She Will Be Loved escrita por Carol Munaro


Capítulo 11
I Wanna Kiss You


Notas iniciais do capítulo

Hello!!!!! Boa leitura :3



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Chegamos em Toronto era quase 19h30. Assim que pegamos um quarto no hotel, avisei pra ela que eu ia comprar alguma coisa pra gente comer. Ela não me respondeu. Bufei saindo do quarto.

Demorei um pouco porque não fazia ideia de qual mercado era o mais próximo. Se eu perguntasse pra Alice, ela não me responderia. E se eu perguntasse pro cara da recepção, era capaz de ele me mandar a merda por encher o saco. Fiquei mais de meia hora rodando por Toronto porque ninguém que eu perguntava me dizia o certo. Até que, finalmente, achei!

Comprei o que achei necessário (isso inclui toalhas, já que o hotel não era nem um pouco confiável), e voltei. Quando entrei no quarto, vi que tudo estava escuro.

- Alice? - Perguntei. Senti uma brisa e vi que a porta da varanda estava aberta. Deixei o que eu tinha comprado em cima da mesinha que tinha ali e fui até lá. - Você saiu? - Perguntei assim que vi a garrafa de bebida na mão dela. Ela estava sentada em uma das cadeiras que havia ali e estava chorando. Sentei na outra, do lado dela e tentei tirar a garrafa da mão dela, mas ela puxou de volta. Depois de fazer mais força do que eu achava necessário, consegui. - Odeio te ver chorando. - Alice olhou pra mim e abriu a boca pra falar algo, mas desistiu. Jurei que ela falaria “problema teu". Não duvido nada que era isso mesmo. - Vai falar o que aconteceu dessa vez?

- Eu to cansada. - Já é um começo… A voz dela estava embolada já. Além dessa, quantas garrafas ela bebeu?

- De que?

- Por que você tinha que me trazer pra cá?! - Ela falou alto. Ah, que bacana… Agora a culpa é minha? - Odeio você!

- Nossa, obrigado. - Disse irônico e começando a ficar irritado.

- E aquela porra ainda aconteceu a duas ruas atrás! - Agora tudo começou a ficar mais interessante.

- Que porra? - Ela respirou fundo e demorou pra me responder.

- Foi um pouco antes do término das aulas no verão passado. - Ela parou. Até achei que ela não fosse continuar. Mas não falei nada. - Eu e o Will tínhamos ido em uma festa de um amigo dele. Estava chata. Resolvemos andar um pouco. Só que esse “um pouco" acabou virando mais de uma hora. - Ela riu. - Como era fácil me perder no tempo com ele! - Ok, pode pular a parte de amor e devoção ao Will, por favor? - Sem perceber, entramos em uma rua sem movimento. Demos meia volta e vimos um cara seguindo a gente. Ele sorriu e Will apertou ainda mais a minha mão. O cara falou que era um assalto e mostrou a arma, pedindo pra gente não berrar. Will era forte, alto… Óbvio que o cara veio pra cima de mim. - Ela levantou e foi lá pra dentro. Me virei um pouco, ainda sentado, e vi ela pegando outra garrafa. Revirei os olhos. - Foi quando o cara atirou e… - Ela disse sentando do meu lado novamente, mas parou. Enquanto ela me contava, lágrimas ainda caíam pelo rosto dela. Mas quando chegou nessa parte, a situação piorou. Ela começou a chorar alto. Alto demais. A situação era completamente desesperadora. Eu não sabia o que fazer! - Ele entrou na minha frente! A culpa é…

- Não! - Falei interrompendo e ela olhou pra mim um pouco assustada. Acho que ela tinha esquecido da minha presença. - Não fala que a culpa é sua.

- Como não?!

- Porque não é. A única pessoa que tem culpa é o cara. - Ela soluçou alto.

- Merda! Você acredita que não foi nem três dias depois da minha primeira vez?! - Ok, eu não precisava saber disso. - Me sinto um lixo.

- Acho que você precisa dormir. E amanhã você precisa de uma aspirina.

- To legal aqui. - Levantei e peguei a outra garrafa da mão dela novamente. Deixei em cima da cadeira que eu estava. Peguei na mão dela e ela levantou.

- Acho que você precisa de um banho. Não sei se isso funciona, mas é melhor que nada.

