Doce Problema escrita por Camila J Pereira


Capítulo 13
Ovelha - Lobo


Notas iniciais do capítulo

Edward como sempre arrancando suspiros das mulheres, mas a sua atenção esta toda voltada para a misteriosa Bella.
Bella por sua vez, parece muito mais acessível e Edward usará isso ao seu favor.



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Edward

A moto roncava em baixo de mim e me sentia cada vez mais feliz. Estacionei a máquina em frente a minha casa e olhei para cima, em direção ao quarto dela, as cortinas estavam fechadas. Imaginei que estivesse descansando. Corri para dentro de casa com a sacola do presente em mãos, queria notícias dela.

- Como Bella passou o dia? - Perguntei para Rosie que estava na cozinha preparando o jantar.

- Dormindo. Os remédios fazem com que ela fique sonolenta. Mas acredito que com todo esse barulho que você fez com essa moto, na certa já acordou.

Eu sorri para a minha irmã que olhava para o que trazia nas mãos.

- É mesmo uma boa máquina essa moto da Bella.

- Adorou pilotar, não?

- Muito.

- Deveria comprar uma. - Ela sugeriu.

- Vou pensar no assunto. - Olhei para escada em reflexo.

- Suba, acho que ela gostaria de te ver. - Rosie sorriu cúmplice e lhe devolvi o sorriso.

Fui até o quarto de hóspedes quase voando. Bati na porta e entrei, abrindo a porta devagar.

- Boa tarde. - Bella estava sentada na cama.

- Olá, xerife. - Ela sorriu.

- Tomei a liberdade de trazer sua Harley...

- Eu percebi.

Tirei o bicho de pelúcia de dentro da sacola e balancei diante dela me aproximando.

- Trouxe-lhe um presente. Eu o vi na loja e lembrei-me de você.

Bella

- Um presente?

Eu julguei o gesto muito estranho, como se fosse a primeira vez, em toda a minha vida que ganhava um presente inesperado. No íntimo sabia que era algo que não me acontecia com frequência. Pisquei meus olhos sem acreditar e senti que eles ficaram úmidos. Ele me estendeu o bicho de pelúcia e eu o peguei avaliando-o. Era muito bonito, mas não entendi bem, nem o gesto e nem o porquê dele se lembrar de mim ao vê-lo na loja.

- Gostou?

- Foi muita gentileza sua, Edward. É uma ovelha?

- Parece que sim. - Ele falou sorrindo.

- Nem sei o que dizer. Eu lembro uma ovelha? - Sorri com as sobrancelhas unidas.

- Olhe com atenção.

Depois de examinar o brinquedo, descobri que não era o que parecia. O nariz e as orelhas da ovelha eram uma máscara, e a pele era removível. Sob a pele de ovelha existia um lobo.

- Uma fantasia para lobos! - Ri da descoberta e encantada com a surpresa.

- Exatamente!

- Edward, só você mesmo.

- Sabia que iria gostar.

- Agora eu fiquei muito mais curiosa. Para você, sou um lobo vestido em pele de ovelha?

Edward sentou-se ao meu lado.

- É que essa ovelha-lobo me faz lembrar que, ás vezes, as pessoas usam disfarces para o resto do mundo. E, quando se sentem seguras, pouco a pouco vão se revelando como são na realidade. - Seu sorriso torto fez meu coração parar. E suas palavras ecoaram em minha mente.

Eu me lembrava de tê-lo odiado na lanchonete e depois na casa dele pelo mesmo motivo, ele tentava me obrigar a ficar na cidade, mas agora eu não me lembrava o por que de não querer ficar. Qual seria o problema?

- Não sabia que eu sou um pensador profundo, não é mesmo?

