Entrando no chalé, percebi que somente eu e uma outra meio-irmã minha estávamos dentro do chalé naquele momento.

Estava no começo da tarde e eu não tinha tarefas naquele dia. Era sábado. Minhas tarefas são nos dias: uma segunda, quarta e sexta. Outra segunda, terça e quinta. Outra todos os dias da semana. E entre outras.

Eu não tinha nada a fazer. Todos estavam lá fora, brincando, fazendo piqueniques, conversando, se divertindo.

Já eu, preferi ficar dentro do chalé mesmo.

Precisava de um tempo para pensar no que fazer sobre o desafio.

Deitei na cama e encarei o teto.

Fiquei pensando... Eu, a garota mais excluída do chalé de Atena, a que não serve pra nada, a fraca, pois era assim que eu era conhecida. Como eu poderia passar num desafio com torturas? Eu não aguentaria nem o primeiro minuto. Percy, Annabeth, Jason, Leo, eles sim enfrentaram coisas horríveis e levaram os créditos por isso. Querem saber de uma coisa? Eu estou cansada disso. São sempre ELES que levam os créditos por tudo. Eles que enfrentaram as piores missões já feitas, eles derrotaram Cronos, Gaia e tal, eu sei. Mas quem sabe se eu vencer esse desafio, eu também ganhe os créditos por ter salvo o acampamento? As pessoas irão parar de me ignorar, eu não serei mais conhecida como a fraca...

"Não façam a escolha errada" a voz de Quíron ecoou na minha cabeça.

Acho que não estarei fazendo uma escolha errada, afinal, como Quíron mesmo disse, eu tenho o potencial para vencer essa coisa.

E eu tenho que acreditar nisso agora.

Sou uma filha de Atena, deusa da inteligência e da estratégia de batalha. Não irei desapontar minha mãe mais uma vez. Vou honra-la e ser uma digna filha de Atena.

Vou treinar o máximo que posso, para um dia antes do desafio, eu me voluntariar.

É isso. Está resolvido.

Me viro de lado na cama e depois de algum tempo, adormeço.

Sonhos de semideuses sempre retratam o passado, o presente, o futuro, ou algo que você queira muito.

Estava esperando um sonho bem feliz, já que tenho tido pesadelos todas as noites com o meu passado.

Como eu estava enganada.

No sonho eu conseguia e vir numa pista que mais parecia uma pista de corrida. Dos lados da pista, tinham arquibancadas lotadas de semideuses. Eu estava no início da pista, caminhando devagar na pista. Pelo menos, tentando caminhar. Minhas roupas estavam aos farrapos, eu estava toda machucada e ensanguentada, e lutava pra ficar de pé. A cada passo que eu dava, eu gemia de dor.

Mais a frente, na pista, tinham facas sendo atiradas. Machados de um lado para o outro. E outros instrumentos de tortura. Todos no meu caminho.

Não. Não é possível. Não pode ser o que eu estou pensando. Aquele não é o Desafio da Morte. Se for, eu já estarei morta. Não posso pensar assim.

A cena mudou. Eu estava no mesmo lugar, no final da pista. Eu pude ver todos os campistas que estavam na arquibancada de pé, tampando a boca com a mão, outros chorando, outros em choque, outros com caras espantadas, outros boquiabertos e olhos arregalados.

Consegui me localizar. Eu estava no que parecia a ultima etapa da pista de torturas. Diante do eu maior medo que estava espalhado pela pista. E eu só poderia passar a diante se fosse entrando nele.

Diante de mim, tinha nada menos do que: fogo.