A Patricinha e o Lobisomem escrita por elizabeth beans


Capítulo 11
Capítulo 10 - Trace Wolch


Notas iniciais do capítulo

*Por favor prestem atenção nas notas ao fim do capitulo! AGRADECIDA!!!



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Amelie P.O.V.

Enquanto esperava Kim sair do provador – o que pelo tamanho da vergonha dela, poderia levar todo o resto desse seculo – meu celular começou a vibrar e quando tirei ele da bolsa, ele estava acendendo as suas luzinhas de neon rosa que só acendiam quando alguem em especial estava entrando em contato comigo. Alguem que finalmente dizia “OI”, depois de tanto me fazer esperar.

 

Entre quase morrer de emoção e alivio e agarrar o celular para deslizar o visor sobre as teclas, percebi que era só uma mensagem. CRETINA!!!

 

Dizia:

 

E aí bitch, afim de fugir da roça pra passar o reveilon com estilo? Te espero no aeroporto de Seatle as 10 da noite do dia 31. ESTEJA LÀ.

 

TracyCAT*

 

A vagabunda - anteriormente conhecida como melhor amiga - nem sequer se deu ao trabalho de pedir mil e uma desculpas, ajoelhada em pedras pontiagudas, por ter me deixado sozinha e sem noticias e só sumir sem nem se preocupar em como eu passaria pela terrível experiencia de ter sido exilada no interior de Washington, na península do INFERNO; e agora, não mais que de repente, ela esperava que eu fosse como uma cadelinha atrás dela, só por que ela me mandou essa mensagem de texto idiota que curtia com a minha cara na metade do seu conteúdo? É claro que...

 

Mas quem eu estou enganado? É claro que ela tava perdoada e é obvio que eu agarraria qualquer chance que fosse pra não passar o fim do ano aqui no fim do mundo!

 

Sai batida da loja arrastando a Kim, enquanto ela ainda ajeitava a blusa, balançando as sacolas e procurando o Black, inútil, que parecia ter sumido das minhas vistas.

 

Tudo depois disso era um borrão. Eu estava em transe, eu tinha uma chance de ser eu novamente com gente como eu e fazendo coisas da minha antiga, amada e muito gloriosa vida. Eu precisava chegar em casa depressa pra arrumar uma das minhas roupas de emergência nunca usadas e que eu pensei que teria que vender na internet a essa altura, do tanto que eu já estava acostumada com essa nova vida de pobreza e tragedia.

 

Acho que ainda tenho aquele vestido Dior platinado!!! Ele seria perfeito com os meus Manolos de couro de cobra. Mas espera, eu tenho aqueles perfeitos Jimy Choo dourados com contas... Tanto a se fazer!

 

Desenterrar meu dinheiro de emergências para a corrida de taxi até Port Angels e depois as passagens de avião eu posso colocar no cartão. Com certeza vão estourar o limite ridículo que tenho agora, mas quem se importa? Não é como se esse dinheiro servisse pra comprar nada de útil, afinal.

 

É tão pouco. Não dá nem uma prestação de uma bolsa Prada. Não que eu algum dia compraria alguma coisa na prestação, pra começo de conversa.

 

Vou precisar de Kim também, acho que ela é confiável. Se provou uma boa amiga apesar de, bem, habitante do fim do mundo. Ela vai ser minha cobertura pra que Marta não empate a minha vida.

 

  • Você está passando bem Mily? - a voz preocupada de Jacob me tirou do mundo dos planos fabulosos por um momento. Estávamos na entrada de La Push. Nem tinha me dado conta do tempo passando e a viagem que já acabava.

     

  • Claro Jake! - acho que não podia conter minha empolgação agora que tinha um plano de ação e minha felicidade era tão mais real de ser conseguida. Ele sorriu pra mim como se meu sorriso o tivesse ganhado.

     

Ele era tão bonito! De um jeito tão DELE.

