She Will Be Loved escrita por Carol Munaro


Capítulo 23
Oh, Romeo!


Notas iniciais do capítulo

Hello, guys! Boa leitura :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/394904/chapter/23

Uma semana pra apresentação do livro. UMA SEMANA. E sabem o que eu sei? Nothing! Prevejo a Alice me matando, me esquartejando! Ok, não é pra tanto. Mas eu só sei as primeiras frases. Bom… Melhor que nada.

- Mas que porra é essa? - Alice perguntou olhando os trajes. Pedi ajuda pra minha mãe, já que teríamos que nos vestir que nem Romeu e Julieta.

- Não reclama, não. O seu vestido é bonitinho. Agora a minha roupa… Tem babados nisso! Que absurdo! Vou ficar parecendo uma menina.

- A gente tem que ver se serve.

- Minha mãe tá esperando lá embaixo. - Alice foi pro banheiro se trocar. Me troquei e desci. - Mãe! Isso tá horrível! Eu vou pagar mico!

- Tá um pouco grande. E mico o cacete, menino! Tá bom assim. - Ouvi a porta abrir e, logo depois, uma gargalhada.

- Mas que coisa é essa? - Era o Peter. Bufei. - Tá parecendo Romeu.

- É pra parecer Romeu, seu babaca.

- Preciso de ajuda! - Ouvi a Alice berrar do meu quarto.

- Eu vou ajudá-la. - Minha mãe disse levantando.

- Eu vou tirar esses babadinhos. - Falei.

- Me espera! - Minha mãe mandou. Bufei.

- Eu to horrível.

- Tá mesmo. Queima jeová! - Revirei os olhos.

- Ninguém te perguntou, Peter. - Escutei passos na escada. Meu Deus! Eu preciso casar com essa menina!

- Ela tá linda né, Andy? - Minha mãe perguntou. Alice corou.

- Tá linda sim, tia! Tá parecendo a menina daquele clipe lá… Esqueci o nome. Que é tipo Romeu e Julieta mesmo.

- Love Story. - Respondi pro Peter revirando os olhos.

- É! - Olhei pro Peter. “Tá linda sim”. - Foi só um comentário, Andrew. Abaixa a faca! - Ri. Babaca.

- Eu não vou saber andar com isso na frente de todo mundo. - Alice resmungou olhando pro salto.

- Vai sim, querida. Mulher nasce sabendo andar de salto. Andrew, pega no meu carro uma caixa que tem no banco traseiro.

- Nem fudendo que vou sair assim. - Minha mãe olhou feio pra mim.

- Vai agora pegar as coisas no carro ou eu não tiro as coisas feias da sua roupa! - Nossa, que estresse. Levantei e fui até o carro. Peguei a caixa, tranquei o carro e voltei pra dentro de casa.

- Isso aqui parece um vestido! - Resmunguei.

- Para de reclamar. Dá a caixa pra mim. - Passei a caixa pra ela. Ela marcou o vestido da Alice falando que precisaria fazer uns ajustes. Sei lá. Não entendo disso. Depois foi a minha vez. Graças a Deus minha mãe vai tirar os babados.

(…)

- Me ajuda? - Pedi pra Alice enquanto comíamos na minha casa.

- Ajuda em que?

- Eu ainda preciso arrumar uma empresa de publicidade.

- Existe google pra isso.

- É, mas preciso ir na empresa e todo aquele blahblahblah.

- Isso é o de menos, Andrew.

- Quero sua ajuda.

- Tá. Eu ajudo você. Mas depois. Agora tá tão bom. - Sorri.

- Eu e você. Você e eu.

- Não. A comida.

- Absurdo. - Alice ficou olhando pra mim.

- Sabe o que eu tava pensando antes de vim pra cá? - Dei de ombros. - Que você não decorou o texto. - Pigarreei. - Hein, Andrew!

- O que? Não sei de nada não.

- Você vai decorar esse texto nem que você tenha que engolir os papéis, ouviu? - Nem respondi. - Tenho que ir pra casa. Daqui a pouco minha mãe chega e eu ainda tenho que arrumar meu quarto.

- Não quer minha companhia?

- Hm… Não. É que você vai me distrair e eu vou acabar não arrumando.

- Desculpinha esfarrapada.

- Para de fazer essa cara que eu fico com dó. - Alice me deu um selinho. - Até amanhã. - Acompanhei-a até a porta. Depois, subi. Tomei banho e fiquei no meu quarto tentando decorar o maldito texto.

(…)

- Eu to tão nervosa! - Alice disse enquanto íamos pro colégio. É hoje! Sim, a apresentação é hoje. E é na primeira aula! Minha mãe vai no colégio pra ajudar a Alice se arrumar.

- Eu também. Não to preparado pra encarar o auditório inteiro. - E falar o que também não está no papel. Resolvi incrementar a peça. Mas a Alice não sabe disso.

- Auditório?! - Ela quase gritou. - Você não me disse que ia ser no auditório!

- Não disse porque é uma coisa óbvia.

- Mas… Mas que merda! Não quero mais. Apresente você sozinho. Não quero. Não vou.

- Claro que vai. Para de frescura. E todos os trabalhos de fim de bimestre são apresentados no auditório.

- Vai tá a escola toda?

- Hm… Não. Só a nossa sala. Mas os coordenadores e o diretor vão estar lá.

- Por que, meu Deus?! POR QUE?! - Ri.

