Flaws escrita por Nivea_Leticia, Leloty


Capítulo 1
Let\'s finish what we\'ve started...


Notas iniciais do capítulo

Nívea: Simboooooora, que tá arretado *-----* Enjoy, pq a Leloty diz que ninguém lê isso aqui, masok.



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Let's finish what we've started...

Apolo suspirou pela vigésima vez.

Só podia ter algo de muito errado com ele... Devia estar doente... Doente de algo que seu lado médico não conseguia compreender. E, acredite, se ele não sabia, ninguém mais saberia o que era, afinal, era o deus da medicina, né?

Grande merda, pensou ele com uma ironia ácida não comum a ele.

Era o deus sol também, que merda estava acontecendo?

Era o divertido, o alegre, o tipo de pessoa que todos sempre queriam por perto. Só que... Algo estava quebrado nesse seu modo “perfeição” de ser. E que só notava naquele dia.

Por quanto tempo esteve assim? Por quantos viveu dessa forma e nem ligou? E porque estava pensando nisso agora? 

Sempre fora dessa forma, era idiotice querer mudar... Mas havia um porque... Ele sabia que havia... Só precisava descobri-lo.

E foi com esses pensamentos em sua cabeça cheia que ele empurrou a porta de entrada do Starbucks. O cheiro de café imediatamente preencheu seus pulmões cansados do ar gelado de Manhattan naquela época do ano.

Haviam poucas pessoas no local, somente um casal em um dos cantos sorrindo apaixonadamente um para o outro, uma senhora bem idosa lendo um livro e um homem que olhava ao nada pelo vidro.

Ninguém o olhou quando entrou, todos inertes em suas proprias vidas, e foi em passos largos para o balcão onde a atendente parecia rir de algo que a moça da caixa dizia.

Apolo sorriu, friccionando as mãos enquanto parava de frente a garota. Era bonita, olhos azuis claros, cabelos pretos, sorriso adorável.

E ele viu a mudança na expressão dela assim que o olhou de cima a baixo.

Elas sempre faziam isso. Sempre o olhavam de alto a baixo, como se mal pudesse se acreditar no que viam.

Há duas semanas isso o teria feito sorrir de forma sexy, tentar entrar nas calças dela e levá-la pra cama, o faria bem... Agora, tudo o que sentiu foi... Que queria um gostoso capuccinno.

- Frio de matar lá fora – falou ele como mandava a etica da pessoa simpática. – Estava quase congelando.

A moça sorriu mais.

- Parece que batemos outro recorde, sete graus no verão.

Nossa, que legal, pensou ele com a ironia estranha antes de aumentar o sorriso pra moça.

- Uhum, mais um.

- O que o senhor vai querer?

- Me veja um capuccinno italiano.

- Pra levar?

- Pra comer aqui.

- Já levo para você. So pagar aqui do lado.

Apolo assentiu, sorrindo, e foi pagar o mais rápido que podia.

Queria sair dos olhos daquela mulher, podia ver o pedido de ficar com ele, de pegá-lo.

Logo que pode, deixou o sorriso sumir e sentou-se na cadeira mais ao fundo que tinha e que ainda assim era possível de se ver a rua sempre movimentada de Manhattan.

E foi ai que deixou seus pensamentos fluírem, seu rosto se tornando mais sério, um rosto que poucos viam dessa forma.

Só precisou de um nome e tudo o que pensava se aprofundou.

Artemis.

Que merda ele pensava que tava fazendo? Que droga ele imaginou que poderia ter como fim pra aquilo? Ele estava ficando doido e retardado. Como ele pudera beijar Artemis?

Fechou os olhos, passando os dedos pelos seus cabelos loiros.

Fazia duas semanas que o sol e lua andavam estranhos. Desde aquele dia em que inventara de ir pelas idéias de Afrodite e acreditara que Artemis de fato estava a fim dele, que seria agradecida por beijá-la, afinal ela era uma deusa casta, dar uns amassos com o cara mais pegador do Olimpo e o deus da beleza masculina era uma honra.

Mas o final, ao sentir o lado esquerdo da sua face queimando pelo tapa que recebeu e vê-la xingá-lo, tudo o que pode fazer foi ficar olhando para ela ir embora, sem acreditar, pasmo.

E, foi ali, depois daquele “estupido” dito em alto e bom som por Artemis, que ele sentira algo quebrar, alguma parte e que veio o atormentando por todas essas duas malditas semanas.