- Já disse que eu to legal! - Fingi que não ouvi e continuei arrastando-a pro banheiro. Até que ela parou bruscamente, me fazendo ficar de frente pra ela. - Sabe por que que eu me sinto um lixo? Porque eu tenho vontade de beijar você. - Ela falou baixo e muito perto de mim. Eu poderia agarrar a Alice naquela hora e finalmente satisfazer meu desejo. Eu poderia passar a noite transando com ela, mesmo que ela não se lembrasse de nada no dia seguinte. Eu poderia fazer milhares de coisas ainda mais sabendo que ela queria. Mas ela estava bêbada, fora de si. Eu ia me sentir um canalha e mal caráter. E a última coisa que eu quero é magoá-la.

Fingi que não ouvi e continuei arrastando-a até o banheiro. Coloquei no gelado e enfiei ela de baixo do chuveiro. Ela soltou um gritinho e eu ri.

- Tá muito frio! - Alice disse com um bico na cara. - E você ouviu o que falei? Eu quero beijar você!

- Fala isso amanhã. - Disse rindo. Ela me puxou e eu sentia seus lábios roçando no meu.

- Quero um beijo hoje. Não amanhã. - Praguejei até os filhos que a Alice não tem!

- Sério, não me provoca. - Ela grudou os lábios no meu pescoço, me dando um chupão. - Alice, eu to falando sério. - Ela mordeu e começou a levantar minha blusa. Cara… Ela tá me tarando! E porra… Tá funcionando mais do que devia. Teve uma hora que não aguentei mais. Bem quando ia puxá-la pra mim, ela correu pro vaso e vomitou até o estômago.

(…)

- Mas que merda! - Alice disse quando se sentou na cama, logo depois de acordar.

- Comprei aspirina hoje de manhã. - Disse abaixando o volume da TV.

- Obrigada. Eu vou tomar banho. Depois vamos embora. - Ela disse se levantando e se dirigindo até o banheiro.

- Você lembra do que aconteceu ontem? - Perguntei fingindo indiferença. Ela parou na porta e olhou pra mim.

- Lembro. - Alice entrou no banheiro, antes que eu pudesse falar qualquer coisa, e fechou a porta.

- E você ainda disse que eu não sou pegável! - Berrei pra ela escutar e ouvi sua risada.

Fiquei um pouco mais de meia hora esperando a Alice terminar de se arrumar, já que eu já tinha até tomado café da manhã. Fui até a pequena cômoda que tinha do lado da cama dela. O livro Querido John estava ali. Abri na página marcada e tinha um trecho grifado.

"Escrevo na primeira pessoa do singular porque sou eu quem choro, que sangro, que vivo. A minha história é real. O que sinto também é real. O abraço da solidão, o meu gosto por músicas que despertem memórias, o meu gosto por romances que não deram certo, tudo isso é real. Por isso escrevo na primeira pessoa, porque sou eu, é a minha vida, são os meu sentimentos. Escrevo na primeira pessoa, porque sou a única pessoa que restou. E todo dia uma canção é escrita sobre um amor que não floriu, um romance é escrito sobre dois apaixonados que não puderam se amar. E tudo isso me faz escrever. Porque você faz falta e essa falta me consome, me dilacera. A sua falta me faz te amar. Sou do time dos que sonham alto, que acreditam em milagres. Sou daqueles que gostam do que não podem ter, que amam quem se foi. Eu amo você."

Abri a contra-capa e tinha algo escrito:

“I know someday you’ll have a beautiful life,
I hope you’ll be a star,
In somebody else’s sky,
But why, why, why
Can’t it be, oh can’t it be mine?"

Era uma parte de Black* do Pearl Jam escrito com uma letra feminina. Olhei na parte de trás da capa e tinha uma dedicatória:

"Pra menina mais linda do mundo, pra que ela conheça o verdadeiro significado do amor.

Te amo.

Will."

Fechei o livro e deixei onde estava. Fiquei andando pelo quarto fuçando nas coisas até ela sair.

- Vai comer o que? - Perguntei, parado na frente da mesinha e mexendo nas compras, quando ouvir a porta do banheiro sendo aberta.

- Como no caminho.

- Claro que não. A gente vai falar sobre ontem. - Ela riu irônica.

- Você tá delirando.

- Eu to falando sério. Senta aí. - Ela continuou em pé, mas se encostou na parede do lado da porta do banheiro. - Você sabe que não foi sua culpa.

- Andrew, não era nem pra eu falar sobre aquilo com você!

- Só me escuta. É óbvio que você não teve culpa de nada. E outra, qual é a da roupa preta? Luto eterno?

