Falling Skies - Ben Mason, When Oddities Match escrita por Many Things at Once


Capítulo 8
The Heartless Girl


Notas iniciais do capítulo

Esse ficou curtinho...
Eu fiquei esperando os comentários atingirem a meta para postar o capítulo, mas aparentemente ninguém está interessado... Isso me deixa muito triste, saber que mais de 700 pessoas passaram os olhos pela minha estória e dessas, menos de 7 me deixaram comentários...
Sinto muito, mas não sei se vai dar para continuar desse jeito



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What I've Done (Linkin Park)
"In this farewell
There's no blood
There's no alibi
'Cause I've drawn regret
From the truth
Of a thousand lies
So let mercy come
And wash away
What I've done
I'll face myself
To cross out what I've become
Erase myself
And let go of what I've done"
O que eu fiz (Linkin Park)
"Nesta despedida
Não há sangue
Não há álibi
Por que eu retirei arrependimento
Da verdade
De mil mentiras
Então deixe a compaixão chegar
E levar para longe
O que eu fiz
Eu vou me encarar
Para eliminar o que eu me tornei
Me apagar
E esquecer o que eu fiz"

Eu não queria pedir para Missi ir comigo na missão, eu gostava muito dela para pedir isso. Mas em quem mais eu confiava para levar? Eu confiava ligeiramente em Ben, e um pouco mais em Missi. Seria imprudente levar alguém que eu não confiasse. Então simplesmente perguntei a ela se aceitava ir na missão, explicando que não era isso que eu queria, mas que ela era a única em quem eu confiava o suficiente para levar na missão.

Mississipi aceitou de imediato, mas eu podia ver em seus olhos que não queria aceitar. Não quiz discutir, por que não era como se eu tivesse outra escolha. Fui dormir sem verdadeiramente querer dormir.

Me forcei a fechar os olhos e ignorar os pensamentos estúpidos que enchiam minha mente.

Sonhei com uma garota de peito vazio. Ela jazia em uma cama de hospital com dutos saindo de seu peito. Os dutos se estendiam até onde minha vista não alcançava mais. Comecei, então, a correr atrás dos dutos desesperada por que eu já sabia onde eles me levariam.

Me aproximei do fim dos dutos onde jazia uma caixa de vidro com algo cinza pulsado dentro, primeiro pensei que fosse um pássaro machucado, mas logo em seguida percebi que aquele era um coração quase morto pulsando dentro do vácuo da caixa translúcida. O problema é que aquele não era um coração qualquer, era o meu coração.

Virei me desesperada, preparando-me para ver novamente a face da garota. Ela estava bem mais próxima daquela vez, apenas a alguns metros de distância. Disparei novamente atrás dela, mas eu não conseguia mais correr, estava me afogando no piso, como se ele fosse feito de areia movediça. Conforme eu me aproximava, a minha figura doente na cama envelhecia a cada respiração descompassada e fraca.

Quando consegui chegar a alguns centímetros da velha, ela soltou seu último suspiro arrependido. Foi quanto o chão me engoliu completamente.

"Eu a amei tanto" repetiam vozes no escuro. Algumas eram conhecidas e outras eram apenas um dejá-vu...

Não acordei respirando fundo como se faz quando se tem pesadelos, na verdade foi na maior das calmarias que eu abri os olhos. Quando a areia movediça me engoliu eu não tentei lutar contra o afogamento, apenas aceitei a morte, acredito que foi por esse motivo que acordei tão calma.

Missi estava sentada na parte de baixo do beliche lendo um de seus livros de Shakespeare. Me levantei e fui ao banheiro sem nem mesmo falar com a loira. Em primeiro lugar por que não queria, em segundo lugar por que eu não queria que ela percebesse com o que eu tinha sonhado, não queria que ninguém soubesse.

Eu estava horrível, minha imagem no espelho implorava por um banho e mais quatro horas de descanso. Olhei no relógio, eram 4:32 da manhã, podia tomar um banho, mas não podia ter mais nem 10 minutos de descanso. Peguei uma toalha limpa encima da pia e entrei no box sem nem me preocupar em fechar a porta. Pendurei a toalha no gancho da parede e me despi sem pudor, simplesmente arranquei aquelas roupas desejando nunca mais ter que vê-las novamente. Eu estava molhada, fedida, nojenta e suja.

O fato de a morte se aproximar cada vez mais enchia meu peito de esperança como a aposentadoria enchia o peito de um soldado que quer voltar para casa e ver sua família. Eu não era uma suicida, mas também não me consideraria viva. Morta viva, talvez fosse a melhor palavra para me descrever, zumbi, azumbizada. Isso era realmente terrível, eu não sentia tristeza, nem felicidade, não sentia nada. Apática.

Nada me importava se não o fato de que eu voltaria ao serviço de campo. A adrenalina fazia com que eu me sentisse viva.

Era estranho admitir isso, mas eu estava com saudades da minha mãe. A arrogante Marie, sim, eu sentia muita falta dela. Já tinha sentido falta do meu pai, de Fred, de Nigel e de Grab, mas nunca de minha mãe. Ela era o estereótipo da mulher rica e bonita, com uma filha e marido troféus, por isso não gostava muito de meus irmãos. Enteados estragavam sua fantasia de vida e família perfeita, mas amava meu pai e sabia que não podia ter um sem o outro.