Já sentia diferenças... Todos sentiam... Estava de fato estranho e mesmo pra ele aquilo era bizarro.

Havia sentido algo quente dentro de seu peito ao tocar sua boca da Artemis, algo que o fazia recordar da forma que a respiração dela era gelada ou a forma como fora fácil beijá-la... Tudo isso que ficava rodando em sua mente, essa cena voltando e voltando, fazendo seu coração bater de um jeito nada normal.

E o fazia pensar nela. Só nela.

Artemis.

Um som o fez acordar disso e o que viu o deixou meio confuso.

Não era a atendente quem colocava seu capuccinno sobre a mesa a sua frente. Era uma senhora. A senhora que ele vira lendo um livro de romance logo que entrara no Starbucks e que colocava exatamente esse livro sobe a mesa dele.

Os olhos amáveis da senhora sorriam, assim como a boca dela, para sua expressão de confuso, mas antes que pudesse se quer dizer alguma coisa, ela colocou suavemente uma mão em seu cabelo, um toque maternal (que nenhum deus ousava fazer), antes de sussurrar em uma voz rouca pela idade e vida:

- A melhor coisa que você nunca vai aprender... É apenas amar e ser amado em troca.

E sem mais nem menos, ela sorriu apenas mais uma vez em sua direção, com só um afagar em seus cabelos loiros e se foi, deixando um Apolo pasmo para trás.

Ele conhecia aquela frase. Ele sabia que ele mesmo havia a criado.

- Velha louca – sussurrou uma voz ao seu lado.

Apolo encarou a atendente que agora pousava seu capuccinno ao lado do livro. A atendente sorria para sua pessoa, aquele sorriso meio irônico, provavelmente zoando da senhora.

Ainda pasmo, tudo o que pode fazer foi concordar.

- Muito louca... Nova iorquinos, sempre vemos peças por aqui... Obrigada.

A garçonete riu.

- De nada... Mais alguma coisa?

- Por enquanto, só.

Ficou claro o desapontamento no rosto dela, mas de toda forma ela se foi. E Apolo pode relaxar olhando para a cidade lá fora, tomando um gole de seu café e pensando que a ultima coisa que aquela mulher era, era ser doida.

Amor... Seria possível ele sentir?

[...]

Artemis caminhava pelo Olimpo carregando uma pesada pilha de livros que Atena havia lhe pedido, quando ouviu seu nome sendo chamado por uma voz melodiosa e muito conhecida:

- Artemis! - ela virou-se para a voz, encontrando a deusa do amor, que vinha andando em passos rápidos atrás de si - Hey, espere por mim! 

Atendendo ao pedido de Afrodite, Artemis parou para que a outra pudesse lhe alcançar. 

- O que houve? - ela perguntou com um sorriso.

- Ah, eu só queria saber se você viu Apolo por aí, preciso falar com ele.

Artemis franziu o cenho.

Apolo. Aquele era o último nome que ela queria ouvir agora, e a deusa tinha quase certeza de que Afrodite apenas queria provocá-la por causa do ocorrido.

- Não, eu não o vi - ela respondeu rispidamente e saiu andando, deixando uma Afrodite curiosa para trás.

Mas claro que a deusa do amor não ficou parada muito tempo e a seguiu, subitamente interessada na mudança de atitude de Artemis. 

- Agora eu que pergunto, o que houve? Porque você mudou do nada?

- Não mudei, estou normal. 

- Não, você pareceu irritada logo após eu perguntar onde estava Apolo.  

- Eu não sei onde ele está, certo? - Artemis bufou, acelerando o passo.

- Certo, definitivamente você está irritada. Por quê?

- Ora, Afrodite, não finja que não sabe o que ele fez. Não foi para isso que você veio perguntar sobre ele? Para me provocar?

- O quê?! - a deusa do amor estava mais confusa impossível - Não, não estou sabendo de nada. O que ele fez? 

Só então Artemis parou de andar, encarando Afrodite com os olhos semicerrados. 

- Olhe, não sei o que vocês estão planejando - ela vociferou - mas ele falou algo sobre ter falado com você antes de... Argh.

- Antes de acontecer o quê, Artemis? O que ele fez? Estou ficando preocupada agora.

- Antes de me beijar, está contente? 

Então a expressão de leve preocupação no rosto de Afrodite desapareceu, para dar lugar a um sorriso maroto.

- Ele te beijou? Só isso? Por isso voce está brava com ele?

- Como assim só isso? Eu tenho meu voto de castidade, Afrodite! O que você falou para ele que o deu essa estúpida ideia? 

