Suspeito que não deveria ter gritado “MORRA UCHIHA” enquanto a casa inteira ainda estava dormindo muitas portas se abriram com caras carrancudas procurando onde era o incêndio. Bati a porta do quarto com força, ignorando o povo feio todo e caminhei até minha cama. No caminho o outro levantou a cabeça do sofá e coçava os olhos, tentando se localizar. É impressionante como continua sendo pura sedução mesmo quando acaba de acordar. É mesmo uma pena que seja tão pirado.

- Quem aí quer que eu morra? – perguntou com a voz sonolenta. Eu ri, caminhando até ele e dando um beijo em sua testa, o cobrindo de novo como se fosse uma mãe. Desculpa gente, não pude evitar. E parem de me culpar que vocês teriam feito a mesmíssima coisa!

- Não é com você não, sabe que eu te amo, não é? – ele murmurou alguma coisa e logo dormiu de novo. Sério, se eu já não fosse estupidamente apaixonada pelo burro do Sasukemo, acho que não seria nada ruim gostar do Itachi-kun, ele é tão... Itachi.

Voltei para a minha cama e me sentei, quando ia apagar a luz, ouço um pigarreio e percebo o Sasuke sentado na cama olhando para mim.

- Que é, encosto? – pergunto, sem paciência. Passei o dia fora, fui ao médico, presa no cinema, contando a verdade pro Tachi, sendo esmagada pelo cara de tubarão, com uma surpresa no cinema, revendo o Kiba-filho-da-puta e agora gritando feito uma maluca, para chegar ele e não querer me deixar dormir?

- Não ganho beijinho de boa noite também? – revirei os olhos, me deitando de uma vez e apagando a luz.

- Não, por ter dito que eu estava com ciúmes – menti, eu só não queria levantar mesmo.

- Mas você estava...

- Cala a boca!

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Acordei com a dor do meu corpo batendo contra o chão duro e frio... Peraí, o que o meu corpitcho lindo está fazendo no chão? Abri os olhos, encontrando um par de ônix me fitando de perto. Não eram os ônix que eu queria. Perto demais! O empurrei para longe assim que notei que ainda tinha controle sobre os meus braços, ele apenas riu e coçou a nuca.

- Por que me empurrou, imbecil? – perguntei, me levantando com dificuldade, não tive o direito de descansar alguns minutos depois de ter acordado, ou seja, ainda sinto minhas pernas moles como gelatina.

- Eu nunca vi uma garota ter um sono tão pesado quanto o seu... Sabia que eu tentei te acordar com uma panela? Uma panela! – e mais uma vez ele prova que é um completo maluco!

- Você poderia ter me balançado com carinho e paciência como fazem nos filmes... – não custa nada sonhar.

- É sério mesmo que você consegue me imaginar fazendo isso?

- Hm... Pensando bem, não – é, não tinha como imaginá-lo assim. Não mesmo. Seria uma coisa normal demais para um ser completamente anormal como ele fazer. E que tipo de moral eu tenho para dizer algo sobre ele? Sou bem mais anormal do que ele!

Kami, eu estou acusando a mim mesma... Eu tenho sérios problemas...

- Agora que acordou... Pegue isso – ele me entregou uma frigideira e uma colher de madeira. – Vá acordar o resto da cambada de pirralhos enquanto eu faço o café da manhã.

- Você cozinha? – ele apenas me mostrou o telefone. Revirei os olhos, saindo dali.

Seria realmente pedir demais que ele tocasse em uma frigideira com um motivo menos normal do que acordar os outros (?), ele não cozinharia nem que sua vida dependesse disso. De repente bateu uma peninha da futura esposa dele...

Bem, agora pensemos... Quem será minha primeira vitima? Karin está de TPM e seria muito engraçado vê-la ficar irritada com isso e partir para cima de Suigetu com raiva, Konan e Yahiko vivem se comendo pelos cantos e pegá-los no flagra, hm... Não. Temari devia estar brigando em sonho com QUALQUER UM e Shikamaru dormindo... Ninguém acorda. Ino e Gaara são chatos e sem graça e eu não quero ver o relacionamento homossexual do Sai com o Kankurou. Só sobrou a Hinatinha...

