Doce Problema escrita por Camila J Pereira


Capítulo 5
Metade de Mim


Notas iniciais do capítulo

Vamos rir um pouco mais.



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Edward

Foi o destino, sim senhor. Jamais imaginei que o meu grande amor chegaria à cidade dirigindo uma Harley – Davidson, que tivesse cabelos tingidos de vermelho e uma expressão de desafio no semblante. Mas eu tinha certeza de uma coisa: era ela, sem a menor sombra de dúvidas.

Bella Marie Swan não era idêntica a figura com que vinha sonhando todos esses anos, mas superava em muito as minhas expectativas. Não era muito alta, na verdade era um pouco baixinha, tinha enormes olhos azuis que brilhavam no seu rosto em formato de coração. A blusa que usava era justa sob a jaqueta de couro. Nas orelhas dois furos a mais. Os pulsos estavam sempre cerrados, em posição de ataque. Era uma linda leoa e isso me fascinava.

Não, não era a mulher que imaginei até agora, mas eu poderia apostar todas as fichas como aquela era a garota por quem esperava desde sempre! O melhor de tudo era que ela não tinha olhar predatório. Possuía sim, um espírito entusiasta, arrojado que lembrava o meu próprio. Não. O melhor de tudo era, sem dúvida, que Bella não usava um anel no anular. Aleluia!

Quando entrei na lanchonete e vi seus lindos olhos e cabelos anelados de cor tão vibrante como ela mesma, percebi que ela era um problema, mas era o meu problema. Bella Swan era um doce problema. Me senti prisioneiro dela desde o primeiro momento e quis que ela também fosse a minha prisioneira. Eu não tinha mais salvação e queria que ela se perdesse também. Egoísmo? Talvez.

Entretanto, quando a minha doce avó Elizabeth roubou o papel de criminosa de Bella eu não tive mais motivos para deter a minha alma gêmea na cidade. Mas, num impulso de gênio, pedi para ver a licença de motociclista dela. Portanto, foi um homem feliz que saiu pela porta da lanchonete carregando no ombro a mulher de seus sonhos como se fosse um saco leve de batatas.

Percebi que ela não usava perfume. Na realidade, ela cheirava um pouco a óleo de motor e molho, mas não me importava. Se ela pudesse ver o meu rosto ao seguir em direção à viatura, decerto veria o meu sorriso enorme que não conseguia evitar. Provavelmente agora ela só via o asfalto e parece que canalizou toda a sua energia nos gritos e socos que dava em minhas costas. Se ela achava que aquilo iria me machucar, estava enganada. Aquilo me divertia ainda mais.

- Quieta! - Ordenei, tentando mostrar-me autoritário e menos entusiasmado. - Vai machucar suas lindas maozinhas.

- É você quem vai se machucar! Irá lamentar cada... - Ela começou a me ameaçar.

- Ouça, se não se comportar entenderei que está resistindo a prisão. Não quer ser acusada disso também, não é? - Coloquei-a no chão e encostei-a no pára-lama. - Encare os fatos, Problema. Você está sob a proteção da lei e não há nada que possa fazer a respeito.

- Proteção da lei? Ora, isso é brincadeira! De quem está me protegendo, xerife? Das pessoas normais? Odeio dizer isso a você, mas não está incluído nessa categoria. - Consegui sentir a irritação dela crescendo cada vez mais. Mas não podia evitar, ela ficava linda irritada.

- Moça, eu estou te protegendo de você mesma. Odeio dizer isso a você. - Ri ao imitá-la. - Mas também não me parece nem um pouco normal. - Senti que ela estremeceu nesse momento. Já sentia que ela era um pedaço de mim.

Bella

Eu estremeci quando ele aquilo, talvez eu não fosse mesmo totalmente normal. Friccionei com força a nuca, onde o hálito dele provocou-me cócegas. Não gostava quando o xerife Cullen ficava tão perto, invadindo o meu espaço e me causando arrepios. Havia um brilho perturbador nos olhos dele que penetrava em minha pele, espalhando-se pelos ossos, aquecendo-me por dentro. Era realmente físico.

Não, não poderia ser. Sentir-me atraída por um vingador autoritário do campo? Um louco desvairado pelo tédio? Eu precisava respirar, raciocinar novamente. Era óbvio que ele não perderia o tempo dele à toa. Sei que ele quer algo, mas o quê? Tentei me afastar para que os pensamentos voltassem à ordem.

- Obrigada pela sua honestidade. Agora diga-me quanto me custará resolver essa situação da carteira de motociclista. É isso o que quer, não? Digamos, uma espécie de fiança.

Eu o encarei e ele me encarou de volta. Mas em seus olhos vi confusão e depois um lampejo de revelação. Bom, ele tinha entendido. Agora eu pagaria a ele, faria um cheque e depois não precisaria vê-lo nunca mais. Era um plano perfeito.

Edward

No primeiro momento eu realmente não entendi onde ela queria chegar, mas depois ficou claro. Bella achava que eu era um policial corrupto e queria extorquir dinheiro dela. “Não é nada disso o que eu quero, princesa”. Eu pensei na hora. Mas ela entenderia logo, logo. Faria com que ela permanecesse na cidade tento suficiente para ganhar seu coração e fazê-la ficar para sempre aqui...ao meu lado. A cada segundo que passava ao seu lado, sentia-me mais atraído. Seus olhos raivosos não me abalavam em nada, quer dizer, me deixavam mais eufórico para tê-la para mim. Ela não teria alternativa, teria que permanecer na cidade.

- Como estou de bom-humor hoje, vou esquecer essa sua insinuação... Sob uma condição. - Ela empinou o queixo e essa atitude pareceu hilária para mim. Até parecia que poderia ser mesmo ameaçadora.