Edward Cullen sorrindo e irradiando encanto a alguns centímetros de distância era capaz de provocar taquicardia numa pobre ovelha-lobo. Eu não respondi a sua pergunta, apenas admirava seus belos olhos verdes brilhantes e alegres, seu nariz reto, digno de um príncipe, seu sorriso torto charmoso, seus cabelos completamente desalinhados agora por ter pilotado a moto. Tudo nele era perfeito e eu poderia me acostumar a ficar assim, apenas olhando-o.

Ao observá-lo novamente percebi que ele também me olhava detalhadamente, estava admirado também. A temperatura entre nós dois elevou-se quando nossos olhares se encontraram, isso aconteceu rápido e em muitos graus. Edward sorriu agora mostrando seus dentes brancos e perfeitos.

“Oh céus, que dentes lindos você tem...”

De repente senti que sim, teria problemas se ficasse e se continuasse assim com ele. Não poderia me acostumar nunca com isso, em olhá-lo. Estava ficando louca, além de desmemoriada? Senti que tinha que retroceder.

A magia do seu sorriso me irritou. Minha reação física ao xerife me irritou duplamente. Eu o encarei longamente até meus olhos lacrimejarem agora sem a atração dominando.

- Obrigada pelo presente, Edward. Vou tomar um banho, uma ducha. Você acha que se eu tomar cuidado com o tornozelo...

- Por que faz isso? - Edward me interrompeu quase com rispidez. - Por um momento, conversamos como amigos. De repente, algo acontece e você se fecha, como agora.

- Não faço isso, Edward. - Neguei.

- Por favor, me diz a verdade. Qual o problema?

- Eu não sei. - Evitei olhá-lo. - Creio que sou assim.

- Sim, percebi isso na lanchonete. Mas por que você é assim?

- Esse é um problema para quem nasceu ontem. É difícil descobrir por que fazemos certas coisas quando não se tem uma história. - Tentei disfarçar as minhas emoções num tom gozador.

- Estou falando sério. - Edward me tocou de leve no queixo, obrigando-me a fitá-lo. O humor dele despareceu levando também o seu sorriso, agora ele era apenas uma lembrança. - Você não relaxa nunca?

- Edward, eu...

- Eu não mordo. - Falou suavemente. - Não sou um machado assassino. Creio que sou muito mais seguro que a sua moto. E você confia nela mais do que em mim.

- Não...não é verdade. - Sussurrei.

- Não acredito em você. Você me repele o tempo todo. Não sabe o quanto isso dói.

- Desculpe.

- Deve mesmo me pedir desculpas. - Ele suspirou pesadamente. - Apaixonei-me por você, Bella Marie Swan. E não a magoaria por nada neste mundo.

Eu simplesmente tinha dificuldades para expressar qualquer opinião, então limitei-me a ficar calada. Minha boca estava seca, minhas pulsações latejavam nas têmporas. Senti meu sangue banhar minha face. Poderia ser tão fácil...ficar com ele. Mas não poderia. De imediato uma voz débil preveniu-me para que eu fugisse ao toque de Edward. Uma voz mais forte aconselhou-me a ficar. Era uma luta interna com desejos diferentes e muito fortes.

Eu não poderia negar o quanto estava fascinada por ele, e foi nesse estado de fascinação que vi o rosto dele chagar mais perto de mim. A expressão dele era intensa, séria, compenetrada. Ele estava levando a situação realmente a sério. Os dedos roçaram a minha face e os senti quentes e macios. Ah, como eu queria senti-los mais vezes e por todo o meu corpo!

Entreabri os lábios, apenas o suficiente para expirar. Meu coração e os outros órgãos vitais pareciam paralisados. Será que morreria agora? Morreria sentindo a melhor sensação da minha curta vida. Era uma mistura de dor e prazer sentir-me tocada por ele. Era um toque tão inocente, mas que remetia tantos sentimentos, até sensuais.

Mas eu não sabia como agir naquele momento, seu sentia que me entregava aquilo tudo, me entregava a ele. Poderia apenas ficar assim, para sempre. Não sabia o que falar, nem ao menos se conseguia, talvez eu nem conseguiria me mexer, por isso nem tentei. Fiquei imóvel.