Entrei no banho gelado, arrepiada com a temperatura. Porém, banhos gelados eram o único contato com agua que eu conseguia ter, se a água fosse quente, meus espinhos começavam a doer, mas naquele dia, a dor era a menor de minhas preocupações, eu tinha acabado de destruir a família de Ben, além de ter condenado não só ele, mas Missi também à morte.

Eu odiava aquilo. Ter que ignorar todos os meus sentimentos fortes, mesmo eles sendo ruins, mas era preciso. Estava enlouquecendo aos poucos, mas era de certo modo bom, pois era uma prova de que eu não estava exatamente morta.

Me lavei exatamente como me lavava antes dos aliens chegarem, como eu me lavava quando estava na base, do mesmo modo que eu não me lavava ha meses. Limpei cada centímetro do meu corpo. Não pude evitar um sorriso quando percebi que o tiro que eu tinha levado na perna já estava cicatrizado, isso era uma das vantagens de não se completamente humana.

Saí do banho e me enxuguei com uma toalha que Missi tinha deixado para mim encima da pia no dia anterior. Fui até o quarto enrolada na toalha e peguei as roupas que ela tinha deixado separadas para mim. A loira não estava no quarto, encima cama que ela estava antes agora só havia uma mochila murcha e o livro aberto na página 68.

Aquelas roupas eram novas, novíssimas para se sincera. Havia um top de ginástica, uma regata verde oliva, um pulôver bem maior que eu, e uma jaqueta de aviador, para baixo havia uma calcinha estilo de vovó, uma calça legging preta e um jeans que combinava perfeitamente com as botas de combate.

Vesti as roupas e saí do quarto. O extenso corredor estava extremamente silencioso. Soube que era ali, naquele bloco que todas as crianças com espinhos dormiam, o que me fazia entender em parte o por que de Ben querer tanto ir embora. Mantinham todos no mesmo lugar como uma criança coloca seus brinquedos favoritos em uma caixa separada. Hilário, perturbador, mortal, santo, são e louco ao mesmo tempo. Um ato vaidoso de certa maneira.

Fui até o refeitório e vi algumas pessoas tomando café da manhã. Olhei no relógio de pulso e vi que eram 5:05, um horário um tanto irônico se levássemos em conta o fato de que as primeiras naves pousaram na terra no dia 5/05... Cinco de maio.

Peguei ovos, bacon, uns pães e uma maçã. Meu prato estava imenso, eu sabia que aquela era a minha última refeição decente até eu chegar na base, por isso fiz questão de comer tudo, sem deixar nem uma migalha se quer. Já eram 6:43 quando eu terminei a última tira de bacon. Tomei um suco de laranja para completar. Fui até o quarto e escovei os dentes antes de descer para o mesmo local pelo qual tinha entrado.

Me perdi três vezes antes de achar o caminho correto. Quando cheguei lá, Ben estava do lado de fora de um Jeep esportivo conversando com uma mulher.

Ela tinha longos cabelos escuros e estava com uma barriga de nove meses de gestação, supus que aquela fosse sua madrasta, Anne de quem Miranda tanto tinha falado. Pelo que ela tinha dito, Anne era médica e esposa de Tom Mason. Eu apenas a reconheci pela sua barriga.

Me aproximei vagarosamente e ouvi trechos da conversa.

–É a sua irmã que vai nascer - ela disse

–Acredite - falou Ben - ela ficará melhor longe de mim

–Ben, por favor - ela sussurrou - não posso perder mais um filho

Ele olhou para cima com o olhar perdido e depois voltou seus olhos para a mulher

–Não sou seu filho - ele disse - sou seu enteado.

Dito isso ele entrou no banco do motorista do Jeep. Missi estava no banco de trás lendo Othelo. Entrei na frente muito desconfortável com a tensão do local. Antes que eu pudesse fechar a porta, um homem negro apareceu e começou a me entregar armas e munição, uma luger, uma glock, um M16 e uma AK47 com uma mochila de munições e suprimentos.

–Prontas? - perguntou Ben sério

Missi assentiu sem tirar os olhos do livro e eu sussurrei um quase inaudível "sim". Entendi então o significado do meu sonho. Aquela garota que sucumbia sem coração era nada mais que uma metáfora para a frieza que eu carregava, Gabriel (Grab), meu irmão diria que tenho coração de pedra, acredito que ele provavelmente estaria certo.

Eu estava me afogando no meu próprio desespero, e o pior de tudo era que estava levando Ben e Missi também. Um garoto revoltado com uma família perfeita e uma garota solitária que vivia em seus livros, eu estava matando-os ao mesmo tempo que estava me matando...

Eu era. Eu sou uma garota sem coração


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Notas finais do capítulo

o que acharam? Quero muito saber se vocês tem alguma teoria de o que vai acontecer do próximo capítulo em diante... Quero saber o que acham de cada personagem. Quero saber tudo!
Eu posto quando eu tiver 7 comentários
Bjkas Marcela