Agora foi a vez de Afrodite desviar o olhar e parecer levemente nervosa. 

- O que te leva a pensar que eu tive algo a ver com isso?

- Ele mencionou algo sobre ter falado com você, que esclareceu tudo... Foi algo do tipo, mas é meio complicado prestar atenção nesses detalhes quando se tem um maluco atacando seus lábios, sabe?

- Droga, Apolo! - praguejou baixinho a deusa do amor - Tinha que agir precipitadamente, típico.

- O que você disse a ele, Afrodite?

- Bom... Eu posso ter mencionado algo sobre haver possibilidades de você estar a fim dele, mas...

- Você o quê?! - Artemis perguntou, exasperada - Você disse ao idiota do meu irmão que eu estava a fim dele?

- Não, eu disse que havia uma chance muito forte de você estar de olho nele, apenas.

- Pronto, agora eu entendi! Mas o que vou dizer a ele? 

- Você pode confessar que o ama, não sei - Afrodite deu de ombros, fazendo Artemis olhar com incredulidade para sua pessoa. 

- Mas eu não amo Apolo! O que te levou a pensar isso?

- Bom, eu não sei. O jeito que você olha para ele, acho. Ou como fica tímida quando ele está perto, ou... Ah, eu sou a deusa do amor, enxergo essas pequenas coisas.

- Você esta enxergando coisas que não existem, Afrodite.

- Ah é? Pois me diga: qual foi sua primeira reação quando ele te beijou? Você não percebeu ele se aproximando? Por que não o afastou logo de uma vez? 

- Eu... - Artemis não sabia o que dizer enquanto sentia o rosto esquentar. Por mais que as opiniões e observações de Afrodite não devessem ser levadas a sério, ela tinha razão nesse ponto. Sim, o cérebro dela travou por algum motivo quando Apolo a beijou, e por isso dela demorou alguns segundos para dar o merecido tapa em seu rosto. Ela só não fazia ideia do porquê - Argh, Afrodite, você está confundindo minha mente.

Ela falou aquilo e saiu andando, mas dessa vez a deusa do amor não a seguiu. 

- Sabe, Artemis... - Afrodite falou alto o suficiente para que ela pudesse escutar mesmo com a distância que crescia entre elas - Acho que não sou eu que estou confundindo sua mente.

E a última coisa que Artemis ouviu antes de sair dali foi a risadinha da deusa do amor, como se esta  soubesse de algo que ela não sabia e tivesse plena convicção disso.

Apolo... Afrodite não poderia estar certa, poderia?

[...]

Apolo olhava com as mãos nos bolsos para as portas de ouro maciço do elevador do Empire State Building, sua mente meio ansiosa, meio viajando enquanto percebia os números irem ascendendo.

Logo estaria entre os deuses, precisava relaxar, só manter-se calmo e sorrindo. Apenas isso.

Quem ligava para se Atena tivesse o visto beijar Artemis? Ou se Poseidon rira do tapa que levou? Era só deixar rolar. Tava tudo ok.

Quanto mais dessa farsa de tudo felizinho ia durar? E se visse Artemis? O que faria? Chamaria ela de maninha e esquecia aquilo? Mas como ele podia esquecer se a merda daquelas ondinhas idiotas em seu estomago não paravam? Só de pensar...

Suas mãos suavam um pouco ao ver as portas se abrindo para o Olimpo e ele soube que teria que aturar. Era só segurar a onda. Seu sorriso Colgate apareceu. Precisava de confiança.

Era o comedor do Olimpo. O garoto de ouro. O bonitão. O rei da cocada preta.

Foi a pensar assim que começou a caminhar entre as ninfas que cochichavam ao passar por elas, algumas praticamente suspirando.

Claro, para se divertir, Apolo piscou para uma que segurava uma rosa e soprou um beijo naquela direção. Quase viu a ninfa desfalecer de tanta felicidade.

Mulheres.

Um pouco de seus problemas foram esquecidos enquanto passeava, atravessando o pátio central em direção ao templo onde cada deus tinha seu quarto.

Estava meio distraído com a deusa menor que ele conversava, todo sexy e risonho, quando sem querer bateu de frente com alguma coisa. Mais exatamente, com alguém e na mesma hora se virou para segurar a garota.

Olhos meio esverdeados e cabelos castanhos. Afrodite. Correndo.

- APOLO! – gritou ela toda feliz, quase como se tivesse ganhado um presente de natal.