 

Por um momento eu quis poder leva-lo comigo... Comprar um terno Armani pra ele e carrega-lo junto como um acessório ideal para uma noite ideal. Exibindo ele pra minhas amigas e pra babaca da Tracy que eu duvidava que tivesse conseguido um cara mais gato que ele nesse tempo em que ficamos separadas.

 

E então, olhei de novo pra Jake, como que para confirmar esse insight maluco, e então bati meu olhar no interior do carro, antigo e popular e fui jogada na realidade de que aquele não era o mundo dele. Não era nada parecido com ele! E por um átimo de segundo que eu deixei passar e se afogar em minhas espectativas positivas, eu quis não ir. Quis passar a virada do ano com ele, ali , no fim do mundo.

 

 

O que só prova que morar no interior meche com sua cabeça mesmo que seja por pouco tempo. Ele ficaria bem aqui e eu voltaria, não é? Não que eu estivesse muito feliz em saber disso, que eu voltaria mesmo no final, mas não era tão terrível também, não mais... Ele... estaria aqui.

 

  • Chegamos! - eu exultei enquanto pulava pra fora do carro. Jake estava ao meu lado com as compras em um segundo. Ele era sempre tão rápido e gracioso.

     

    Eu ia sentir falta disso... “Ei Amelie, sua idiota, você só vai ficar uma noite, talvez duas, fora. Não é como se fosse a vida toda, e você não quer voltar, lembra? Se você pudesse escolher você não voltaria!”

     

  • Jake, você pode levar as coisas pra dentro e por no meu quarto, por favor? - eu falei com meu melhor tom para que ele não se sentisse coagido, ele não era meu empregado.

     

  • Tudo bem. - ele disse, sem se importar e foi pegando as sacolas que estavam no banco de traz, todas em uma braçada só.

     

  • Acho que já vou então, Amelie... - Kim ia dizendo. Segurei em seu braço.

     

  • Preciso de um favor. - eu sussurrei, e não sabia exatamente porque estava sussurrando mas fiz mesmo assim.

     

  • Diz. - ela conspirou com um sorriso. Boa garota. Com certeza eu poderia confiar nela.

     

  • Preciso que diga a qualquer um que vamos passar o fim do ano juntas, na sua casa, qualquer coisa assim. Apenas diga e suma da vista deles. Você pode fazer isso?

     

  • Acho que sim, vou passar sozinha com o Jared, poso dizer que estava comigo, mas porque?

     

  • Sabe a Tracy, minha melhor amiga que eu te falei sobre ela?

     

  • Sim...

     

  • Então.. ela me chamou pra ir passar com ela em Seatle o Reveilon e eu vou mas quero manter segredo da Marta porque meus pais querem me castigar em tudo, entende?

     

  • Ah, Amelie, nun sei.... Você pode se meter em problemas!

     

  • Sim, Kim, EU posso me meter em problemas e isso é COMIGO, né? - eu dei uma olhada dura pra ela mas que ainda foi suplicante demais.

     

  • Ah, tudo bem, mas se cuide tá?

     

  • Pode deixar garota, eu estarei em boas mãos.

     

  • Então tá, mas... só uma noite né?

     

  • Claro, claro. - eu abanei minha mão e fiz minha melhor cara de boa moça pra ela.

     

     

Ela sorriu e se foi. Jacob voltou um tempo depois dizendo que Marta tinha detido ele em casa e empurrado um monte de bolo de frutas nele. Não parecia muito irritado com isso, então o bolo estava bom. Não que eu fosse comer já que tinha que ficar maravilhosa em um Dior para o meu reveilon perfeito.

 

 

Seatle, Tryc Club – 30 minutos para a meia noite de 1º de Janeiro e um novo ano!

 

Trace Wolch estava tomando sua quinta tequila envenenada da noite, sentindo todo o calor do ambiente em sua micro saia e top de lantejoulas prateadas, invejando a garota mais descolada e bem vestida da festa, que, por mais um ano, NÃO ERA ELA.

