– Está falando sério, Nell?– Perguntou Yoshinobu, desconfiado.

– Sim. Depois que o Yammy destruiu a nossa casa, nós nos mudamos para o palácio. Ele estava zangado, saiu durante a madrugada e até agora ele não voltou.– A moça dos cabelos esverdeados saiu aos prantos.

– Não sei o que é mais estranho. O Nnoitra sumir ou a Neliel chorando por ele.– Comentou Yoshikazu com um sorriso debochado.

– Há algo errado. Primeiro alguém tenta explodir a montanha e depois o Nnoitra desaparece.– Disse Hikaru, pensativo.

– Aqui é o Mundo Hueco, emo! Todo mundo desaparece! Lembra quando eu, o Kazu e o Nobu desaparecemos quando a mamãe descobriu que fomos para o Mundo Real sem permissão?– Disse Yoshihiko com uma expressão divertida.

– Mas vocês sumiram só por duas horas...

Wonderweiss encarava do lado de fora do palácio, pois a porta estava aberta, com uma expressão assustada.

– O que foi, Wonder?– Perguntou Yoshikazu. Nobu e Hiko foram olhar para a enorme porta. – Hei, Hikaru! Um morcego pálido e tristonho está aproximando!

– ‘’Morcego pálido e tristonho’’?– Repetiu Hikaru com uma leve expressão confusa. Quando foi se aproximar da porta, deu de cara com Ulquiorra. Hiroaki entrou logo depois.

– Pai...– Hikaru quase não conseguiu falar. Estava se esforçando para não tremer.

– Você não já criou problemas naquela montanha?– Perguntou o arrankar seriamente.

– Mas eu não estou fazendo nada! Eu só vim falar com a Harribel!– Debateu Hikaru, apertando os punhos.

– É verdade, morcego... Quer dizer... Ulquiorra! Coisas estranhas estão acontecendo no Mundo Hueco e acabamos de descobrir que o Nnoitra desapareceu!– Disse Yoshinobu.

– Nnoitra não fará falta...– Ulquiorra comentou, mas o loiro continuou.

– Eu sei que, para você, o Nnoitra não serve pra nada! Mas a Neliel e, obviamente, a Naoko e o Naoto estão aflitos e preocupados! Adoraria que a Orihime estivesse rindo se você desaparecesse?! Pois pra mim quem não faria falta é um morcego sério, pálido e muito chato que só pensa em si!– Ulquiorra encarava seriamente o loiro á sua frente.

– Vai deixar que uma criança o desrespeite, Ulquiorra?– Aizen entrou no palácio - Todos de Las Noches sabem que Hikaru o enfrenta, mas se até o filho de Tesla, um insignificante fracción, faz a mesma coisa, você terá problemas.

– Hei! Fale assim do meu pai, que eu lançarei um Cero bem no meio da sua cara de borboleta!– Gritou Yoshikazu. Aizen o encarou com expressão irritada, mas o menino insistia em provocar. – Nem ouse em lançar esse olhar de mariposa pra mim! É melhor você nos respeitar, ou eu chamo a minha mãe para lhe dar uns cascudos!

– Ridículo!– Sussurrou Aizen com desprezo.

– Fala sério! Cara de borboleta? Olhar de mariposa? Chamar a mamãe para bater nele? Você não tem nada melhor na sua mente para dizer, Kazu?– Debochou Yoshihiko.

– E o que você esperava?!– Perguntou Yoshikazu, irritado.

– Simples! Enfrenta o cara!

– Eu não! Olha o tamanho dele!

– Não tem nada a ver!

Os dois começaram a discutir. Aizen aproveitou para passar por eles. Wonderweiss se escondeu atrás de Hikaru e Hiroaki segurou o braço do pai ao ver o shinigami traidor se aproximar.

– Fiquei sabendo que Nnoitra está desaparecido.

– Ele vai voltar!– Disse Hiroaki encarando Aizen firmemente.

Aizen se inclinou para ficar de cara a cara com o menino.

– Claro que vai. Afinal, não queremos que ninguém se machuque. – Hiroaki tremeu e apertou o braço de Ulquiorra com o comentário de Aizen. Ulquiorra estranhou, mas não disse nada.

– Você sabe que sua presença faz crianças chorar, não sabe, Aizen?– Aizen virou e encarou irritado Ken, que estava com as costas apoiadas na parede e seus braços estavam cruzados. – Mas desde que você deixou de ter a Hou-Gyoku, tornou-se inútil!

– Ken, não provoque Aizen. Lembre-se que estamos dentro do palácio.– Disse Ulquiorra.

– Obrigado por me defender, quarto Espada! Vejo que continua fiel a mim!– Disse Aizen. A sétima Espada fez o encarou com nojo. -E você, Ken, se veio para me provocar, é melhor voltar para a sua casa.

– Mas Las Noches é a minha casa.– A mulher deu um meio sorriso sarcástico.

– O que está acontecendo?– Perguntou uma voz feminina.

– Harribel!– Exclamou Hikaru.

– Está causando mais problemas, Aizen?– Harribel fuzilava Aizen com os olhos. O shinigami a encarava seriamente, mas depois foi embora. – Um dia, ele me dará razões fortes para expulsá-lo.