Ele a olhou confuso.

- O único maravilhoso aqui.

- Onde você tava, garoto? Corri Olimpo todo atrás de você... Precisei perguntar pros Deuses e o mundo e nem um alma santa viva sabia onde você tinha se enfiado. Tá doido? Vou ficar com rugas de preocupação... – ela respirou fundo. – Ok, agora que te encontrei... Tenho algo sério pra te contar, aconteceu uma coisa, Apolo.

O deus que ainda segurava a pequena deusa olhou preocupado para a cara séria que Afrodite fazia. Havia acontecido alguma coisa... Algo sério que fez Afrodite não sorrir... O primeiro nome que veio a sua mente foi Artemis.

E foi o necessário pra ele entrar em um desespero muito estranho para ele mesmo.

- Foi com a Artie? Dite, o que aconteceu? O que houve?

- Hey, hey, garoto, relaxe, eu to falando da música que você zoou do papis e agora é o hit da Rádio Hefesto, ele vai te matar, mas... – ela parou e depois sorriu de forma danada, quase como se tivesse ganhado um vestido novo de Ares. -... Por que toda essa preocupação com Artemis, querido?

Em dois segundos, o deus percebeu como segurava Afrodite, como parecia pronto para correr a qualquer segundo atrás de sua irmã, como estava tão sério...

Só foi preciso um estalo pra fazê-lo piscar, pasmo como si proprio reagia. Por que seu coração estava acelerado assim? Que medo era esse? Que ações eram essas?

Seus olhos azuis cobalto meio perdidos seguraram os divertidos de Afrodite.

- Não acredito... Não acredito... – então, do nada, a deusa dava pulinhos, batendo as mãozinhas, sua risada ecoando ali perto. – IMPOSSIVEL! VOCÊ! AAAHÁ, sou demais, sou demais... Entre todos, consegui isso...

- Dite, o que voce tá falando?

Mas a deus já não escutava, feliz demais requebrando uma dança da vitória que só deixava Apolo mais confuso.

- SOU FODA, AHAM AHAM AHAM... E depois eu que falava que Artemis tava a fim de você, mas era completamente ao contrário, como não descobri isso? – ela falava consigo mesma. – Tava na cara... Voce ficava todo bobão do lado dela, nada de “sou comedor” e todo “sou príncipe encantado”... E falta pular pra longe ao pensar que a Artemis tá em perigo... ISSO É PERFEITO, agora tudo faz sentido. Se bem que ela também claramente gostou do seu beijo, mas todas gostam do seu beijo, dã. Só que eu sabia que tinha algo de diferente, isso também explica porque você tava todo emo e depressivo por ai... Apolo, seu danado, foi mais esperto que eu agora, já tinha tudo marcado... A não ser que você só tenha notado agora que você está...

- AFRODITE. – com seu grito frustrado, a deusa olhou pasma para sua pessoa. Ele não havia entendido bulhufas, não com ela falando tudo rapido assim, enrolado, escutou apenas um Apolo, Artemis e perfeito. Apolo cruzou os braços (adicione milhares de ninfas suspirando ao ver os músculos do deus na blusa gola polo), com cara de poucos amigos. – Relaxe, pare de pular... Agora me conta o que você notou.

Afrodite revirou os olhos fofos e sorriu extasiada.

- Você... Rufem os tambores... Está apaixonado por... ARTEMIS.

Não houve um som se quer.

Apolo não conseguia dizer nada. Estava em choque. Olhava para a deusa para ter a certeza de que ela dizia aquilo a sério. Pelo olhar, dizia sim.

Ele? Apaixonado pela lua? Só podiam estar de brincadeira com ele.

- Dite...

- ARTEMIS, VEM CÁ, VEM!

E Apolo poderia ter pulado na goela daquela boneca.

Primeiro, ela fazia a merda com o beijo.

Segundo, jogava a bomba de estar apaixonado por Artemis.

Terceiro, chamava a bendita deusa para perto deles.

Ele ia matar Afrodite. Agora era certeza.

Mas antes que ele desse o primeiro passo para esganar a deusa do amor que acenava feliz para alguém as costas dele, Apolo a sentiu. Eles sempre se sentiam. Eram como dois polos se tocando. A frieza dela batendo de frente com o calor dele. Estranho.

Antes mesmo de se virar já sabia que Artemis encontrava-se a poucos passos, talvez uns sete dele, mas como pela primeira vez que notava, seu coração pulava enlouquecido e não sabia o que falar ao ver a deusa aproximar-se.