 

Seu olhar se detinha em Amelie Weelow, impecável em um Dior platinado, os cabelos presos em um elaborado penteado que deixava alguns cachos rebeldes soltos, caramelados e muito atraentes. Em cima de um salto quinze D&G, rebolando na pista de dança com o cara mais cobiçado da noite, já a uma hora, sem demostrar nenhum cansaço.

 

Neste momento em particular, repassava em sua mente algumas maldições a si mesma, pela estupida idéia de tê-la convidado, em primeiro lugar. Se tivesse ao menos uma dica de que o retorno de sua “melhor amiga” seria aquele sucesso, não teria sido a responsável por trazê-la até aquele lugar, que era SEU mundo e não mais o dela.

 

Antes, assim que mandou a mensagem de texto com o convite, acreditou realmente que seria muito fácil e divertido ver AQUELA LÁ, sempre tão arrogante e cheia de si, caída de seu salto e sem nenhuma mordomia. Vestindo-se como uma caipira e com as pontas do cabelo duplas, quebradiças e vergonhosas, porque afinal, não havia glamour que pudesse ter sobrevivido ao interior do estado de Washington.

 

Ou, pelo menos, era assim que tinha de ser.

 

Ela, Trace, viveu tempo demais na sombra da “princesinha” Mily Weelow, a sempre toda perfeita, mais esperta, melhor dançarina, mais bonita, melhor cantora, mais rica, melhor atriz, e MAIS... Amelie Weelow.

 

Era o suficiente para acabar com a vida de qualquer garota, e , era justo, que essa noite fosse sua revanche, e não, aquele porre homérico enquanto via sua rival dar show e encantar a todos, pra se ver ali, mais uma vez, totalmente ofuscada.

 

 

Enquanto isso... em La Push

 

Marta corria desesperada pelas ruas geladas e vazias da reserva até a casa de Kim, pra dar uma noticia horrível à sua patroa e protegida, Amelie Weelow, que estava supostamente passando o reveilon na companhia da amiga e seu namorado Jared e que não atendiam o telefone no momento, porque a ultima tempestade havia bagunçado as linhas telefônicas, o que parecia acontecer com freqüência naquele lugar, pelo que soube.

 

 Jacob P.O.V.

Dava pra acreditar na minha maldita sorte? Aqui estava eu, sozinho, faltando quase nada para o ano novo, pelo que poderia apenas supor, já que estava no meio de uma RONDA.

 

Liguei para Amelie antes de sair de casa, as linhas estavam uma bagunça depois do ultimo aguaceiro que caiu; então fui até a casa dela, e afim de surpreender, pulei discretamente a janela de seu quarto. Bati com a cara na porta, figurativamente. E literalmente, batia minha cabeça na trave da janelinha infernal. Nada dela em lugar algum.

 

Ainda assim, a besta aqui não desistiu. Fui até a casa da Kim, que seria a única com alguma informação útil do paradeiro dela, pelo que eu imaginava.

 

Ganhei um: - Ela saiu Jacob. E ela pediu pra que eu dissesse que estava comigo, por favor não a dedure!

 

O que Kim quis dizer com “Não dedure” é o que eu não entendi exatamente. Eu tinha cara de dedo duro por acaso? É claro que isso não era da minha conta. Eu não ia dedurar minguem. Até parece. Mas, Kim ficou bem assustada com eu ter descoberto tão facilmente que Amelie não estava com ela, então convenceu Jared a sumir por ai e me olhou com suplica em seus olhos.

 

A essa altura, não fazia diferença perguntar a Dona Marta sobre sua patroa fujona e mesmo que toda essa situação me cheirasse mal, fiquei na minha, aqui na minha agradável e muito proveitosa RONDA de fim de ano.

 

É claro, o ano não começaria assim tão pacato e rotineiro, não no meu mundo.

 

A mente de Jared entrou em contato com a minha enquanto eu marchava pela segunda vez o perímetro interno.

     

    Cara, você precisa ir atrás da tal Srtª. Weelow. Os pais da Kim biparam ela e disseram que a Marta tá la esperando agente. A Kim tá pra ficar louca aqui. Nós temos que enrolar e você tem que achar a garota.

