Não consegui dormir, fiquei a noite toda acordada com milhares de pensamentos passando e repassando em minha cabeça, quando finalmente o cansaço me venceu e eu peguei no sono, o sol já estava aparecendo no horizonte, e acordei poucas horas depois com o barulho do movimento das pessoas lá em baixo.

Eu ainda estava cansada e com sono, mas me levantei e fui até o banheiro, tomei um banho demorado e quando sai enrolada na toalha e com os cabelos soltos e molhados, para minha surpresa e susto, Lawliet estava sentado na minha cama. Dei um grito e voltei para dentro do banheiro, encostando a porta.

— O que você está fazendo aqui? — Perguntei, ouvindo sua risada do outro lado da porta. — Não tem graça, você me assustou.

—Desculpa, não foi minha intenção. Mas enfim, fiquei curioso e vim tentar descobrir por que você fugiu do assunto ontem,

— Que assunto Lawliet? Não fugi de nada.

— Aconteceu alguma coisa na missão e você não estava nada bem ontem, já disse que dava pra perceber. — E nesse momento eu fiquei feliz por ter uma porta entre nós e ele não poder olhar em meus olhos.

—Já disse que não aconteceu nada, e estou bem, sério, da onde você tirou isso?

— Mei...

— O que?

— Eu sei que você está mentindo.

— Não sabe de nada.

— Sei sim, lembra quando você e Yukio iam fazer uma brincadeira comigo e você mentiu que íamos comer ramen e me levou até a armadilha? Quando você teve que me enrolar para não entrar antes da hora em casa e dar tempo de minha mãe terminar de fazer meu bolo de aniversário? Eu lembro, e eu acreditava em você, mas aprendi e reconhecer suas tentativas de esconder as coisas.

— Para de tentar me convencer a falar, eu não vou.

— Acabei de fazer você admitir que realmente está escondendo alguma coisa.

— Você é bom... — Sussurei, mas infelizmente ele ouviu e riu.

— Vai me contar?

— Não.

— Então tudo bem... Tenho que ir. — Ouvi a janela sendo aberta e suspirei, abrindo a porta novamente e dando outro grito, fazendo Lawliet rir novamente, mas dessa vez eu não pude voltar para o banheiro, por que ele segurou meu braço. — Não sou de desistir, você sabe disso. — Ele me encarou, e desviei o olhar, corando.

— Eu estou de toalha, pelo menos deixa eu me vestir? — Disse, puxando meu braço, e ele sorriu, virei o rosto para o outro lado, para ele não ver o quanto meu rosto estava vermelho.

— Vou voltar daqui a cinco minutos. — Ele disse, saindo pela janela.

Olhei rapidamente e o vi no telhado, olhando para o nada. Peguei minha roupa e voltei correndo para o banheiro, me vestindo rapidamente e saindo no mesmo momento em que ele entrava pela janela de novo.

— Ok, você não vai me deixar em paz até eu te contar?

— Não.

— Pode ser bem resumido? Realmente não quero contar a história toda.

— Ok.

Contei para ele sobre o sequestro, o que Mikami tinha dito e um pouco sobre a história de meu pai, quando terminei ele olhou para mim com uma expressão confusa. Ficamos em silêncio por alguns minutos, até que eu falei:

— Enfim, agora se você não se importa eu tenho um irmão que quer aprender a fazer o Rasengan.

— Ele foi a uma missão, o vi saindo de Konoha com Izumo, Yukiteru e Shikamaru hoje de manhã.

— Ah... Então tudo bem, mas o que está fazendo aqui ainda? — Não que eu não gostase da companhia dele, mas eu queria ficar sozinha hoje, e também pelo fato de estar perto de mais dele faz eu me sentir estranhamente mais tímida.

— Eu não tenho nada para fazer, estava pensando em chamar você o Yukio e a Yuno para comer ramen.

— Não estou muito a fim de sair hoje...

— Não quer ramen? Você realmente não está bem... — Revirei os olhos e sorri.

— Não exagera.

Alguém pigarreia e olho para a janela, Yuno entra e sorri para nós.

— Eu me esqueci de avisar que já tinha chamado a Yuno.

— É, por que nós moramos na mesma casa, sabe? — A rosada fala, dando de ombros. — Descobriu o que ela tinha? — Ela pergunta para Lawliet que assente, e eu arquio as sobrancelhas.

— Nossa não posso nem ter o direito de contar as coisas eu mesma para as pessoas, legal.

— Ele não e contou nada, só comentou que você parecia chateada, e ele tem razão, o que aconteceu?

— Vou ter que repetir o que eu já contei hoje uma vez? Depois eu falo, ok?

— Certo, e aonde vamos?

— Vocês vão, eu vou ficar aqui.

— Você vai se trancar aqui e ficar deprimida? E acha que eu vou deixar? — Yuno fala, quase me fazendo sorrir.

— Qual é o problema em eu ficar em casa? Estou cansada.

— Você não vai ficar aqui, Nii-san, pega ela.

— O que? Não!— Exclamo, quando Lawliet ri e me coloca em seu ombro me levando para fora, onde Yukio nos esperava, e riu quando me viu— Vocês já tinham planejado isso não é? Eu vou matar vocês!