Afrodite era toda aos pulos.

- Apolo tava falando de você agora, Artemis.

Daquela forma que agora ele admitia que achava fofo (porque isso era gay demais para ele admitir), a deusa da caça corou ante aquele comentário. Na concepção de Apolo, Afrodite estava pedindo para ser assassinada.

- Ah, é mesmo... Do que falavam? Ele veio pedir desculpa por aquela grosseria?

Mas tudo o que Apolo podia encarar eram os olhos de Artemis. Havia duas semanas que ele não a encarava, não enchia o saco dela e eles não brigavam por causa de suas cantadas indecentes e noites de puro álcool.

E ela estava tão linda.

Os cabelos da ruiva estavam presos em um coque meio desfeito, sem duvida obra de alguma das caçadoras dela. Usava um vestidinho azul marinho de caça, batendo nos joelhos. O rosto sem maquiagem, mas os olhos verdes dela se destacavam muito em sua pele branca. E via a linha fina que eram aqueles lábios.

Apolo recordou-se do beijo, percebendo ao olhá-la que ela fazia o mesmo. Queria dizer algo, falar algo, até iria.

Então, a bomba explodiu com a risada suave de Afrodite.

- Não, sua boba, você amou aquele beijo... É que Apolo está apaixonado por você, Artemis.

O deus só teve tempo de perceber três coisas: Artemis com os olhos espantados, seu coração travando e então Apolo correndo atrás da deusa do amor.

Ia matá-la.

[...]

Artemis ficou estática por alguns segundos antes que sua mente organizasse o que havia acontecido ali.

Primeiramente, Apolo aparecia depois de duas semanas sem dar as caras pelo Olimpo. Depois, Afrodite deu uma de... Hum, Afrodite, e não apenas falou na frente dele que ela tinha adorado aquele beijo, mas ainda por cima falou que Apolo estava apaixonado por ela.

Certo, alguém precisava colocar o juízo daquela deusa maluca no lugar novamente. 

Ela suspeitava de que Apolo faria exatamente aquilo quando saiu correndo atrás da deusa do amor, mas antes ela precisava saber o que ela quis dizer com aquilo.

Não que Artemis se interessasse por isso, oh não. Ela não devia dar a mínima se Apolo estava ou não apaixonado por ela, mas alguma coisa dentro de si ficou inquieta depois da declaração de Afrodite e fazia com que ela sentisse uma necessidade absurda de saber se era verdade ou não.

Então, sem perder mais tempo, Artemis saiu correndo atrás de Apolo e Afrodite.

Ela correu dando a volta nos jardins, mas não havia nem sinal dos dois deuses por ali. Onde eles haviam se metido? Artemis podia ver as ninfas cochichando e soltando risinhos enquanto ela passava, mas tratou de ignorá-las. 

Em tudo que envolvia Apolo, aquelas garotas estavam sempre tentando chamar a atenção dele. Ou melhor, tentavam chamar a atenção de qualquer espécime masculino que passasse por ali.

Um bando de ninfomaníacas desesperadas, isso que elas eram. 

Rolando os olhos, Artemis continuou andando, agora dobrando a direita, para uma área pouco usada pelos deuses, onde supostamente seria um espaço para festas ao ar livre. Foi ao chegar lá que ela ouviu a voz de Apolo, e logo se escondeu para poder observar a cena. 

Ele estava dando voltas numa daquelas mesas de piquenique onde Afrodite estava sentada, e falava alguma coisa para a deusa.

O que Artemis ouvia era:

- Afrodite, o que você fez? - ele perguntava, andando em volta da mesa.

Sim, ele estava um misto de nervoso com irritado.

- Em relação ao quê? A ter dito que voce estava apaixonado por ela? - Apolo não respondeu - Ou a ter lhe dito que ela estava afim de você? Porque sabia que mesmo não tendo plena certeza de ambos, eu posso enxergar claramente os sinais de que...

- Não. - ele a interrompeu, sentando-se de frente para ela - O que você fez comigo? Definitivamente nunca me senti assim.

Com aquilo, a expressão de Afrodite se amenizou, um leve sorriso aparecendo no lindo rosto da deusa do amor. 

- Apolo, você bem sabe que eu não faço as pessoas se apaixonarem. Eu crio as situações propícias a isso, incentivo e posso até sentir quando alguém está amando de verdade, mas - ela tocou o ombro dele - o sentimento nasce em você.