 

Ele parecia realmente em apuros e eu tipo: O que EU tenho a ver com isso Jared? Feliz ano novo pra você também!

 

E ele: Isso é serio Jacob, parece que aconteceu alguma coisa com os pais da garota. A Kim tem o celular da melhor amiga dela, uma tal de Trace. Ajuda agente, cara!

 

Ai a coisa muda de figura.

     

    Onde eu encontro você, Jared?

     Perguntei já pronto pra missão de resgate. Um frio percorreu minha espinha quando as palavras de Jared bateram em minha memoria outra vez “ ... parece que aconteceu alguma coisa com os pais da garota.” Isso cheirava ainda pior do que não te-la encontrado em casa e em segurança quando a procurei.

     

    Vou te esperar na paria e vejo se encontro alguem no caminho pra ir com você.

     

Ele disse e então pude sentir a mente dele se desligando da minha quando voltou a sua forma humana.

 

Que não fosse tarde demais pra encontra-la e que ela não viesse pra descobrir nenhuma tragedia, era o que eu sinceramente esperava.

 

 

Amelie P.O.V.

 

Eu estava tão animada quando peguei o vôo para Seatle. Gastando toda a minha cachinha de emergência pra ir de primeira classe. Com meu cabelo hiper arrumado, uma cortesia da Kim, que acabou passando lá em casa pra me ajudar não só com o álibi para sair mas também com a produção e digo que , o que aquela garota diz não saber sobre maquiagem, ela com certeza compensa em sua habilidade em construir um penteado magnifico.

 

Devia a ela muito por essa noite. Ela estava sendo a melhor amiga de todas.

 

Mas isso, obviamente não diminuía a minha vontade de encontrar minha BEST na balada mais cobiçada do ano e finalmente ter um pouco da vida emocionante que eu sempre levei antes de ser jogada ás traças no meio do mato.

 

Quando o avião desceu, tentava por tudo não parecer extremamente exitada, como eu realmente estava. Essa atitude seria motivo de muita piada e ficaria obvio que aquilo era um verdadeiro resgate e não é bom parecer que se está tão por baixo que precisa ser salva de passar um fim de ano em companhia de lençóis ruins, romances teens e traças.

 

Um cara de terno preto - quase tão grande quanto Jake e seus amigos - estava parado no desembarque segurando um cartaz onde se lia MILY.

 

Era a minha carona e quando eu vi a limousine preta e clássica pra onde fui conduzida, estranhamente eu me senti desapontada por Trace não ter vindo me buscar e apenas mandar seu motorista para faze-lo. Claro, ignorei esse novo sentimento idiota e me regozijei com a incrível possibilidade de ter minha vida social de volta.

 

As ruas de Seatle não eram tão fantásticas como as de NY ou mesmo minha amada Beverly Hills, mas certamente davam para o gasto. Ainda mais quando eu pude divisar o grande clube com seus seguranças, fila de espera quilométrica e gente tirando fotos de pessoas descendo de suas limousines para um clichê, porem sempre ideal, tapete vermelho.

 

Eu estava de volta ao lugar de onde jamais deveriam ter me tirado, de volta ao centro do mundo e aos olhos do mundo, também.

 

 

Jacob P.O.V.

 

Minhas patas mal roçavam o chão a essa velocidade, a mente de Seth estava dispersa e envolta na emoção da velocidade. Estávamos quebrando recordes hoje, com certeza. Mas dos dois, eu era com certeza o mais interessado em superar todos os meus limites.

 

Com apenas o básico amarrado a nossas pernas, teríamos que “pegar emprestado” algumas coisas de civis e eu realmente odiava usar minhas vantagens genéticas contra rélis humanos. Mas, ao que parecia teria que ser assim mesmo.

