My Tiger escrita por Escritora


Capítulo 50
Doutrina


Notas iniciais do capítulo

OIE! Estou postando esse capítulo hoje, porque amanhã não vou ter tempo :(. Estou muito feliz porque tenho novos leitores e nunca - nunquinha, msm - imaginei que teria 78 leitores, fora o pessoal que recomendou. Vocês não acreditam no tanto que fico feliz quando leio as recomendações, sério msm. Gente, eu era uma escritora "encubada" escrevia somente para mim e às vezes, quando postava logo excluía para ninguém ler.
Bom, estou fazendo um tumblr para postar minhas histórias e mais algumas coisinhas sobre alguns livros que amo, ainda continuarei aqui no Nyah!, mas bem capaz que gradativamente passarei a postar tudo lá. My Tiger vai continuar aqui, podem ficar calmos, hehe.
Já falei muito, então...
BOA LEITURA!



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Ren não mostrava sinal que acordaria o mais logo possível, entretanto Kells não perdia as esperanças. Kishan ainda encontrava-se sentado na sua frente lhe olhando fixamente perdido em seus pensamentos. Para fazia sentido agora, Dhiren estava com algo além da própria essência de Durga e bem capaz, que tal fato tenha sido causada pela pessoa que estava brincando com eles.

— Kishan – Kelsey murmurou tentando entender porque ele estava tão calado desde que falara sobre a adaga.

— Eu sei o que está acontecendo – disse em um tom de voz intenso e sólido.

— Sabe? – a garota perguntou confusa.

— Bem… Pelo menos consigo deduzir uma parte desse problema. Alguém está na cidade brincando com nós, com certeza. Acredito que se não for Lokesh, tal como Nilima falou pode ser alguém cumprindo suas ordens. Se isso for verdade, precisamos achar o mais rápido possível essa pessoa.

Kelsey ficou muda, pois não sabia o que dizer para o rapaz. Como alguém poderia ter feito isso com Dhiren? Ele não era assim tão indefeso para ter sido sujeitado a algo ruim. Kells alinhou o corpo, estava muito confusa para ficar parada ali sem conseguir entender o que ocorria na sua realidade. Em uma hora sua vida era completamente racional e em outro tornou-se completamente subjetiva e enrolada.

Kishan analisava a expressão desconcertada dela, realmente para ele, Kells parecia tão decidida e ao mesmo tempo trapalhada com as atitudes das pessoas que a rodeava. Naquele momento, soube que Ren tinha feito mais uma escolha certa na vida: encontrado a pessoa perfeita para acompanhá-lo. Poderia dizer que, talvez, estivesse com inveja do irmão mais velho, mas mesmo assim ainda afirmaria, logo depois dessa sentença, que também, sentia-se orgulho de saber que Dhiren achara Kelsey para dividir a rotina.

— Kishan, eu… - Kells começou a dizer, todavia interrompera a si mesma quando escutou um barulho de madeira quebrando.

Os dois se entre olharam desorientados, pois o som parecia vir do segundo andar. Kishan por instinto levantou-se rapidamente e andou com cautela até a escada, deixando Kells estática na cozinha. Olhou com o máximo de atenção para o meio que estava e subiu lentamente as escadas para chegar na origem do barulho. Ele conseguia sentir o cheiro de Nilima, vindo do quarto dela, o de Kadam, que estava na biblioteca e o de Kelsey, ainda na cozinha ao lado do balcão. Inspirou intensamente procurando por Dhiren, mas não encontrava. Em milésimos de segundo já estava em forma de tigre correndo até o local em que seu irmão dormia.

Na medida em que acelerava os passos, as paredes avermelhadas do corredor tornavam-se apenas borrões. Viu a porta de Dhiren e correra o máximo que pode ao encontro dela. Como tigre tudo parecia mais fácil, talvez se estivesse em forma humana não chegaria assim tão rápido ao local que desejava. Sem hesitar pulou na madeira, estraçalhando-a por inteiro. Os pequenos pedaços do madeirame de cor marrom espalharam por todo o quarto fazendo parecer que a porta tivesse sido colocada em um triturador.

O tigre negro visualizou e procurou por Dhiren, todavia seus olhos dourados somente focavam na janela aberta. O seu irmão estava ausente e aquilo, por algum motivo ainda desconhecido, o deixava tranquilizado. Subitamente, sentiu um choque em sua espinha e andou, em forma humana, até a janela. Viu alguns pelos brancos presos no vidro texturizado, observou a neve e percebeu que pequenas pegadas começavam a ser cobertas pela neve fina que caia.

— Ren – murmurou com um sorriso nos lábios.

Os obstáculos que a vida lhe dera não eram tão difíceis como esse, que fora colocado na sua frente. Dhiren tinha, praticamente, fugido e algum motivo o levou a fazer isso. Todavia Kishan estava calmo em pensar que finalmente ele tinha acordado e parecia estar sã de si, mesmo em forma de tigre e solto pela cidade. Não teria dificuldade em saber onde ele estaria, mas mesmo assim o seu subconsciente o impedia de tomar qualquer decisão, antes de consultar Kelsey.

Uma pontada de remorso ao pensar que não queria contar para Kadam o que estava acontecendo o dominou. Sabia que o ancião era sábio o bastante para dar-lhe um conselho que, com toda certeza, o ajudaria a chegar em seu objetivo. Entretanto, não queria envolver o Sr. Kadam ainda mais do que já estava. Kishan entendia que Ren também pensava assim, pois o mesmo há alguns anos lhe confessara algo sobre isso.

