Manu viu os olhos hipnotizantes de Kishan e sentiu que iria desmaiar. Nunca imaginou que Kelsey conseguiria fazer amizade com uma pessoa tão bonita. A partir do momento, que conseguiu olhar com clareza, viu que aquele não era Ren e sim seu irmão e ficou ainda mais boba, por conta da beleza que existia nele. Bem que Tifany não havia mentido quando disse que os dois irmão eram bonitos, pensou.

Kishan estendeu a mão, mas não fora para cumprimentar a garota e sim para pegar as malas que estavam jogadas ao lado dela. Algo que sempre quis deixar bem notório para as novas companhia, era que conseguia ser cavalheiro quando queria. Não que isso fosse muito bom, pois às vezes se cansava de fazer boas ações, porém era uma forma de dizer, sem palavras, que as pessoas eram bem-vindas ao seu lado. Kells olhava-os esperando que alguém dissesse alguma coisa. Sempre fora tímida perto de Kishan, mas nunca com Manu, que era sua única amiga na cidade em que morou. Assim, ficou sem reação, não sabia se gritava de felicidade por Manu ter aparecido em um momento tão oportuno ou se ficava quieta, sentindo que lhe faltaria ar, por conta da aproximação de Kishan.

— Obrigada – Manu falou colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha direita. – Kelsey, tenho novidades, só que antes de te contar, preciso saber onde irei dormir.

— Claro – Kells respondeu, saindo do transe que a sucumbia. – Vamos entrar.

Kells abriu o portão com sua chave e deu espaço para a amiga e o rapaz passarem. Pela primeira vez Kishan entrava em sua casa e com isso, sentiu um pesar enorme pela mesma ser tão simples. Enquanto a dele tinha um jardim bem organizado, com flores diferente, e uma piscina gigantesca, a dela era antiga, mostrando o quanto o tempo fora cruel com a madeira. Não tinha um jardim tão bonito, porque a Sra. Hayes ainda o estava fazendo e, também, não havia uma piscina. Kelsey, quis dizer para os dois, que acompanham-na, não repararem na desorganização, mas engoliu as palavras quando sua mãe abriu a porta e veio correndo para abraçar Manuela.

Após um longo arfar e vários risos com Manu, Madison olhou para Kishan procurando alguma resposta do moreno. Não entendeu se a amiga de sua filha estava namorando e tinha trago o rapaz para lhe fazer companhia ou se ele somente viera para trazer suas malas. Contudo, ela conseguiu imaginar a semelhança com que o moço que estava a sua frente apresentava com Dhiren. As feições, o olhar penetrante e o sorriso amável e ao mesmo tempo perigoso, lembravam, perfeitamente, Ren.

— Prazer, Kishan – dessa vez ele estendeu a mão para pegar a da Sra. Hayes. – Sou irmão do Dhiren.

— Prazer – ela sorriu e pegou a mão de Manu. – Estou tão feliz de você ter vindo, pelo visto não deu certo nossa surpresa.

Kells, que estava avoada, levou um susto ligeiro e sorriu de lado.

— Pois é – Manuela disse -, não contava com a chegada da Kelsey e do…

— Kishan – o rapaz disse, descontraindo o ambiente. – Bom, já que Kells está entregue irei para casa. Sra. Hayes foi um prazer conhecê-la, Manuela… Até mais.

Ficaram em silêncio e Kells cortou-o, indo atrás do rapaz.

— Irei acompanhar Kishan até o portão.

Ela correu um pouco para chegar até ele, antes que o mesmo saísse. Estava pensando no que diria a Manu e qual seria a explicação que a garota iria pedir. Com certeza, perguntaria o motivo de Kishan ter lhe acompanhado e também, iria querer saber porque ela passava a maior parte do tempo na casa de Dhiren. Estava mais do que obvio que os dois estavam namorando, só que além disso ela não poderia contar. Fany, adoraria ouvir, ao vivo, uma de suas desculpas que sempre dava para Manu no telefone explicando o seu sumisse.

— Kishan – Kells gritou e ele parou instantaneamente para olhá-la -, obrigada por ter vindo me acompanhar.

— Obrigado você por ter me aguentado durante o caminho – brincou -, qualquer coisa que precisa é só me chamar. Não esquece de aparecer lá em casa amanhã. Ren vai gostar de… - ele ruborizou pela primeira vez na frente de Kells – ver você e… Bem, você entendeu.

— Claro – Kelsey sorriu, achando um pouco engraçada a atitude dele.

Ela voltou e viu que sua mãe e Manu já estavam dentro da casa. Em pensar que sua melhor amiga, veio de tão longe para lhe fazer companhia era confortante, mas pensar que sua melhor amiga não podia saber nem a metade do que aconteceu desde que chegara na cidade era horrível. Entrou e fechou a porta. Percebeu que seu pai já estava dormindo, pois a televisão não estava ligada. As únicas luzes da casa que estavam acesas era a da sala e a da cozinha, onde a Madison estava junto com Manuela. Andou até lá forçando um sorriso, pois não queria parecer descontente.

— Kelsey! O que esse rapaz estava fazendo lhe acompanhando? – Sra. Hayes perguntou.

— Ele disse que estava tarde e a senhora sabe que Dhiren não está bem.

— Por falar nisso – Manu começou, depois que terminou o seu suco -, o que aconteceu com ele?

Kells hesitou em responder. Tinha comentado com sua mãe o que combinara com Kishan, Nilima e Kadam: Ren teve queda de pressão no hospital e desmaiou, para que melhorasse o médico receitou alguns remédios fortes e o efeito colateral era sono ao extremo.

— Ele está bem mal Manuela, eu mesma conversei com o Sr. Kadam no começo da semana quando o garoto passou mal. Ele disse que Dhiren está tomando remédios fortes. – Madison pronunciou e tirou o peso das costas de Kells de mentir. – Kelsey até agora não me contou mais nada, mas sabe de uma coisa – colocou a mão ao lado da boca e cochichou -, eu acho que os dois estão namorando.

— Kelsey – Manu colocou a mão na boca, fazendo uma expressão curiosa -, sério? Você não me contou mais coisas… Perguntei várias vezes para a Fany, mas ela também não me sabia responder. Não acredito que você não contou para sua própria mãe!

Por um momento Kells pensou que iria desabar no chão. Não sabia de onde sua mãe havia tirado aquela história e ainda mais, contado para Manuela, ali na sua frente. Todavia, não se precipitou e continuou calada, sorrindo. Já tinha passado por coisas piores no dia e não queria se sentir mais mal do que já estava. Yesubai, ainda era uma lembrança viva em sua cabeça e mesmo sabendo do que a mulher fez, continuava com medo dela. A áurea que a rodeou quando Durga chegara para lhe apanhar mostrava sentimentos de ressentimento e amor. Yesubai, ainda amava Ren… Ela tinha certeza disso, se não, não teria feito o que fez.