- Então me diga, eu estou realmente apaixonado?  

- Não posso dizer, senão perde toda a emoção do negócio - ela riu, ao que ele bufou - Isso é algo que você precisa descobrir sozinho.

- Mas por que Artemis? Por que justo a minha irmã?

- Eu sou a deusa do amor - Afrodite deu de ombros - Enxergo as possibilidades com mais clareza do que vocês.

- Possibilidades? - Apolo deu uma risada sarcástica - Artemis está escondida nesse maldito voto anti-homens e você achou que de todas as possibilidades, ela seria a melhor? 

- A melhor sim, não a mais fácil.

Apolo suspirou, levantando-se e voltando a caminhar ao redor da mesa. 

Artemis achava deveras estranho ouvir seu irmão e Afrodite falando sobre sua pessoa no quesito 'amor', mas não conseguia parar de ouvir. Não podia, a vontade de saber o que estava acontecendo ali era mais forte do que ela.

Sim, a deusa da caça deveria estar apavorada com a possibilidade de Apolo estar apaixonado por ela, mas simplesmente não conseguia. Tudo que ela pensava era no que diria a ele caso ele descobrisse que a amava.

Ela não sabia o que sentia realmente, estava apenas esperando que as coisas se resolvessem naturalmente, mas isso parecia quase impossível de acontecer.

Seus próprios sentimentos estavam confusos, e de repente, ser amada por Apolo, retribuir esse amor e poder beijá-lo mais uma vez não pareciam ideias tão ruins assim. 

Oh deuses, aquele beijo.

Artemis sentia o rosto esquentar só de lembrar daquilo.

Sim, ela deu um tapa em nele quando ele a beijou, mas não foi porque não tivesse gostado, com certeza não. Ter os lábios quentes de Apolo sobre os seus havia sido a melhor coisa que ela sentiu em séculos, o que a incomodou realmente foi a situação na qual aquele beijo ocorreu.

Se bem que agora ela sabia que a culpa tinha sido de Afrodite, que disse a ele que ela estava apaixonada, simplesmente porque havia notado "sinais" disso.

E sim, Afrodite estava certa quanto aos sinais, a todos eles, mas isso não vinha ao caso naquele momento.

Então, Artemis foi subitamente tirada de seus pensamentos pela voz dele, que havia passado um bom tempo sem dizer nada.

- Eu descobri, Afrodite - ela o ouviu dizer - O que eu faço agora?

Antes que Afrodite pudesse responder qualquer coisa, Artemis saiu de onde estava escondida, não aguentando mais a curiosidade, e falou:

- Agora me diga. O que você descobriu?

Os dois deuses olharam surpresos para ela. Os olhos de Apolo desviaram quase que automaticamente para o chão, enquanto Afrodite levantava-se da mesa e saía dali.

- Eu... Acho que vocês precisam conversar a sós - a deusa do amor falou pouco antes de escapulir para longe da vista deles.

Bom, nenhum dos dois protestou.

Artemis tentava parecer menos nervosa do que realmente estava enquanto caminhava para mais perto dele, parando a centímetros  do deus. 

- Então, Apolo, o que exatamente você descobriu?
[...]

Apolo perguntava-se se ainda havia alguma chance de poder sumir. Esse dia não podia estar acontecendo de verdade, quais eram as possibilidades de uma mancada dessa ocorrer com ele? 

Logo com ele?

Tudo culpa de Afrodite.

Agora, olhando nos olhos verdes de Artemis, escutando-a perguntar aquilo, ele via que tinha duas opções: negar mentindo ou dizer toda a verdade.

De repente, todos os porquês de Artemis ser tão impossível de ser tocada vieram a mente do deus. Seu nojo por homens, odiar demonstrações de afeto, viver só entre garotas, ter o voto de castidade. Ela era tão... Fechada.

E ele sabia que não dava pra falar de frente aquilo a ela, ela fugiria. Ela sempre fugia nesses casos.

Ou então batia nele.

Então, tudo o que o deus fez foi dar de ombros, um sorriso de quem não quer nada nos lábios e colocou as mãos um pouco suadas dentro dos bolsos.

Mentir. Sempre a melhor opção na hora do desespero.

- Descobrir? Só que a Dite tava se vingando inventando essa besteira pra você... Deve ter sido por causa daquelas bolsas vermelhas dela que sem querer dei pra uma mortal.

Sua voz soava tão falsamente divertida que até ele mesmo se surpreendeu com sua capacidade de mentir.