— Kishan – ouviu alguém o chamar e virou-se. – Está tudo bem?

A voz suave de Kells, não conseguia esconder o medo que sentia. Por mais que não estivesse tão trêmula, a expressão da garota mostrava que não ver Dhiren deitado ou em pé em sua frente a deixava aterrorizada. Em sua mente passava mil e uma possibilidades de algo ruim ter acontecido ao rapaz.

— Re-Ren? – tentou dizer procurando alguma explicação.

Os olhos dourados de Kishan, aos poucos saíram da penumbra da luz do luar, mostrando alguém desolado e indignado. A lâmpada e abajur estavam quebrados o bastante para não acenderem mais. A cama partira-se ao meio e o chão, de madeira nobre importada da Índia, se transformou em grandes lascas da mesma. Kells procurou algum motivo para aquilo ter acontecido, mas nada explicava tamanha bagunça.

— Dhiren fugiu em forma de tigre. Pelo que parece – Kishan disse com a voz calma, como se nada havia acontecido -, acredito que tenha ido atrás de quem está atrás de nós.

Kelsey ficou em silêncio, pensando na possibilidade da pessoa se chamar Yesubai. No fundo tinha medo de que Dhiren fosse machucado por alguém que se assustasse, mas com a calma que Kishan falara parecia que o fato de ter um tigre branco solto pela cidade era a coisa mais normal do universo.

— Não pode ser Yesubai? – falou esperando alguma negativa de Kishan.

O rapaz a encarou, perguntando a si mesmo como Kells era tão diferente das outras pessoas. Ela conseguia fazer raciocínios rápidos, sem nem ao menos, procurar entender o ambiente a sua volta. Provavelmente, tudo devera ao dom que Durga lhe deu: visões. Esse nom, que ela dissera, parecia tão familiar para Kishan, como o próprio tigre que havia dentro de si.

Naquele instante, como um choque de realidade, ele conseguiu rever algumas lembranças que há poucos segundos não sabia que existiam em sua cabeça. Dhiren, há alguns anos, quando Yesubai morrera dissera que ela era a chave para acabar com a maldição. Na época pouco se importou com isso e aconselhou o irmão a esquecer tal história ou contar para Kadam. Definitivamente, tudo fazia sentido agora, e por mais que ainda lhe faltasse pequenas lacunas para completar, concluiu que Yesubai estava na cidade a mando de Lokesh.

— Nathaniel disse que se lembrava da palavra Yesubai – ela afirmou em um tom baixo. – Acredito que isso seja um nome, certo?

Ele sorriu, pois sentia sua humanidade renascer.

— Você está certa – ele colocou as duas mãos em cada ombro, olhando diretamente para os olhos de Kells -, como eu não tinha pensando nisso antes? Quando disse que Nathaniel falou que uma mulher o atacou era obvio que Yesubai era essa pessoa – ele pausou e inesperadamente abraçou Kells. – Estamos mais próximo do que você imagina…

****

— Parece que alguém se aproxima – Yesubai sorriu enquanto olhava para as unhas.

Ela havia saído do hotel e não achara um local decente para dormir. Sabia que mais cedo ou mais tarde Dhiren se lembraria de tudo e como precaução fizera um feitiço que neutralizava qualquer dom que Durga colocara em alguém, incluindo visões. Ela queria ter uma conversa a sós com seu antigo namorado e pretendia matá-lo ali mesmo, deixando o sangue do rapaz ser umidificado pela neve. Com as malas apoiadas ao seu lado e sentada no banco do ponto de ônibus, ficou a espera do tigre branco.

Ren corria com todas as suas energias rumo a mulher que era culpada por tudo de ruim que lhe acontecera. Todas as suas pesquisas que havia feito antes de a encontrar tinham desaparecido e até as lembranças, de anos de vivência, sumiram da sua mente. Ele viu que a culpada era Yesubai, pois quando estavam fazendo o piquenique, no mesmo dia da “morte da mulher”, ela usou magia negra para bloquear qualquer pensamento ligado ao amuleto que poderia desfazer a maldição.

Sentia raiva dela e queria, por pelo menos um momento, fazer com que Yesubai sofresse o mesmo tanto que ele. Por tantos anos se culpou pela morte dela. Por tantos anos quis morrer por nem saber ao menos o que era essa maldição qua havia sobre ele e Kishan. A dor que sentiu quando perdeu o seu reino, não se comparava a dor de ser enganado por uma bruxa, filha de Lokesh.

Estava mais perto do seu alvo do que imaginava. Gradualmente, o cheiro dela ficava mais forte. Sentiu uma dor intensa pelo corpo, o tigre que sempre representou bem-estar, estava indo embora de si contra sua própria vontade. Tentou ainda correr alguns metros, mas a sensação estava fadigando os seus pulmões. Inspirou o ar gélido e deixou que sua parte humana o dominasse. Como um estrondo, bateu em uma árvore e caiu no cimento frio que fazia a calçada. Sua visão ficou turva, por ter batido com a cabeça e sua pulsação começava a ficar fraca. Tentou recobrir as energias e se levantar mais o seu corpo parecia pesado o bastante para isso.

— Olá, querido – uma voz doce e suave chegou até a sua audição com a brisa – Há quanto tempo. Não esperava uma chegada tão hilária como essa. Não viu a árvore, não?


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Notas finais do capítulo

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