Eram exatamente , 6:30 da manhã. Moscou estava congelante! Allya colocava as malas no carro, virou-se para dar uma última olhada na casa onde cresceu, e conheceu o amor. Ou pelo menos ela achava que conhecia o amor.

Jhon buzinou, Allya correu e entrou no carro, quando o carro já virava a esquina, Allya virou o rosto , viu de longe quando Penélope se aproximava da casa , muito bem arrumada, com certeza queria ver Allya!

Penélope havia dormido noite passada, na casa de Allya, mais antes que o sol nascesse , ela foi pra casa. Sempre fazia isso! Vaidade talvez, não gostava que a vissem desarrumada.

Allya sorriu ao ver a amiga! Ainda que fosse pela última vez...

Penélope , tocou a acampainha várias vezes chamou por Jhon, por Allya, mais ninguém apareceu! Olhou para o chão cansada viu uma chave, e ao lado um bilhete, abriu cuidadosamente..

Penn...

Eu não sou boa com despedidas, então, só tenho que pedir desculpas...Por te abandonar ! Vou sempre te amar, e não importa a distância meu amor sempre vai te encontrar!

–Allya M.

Penélope, não entendeu abriu a porta da casa com a chave, e caiu ao chão desesperada a casa estava vazia, subiu as escadas até o quarto de Allya, imaginou como tudo era...Imaginou a Nick, cantando por sinais, imaginou o Nichollas ouvindo aquele rock pesado, imaginou a Mary preparando o jantar e abraçando o Jhon...

Imaginou não! Lembrou como era a família Morgan...

Enquanto Penélope se recuperava, Allya estava triste e querendo morrer, por ter magoado a amiga...Durante toda a viagem, ela permaneceu calada , não quis comer, nem beber, foram mais de 15 horas de Voo, mais 7 de carro .

–Bem vindo a Helston querida! - Exclamou Jhon, com alegria.

A cidade não era muito grande, super diferente de Moscou! E pra tristeza de Allya era frio, mais não tão frio quanto Moscou. A casa era pequena , mais arrumada, Allya entrou analisou, e então Jhon lhe apresentou todos os cômodos , seu quarto ficava a esquerda e era o único comodo do andar de cima, na frente da escada havia uma janela enorme de vidro, não como a que tinha na sua ex-casa em Moscou , mais também era bonita...

Allya tomou um banho frio , colocou uma calça jeans preta, uma blusa de mangas compridas preta e uma bota marrom sem salto ! Penteou os cabelos alaranjados, e os soltou. Eram lindos , compridos , lisos e com cachos nas pontas.

Desceu as escadas quase correndo já era noite, procurou o pai não o encontrou! Quando abriu a porta de entrada da casa, não acreditou no que viu! O jardim da sua casa estava lotado de pessoas estranhas! Estranhas pra ela, mais o seu pai parecia conhecer muito bem...

Tinha uma churrasqueira, uma mesa, mulheres traziam comidas diferentes, policiais rodeavam toda a casa... Aos olhos de Allya aquilo era um caos...

–Ah! Allya, querida se aproxime...-Jhon gritou sentado na mesa com uma garrafa de Uísque na mão.-Não seja Tímida !

Allya sorriu desconfortada, não gostava de estar no meio de tantas pessoas...

–Este é o Reverendo Charlie, esta é uma velha amiga , aqueles são policiais do meu batalhão. Estamos nos conhecendo melhor...Venha comprimente todos...-Continuou Jhon.

Allya, cautelosamente conseguiu voltar para o quarto, sentou na cama e começou a chorar.

Chorou até adormecer...

Quando finalmente abriu os olhos o sol já estava iluminando a enorme janela. Diferente de Moscou o Sol nascia e aparecia em tempo em real. Em Moscou o Sol só é realmente visto, horas após nascer, e as vezes nem é visto, já que a neve e o tempo nublado predominam a Rússia.

–Droga ! Maldita Inglaterra! Não vou me acostumar nunca!- Susssurrou enquanto atirava um travesseiro na janela, que imediatamente voltou para ela. -O sol de Moscou é mais legal !

Levantou, pegou uma bolsa que estava na porta do quarto junto com um bilhete.

–Querida Allya, hoje é seu primeiro dia de aula aqui em Helston e apesar de estarmos no meio do ano letivo, fiz questão de compra seu material Didático. Como é primeiro ano do ensino médio, tentei não exagerar , mais sabe como é um pai coruja! Já fui pra delegacia trabalhar, então o reverendo Charlie vai leva-la na escola. Ah já ia me esquecendo Margareth nossa vizinha vai ficar um tempo com a gente, tome o delicioso café que ela preparou e não se atrase!