Artemis só revirou os olhos, apesar de que corava. Que ela não tivesse ouvido aquilo, por favor, seria sacanagem por demais do destino se ela tivesse escutado.

- Hum... Então tudo o que você estava dizendo ainda agora sobre... Você sabe... Sobre aquilo, era uma... Brincadeira?

Ele podia ouvir a vergonha dela ao dizer aquilo, ele mesmo estava só de perceber que ela tinha escutado.

- Aquilo o que mais exatamente, Artie.

- Sobre... Sobre você estar... Bem, ér, apaixonado por mim?

Na mesma hora, Apolo ergueu os olhos para encarar os dela, ela estava muito corada, ficando ainda mais bonita e ainda estava mais perto.

Naquele momento, ele só queria soltar o que havia acabado de descobrir e que o pertubava por duas semanas. Mas se ela já batia nele só porque ele a beijara, imagine algo daquela proporção?

O deus mais uma vez deu de ombros.

- O que importa? Você não pode ter homens, irmãzinha, e isso serio meio que... Loucura, até pra mim – sua voz era sarcástica. Hora de mudar de estrategia. – Além do mais, você precisa aprender a beijar. Adolescentes beijam melhor que você.

Artemis cruzou os braços, furia naqueles olhos verdes.

- Eu não beijo mal!

- Lamento discordar, Artie, já houve melhores.

- VOCÊ roubou um beijo, queria que eu agisse como? Você me pegou de surpresa, eu estava lá, parada, do nada voce... Voce... – ela segurou um gritinho, como se fosse explodir e Apolo tinha certeza de que nunca a vira mais engraçada do que na forma nervosa e corada. – Você me agarrou, seu... Seu... Idiota, argh.

- Isso não é desculpa, pra quem beija bem não tem isso. E você me bateu se bem me lembro.

- Mereceu aquele tapa!

- Por favor, te fiz um favor, eu te mostrei o que era um beijo de verdade, e duvido que você já tenha recebido um como o meu, Artie.

- Ah é? Um favor? Eu devia ter era te matado então... – ela bufou. – Vou te mostrar que não beijo mal... Vem cá, me beija.

Apolo parou, um pouco pasmo pela forma como ela havia dito aquilo. Artemis estava com os braços abertos, chamando, claramente furiosa.

E ele sabia que seria um erro aceitar.

Então, fez cara de tédio e fingiu que estava indo embora. A realidade era que seu coração estava a mil e seus pensamentos mais perigosos do que deveriam.

- E te dar a honra de me beijar outra vez? - dizia ele. – Não, obrigada, já tive seus beijos por demais na minha vida, vou precisar beijar todas as amazonas pra esquecer isso.

Só a voz dela o fez parar. Estava divertida e desafiadora.

- Esta amarelando, Apolo? O grande deus comedor do mundo está com medo de beijar uma deusa? Isso mesmo que vou ter que contar pro Olimpo?

Foi o necessário. Ele sabia que ele só precisava de uma desculpa. Só queria um porque de agir daquela forma. E com aquelas palavras, com o olhar debochado dela que tinha as mãos na cintura e tudo o que tinha descoberto sobre seus próprios sentimentos, ele teve que agir.

Foi mais forte que ele.

Apolo viu a mudança de expressão de Artemis enquanto aproximava-se em passos rápidos, cada vez ela ficando mais e mais surpresa, quase como se não acreditasse que ele fosse mesmo fazer aquilo, e antes que ela pudesse adicionar algo, Apolo trançou os dedos aos cabelos macios e vermelhos de Artemis e bateu sua boca contra a dela, em um começo de beijo furioso.

Ele sentia a perplexidade da garota ao praticamente colar o pequeno corpo ao seu com um braço a fina cintura, quase podia escutar a mente dela tentando compreender como agir, pois ele sabia que ela estava de olhos abertos, pasma.

Mas ele pouco se importou.

Odiava ser desafiado, não compreendia o que sentia direito. Ela estava tendo o que merecia.

Seu aperto se intensificou com o toque daquela mão feminina em suas costas, finalmente percebendo o quanto estava a querendo. E na mesma cartada, na mesma hora em que pediu meio rude caminho para aquela boca com a língua, ela devolveu, claramente disposta a mostrar que beijava bem.

E malditamente ela beijava bem.

Ele não soube quando, onde ou como o beijo mudou de agressivo e de mostrar os pontos de quem estava perto para suave, mas, de repente, sua boca tornou-se mais devagar sobre a dela, muito mais devagar que o de começo e ouviu mesmo um suspiro saindo daqueles lábios macios e gelados.