Girei a maçaneta com cuidado e entrei no quarto, minha amiga tinha as bochechas vermelhas e um pequeno sorriso no rosto. Sonhando com aquele baka de novo, eu eim. E aquele baka estava dormindo todo aberto babando com um gorrinho vermelho e só de cueca. Sim, sem camisa, e devo admitir, o físico dele é de tirar o folego.

Vamos lá Sakurinha, respira, é só um tanquinho, nada demais... COMO ASSIM NADA DEMAIS? É UM TANQUINHO DELÍCIA PORRA! Tá, calma, respira... 1, 2, 54, 90, 223... VAI!

Comecei a bater a colher na frigideira feito uma maluca bem no meio doq aurto enquanto gritava coisas desconexas:

- INHOOOOOOON INHOOOOON! – finjam que isso é uma sirene tipo de bombeiros, ok? – ACORDEM VAGABUNDOS! INHOOOOOOOOON INHOOOOOOON! ACORDA PORRA! ESTAMOS SENDO ABDUZIDOS! EU QUERO VER, TÚ ME CHAMAR DE AMENDOIM...

E coisas do tipo. Os dois deram um pulo da cama ao mesmo tempo e eu saí do meio, eles acabaram trombando e bateram as testas uma na outra, cada um ia cair para um lado mas começou a fazer aqueles movimentos estranhos que a gente faz quando sabe que vai cair e quer se equilibrar, parecendo que tá surfando, sabe?

Então, depois, um pouco mais acordados, Hinata ia mesmo cair – a mira é ótima, mas assim como eu, se desequilibra estando até parada, é surreal – e Naruto percebeu a tempo, a segurando firme nos braços e puxando sobre si. Ela não fez nada, apenas não acreditando na proximidade dos dois.

E foi ficando vermelha e mais vermelha, faltava só sair fumacinha das orelhas e estava prestes a explodir... Até que eles se desequilibraram de novo e caíram, Hina em cima do Naruto. Desmaiada. Na porta apareceu a casa inteira, perguntando onde estavam os discos voadores de pizza ou se o Sooby-Doo tinha comido tudo (?) – aposto que quem falou isso foi a Ino.

- Não gente, calma, era só pra acordar os pombinhos aqui... – eles berraram vários xingamentos que eu não quero escrever aqui, porque sou uma moça de bem e ficar escrevendo palavrões não é uma coisa legal. E foda-se.

Eles começaram a sair dali, um atrás do outro, voltando para os seus quartos.

- PAREM! – bati na frigideira de novo. Ouvi um grito agudo. Hina acordou. Mas ela não acordava só com água? Agora ao invés de uma garrafinha vou ter que levar uma frigideira na mochila? – Tá na hora de acordar, não perceberam?

- Ainda são... Sete e dois – os olhos azuis límpidos como o mar de manhã da Ino ficaram escuros e sombrios. Ela foi se aproximando de mim ameaçadoramente... – Você me acordou, durante as férias, AS SETE E DOIS DA MANHÃ?!

Me protegi inutilmente com a frigideira, que acabou com o cabo fincado na parede como se fosse um daqueles dardos de bar. Mas era uma frigideira. Frigideira. Para você ter ideia da força bruta que essa vadia tinha ao acordar de mal humor, minha sorte é que a força vai se esvaindo com o tempo.

Mas eu não tenho tempo. Vish.

- Calma vaca, não fui eu, foi o... – isso mesmo Sakura, esquece o nome do filho da puta logo agora! Pensa, pensa... Ah, não dá pra pensar com todos esses olhares assassinos voltados para mim, combinados com o som do estalar de dedos de todos se preparando para me picar em pedacinhos.

- Você estava com a frigideira, todo mundo viu idiota, não adianta negar – Gaara falou. Ele combina muito com minha loira nessas horas. Assassinos, sádicos e sanguinários.

- Quis dizer que não foi minha ideia e nem minha culpa, eu só segui ordens!

- E quem foi o filho da puta?

- Foi... Foi... – lembra, porra! – Hm... Tchau!

E eu fugi pela janela, ouvindo atrás de mim urros de animais selvagens prontos para comer minha carne macia e deliciosa até lamberem os ossos no final. Itachi filho da puta, sabia que isso ia acontecer... Perai, Itachi! Agora tu lembra o nome dele, né? Mente retardada de merda!