Todos ficaram surpresos. Até a rainha não o suportava.

– Hikaru.– Harribel chamou. O ruivo deu um passo pra frente. – Preciso conversar com você... A sós.

O menino se aproximou timidamente até ficar ao lado da rainha. Ulquiorra e os outros encaravam.

– Não se preocupem. É só uma conversa. Podem voltar para suas casas.– Eles reverenciaram e saíram.

Hikaru estava confuso. Por que a rainha do Mundo Hueco o chamaria? Eles entraram em uma sala quase cinza onde havia um trono. Harribel se sentou e o menino ficou a sua frente, a encarando com expressão preocupada.

– Não tem motivos para ter medo,Hikaru.– Disse Harribel, tentando acalmar o menino. – Eu soube que você não gosta de seu pai por ele ser um arrankar. Quer dizer que não gosta de nenhum de seus companheiros, que são arrankars? Ou de seu irmão?

Hikaru arregalou os olhos. É verdade! Tratava o pai com desprezo, mas Hiroaki, seu irmão que tanto protege, também é um arrankar e nunca o tratou com diferença. Harribel continuou.

– Ken me contou sobre a explosão da montanha, que ficava próxima de Las Noches, e sobre a briga com seu pai. Foram três semanas preso em seu quarto, não é?– Hikaru corou e afirmou balançando a cabeça. – Ela também me contou que, apesar de negar, você anda protegendo o seu pai das ofensas de Kingo.– Hikaru ficou de cabeça baixa para esconder o rosto quase vermelho de vergonha, mas Harribel percebeu. - Mudando de assunto, deve estar se perguntando o porquê de estar aqui.

Harribel se levantou e se afastou do menino, que observava os passos dela. Ela se dirigiu até um cômodo cinza e abriu uma gaveta, onde tirou uma caixa.

– Você sabe que a Ken sempre provocava Aizen dizendo que engoliu a Hou-Gyoku?

– Sim. Ela sempre o perturbava com isso.– Disse Hikaru.

– Todos os meus Espadas, incluindo o seu pai, que é o mais fiel, serão incapazes de cumprir algo importante. Eu sei que você ainda é uma criança, mas pode realizar algo pra mim.– Ela abriu a caixa, revelando uma pedra brilhante. – Essa é a Hou-Gyoku.

– Mas a Ken...– Harribel o interrompeu.

– A engoliu. Mas uma conhecida da Ken, a Kei, disse que era arriscado continuar guardando a Hou-Gyoku no corpo dela. Pelo Grimmjow, eu soube que seus amigos, filhos da Ken, sabem fazer tudo sem que ninguém perceba. Com ajuda deles, conseguimos recuperar isso.

Com essa explicação, Hikaru ficou chocado. Ele não era a única criança que foi chamada pela rainha.

– E o que quer que eu faça?

– Leve isso para Kei. Durante essas três semanas, eu mesma ensinei Nobu, Kazu e Hiko abrir uma Garganta. É só pedir e você aparecerá na Floresta de La Muerte.– Com delicadeza, Hikaru pegou a caixa das mãos de Harribel. – E não estará sozinho quando voltar. Lá, encontrará Nnoitra.

– Nnoitra?!– Exclamou Hikaru. Antes de ele perguntar qualquer coisa, Harribel disse:

– Kei contará tudo o que precisar. Agora vá.– O menino reverenciou e saiu da sala.

Já fora do palácio, ele deu de cara com Aizen.

– A rainha nunca presenteou seus arrankars. O que tem nessa caixa? – Perguntou o homem com um sorriso que fez o ruivo tremer. Hikaru apertou a caixa contra o peito.

– É algo entre mim e a Harribel. Preciso ir.– O menino foi dar os primeiros passos, mas sentiu uma mão o puxar pelo ombro.

– Hikaru, por que está com tanto medo? Eu só pedi para abrir a caixa.

– Me deixa em paz, Sousuke!– O menino saiu correndo. Aizen apareceu na sua frente com um sonido e pegou a caixa das mãos de Hikaru, que tentava pegar de volta desesperadamente.

– Mas a caixa está vazia...– Comentou o shinigami, que encarava a caixa, decepcionado. Hikaru ficou confuso.

– Aí, traidor! Perdeu algo?!– Hikaru e Aizen olharam para o lado e encararam os trigêmeos e perceberam que um deles estava com algo brilhando na mão, mas não conseguiram ver o que era.

– Yoshihiko, me dá isso!– Ordenou Aizen.

– Assim você me ofende! Ele é o Hiko!– Disse Yoshinobu com tom de diversão, apontando para o irmão ao lado.

Aizen, impaciente, se aproximou do menino em um piscar de olhos e o forçou a abrir a mão, mas não tinha nada.

– Shinigami!– Chamou Yoshikazu, que jogou a pequena pedrinha para Hikaru.

– Abrem uma Garganta imediatamente!– Ordenou o ruivo.

Os meninos fizeram o que ele pediu e o ruivo entrou. Os meninos fecharam o portal antes que Aizen pudesse entrar.