Edward

Ela estava tão próxima a mim, apenas alguns centímetros e eu podia sentir sua respiração descontrolada em meu rosto. Bella pareceu ficar tensa de repente, estava completamente imóvel. Não sabia se estava aceitando a minha carícia ou estava com medo. Não conseguia decifrar as suas emoções.

As minhas eram óbvias, estava deliciado em tê-la tão perto, em sentir sua pele macia e quente em meus dedos. E ela cheirava tão bem...

- Vai fugir de mim? - Sussurrei, fitando a sua boca carnuda.

- Não posso. Doeu muito da última vez.

- Ah, menina!

Ela havia se rendido. Era isso mesmo? Ela não fugiria de mim, nem dos meus braços? Estava exultante nesse momento. Cerrei os olhos travando uma luta interior. Todos os meus instintos diziam para que a protegesse, abraçasse, apertasse contra o meu peito. Queria muito acariciar os seus ferimentos com os meus lábios, afagar os seus cabelos ruivos, fazer o melhor por ela. Mas mesmo ouvindo essas últimas palavras dela, sentia seu corpo rígido e seu olhar falava mais de incerteza do que de paixão.

Mesmo querendo beijá-la nesse momento, teria que dar mais um tempo a ela, para que todo o medo fosse embora deixando só a paixão em seu coração. Estava feliz por que pelo menos sua alma parecia reconhecer a minha. Nosso destino estava traçado, seríamos um do outro, melhor ainda, seríamos apenas um só.

Mais uma vez eu coloquei minhas necessidades e desejos em segundo plano. Tinha que fazer isso por ela, claro, faria tudo devagar. Talvez isso já tivesse se tornado minha segunda natureza. Quem poderia saber? Mas por ela, isso não era algo ruim. Eu a queria tanto, a queria em minha vida, em minha casa para sempre. Ela poderia entender isso? Teria que esperar.

Naquele momento, o bem-estar, o conforto e a segurança de Bella eram as minhas prioridades. Falhei em minha missão de evitar que fosse ferida antes, mas agora tinha uma segunda oportunidade.

- Desculpe. - Sussurrei.

- Pelo o quê?

- Por não ter evitado que se machucasse. Acredito mesmo que tenha sido a minha culpa. Eu queria tanto que você pernoitasse e evitasse que se machucasse naquela máquina mortífera e acabei sendo o causador da sua dor.

- Ora, xerife. Você não tem culpa de nada, eu já lhe disse. Algo em... - Ela não completou, parecia angustiada.

- Continue Bella. Algo em...? - Incentivei para que continuasse.

- Algo em mim aconteceu, explodiu. Lembro-me de ficar sem conseguir respirar e meu coração doeu. Eu precisava sair da cidade de qualquer jeito. - Seus olhos estavam brilhando cheios de lágrimas.

- Shhhh.... Tudo bem pequena, passou. Eu estou aqui Bella, e farei tudo por você. - Bella pareceu acreditar em mim e sorriu, era um sorriso tímido e um pouco triste, mas bonito.

Apesar de querer beijá-la mais do que tudo na vida, contentei-me em encostar a testa na dela.

- Isto a incomoda?

Bella

Era tão bom tê-lo tão perto de mim. Ele encostou a testa na minha, sua mão ainda tocava o meu rosto. O indicador afagando a minha pele, logo abaixo do olho.

- Incomoda? Apenas...esta proximidade?

Eu quase não ouvi as suas perguntas. Meus sentidos se achavam inebriados pelo perfume da colônia dele, pelo formato da sua boca, pela sombra da barba no queixo. Era isso o que ele infligia em mim, um estado de embriagues. E eu poderia muito ficar viciada em tudo isso. Era fácil, poderia ser mais, sim, poderia. Por um momento, esse quarto infantil tenebroso, encheu-se de sentimentos não revelados e tentadora intimidade. Mas ele tinha feito uma pergunta, não? Ele espera a resposta de algo. Era importante? Com esforço consegui balbuciar:

- E...esqueci a pergunta.

