Física Quântica escrita por Last Rose of Summer


Capítulo 1
Física Quântica




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Era madrugada. A lua cheia ainda brilhava lá fora e sua luz filtrava-se levemente pelas janelas dos corredores poucos percorridos de Hogwarts. Uma figura negra caminhava por eles, sua silhueta precariamente iluminada pela luz na ponta da própria varinha.

Em algum lugar, Pirraça aprontava alguma coisa. A figura ouvira o zelador reclamar e Madame Nor-r-ra soltar seu frequente miado irritado. Isso não influenciaria no que ele ia fazer, no entanto. Era algo que ele fazia praticamente todos os dias desde que ela se fora.

Fazia quase um ano agora, mas a ferida ainda estava aberta em seu peito. Só de lembrar de sua voz ou do seu riso ele tinha vontade de chorar. Já teria acabado com a própria vida, mas prometera a Dumbledore que cuidaria do filho dela. Manteria a promessa. Manteria o legado de Lily. Era a única coisa real que restara dela. O bebê com a cicatriz e os mesmos olhos.

Os mesmos malditos olhos verdes pelos quais se apaixonara anos atrás.

Ele abriu a porta da biblioteca. Madame Pince apenas levantou o olhar para encará-lo. Não lhe perguntou o que faria ali.

— Severus...

Ele ignorou-a. Não se importava se ela sabia o que ele estava prestes a fazer, desde que o deixasse em paz.

Abriu a porta da sala. Lá dentro tinha apenas um objeto que, talvez não parecesse muito interessante de longe, mas tinha o poder de encantar qualquer pessoa. Era o espelho de Ojesed.

Snape prostrou-se de frente para o objeto. Seus olhos arderam de repente, mas ele não mais segurou as lágrimas. Elas escorreram lentamente por sua bochecha até caírem no chão. Ele colocou a mão no espelho, a palma aberta. Lily repetiu o gesto, mas sorria.

— Ah, Lily... Se eu pudesse voltar no tempo!

A figura permaneceu quieta. Ainda sorria, como se alheia ao que tinha acontecido com sua versão do mundo real.

— Eu mudaria tudo, Lily, prometo. Cada ação e escolha minha. Eu não te chamaria de sangue-ruim. Não viraria comensal. Se... — sua voz falhou — Se os universos se dividem a cada escolha, existe um universo em que eu e você estamos juntos. Eu queria poder viver lá.

Ele fechou os olhos, suas últimas lágrimas caindo. Ele apertou sua mão mais forte contra o espelho, como se isso pudesse fazê-lo ultrapassar o vidro e tê-la novamente. Sabia que aquela era a última vez que entraria ali. Dumbledore já lhe dissera que não poderia mais visitá-la, vê-la. Dissera que era perigoso.

Como se ter trabalhado como agente duplo não tivesse sido. Mas Voldemort se fora e levara o amor de sua vida com ele.

— Eu sinto muito, Lily. Por tudo. Mas agora... Eu... Preciso ir. Adeus, meu amor. Adeus, meu lírio. Adeus.


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