Doce Ilusória escrita por RoBerTA


Capítulo 6
Prelúdios de um dia agradável


Notas iniciais do capítulo

Ooooi! Espero que gostem do capítulo :D Amei os reviews!



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─ Não, não, não! Você não está entendendo a situação.

Uma bola cor-de-rosa cresce em minha visão periférica. E então explode, com um som irritante, atraindo olhares de censura.

Ok, talvez eu não seja a melhor garçonete do mundo.

─ Credo, Sam, que som horrível foi esse?

─ Alguém levou um tiro aqui na frente da lanchonete. A violência anda abusada ultimamente.

Briana não responde, mas sua respiração acelerada é uma afirmação que ela continua do outro lado da linha.

─ É brincadeira. ─ Digo, ao perceber que ela de fato acreditou no que eu disse.

─ Ah. ─ Noto o alívio naquela única monossílaba.

Olho ao meu redor, incrivelmente feliz por estar aqui, atendendo gente chata, ao invés de estar naquela casa demoníaca.

─ Mas me explica essa história direitinho. ─ Briana parece ter reencontrado a sua voz, e junto com ela, a curiosidade mordaz que era a sua marca registrada. ─ Tipo assim, ele simplesmente te beijou, do nada?

─ É, sabe como é, né.

─ Não, eu não sei.

Dou um tapa na minha testa. Às vezes eu me esquecia de como Briana podia ser irritante.

─ Um minuto. ­─ Digo a ela, quando um cliente me chama de sua mesa, do outro lado da lanchonete, mais precisamente onde Judas perdeu as botas e as ceroulas.

Daniele pôde vir hoje, e está cuidando do caixa. Teria uma conversinha com mamãe a respeito de inverter os papéis, e eu ficar cuidando do caixa. Pelo amor de Deus, era muito mais fácil do que ficar anotando pedidos e servir gente carrancuda.

─ Moça, me traz um cappuccino com chantilly.

Olho descrente para o sujeito. O retardado não poderia ter pedido antes, junto com a empada de frango? Aposto que uma noz era maior que o cérebro do cretino.

─ Pois não. ─ Digo com um sorriso que transborda em falsidade.

Digamos que eu já expressei minha opinião sobre e para os clientes em voz alta, e as consequências não foram nem um pouco legais.

Vou fazer o cappuccino, enquanto pego o celular novamente.

─ Ei, voltei.

─ Eu quero saber tudo. Detalhes, garota. Agora desembuche!

Finjo uma tosse.

─ Desculpa, Bri. A lanchonete está pegando fogo. Te ligo outra hora. Tchau!

Deixo o celular em cima do balcão, mas antes o coloco no mudo. Ela vai ligar várias e várias vezes.

Ok, talvez eu não fosse a melhor amiga do mundo.

Quando termino de fazer a bebida que o Cérebro de Noz pediu, quase cuspo nela, mas na última hora me seguro, afinal, não queria que a minha preciosa saliva se misturasse à dele.

Com outro sorriso forçado deposito o copo em sua frente, e o mal educado nem me olha na cara. Argh. Ser garçonete não significa não ser gente. Babaca.

Volto ao meu posto, escorada em uma parede qualquer, esperando ser necessária.

Estou prestes a roer minhas unhas, tamanho o meu tédio, até que entra um jovem consideravelmente alto. Está usando óculos de sol que parecem bastante caros, e vestido como se estivesse prestes a ir para alguma reunião de negócios. E está andando na minha direção.

E, é claro, ele se chama Pedro, o Assediador.

─ Você fica horrível nessa roupa. ─ E há quem diga que ele é gentil, educado e todas essas mentiras aí.

─ Obrigada, ─ respondo sarcástica ─ espero que ter dito isso tenha mudado a tua vida, por que a minha continua igual, tirando o fato de que comentário de babaca é igual a mer...

─ Ei, mantenha o nível.

─...da pra mim. ─ Termino triunfante, enquanto ele contorce os cantos da boca em desgosto.

─ Você não tem jeito mesmo.

─ E você ─ aponto o dedo na sua cara ─ cale a boca.

Ele cruza os braços, e parece tão disposto quanto eu a ficar discutindo pelo resto do dia.

─ Educação vem de casa, sabia?

Levando as sobrancelhas, fingindo inocência.

─ Isso quer dizer que o teu pai ficava te empurrando contra a parede e o beijando à força?