- Eu também. - Ele murmurou. Será que ele também perdeu o controle se si. Será que sentia tudo o que estava sentindo naquele momento tão mágico?

Edward

Percebi que Bella começava a perder o autocontrole assim como eu havia perdido desde o momento que a encontrei na lanchonete. Já não era mais dono de mim, ela me guiava. Era minha estrela guia, a minha dona. Talvez ela estivesse mais perto do que imaginei de baixar a guarda. Não sei se seria justo neste momento. Isso era ruim. Eu podia lutar contra mim mesmo, mas não contra ambos. Me movi...ou teria sido ela?...e de repente me vi em pé, caminhando em direção à porta. Não poderia fazer nada no momento, ela ainda estava confusa. Teria que esperar um pouco mais, mas eu sabia que valeria a pena.

- Vou tomar um banho também. - Precisava muito. Bella provocava em mim reações explosivas.

- Si-sim. - Ela gaguejou voltando à realidade como eu.

- Bem, tenho que conversar com você, mas isso pode esperar até depois do jantar. Quer ajuda no banho?

Bella

– Não, obriga. Eu dou um jeito. - Eu me espantei com a súbita mudança de Edward. Será que ele tinha se equivocado? Será que não estava apaixonado como dizia estar? Por que aquilo parecia me afetar tanto? Eu mal o conheço.

Na verdade eu tenho que agradecer por ele não estar apaixonado. Tenho certeza de que não seria certo. “Sua grande mentirosa”. Eu o queria mais do que imaginava.

- O que quer conversar comigo, xerife?

- A conversa poderá esperar. Não é nada de importante. - Ele deu um riso, mas não era o certo. - Depois eu volto para ajudá-la a descer as escadas. Acho que lhe fará bem sair um pouco deste quarto. Rosie está preparando nosso jantar. Ah, prepare-se para enfrentar o caos! Elizabeth e os gêmeos também estarão aqui.

- Deixarei a minha carteira aqui no quarto, então. - Brinquei, querendo que aquele desconforto sumisse, ele sorriu para mim, agora divertido. Talvez recordasse de como nos conhecemos, pois foi isso o que veio a minha mente.

- Vou te levar até o banheiro.

- Não precisa Ed, eu vou ajudá-la. - Rosie falou por trás dele.

- Tem certeza? - Virou-se para a irmã.

- Sim, deixe comigo. - Vi Rosie piscar para ele.

- Tudo bem.

Edward

Enquanto Rosie se aproximava de Bella, lembrava-me lembrando de como nos conhecemos. E o seu jeito débil fez com que ela parecesse menor, mais abatida e por isso mesmo, adorável. Eu poderia me apaixonar ainda mais?

Os cabelos dela eram um festival de cor e cachos, a boca parecia uma rosa, e as mãos pequenas apertavam a ovelha que deveria ser um lobo, ou vice-versa. Sim, eu poderia me apaixonar ainda mais por essa garota e isso poderia assustar qualquer um. Eu queria mesmo era terminar de deitá-la na cama e tirar a minha blusa de seu corpo, deixá-la nua e pronta para mim.

- Eu sou um santo. - Resmunguei, por não achar coragem de fazer o que pensava. Tirar Rosie de lá e ficar a sós com ela. - Pode perguntar a qualquer um. - Falei diretamente para ela ignorando a minha irmã ali.

E o santo com pensamentos pecaminosos saiu do aposento, estava experimentando alguma coisa parecida com o pânico. Não poderia perde-la, morreria com certeza. Mas eu teria que conversar novamente com ela sobre os seus familiares, eu teria que ajudá-la a se lembrar, mesmo que isso a afastasse de mim.


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