A partir daquele dia, todos os dias eu e Marcus saiamos para passear no jardim, sentia-me muitíssimo mais alegre, recuperara a cor e o gosto de viver mesmo estando trancada naquele sítio que tanto odiava.

Mas em todos os nossos passeios havia sempre algo a interromper-nos, em todos os passeios James aparecia para nos estragar a felicidade e sempre Marcus ficava nervoso e um pouco chateado.

Numa noite, já havia mergulhado num sono profundo, estava a sonhar com os meus catorze anos, quando os rapazes paravam abismados a olhar para mim, quando passava as tardes a falar com Cris (por falar na Cris o que lhe aconteceu? E o que aconteceu com os meus pais? continuando…), estava a sonhar com o rapaz que achara giro e de que nunca falei a ninguém.

Tive uma visão, na minha cabeça apareceu Marcus mas estava diferente e de repente arreganhou os dentes e vi… ele era um vampiro… tinha caninos afiados e uma velocidade incrível.

- Não!... – gritei mesmo quando abri os olhos.

Empurrei os cobertores e encostei-me á parede, abracei as pernas e mantive os olhos muito abertos, estava a ficar pálida.

Isabel entrou de relance no quarto com uma cara preocupada.

- Que aconteceu? – Desta vez notava preocupação na voz.

♦

- Alice, a tua pressão arterial está alta, a tua pele está pálida e noto nervosismo e medo no teu rosto. Que se passa? – O médico descreveu o meu estado de saúde em poucas palavras.

 - Nada. – Respondi cabisbaixa.

- Alice, eu vejo que estás com algum problema. Que se passa? – repetiu novamente a mesma pergunta.

Não respondi.

- Vamos tentar de outra forma. – Informou o médico – Tu disseste-me, quando chegaste aqui, que tinhas previsões do que ia acontecer no futuro, não foi?

- O futuro não está escrito, é baseado nas decisões das pessoas… - murmurei.

- Alice, quanto mais rápido tiver consciência que essas “previsões” não são reais mais rápido sais daqui. – Disse o médico num tom compreensivo, mas eu sabia que as minhas visões não eram alucinação.

- As minhas “previsões” como disse são reais e não alucinação.

O médico encolheu os ombros e pediu para Isabel entrar, entregou-lhe um papel e mandou-a levar-me para o quarto.