- É só uma apresentação de trabalho.

- Eu vou estar vestida de Julieta! Então, não. Não é só uma apresentação de trabalho.

- Para de drama. - Estacionei. Peguei minha mochila e as sacolas com as roupas e entrei no colégio com a Alice do meu lado. Fomos direto pro auditório.

- Olha o tamanho disso! - Alice disse quando subimos no palco.

- Bom dia. - O professor de inglês disse entrando no auditório junto com o diretor.

- Bom dia. - Respondi sorrindo. - Posso usar aquela torre? - O diretor assentiu.

- Tudo bem, garota? - O professor perguntou. Olhei pra Alice. Ela estava quase verde! Não… Exagero. Mas ela estava pálida.

- Eu… Não sei. - Ela respondeu.

- Olá! - Olhei pra porta.

- Tá fazendo o que aqui? - Perguntei.

- Como a primeira aula vai ser aqui, decidi já ficar. - Peter disse e sentou em uma das poltronas. O professor e o diretor não falaram nada. Peguei a torre e deixei posicionada. Logo depois minha mãe chegou. Ela e a Alice foram lá pra trás do palco pra Alice se arrumar.

(…)

A peça estava quase no meio. Alice já tinha perdido a vergonha, como se estivéssemos somente nós dois ali. Estava na parte que ela estava na torre (vamos imaginar que é uma sacada e que há um quarto atrás dela) e eu lá embaixo, largado, no frio, no chão sujo…

- Tu me amas de verdade? - Ela perguntou. Eu sei. É só um teatro. Mas mesmo assim eu estremeci.

- Juro pela lua.

- A lua? A lua muda de fazes todas as semanas. Não jures pela lua. Não jures por nada, só por ti mesmo.

- Como hei de comparar-te a um dia de verão? - Comecei a recitar o soneto 18 de Shakespeare. Alice me olhou tipo “que porra tu tá fazendo?”. Fingi que não vi. - És muito mais amável e mais amena; Os ventos sopram os doces botões de maio; E o verão finda antes que possamos começá-lo. Ahn… - Olhei pra plateia. O professor e minha mãe me olhavam sorrindo. Eu esqueci o resto!

- Oh, Romeu! - Alice disse pra disfarçar. Jesus, socorro! Cadê uma luz na minha vida?! Ah! Lembrei! Agora vai…

- Por vezes, o sol lança seus cálidos raios; Ou esconde o rosto dourado sob a névoa; E tudo que é belo um dia acaba; Seja pelo acaso ou por sua natureza; Mas teu eterno verão jamais se extingue; Nem perde o frescor que só tu possuis; - Alice me olhava surpresa e vi seu rosto começar a corar e ela começou a descer da torre. - Nem a Morte virá arrastar-te sob a sombra; Quando os versos te elevarem à eternidade; Enquanto a humanidade puder respirar e ver; Viverá meu canto, e ele te fará viver. - Peguei na mão dela. Com a outra, acariciei seu rosto. - Acreditas em mim? Acreditas que te amo? - Alice ficou sem reação. Isso não estava no roteiro. Mas… Foda-se. Puxei o rosto dela pra perto do meu e lhe dei um selinho. Ouvi os gritos dos idiotas da nossa sala de Inglês (principalmente do Peter), mas fingi que só escutávamos o silêncio.

(…)

A peça terminou com uma Alice/Julieta chorando e um Andrew/Romeu morrendo. Fomos pra trás do palco. Minha mãe ajudou a Alice a tirar o vestido. Me troquei e fui pra porta do auditório esperar as duas.

Minha mãe foi pro trabalho e Alice foi comigo pra próxima aula.

- Eu ainda não acredito que você decorou o soneto. - Ela disse e eu sorri.

- Fazia parte.

- Não fazia, não. Não estava no roteiro. - Só havia nós dois no corredor. Passei um braço pelos ombros dela.

- Resolvi colocar.

- Nem me avisa.

- Queria fazer surpresa.

- Aquilo… Aquilo foi uma surpresa pra mim? - Ela perguntou envergonhada.

- Hm… É.

- No final do soneto…

- Eu disse “te amo”. Eu sei. - Ela olhou pra mim com os olhos arregalados. - Não! - Ri. - Não é isso. Foi só pra deixar bonitinho.

- Ah tá! Que susto levei agora…

- Assim… Eu… Eu gosto de você. - Eu tava quase me engasgando.

- Eu também gosto de você. - Saímos da escola. Acho que resolvemos matar aula.

- Acho que é mais. - Disse e mordi a língua. Eu sou frouxo pra caralho!

- Mais? Mais o que?

- Acho que é mais que um gostar. - Vi a Alice engolir em seco. - Entende?

- Sim. - Tá vendo por que não gosto de falar? A pessoa nunca responde a mesma coisa. Entramos no meu carro.

- Pra onde quer ir?

- Sei lá. Pra minha cama, de preferência.

- Tá querendo dizer que quer…

- Não começa, Andrew. - Ela me interrompeu, rindo e corando.

- Mas eu nem falei nada! - Disse rindo.

- Mas ia dizer. - Fomos pra casa dela. Depois, fomos direto pro quarto. Só deitamos na cama. Fiquei fazendo carinho no cabelo da Alice até ela dormir. Pouco depois, dormi também.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, o começo do teatro eu peguei da internet e coloquei o soneto no meio. Ahn... Espero q tenham gostado! Bye :3