Bj -Papai

Allya, desceu cumprimentou Margareth, e saiu. Charlie já esperava ela dentro do carro. Allya entrou e eles partiram. Durante todo o trajeto, o reverendo não deu uma palavra , mais quando chegaram que ela desceu do carro ele alertou:

–Cuidado com a volta, plantas secas são ótimos esconderijos do mal! -Sorriu e se foi.

Allya por alguns segundos parou e pensou no que ele havia dito guardou aquilo muito bem. Caminhou em direção a escola...

Entrou, procurou a direção.

–Bom dia em que posso ajudar? -Perguntou uma moça muito simpática.

–Bem, eu me chamo Allya, sou nova aqui. Queria me informar sobre o horário das minhas aulas.-Respondeu Allya .

–Sim, claro ! A novata Russa não é ?-Allya fez um sinal de confirmação com a cabeça.-Fala inglês muito bem , para uma genuína Russa .Mais enfim está aqui suas aulas, pegue esse papel, e quando for embora passe novamente aqui para assinar uns documentos. Tenha um bom dia.

Allya pegou o papel e retirou-se. Continuou caminhando a esmo.

–Huum, primeira aula é História na sala 9. -Leu o papel em voz baixa.-Onde é que fica a sala 9 ?

–Com licença. Posso ajudar ?- Era uma garota morena, olhos escuros, magra e muito bonita .Antes que Allya pudesse responder ela tomou o papel da mão de Allya.

–Ah, você é novata né?

–Sou sim.

–Percebi! Aí é o banheiro dos meninos, por favor venha por aqui.

Ela puxou a mão de Allya para que pudessem caminhar juntas.

–Me chamo Anne, sou a garota mais estudiosa desse colégio inteiro.Tenho vários troféus em Física , Ciências , Química e Física Quântica! Você não é inglesa. Como se chama?

–Ah , me chame apenas de Allya! Não sou inglesa, sou Russa. Especificamente de Moscou!

–Uau! Sempre tive vontade de conhecer a Rússia ! Enfim é aqui! Pararam em frente a uma sala, cheia de alunos. E sem professor. A baderna era muito grande na sala, casais namorando, sons altos e papéis voando por todo lado.

–Aqui ? Tem certeza? -Perguntou Allya duvidosa.

–Aqui mesmo. Olha eu sei que na Rússia o ensino é mais rígido, tem uma coleção de uniformes, vários livros, é proibido celular, e outra série de regras, que levam os colégios serem mais disciplinados que os presídios . Mais aqui na Inglaterra as coisas não são assim , se acostuma! Vou entrar com você.

Elas entraram, Allya observava cada detalhe , enquanto Anne cumprimentava todo mundo!

–Olá meninas! Anne, me apresente sua amiga...-Perguntou um garoto, muito bonito, parecia ser popular as garotas estava todas em cima dele.

–Ah! Claro! Allya, esse é o Briel! O garoto mais cobiçado de toda a escola.É como um irmão mais novo pra mim.

–Prazer, Pitter Briel ao seu dispor princesa.- Disse Briel, beijando a mão direita de Allya.

–Ah! Prazer....Pode me chamar de Allya...

–Esse é o sotaque Russo, ou é impressão minha ?

–Não, não . Ela é Russa, particularmente de Moscou.-Intrometeu Anne.

–Uau! Muito encantado...Seu inglês é péssimo...-Exclamou Pitter.

–Eu seei...

–Qualquer dia eu posso te dar umas aulas! Tudo bem ? -Perguntou Pitter piscando o olho.

–Claro..Qualquer dia...-Respondeu Allya constrangida.

–Huhurm.-Pigarreou alguém atrás.-Podemos começar?

–Claro professor Logan!- Respondeu Anne sentando Allya em uma cadeira ao lado de Pitter.

–Antes de começarmos quero apresentar a vocês uma nova aluna!

Tirou um papel do bolso, e começou a ler...

–A direção me informa que hoje é seu primeiro dia aqui conosco. Por favor senhorita Morgan fique de pé para que a turma a conheça.

Allya, estava com muita vergonha, mais levantou . Todos a olhavam entre cochichos.

–Fiiiiiu Fiiiiiuuu! -Brincou um garoto logo atrás!

Logan estava simplesmente sem fala, enquanto Allya não conseguia olhar nos olhos de ninguém.

–Ahran! Enfim...-Pausou um pouco faltou-lhe a fala!

–Professor o livro.-Gritou uma aluna, percebendo que o livro do professor estava caindo.