Uma felicidade maligna se apodera de mim quando vejo o quanto meu comentário o incomodou.

─ Aquilo foi um erro.

Ele fala isso meio travado, completamente duro, o que não me faz duvidar nem um pouco dele.

─ Só foi um erro que eu não correspondi. Meu querido, ninguém que tenha me beijado antes chamou meus beijos de erro. Muito que pelo contrário... ─ E ofereço um sorriso desdenhoso a ele, adorando cada momento. Ele parece tão perturbado! Uma pena que eu não possa gargalhar de sua cara naquele momento. Mais tarde, talvez.

─ Ei, moça, esse cappuccino está doce demais! ─ Olho por cima do ombro, para o Cérebro de Noz. Cascalho, eu nem coloquei açúcar naquela porcaria!

─ Seu filho de uma mulher pública...

Olho com raiva para ele, e me imagino arrancando o fígado dele. Por um momento, o homem parece amedrontado sob o meu olhar, e em seguida, insultado.

─ Eu quero falar com o gerente! ─ E se levanta com o rosto completamente avermelhado.

─ Eu sou a gerente! ─ Agora estou praticamente gritando.

─ Então quero falar com o dono!

─ A MINHA MÃE É A DONA!

Agora sim estava gritando.

Ele abre a boca, e a fecha sem saber o que dizer. Por fim uma ideia parece ter iluminado aquela cabeça de gafanhoto.

─ Então vocês vão falar com o meu advogado!

Parece tão contente, coitadinho.

─ E você vai falar com os mortos se não calar a boca!

Nesse momento sinto Pedro me jogando por cima do ombro, enquanto vejo uma Daniele cuja expressão é de desespero, colocando o telefone no gancho. Provavelmente ligou para mamãe, e agora estava indo falar com o Cérebro de Noz.

Pedro atravessa a porta comigo me debatendo, gritando feito uma doida. Ele se aproxima de um carro caríssimo e me joga dentro dele.

O fuzilo com os olhos quando ele entra no carro também.

Mas é ele quem estoura primeiro.

─ Como você pôde tratar um cliente daquela forma?! Sua idiota!

Ok, agora Pedro havia ultrapassado todos os limites.

Dou uma bela de uma bofetada em sua cara, deixando orgulhosos cinco dedos no lado esquerdo.

Simplesmente me olha atônito. E então sacode a cabeça. Ele dá a partida no carro, me ignorando completamente enquanto o fico xingando de todas as obscenidades existentes.

─ Para onde estamos indo? ─ Pergunto finalmente, com a voz calma e o rosto impassível.

Pedro não responde.

E eu fico puta da vida.

─ Responde! ─ E o empurro.

Grande, grande erro.

Ele perde a direção por um momento, e esse momento é o suficiente para atingirmos um enorme poste. Graças a Deus havia colocado o cinto dessa vez, um costume que eu definitivamente não costumo ter.

─ Sua... Sua... ─ Por um momento penso que ela vai me xingar de algo horrível, mas então... ─ Sua idiota!

Francamente, Pedro só conhecia a palavra idiota? Esse garoto estava precisando de umas aulinhas de vocabulário, hein.

─ Ah, cala a boca. ─ E coloco a mão na testa. Um enorme galo bem no lado direito. Beleza, só faltava ele cantar. Tiro e cinto e saio do carro, enquanto Pedro repete a ação.

─ Afinal, onde estamos? ─ Pergunto, enquanto ele observa os danos com uma expressão de profundo desgosto.

─ Estávamos indo para um hotel aqui perto, os donos são amigos do meu pai e nos convidaram para o jantar de inauguração. ─ Ele fala muito rápido, provavelmente só para que eu fique quieta, o que certamente não funciona.

─ Você é um péssimo motorista!

Pedro me olha incrédulo.

─ Você me empurrou! Isso é culpa sua!

─ Ah, cale a boca!

─ Cala a boca você!

Ficamos nos trocando olhares hostis até que ouço um carro parar ao nosso lado.

Um homem aponta uma arma na minha cara.

─ Passa tudo, gracinha.

Sou tomada pela surpresa.

─ Você está me assaltando?

─ É isso aí. ─ Responde, enquanto come uma cenoura.

Era só o que me faltava.


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Notas finais do capítulo

Se alguém quiser ser o primeiro a recomendar, juro que não vou me importar :P Na verdade, vou amar :3



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