- O que eu me visto e faço com a minha vida, não te diz respeito.

- Eu sei que não. Mas… Caralho, Alice, o que você tá fazendo com você mesma?!

- Não te interessa.

- Sim, me interessa. Você tem dificuldade em interpretar as coisas? Qual a dificuldade de perceber que eu me importo com você? E pode ter certeza que esse Will ia querer te ver feliz, superando isso, e não se afundando. - Ele não olhava mais pra mim. Olhava pra baixo. - E se fosse o contrário?

- Will era mais forte que eu.

- Todos nós pensamos que somos mais fracos. Mas a minha pergunta se refere à: você ia gostar se ele ficasse afastado do mundo, de luto pro resto da vida?

- Eu já disse que ele não…

- Mas e se ficasse? Você ia gostar? - Perguntei interrompendo. - Lembra da frase de Querido John? “Amor significa pensar mais na felicidade da outra pessoa do que na própria, não importa quão dolorosa seja sua escolha". Ele te amava, certo?

- Sério. Eu não quero falar sobre isso. - Alice disse baixo.

- Tudo bem. Só promete pra mim que vai pensar no que eu te falei? - Ela mordeu o lábio e ficou olhando pra mim.

- Prometo.

(…)

- Pra qual lado eu vou? - Perguntei pra Alice. Já tínhamos saído de Toronto faz horas. Uma fila já começava a se formar atrás de mim.

- Sei lá, Andrew.

- Sério, eu to com dúvida.

- Pra qualquer um.

- Quer ir pra praia ou pro campo? - Eu já ouvia dezenas de buzinas.

- Praia. - Andei mais uns quilômetros. Parei na guia quando vi um placa escrito “Ottawa".

- A gente vai ter que voltar. Estamos quase em Ottawa. Quase duas horas a mais até Kingston.

- Fazer o que… Mas se você estiver cansado, a gente para em Ottawa. Não tem problema.

- Não. Vamos até a praia. - Mais duas horas dentro do carro. - Se quiser, pega o CD que você me deu e coloca no rádio. Tá dentro do porta-luvas.

- Você escutou?

- Três vezes. - Ela sorriu.

- Então a reeducação musical está funcionando?

- Perfeitamente. - American Idiot começou a tocar e ela sorriu, provavelmente se sentindo a pessoa mais confortável do mundo.

- CD preferido?

- Sempre foi. - Sorri junto com ela. Ficamos um tempo em silêncio. Só ouvindo o CD. Ainda não tínhamos falado sobre o quase beijo ou sei lá o que foi aquilo de ontem.

- Falando sobre ontem ainda… Ér…

- Já disse que não quero falar sobre isso, Andrew.

- É outro assunto. - Ela me olhou um pouco corada.

- Eu estava bêbada. Não liga.

- Ligo sim. Eu to com uma marca no pescoço!

- Seu pai vai pensar que você fez sexo selvagem todos esses dias. - Ri.

- Aquilo que você disse ontem…

- Olha, eu estava bêbada, ok. Já disse.

- Sei…

- Para. - Ela disse totalmente envergonhada.

- Mas o que eu to fazendo? - Perguntei rindo.

- Tá me deixando com vergonha.

- Mas eu não to fazendo nada! E dizem que quando as pessoas ficam bêbadas, elas falam o que têm vergonha de admitir.

- Para de mentir, garoto! - Ri. Parei o carro no estacionamento e ela ficou olhando pra mim. Tirei o cinto e puxei ela pra mim. Não esperei pra colar nossos lábios. Enquanto nos beijávamos, ela fazia carinho na minha nuca, fazendo eu me arrepiar. Paramos pela falta de ar e ela ficou olhando pra mim ofegante, assim como eu.

- Acho que eu gosto mesmo de você. - Disse e ela arregalou os olhos, como eu já imaginei que faria.

Sorri. Claro que o beijo não aconteceu e não parei o carro. Pelo menos não ainda.

*Tradução da parte da música:

"Eu sei que algum dia você terá uma linda vida,
Espero que você seja uma estrela,
No céu de um outro alguém,
Mas porque, porque…
Por que não pode ser, por que não pode ser no meu?"


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Notas finais do capítulo

Bom, eu realmente sou apaixonada por Querido John cara... .-. E teve um troll básico ali no final. Não me matem, ainda tenho q escrever o resto da fic! Espero q vcs tenham gostado como eu amei escrever esse cap. Bye! :3