Tarde demais, quando o professor percebeu o livro estava no chão.

–De onde você vem Allya ?

–Moscou!

–Rússia...Uma viagem e tanto! Seja bem vinda! Agora vamos abrir o livro na página 100!

A aula continuou...Allya fez algumas atividades e quando levantou o rosto, percebeu que o professor Logan não tirava os olhos dela, olhou para o parceiro Pitter, que também estava olhando fixamente para Allya! O resto da aula inteira Allya continuou sendo disputada pelos olhares não só do professor como o de Pitter e tantos outros.

Allya teve mais 5 aulas, e depois já podia ir pra casa, como teve aulas complementares, saiu da escola uma 6:00 da noite, ia sozinha para casa, não era tão longe não ia se perder, despediu-se de Anne e começou a percorrer o trajeto da escola até em casa. Em nenhum momento tirava as palavras do reverendo da cabeça!

"–Cuidado com a volta! Plantas secas são ótimos esconderijos do mal! "

Aquilo soava como uma ameaça, em sua mente! Allya começou a temer quando percebeu que o caminho já estava escuro e deserto, apenas pinheiros altos, secos e congelados a cercavam, o céu estava nublado! O tempo estava um cinza branco!

Allya ouviu uns passos, se afastou da estrada as aves que estava dentro da floresta voaram espantadas. Alguém estava na floresta e estava seguindo ela. Sem cerimonias uma mão a puxou pela cintura enquanto outra calava a sua boca para não gritar, a arrastou até a floresta, Allya chorava silenciosamente, e se lembrava do aviso do Reverendo! Ela estava sendo levada para algum lugar ! O mal estava na floresta, dentro dos galhos secos!

De repente o agressor a atirou ferozmente no chão, e violentamente deu -lhe um tapa no rosto, o que fez Allya gemer! Ele segurou-a pelos cabelos , e puxou um punhal , pegou o pulso direito de Allya, levantou a manga , e cravou a ponta do punhal, imediatamente desceu-o pulso abaixo, Allya gritou, apenas sentia a dor, não podia sequer ver quem era, o tapa foi tão forte que ela ainda estava recobrando os sentidos...

Ambos ouviram passos que se aproximavam. O agressor correu abandonando Allya ali, ferida e um pouco desacordada!

O alguém que se aproximava, pegou Allya nos braços e a levou até o carro onde a acomodou , colocou o cinto de segurança nela, entrou no carro , olhou o ferimento no braço de Allya .

–Droga!

Allya Abriu os olhos, conhecia aquela voz...

–Logan...-Por alguns segundos Allya continuou inconsciente, até que finalmente recobrou os sentidos :

–Logan? Professor ? O que está acontecendo quero ir pra casa!

–Calma Allya! Está tudo bem!

–Tudo bem ? Que merda é essa ?

Logan riu...Um palavrão inglês com sotaque Russo, é terrivél!

–Porque está rindo ?

–Garota você mal chega e já arruma problema! Vou te levar em casa...Onde você mora?

–E-u , eu moro ... Ah! Que se dane! -Allya saiu do carro, batendo a porta com toda força e seguindo o caminho .

–Você está louca ? Entra no carro... Allya entra agora!

Logan desceu do carro, seguiu Allya , a puxou pelo braço e a jogou na frente do carro, quando Allya tentou sair, ele bloqueou sua passagem com o próprio corpo, a pressionando na frente do carro de forma que Allya mal consegui respirar , suas pernas estava entreladas, ele podia sentir cada parte do corpo de Allya, com a boca quase encostada na dela ele gritou:

–Eu mandei entrar no carro!-Ele respirou fundo como se tivesse lançado um fardo longe. -Por favor, entra no carro...-Pediu ele, desta vez sussurrando no ouvido dela.

Allya, estava com raiva.

Ambos os corpos separaram, e voltaram para o carro.Passou- se vários minutos até que Logan , enquanto dirigia quebrou o Silencio:

–Tem certeza de que não quer ir ao hospital?

–Não.

Allya estava no banco do passageiro, com a cabeça encostada na janela, olhando a minusculas gotas de água que a leve neblina soltava.

–Seus pais estão em casa ?

–Moro com meu pai. Ele está na Delegacia.Ele é xerife!

–Bom acho que é aqui né?-perguntou Logan descendo do carro e abrindo a porta por onde Allya ia sair.

–Me desculpe professor. Obrigada...

Allya saiu andando em direção a porta , o ferimento ardia... Estava tonta...Cambaleou , sua vista escureceu ...

Desmaiou...