— Mei, eu sei o que aconteceu e sei que você ficou mal por aquilo, então falei com eles para me ajudarem a tentar te animar.

— Ah, sério? Estou muito animada, olha! — Revirei os olhos enquanto eles me levavam para a floresta, e eu não fazia mínima ideia do que iríamos fazer. Geralmente íamos à floreta para conversar e treinar juntos, mas eu não queria fazer isso hoje.

Depois de alguns minutos paramos perto de um rio, Lawliet me sentou na grama e ele, Yuno e Yukio sentam-se também, fazendo uma roda. Depois de alguns minutos de silêncio, a careta em meu rosto de desfaz e dou uma gargalhada, e eles me olham, confusos.

— Vocês são os melhores, sério. — Digo, encostando-me na árvores atrás de mim.

— Viu? Eu disse que ela ia acabar relaxando. — Yuno dá de ombros.

— Vocês planejaram isso do da noite para o dia? — Perguntei.

— Mais ou menos isso. Encontrei o Lawliet e a Yuno ontem noite no Ichiraku e ele me perguntou o que tinha acontecido com você já que você parecia estranha, eu não contei, mas disse que com certeza você não estava bem, ai a Yuno entrou na conversa, dando a ideia de tentar te animar, não tínhamos exatamente um plano, mas deu certo.

— Obrigada. — Sorri. — Mas, e agora, o que vamos fazer?

— Eu pensei em treinar, mas com esse calor eu prefiro entrar na água. — Yuno sugere, apontando para o rio.

— Nós não temos roupa de banho aqui. — Falo e a rosada se levanta e pega uma bolsa atrás de uma árvore.

— Isso não é problema já que eu trouxe duas, caso precisasse, e acho que cabe em você, esse aqui é maior, toma. — Yuno disse me entregando uma roupa de banho azul e pegando outra vermelha da bolsa, olho para ela boquiaberta, ela pensa em tudo. — Toma Nii-san, foi o único que achei, e Yukio, eu te avisei para trazer. — Ela disse, dando de ombros, após entregar um calção para Lawliet, e Yukio começou a procurar alguma coisa na bolsa.

Depois de alguns minutos, depois de nos trocarmos, eu estava atrás de uma árvore, com vergonha de aparecer, sério, não é algo que me agrade ficar de roupa de banho na frente de garotos, até por que Lawliet já tinha me visto de toalha hoje. Suspirei, eles fizeram isso por mim, talvez não totalmente, mas por parte sim, eu teria que fazer isso. Sai de trás da árvore e Yuno já estavam na água, Yukio estava sentado na margem, desenhando (o que não é nenhuma novidade) e Lawliet estava deitado no chão, com os braços cruzados atrás da cabeça olhando para o céu, juro que tentei não prestar atenção no fato de que ele estava sem camisa, mas era impossível.

— Finalmente! Vem, isso é refrescante. — Yuno grita pra mim, e desvio minha atenção do garoto deitado e olho para ela, vou até lá e boto o pé na água.

— Refrescante ou frio? A água está congelando. — Falo e ela joga água em mim e ri então eu pulo na água, mergulho, e volto à superfície.

— Vocês dois vão ficar fora? Sério? — A rosada pergunta, também jogando água em Lawliet, e quando ela ameaçou jogar em Yukio, ela colocou os papeis para trás e deu um olhar de censura a ela, que sorriu ao vê-lo entrando na água, um pouco antes de Lawliet entrar também.

O resto do dia pode ser resumido em água e brincadeiras, o que me ajudou a esquecer pelo menos por alguns momentos o nome Mikami, e quando fui para casa a noite, com um sorriso no rosto, preparada para não me deixar ficar triste e nem preocupada, já estava quase anoitecendo.

Quando entrei em casa, fui para a cozinha procurar alguma coisa para comer, e meu pai estava lá, sentado com minha mãe à mesa, eles estavam com as mãos dadas, e quando eles olharam para mim com o olhar preocupado e receoso senti como se tivesse levado uma facada, eu tinha exagerado ao ficar tão nervosa com eles, talvez realmente devessem ter me contado antes, mas eu também não podia culpa-los completamente.

— Konbanwa. — Digo, sorrindo, e me sento, pego um bolinho e o como, e eles pareceram surpresos com isso. — Certo, eu não estou com raiva de vocês, eu com certeza ainda acho que deveriam ter contado antes, mas não os culpo totalmente, só não fiquem me olhando assim como se eu fosse atacar vocês a qualquer momento, está tudo bem. — Naruto sorriu e Hinata pareceu surpresa antes de sorrir discretamente. E me sinto bem melhor com isso.

Quando subi para meu quarto mais tarde, inicialmente não reparei no pergaminho em cima do móvel perto de minha cama, só depois de colocar o pijama e me deitar foi que o reparei ali, o peguei e o abri curiosa, estava escuro, mas a luz da lua que entrava pela janela clareou as palavras escritas ali, as quais me fizeram sentir um calafrio.. Não tinha remetente, somente o destinatário “Uzumaki Mei” no verso da mensagem, reli a frase várias vezes para ter certeza do que estava escrito ali e pela primeira vez hoje, o medo me invadiu.

“Você será minha, e sofrerá antes de morrer pelo simples motivo de viver.”