 

Chegaríamos a área habitada de Seatle, acharíamos um telefone publico, ligaríamos para a tal Trace ou tentaríamos o endereço de um clube chamado Tric, caso não conseguíssemos a primeira ligação. Então entraríamos no clube e pegaríamos Amelie.

 

Com sorte Jared já teria chegado aos limites da cidade com o carro que ele “pegou emprestado” de um cara que estava festejando em um luau; o carro era um TURBO, seria muito útil. Teríamos pouquíssimo tempo e precisaríamos de precisão, mas se funcionasse, se seguíssemos bem o plano de ataque, voltaríamos pra casa e estaria tudo bem outra vez.

 

Kim estaria livre de uma bronca imensa, Mily estaria fora do grande castigo e poderíamos saber o que de fato aconteceu para que Marta fosse até a casa de Kim no meio da quase contagem de fim de ano para dar um recado ou noticia ou o que fosse que ela realmente precisasse dizer de tão importante; porque nós não sabíamos de muita coisa, a não ser que era sério e envolvia o Sr. E Srª. Weelow.

 

Minha preocupação com isso ainda me açoitava. Será que a noticia para a qual eu estava buscando Amelie, era uma coisa que eu realmente queria presenciar ela recebendo? Não seria melhor deixa-la ficar onde estava e quando voltasse pra casa feliz de sua escapada imprudente e despreocupada, ela pudesse ai sim ser jogada à realidade.

 

  • Acho que só pioraria as coisa, cara.

 

É, pelo visto Seth não estava tão desconectado do meu caos interno quanto eu pensei que estava.

 

 

 

Amelie P.O.V.

 

 

  • Uma soda, por favor. - pedi ao bartender que não devia ter servido um refrigerante que seja em toda a sua carreira. Nunca era sedo pra começar.

 

Eu não estava afim de encher a cara. Eu estava feliz demais pra isso. Em muito breve eu iria rever meus amigos, minha melhor amiga, dançar até me acabar com as musicas mais descoladas e conhecer gente nova e interessante. Alem disso, eu sei que estava aqui totalmente escondido da Marta, então, não beber era algo que eu podia fazer por ela e ao mesmo tempo pelo sentimento de culpa completamente inaceitável que estava se abatendo sobre mim por ter mentido.

 

  • Mily! - Bianca, em seu tubinho Armani vermelho de corte perfeito, gritou eufórica. Correndo imediatamente até onde eu estava e me olhando com empolgação. Ela era a irmã mais nova de Trace e eu não sabia que ela agora fazia parte da mesma turma que a irmã. Fala serio! Quanta coisa pode mudar em um mês? Mas eu gostava de Bianca e era bom vê-la.

     

  • Bi! - cumprimentei com os dois beijinhos de sempre.

     

  • Você tá incrível Mily, quem diria! - tudo bem que esse “quem diria?” era um pouco demais. Ela realmente esperava que eu fosse chegar aqui numa carroça com tranças no cabelo? Eu fui para o interior de Washington, não Texas.

     

  • Você também está ótima querida. Andando com a irmã mais velha agora, é? - provoquei.

     

  • Que nada, é só coincidência. Na verdade, parece que toda a L.A. veio parar aqui. Essa é A FESTA do fim do ano. O clube é novo também, estão inaugurando hoje. - ela dizia enquanto balançava seus cabelos lisos e louros no mesmo ritmo da batida da musica.

     

  • Ow, quem diria, Mily Weelow. - Lucas apareceu por traz de Bianca com aquele sorriso ensaiado, o smoking D&G um tanto afeminado e os músculos de academia dos quais ele tanto se orgulhava.

     

Era impressão minha, ou, depois de conhecer o Jake, Lucas não era assim tão impressionante?

     

  • Hei LuKe. - cumprimentei da mesma forma que cumprimentei Bianca.

     

  • Você não estava morando na fazenda, ou alguma coisa assim? - ele perguntou bebericando seu drink muito colorido e exagerado.

     

  • N-Ã-O. - eu estava incrédula de como a noticia de minha mudança tinha sido distorcida.