Corri, corri e corri sem saber para onde, era tudo igual. Eu estava na praia de novo. E era sempre a mesma areia clara e as águas cristalinas e o mesmo barulho de urros assustadores me seguindo... Eu não podia vê-los, mas sabia que eles estavam lá. Eles nunca dormem... Claro né! Porque chega uma maluca com uma frigideira e acorda o povo todo! #trágico

Continuei correndo, até que me senti bater em alguma coisa dura. Olhei para frente e vi um peitoral definido... Mas nem perdi o folego porque ele estava coberto por uma camiseta, só sabia que era definido porque toquei, ou melhor, trombei com ele, se não nem isso saberia né!

Perai, tem um cara aqui. MEU-GZUIS-MARIA-JOSÉ-SANTA-DO-PAU-OCO MIM AJUDA! E se esse cara quiser me levar daqui e abusar de mim e do meu corpinho? To ferrada, se volto para casa eles usam meu corpo frito no lugar do bacon, e se fico aqui ele vai querer meu corpo nú! Se bem que com esse tanquinho não seria muito ruim...

Fiz minha melhor pose de defesa que conheci com meu ídolo Jack Chan, ou será com o mestre Mi Agui, do Karate Kid? Sei lá, aquele que tú parece aquela coisa rosa com uma perna para cima... Garça! Bom, fiz aquilo combinado com minha melhor cara assustadora!

E sabe o que o cara fez? Ele fugiu correndo para as montanhas, onde eu não iria encontra-lo! #mentira Ele começou a rir. Sim, você leu certo, ele riu como se eu tivesse acabado de contar uma daquelas piadas que você se lembra dentro da sala de aula no meio da prova e fica rindo feito uma retardada.

Só então fui me lembrar de olhar para a cara do cara. Era o Sasori. Ah, dele eu não preciso me defender. Ou preciso? Ele me dedurou para o Itachi... Ele é du mal! Num gosto mais dele! Cruzei os braços e me virei de costas para ele, com meu melhor beicinho to-com-raiva-de-você-sai-daqui-que-fez-merda-imbecil.

- Você é um pouco estranha, sabia? – ele falou finalmente.

- Só percebeu agora, foi? – vish, esse aí é mais devagar do que eu imaginei...

- Para falar a verdade não, é a primeira garota que usa o cabelo todo rosa e fica espalhando por aí que é natural... É, é mesmo estranha.

- Garoto... – eu estava me segurando para não voar no pescoço também lindo daquele ruivo delicioso. Tenho certeza que não seria tão delicioso depois de morto. – Vê se cala a boca e para de falar do meu cabelo, ok? Meu cabelo é natural, morram de inveja, você e o seu recalque! – ele riu.

- Sabe... – ele pegou uma mecha do meu cabelo e começou a mexer nele, assim chegando mais perto de mim. Perto... – Acho que nunca conheci alguém como você... Gostei.

Eu eim, o garoto tá gamado, é isso? Eu sei que sou irresistível, ninguém consegue resistir aos meus encantos por muito tempo... Mas o Sasuke que é bom não olha para mim nem que eu me pinte inteira de dourado e saia fazendo polichinelos no meio da casa enquanto canto Lady Gaga. Nem assim.

- Tanto faz – ele riu. Fui até atrás dele e me joguei em suas costas, o pegando de surpresa, mas mesmo assim não me deixou cair. – Agora me leve até em casa, escravo.

Riu mais uma vez, segurando firme em minhas pernas. Mais firme do que precisava. Mas resolvi não dizer nada, não fazia ideia de onde estava naquela bagaça, e você sabe o quanto não é fácil encontrar alguém disposto a te carregar nas costas sem nada em troca, né? E se ele quiser me cobrar algo depois, mando se foderem!

Chegamos logo em casa, ou eu acho que chegamos, porque meu escravo parou de andar. Eu estava de olhos fechados e quase dormindo, óbvio, qual a graça de ser carregada se você tem que estar acordada para ver?

Acordar tão cedo me deixa com muito sono...

- O que essa garota tá fazendo aqui? – ouvi uma voz conhecida dizer, mas não sabia quem exatamente era. Não era ninguém que morava em casa. Pelo menos não na casa onde eu moro.

- Shiu, cala a boca imbecil, não percebeu que ela tá dormindo? – Sasori respondeu num sussurro. Pelo menos alguém respeita o meu sono...

E depois eu não ouvi nada, me senti deitar novamente em uma cama macia com cheiro de perfume masculino e canela. Aquela não parecia ser a minha cama... Mas eu cuido disso amanhã...