parede.

–Você vai ser pai – pronunciei pela primeira vez, nem acreditando no quão surreal aquilo era. – De um filho da Hayley. – mais lágrimas escorreriam pela minha face.

– Não, eu não vou. – vociferou, me segurando pelos braços.

Procurei nos seus olhos um sinal de mentira mas fui recebida com uma forte abundância de honestidade.

Agora sim estava confusa, mais confusa do que nunca.