     

  • Então... decidiu voltar para nós, foi? - ele colocou a mão na minha cintura, chegando mais perto e excluindo Bianca da conversa. Não que ela estivesse se importando muito, já que pediu um drinque quase tão colorido quanto o dele e deu o fora.

 

Eu devia ter me afastado porque aquela mão na minha cintura definitivamente estava me incomodando, mas ai eu lembrei que ele sempre fazia isso e eu sempre achei normal antes e então eu pensei duas vezes para começar a agir totalmente diferente e dar margem pra maiores comentários. Pelo visto alguem andou espalhando muita coisa sobre eu ir morar em Washington e agora eu estaria correndo atrás do prejuízo para concertar isso.

 

Meus olhos percorriam todo o clube em busca de Trace, que com certeza não deve ter chegado ou já teríamos nos encontrado, afinal, eu veria ela, ou ela me veria. Porque é obvio que as duas estavam loucas pra se encontrar e eu estava fazendo a minha parte e contando que ela faria a dela.

 

  • Vamos dançar um pouco Miss Washington. - Lucas provocou com o que ele deve ter achado que era sua expressão mais sexy. Eu quase rolei os olhos e quase dei risada dele, mas achei que esse seria um comportamento extremamente reprovável já que ele era supostamente o cara mais quente de Beverly Hills, pelo menos a um mês atrás, e isso devia significar algo.

     

Fui com ele. Dançar era fácil, era minha praia e com boa musica e bons dançarinos na pista, tudo só melhorava. Me deixei levar e me foquei em aproveitar a noite. As vezes Luke fazia uns movimentos realmente ridículos e eu podia gargalhar enquanto fingia me divertir com ELE e não as custas DELE. Nem sei por quanto tempo nós dançamos e então ele voltou ao bar pra abastecer sua cota de álcool que já devia estar ficando perigosamente baixa e eu pedi que ele me trouxesse uma agua com gaz.

 

Me sentei em uma mesinha e esperei.

 

  • O que você acha que está fazendo, sua fracassada?

 

A voz veio de traz de mim, irreconhecível pelo tom de raiva regado a muita bebida. Me virei para encarar minha interlocutora e foi como se umas mil facas concorressem para perfurar meu coração. Trace estava parada às costas da minha cadeira, uma roupa vulgar demais até mesmo para os padrões liberais que adotávamos, brincos Chanel tão grandes que poderiam ter sido vendidos como um outdoor da marca, e, me encarando como se eu fosse a coisa mais suja e repugnante que ela tivesse visto na vida. O que aquilo significava?

 

  • Não me ouviu, queridinha? O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?

 

Eu simplesmente não tinha nenhuma resposta para ela. Quem era ELA? Onde estava a minha melhor amiga Trace que eu conhecia desde a maternidade, literalmente? O que aquela MEGERA completamente chapada fez com ela?

 

E tudo de repente tudo começou a fazer sentido. Ela nunca me ligou, ela me chamou pra vir a essa festa por uma mensagem de celular, ela não foi me pegar no aeroporto... Todas aquelas pessoas surpresas em me ver, toda aquela coisa de eu estar morando na “roça”.

 

Aquele não era um convite da minha melhor amiga pra que eu passasse o reveilon com ela por que ela sentia a minha falta como eu sentia a dela. Aquela era uma armadilha pra que eu passasse vergonha em frente aquelas pessoas, pra que eu aparecesse mal arrumada ou não aparecesse de jeito nenhum, ou sabe-se lá o que ela pensou que iria acontecer.

 

Eu tinha sido cortada da lista dos VIPs. E foi pela pessoa que eu achava ser a minha melhor amiga. Senti uma pontada no meu peito e então esse grande bolo se formou na minha garganta e de repente era tão, tão difícil conter as minhas lagrimas, que eu estava a um passo de desabar.

 

  • O Luke é meu, você me entendeu, sua caipirinha ridícula? Eu fui clara? ELE É MEU!