- Ah é? E qual é? - Falou petulante.

- Espero que entenda que meu interesse é apenas oficial. - Menti descaradamente. - Estou apenas pensando em seu bem-estar. A estrada para a próxima cidade pode ser muito perigosa para quem não está acostumado. Acontece um acidente após o outro por lá. Conhece a estrada? - Perguntei já sabendo da resposta.

- Sim. - Eu a encarei.

- Mentirosa. Não percorreria dez quilômetros antes de mergulharem você e aquela máquina nuclear no rio. - Tentei zombar, mas me preocupava de verdade. Ela era mesmo louca por pilotar aquela arma letal.

- Acho que esse problema é só meu. - Revidou.

- Bem, aí é que se engana. Como policial, tenho o dever de zelar pela integridade física de todos os homens, mulheres, crianças e mulheres com mentalidade de criança em minha jurisdição. - Falei severo com ela.

- O quê?!

- Exatamente isso o que escutou.

- Está tentando me dizer que tenho mentalidade de uma criança? - Ela falou zangada.

- Bem... Se a carapuça serviu... - Eu provoquei.

- Xerife você está passando dos limites.

- Não pequena, é você que parece não entender o tamanho do perigo.

- Perigo você conhecerá se eu continuar aqui perto de você. - Ela ameaçou.

- Não tenho dúvidas disso.

- Então, faça um favor para nós dois: libere-me. – Ela exigiu.

- Hoje não será possível como eu já falei.

- Xerife... - Ela choramingou.

- Espero que entenda que estou tentando cumprir o meu dever.

- Parece que o seu dever é apenas me irritar. - Seus olhos estavam cerrados assim como seus dentes.

- Não era a minha intenção te irritar, em nenhum momento. – Ri da mentira que disse.

- Você é mesmo um monstro!

- Enquanto estiver em minha cidade, é responsabilidade minha, moça. À luz do dia, só imaginá-la dirigindo essa Harley já me dá calafrios. Que dirá à noite!

- Mas como? Não pode fazer isso. Eu tenho que seguir viagem. Pelo amor de Deus!

- Você não sairá à noite de jeito nenhum. - Avisei seriamente. Ela me olhou e vi que estava a beira de um ataque de nervos.

Bella

Senti um aperto no estômago. Tinha a enervante sensação de ter perdido o controle dos fatos, como um animal na armadilha. Eu não poderia ter perdido o controle dessa situação. Jamais perdia, era assim sempre. A minha liberdade era mais importante do que comida, água e ar. A minha liberdade era tudo o que tinha, meu bem mais precioso. Viver livre era muito mais do que um estilo de vida. A liberdade era a minha própria vida. Não posso viver presa em lugar algum, isso me destruiria.

- Você tem duas opções, Problema. Poderá hospedar-se no Hotel Hope Olimpic, ou ficar em nossa pequena cadeia. Eu não recomendaria a cadeia, o colchão é duro como concreto. Mas a escolha é sua. Amanhã cedo, depois que eu lhe der uma autorização para dirigir a moto, estará livre para partir. Sou um rapaz muito cordial, lembra? Se colaborar comigo, não a multarei por não ter carteira de moto. Viu? - Sorriu, os dentes alvos cintilando. - Sou uma pessoa muito boa.

- Faz-me rir! Não você não é uma pessoa boa, é uma pessoa muito má. - Ergui um dedo em riste. - Isso é chantagem, e sabe disso muito bem, xerife.

- Bem demais. - Confessou descaradamente rindo. - E eu já disse que é para me chamar de Edward.

- Xerife, xerife, xerife! - Repeti cantarolando para irritá-lo como uma criança faz. Ele me encarou e depois riu alto me assustando. Droga! Por que eu não consigo irritá-lo assim como ele faz comigo, apenas faço ele se divertir mais as minhas custas. Maldito!

- Está adorando isso tudo, não é? - Perguntei, meus olhos em fendas.

- Acertou. - Riu novamente. - O que decidiu, Problema? Cadeia ou Hotel?

Cerrei os punhos. Não tinha saída e eu infelizmente sabia disso, o que tornava a situação ainda mais insuportável. A repressão me sufocava. Meu rosto queimava, mas eu tinha que manter o olhar fixo no xerife. Não poderia permitir que ele soubesse que estava me afetando, deixando-me vulnerável.

- Tudo bem. - Respirei fundo. - Irei para o hotel, mas assim que o dia amanhecer, irei embora.

- Muito obrigado. - Ele levou a mão ao peito. - Posso abri-lhe a porta? - Perguntou como um verdadeiro cavalheiro que não era.

- E a minha moto? - Fiquei desconfiada.

- Mandarei alguém levá-la ao hotel. Amanhã cedo, claro. Não quero saber de você circulando por aí quando eu não estiver olhando. As chaves por favor.

- Não confia em mim? - Me ofendi, eu já tinha dado a minha palavra.

- De forma alguma. Chaves? - Patife! Eu queria cuspir isso nele, mas não iria me encrencar mais.

- Como posso pegá-las com as mãos algemadas?  - Ele hesitou por um instante.

- É... Acho que tem razão. - Assim, me livrou das algemas.

- Obrigada, xerife. - Peguei as chaves no bolso traseiro e joguei-a na mão dele. - Posso apanhar minha mochila, ou vai me proibir disso também?

- De jeito nenhum. - Sorridente ele atirou o chaveiro para o alto e apanhou-o no ar. - Faço questão de buscá-la. Depois que você entrar na viatura, lógico.

Eu empurrei a mão dele, impedindo-o de abrir a porta. Eu mesma abri, de dentes tão cerrado que meus maxilares chegaram a doer.  Lancei para ele meu último olhar mordaz, antes de entrar no carro batendo a porta com uma força antes desconhecida.


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