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Tsumetai namida wo kakaete
 

Era um pouco mais de 05h00min quando a chuva havia finalmente parado, mas mesmo assim as velhas arvores de calcários pareciam chorar por causa das gotas de chuva que desciam silenciosamente das folhas para o chão. O chão ainda totalmente úmido de tantas lágrimas das folhas e das nuvens se sentia pesado, se sentia angustiado.

Mesmo que tenha acabado o céu ainda permanecia nublado com suas várias nuvens negras e sem vida; os pequenos pássaros que por ali passavam pareciam assustados e com toda a sua força batiam suas asas cada vez mais rápido, querendo logo sair dali, querendo logo fugir daquele vento forte e violento daquela tarde.

E no meio dessa euforia da natureza existia um ser, existia uma pessoa. Essa andava calmamente e com seus passos lerdos e sem vontade – Seus olhos que sempre brilhavam nas horas de alegria, agora ofuscavam na hora da tristeza. Tão sem vida e sem cor como o céu e suas nuvens. Seus lindos fios dourados como o mais puro ouro, agora estava opaco e quebrado. Seu sorriso fraco e falso tentava em vão disfarçar a dor agoniante que sufocava o seu peito.

Nos seus passos lentos conseguira finalmente chegar onde queria; a uma velha ponte – com sua pintura fraca totalmente desgastada mostrava o quão velho era.

Seus olhos azuis e tristes miravam o que ali em baixo passava, o velho rio Willie – que por causa daquele chuva do dia estava cheio e com a correnteza forte. Sem animação nenhuma em seu semblante frio, subiu a ponte com cuidado ficando de pé.

Ainda se equilibrando fechou seus olhos e deixou que todas as magoas presas em seu coração saísse, todas as agonias vividas até hoje, todas as lamentações em vão que havia sentido, todas as decepções... Tudo que pudesse libertar a sua alma ferida e quebrada.

Abriu seus olhos novamente e mirando para o seu mais negro e carregado que antes, sorriu. Sim, mas um sorriso meigo e calmo que antes saia com facilidade, mas que agora foi por deboche de sua fraqueza.  Sim, estava sendo tão idiota e fraca, pois via o ponto que havia chegado, mas agora não teria volta.


Voltou a olhar para baixo e viu aquele rio tão violento brincar com as pedras e folhas que ali caiam, e numa brincadeira de criança se viu junto deles. Olhava fixamente um ponto enquanto aos poucos iam deixando que seu corpo desequilibrasse, caindo na direção que mais queria, a do rio.

Naquele momento não sentiu mais nada; Nem dor, nem rancor, nem amor. Apenas uma claridade invadindo seu ser, algo tão calmo e tão forte que lhe aquecia de alguma forma. Seu coração estava em paz, assim como sua alma... E no rio não se via mais nada.

O tempo abriu, o céu ficou claro e o sol brilhava fortemente acabando com os pingos que ainda ameaçavam cair. A terra aos  poucos aquecida sentia-se que logo estaria seca novamente. E naquele fim de tarde uma menina loira como o mais fino ouro, e seus olhos tão azuis como aquele céu límpido e brilhante, corria feliz enquanto perseguia um pequeno coelho por entre os calcários.

Nada se ouvia, nada se ouvia, nada se sentia...
Somente a paz e a alegria estavam vivas!

Fim!