Sob seu aperto, Artemis relaxava, moldando-se ao seu corpo, seu coração parou um segundo. Sua mão não mais a prendia ao lugar pelo cabelo e sim a segurava pelo rosto, com cuidado.

Mas, o mais incrível de compreender aquilo, foi ver que estava um  beijo mais profundo, mais cheio de significado e do qual ele não fugiu ao de leve sentir a língua dela tocar a sua, muito timidamente.

Gelado. Quente. Apolo tinha certeza de que nunca sentira tanta felicidade em estar sem ar. As mãos de Artemis enrolaram-se nos cabelos de sua nuca, e ele esqueceu o tempo.

Agora, ele compreendia o que era esquecer o mundo a sua volta. Só havia ela.

Ela e a forma como mal respiravam. Ela sob seus dedos. A boca dela contra a sua.

Artemis. Apolo suspirou espalmando a mão na cintura dela.

A noção de tempo fugiu e só pararam porque precisavam muito mesmo respirar. Estavam ofegantes ao darem um pouco de espaço, um espaço suficiente para que ele pudesse encarar os surpresos e meio perdidos olhos verdes dela e sorrir.

- É, até que você não beija tão mal assim, Artie.

E, para a surpresa dele, tudo o que ela fez foi rir, jogando um pouco a cabeça para trás, sem jamais sair do circulo de seus braços. Ele não estava reclamando.

- E, até que você é um bom professor – ela corava muito ao dizer isso. Apolo sorriu safado. – Ah, cala a boca.

Os dois riram, como se nada tivesse acontecido, como se o Olimpo não existisse ou mesmo se naquele mesmo dia eles não houvessem brigado com uma certa deusa.

Apolo foi o primeiro a parar de rir, e ficou a encarar o rosto de Artemis, as suaves sardas que ele já havia notado, o modo como o sorriso dela era bonito, quer dizer, até ela encará-lo meio sem graça pela análise e erguer uma sobrancelha como que pedindo explicação por isso. Apolo limitou-se a dar de ombros.

Era a hora. Da forma mais divertida que pode, disse:

- É, agora é oficial, estou apaixonado por você, Artie, quem diria?

Artemis olhou pasmo para sua frase.

- Você... Você...

- Sem panico, porque se não eu tambem entro. – um sorriso tenso. – Talvez... Só talvez... A Dite esteja certa quanto a mim e... Quanto a você também.

- Mas... Mas...

- Shh, estou apaixonado por você, acabou, vamos ter que lidar com isso... Agora, vem cá.

E sem deixá-la reagir a sua frase, Apolo a puxou outra vez para um beijo, um que ele deixou transparecer aquilo que estava sentindo, incrivelmente feliz por ela retribuir meio que sem brigar.

Ainda havia muito para vencerem, Apolo sabia, principalmente os medos dela para com os homens e aquele maldito voto, mas ali, a beijando, ele aguentaria. Até mesmo aguentaria os gritos de felicidade de Afrodite.

Aquilo era apaixonar, amar. Sim, ele podia sentir aquilo.

E, ao ouvir, ao se afastarem para puxarem um pouco de ar, Artemis dizer que talvez também estivesse apaixonado por ele, aqueles olhos verdes mais suaves quando o encarou, ele teve certeza que a melhor coisa do mundo era...

... Apenas amar e ser amado em troca.


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Notas finais do capítulo

[Leloty]: Então, digam se não ficou a coisa mais fofa *--* Sim, foi ótimo escrever isso com a Nivs, que mais uma vez está aqui fazendo todo mundo feliz com suas histórias perfeitas, mesmo que dessa vez eu esteja me intrometendo .-. Mas ela não reclamou tanto desse fato, então de boas. E não, eu não tenho nada para falar de importante aqui, e como estou com medo de apanhar se falar demais, passo logo a palavra pra ela o/
[Nívea]: Boa garota, se começasse com elogios, já sabe u.u kkk Ok, ok, vamos lá... Leloty, mil obrigadas por aceitar escrever comigo, foi um prazer ficar horas em silencio pelo telefone enquanto escrevíamos e nossa histórias arrasou né? Mais umas parcerias vem por ai, a não ser que ela enjoe de mim, masok *-* Obrigadão por lerem, depositem suas opiniões e fofuras logo ali embaixo e beijinhos, até uma próxima, amores *o*