 

Ela estava ensandecida, eu nunca tinha passado por nada assim. Tinha muito ódio e ressentimento ali e eu nem mesmo dancei as musicas lentas com Lucas para merecer suas acusações, eu não queria nada com ele.

 

  • Esse MUNDO é MEU! - ela fazia um gesto exagerado e abrangente com os braços finos.

     

E eu ali, em pé, ainda completamente imóvel, tentando muito não cair no choro como um bebê.

 

Será que eu não tinha nada afinal? Meus pais nunca se importaram, mas Trace sempre esteve comigo. Ela era minha amiga, porque ela estava falando aquelas coisas pra mim e porque ela queria me humilhar? E porque agora, quando não conseguiu, aparentemente, o que queria, ela veio esfregar na minha cara que aquela amizade era uma mentira?

     

  • Mily, aqui. Não tinha agua com gaz mas eu trouxe... - Luke percebeu finalmente a figura que se colocava à minha frente, apontando o dedo pra mim e esbravejando chingamentos. Tenho que admitir que ele ganhou alguns créditos comigo quando se colocou a minha frente.

     

  • Não seja ridícula Trace, vá curar essa ressaca, está bem? Você não quer realmente dar esse vexame , quer? - e então ele chamou por Bianca que passava por ali.

     

Eu vi Bianca rebocar a irmã quase que a força para algum lugar longe do salão, enquanto me sentava novamente na cadeira, desabando e ainda em estado de choque e na verdade, não fazia idéia de quando é que o estado de choque iria me deixar.

 

  • Qualquer coisa que ela tenha dito, Mily, esqueça está bem? Ela só estava bêbada. Vocês vão ficar bem - Luke sentou-se ao meu lado e tentava fazer um papel de pessoa centrada que consola, o que sinceramente, não combinava com ele.

 

E então, algo dentro de mim se acendeu, uma raiva e um desejo de revanche que apagavam por completo aquela dor de rejeição. Ela queria ser uma cretina comigo, não queria? Eu seria uma cretina com ela. Voltei a mim e a festa ao meu redor.

     

  • Eu preciso de um drink, grande e com muita vodka. - disse com minha melhor voz de garota fácil e olhei pra Lucas com um sorriso 100% falso, que deve ter soado como a resposta aos seus bons concelhos, já que o idiota foi ainda mais rápido em me trazer a bebida.

 

Trace iria descobrir algo muito importante sobre mim essa noite. Uma coisa que como minha amiga ela foi polpada de saber. Eu era muito boa em ser a garota de classe, mas eu era ainda melhor sendo uma “bitch”, porque eu sabia jogar sujo e eu sabia descer ao mesmo nível; EU não me considerava melhor do que ninguém, não mesmo, e, eu não me achava superior e não iria me abster de machuca-la assim como ela me machucou.

 

Talvez eu começasse com uma chance ao meu caro amigo Lucas que estava sinceramente interessado em me amassar naquela pista de dança. E ela veria, ah se veria! Eu conhecia aquela víbora o suficiente pra saber que ela não iria embora assim, mesmo que eu não a tenha conhecido o suficiente pra evitar de faze-la minha melhor amiga.

 

 


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Notas finais do capítulo

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Gente, tem duas autoras que eu gostaria de colocar aqui pra aqueles de vocês que não conhecem, as duas historias são otimas e eu queria dividir com vocês caso se interessem... Uma delas é uma saga e tem varias historias que já foi até terminada, é muito bom mesmo!!!!! A outra é uma fic do seriado Supernatural (Sobrenatural) que eu particularmente acho perfeita e que a autora precisa de um insentivo pra continuar, então é isooo!!! obrigado por lerem minhas fics e terem páciencia quando atraso os posts! acreditem, se eu atraso é pq realmente não deu pra postar!!!! bjoooooos ^^

Links:

http://fanfiction.nyah.com.br/historia/24741/Between_Heaven_And_Hell

(e)

http://fanfiction.nyah.com.br/historia/26437/O_Leao_O_Cordeiro_E_A_Livraria