Já era noite e estávamos no hotel ainda.

-Amiga, já fiz as malas.- falei para Lena.

-Ok, eu também. É só deixar tudo pronto pra amanhã nós não nos atrasarmos para pegar o trem.

-Ok! Eu vou dar uma volta. Quer vir junto?

-Não amiga, obrigada. To cansada, ai vou dormir logo. Só não volta muito tarde, porque fico preocupada.

-Tudo bem, vou dar uma voltinha na praia para ver a lua, não demoro. Bons sonhos- disse dando um beijo na testa da Lena.

Sai do quarto e fui para a praia. Eu precisava ficar um pouco sozinha. A verdade é que eu ainda estava incomoda com o que a bruxa disse. E sempre que pensava nisso, me vinha uma dor no peito, um mal pressentimento.

Caminhei alguns minutos, me afastando do hotel e sentei na areia.

Fiquei olhando o mar quando alguém senta ao meu lado, era Nao.

-Eae? Por que você tem estado tão depressiva assim?- disse ele me olhando preocupado.

Suspirei e dei um sorriso, finalmente ele tinha notado... Pera, o que eu to falando? Desde quando eu me importo com o que o Nao pensa?

-Não vai me responder?- perguntou ele me tirando da minha reflexão mental.

-É que quando eu e meu irmão estávamos na missão, aconteceu uma coisa que tem me deixado muito preocupada.

-O quê?- perguntou.

Contei sobre a bruxa, sobre ela querer me matar e depois o que ela disse antes de morrer.

Ele me olhou com bastante atenção enquanto falava isso. Depois que terminei ele disse:

-Não vou deixar que façam nada com você.

Olhei para ele corada. O que ele queria dizer com isso.

-Afinal, com quem eu poderia brigar e encher o saco a não ser com você?- voltou a falar.

Fiquei com tanta raiva quando ele disse isso que levantei e disse:

-Nossa Nao, você é mesmo um idiota!

-Como é?

-Você escutou! Você é um idiota!

-Vai encarar, gelada?- perguntou ele levantando.

-Vou! Esquentadinho!

- Abominável homem das neves!

-Bafo de dragão!

- Picolé!

-Projeto de lagartixa!

-Cubo de gelo ambulante!

-Godizila!

Começamos a brigar.

- Karyuu no Enchu- gritou.

- Ice Make Shield- gritei me defendendo.- Ice Make Dance.

Ele conseguia desviar dos meus ataques, por mais que eles fossem perigosos.

No final, como sempre ficamos cansados e partimos para a luta física.

Ele puxou o meu braço me empurrando e eu cai no chão. Me levantei e dei um chute na cara dele.

Ele cambaleou e quando fui atacar novamente ele me jogou no chão.

Abri meus olhos e ele estava em cima de mim corado.

Olhei para onde Nao olhava e percebi que sua mão estava em de meus seios.

Olhei para ele novamente e meu coração começou a bater rápido.

Ele saiu de cima de mim e virou a cara, que ainda estava corada.

-É... É me-melhor nós ir-irmos.- falei.

-Con-concordo.

Fomos para nossos quarto sem dizer tchau.

Cheguei em meu quarto e fechei a porta e fui direto para o banho.

“O que foi aquilo? Por que meu coração bateu tão rápido? O que esta acontecendo comigo?...”

Sai do banho e fui dormir.

No dia seguinte acordamos cedo. Fomos todos nos encontrar no restaurante do hotel.

-Bom dia Keninho!- disse Lena pulando no colo do meu irmão.

-Bom dia minha anjinha!- disse ele dando-lhe um beijo.

-Bom dia maninha!- disse para mim.

-Bom dia maninho!- respondi rindo.

-Oi, Kiara.- disse Nao sem me encarar e sem graça.

-O-oi, Não.- falei da mesma forma.

Kenai e Lena se olharam confusos e depois maliciosos.

Então Kiara, como foi a noite de ontem? Caminhou muito na praia?- perguntou Lena maliciosa.

-Engraçado, Lena... Você sabia que Nao também foi dar uma “voltinha” na praia, mas acabou demorando mais de uma hora para voltar?- disse meu irmão maliciando também.

Eu e Nao começamos a virar dois pimentões.

-Eles se goxxxxxxxxxxxtam!- falou Fly.

-Fly!- gritou eu e Nao.

Depois do café da manhã, fomos pegar o trem.

Enquanto entravamos nele, Nao me puxou para trás.

-Ta louco? Quase me faz cair!

-É...é sobre ontem...- eu e ele coramos.- Vamos fingir que nada aconteceu.

-Tu-tudo bem.

Depois disso entramos no trem.

-Poxa, onde vocês estavam?- perguntou Lena.

-Eu deixei cair meu brinco e ele me ajudou a procurar, né Nao?- falei rapidamente.

-S-sim!- respondeu.

-Então tá, se é o que você diz- falou Lena desconfiada.

O trem começou a andar e Nao ficou enjoado.

-Nao! Pensa rápido!- falei dando um soco em sua barriga.

-Eu ainda vou me vingar por isso...- disse ele desmaiando.

O coloquei no chão da cabine onde estávamos e sentei no banco.

-Desde quando você se preocupa com ele?- perguntou meu irmão.

Corei mas pensei rápido em uma resposta.

-Você acha que eu quero que ele vomite em mais um tênis meu?

Durante toda a viagem eu tive que aturar meu irmão e Lena se pegando, o Fly me enchendo e o pior, aguentar a tentação de querer beijar Nao toda vez que olhava para seu rosto.

Finalmente o trem parou na estação de Magnólia. Fui a primeira a saltar.

-Nossa Kiki, que pressa!

-É que eu quero ir logo para casa. Só isso.

Peguei minha mala e fui andando. Não esperei por eles.

Cheguei no portão da minha casa e fiquei esperando por meu irmão que chegou depois de dez minutos.

-Por que você não me esperou? Nós viríamos juntos.

-Eu... é...- não conseguia pensar em nada.

-Você ta muito estranha...- disse meu irmão me analisando.

-Para com isso e abre logo o portão!

Ele abriu e eu já fui entrando em casa segurando a mala.

-Chegamos!

-Bom dia, filha!- falou mamãe.

-Bom dia ,mãe!- falei dando-lhe um beijo.

-Oi mãe, chegamos!- falou meu irmão entrando pela porta.

-Oi ,filho!- disse ela dando-lhe um beijo na testa- Como foi a missão?

-Legal!- depois me lembrei do que aconteceu na praia de noite no dia anterior.- To indo para o quarto.

- O que deu na sua irmã?- perguntou mamãe.

-Sei lá, ela ta assim desde ontem.

-Estranho...

Mamãe bateu na porta do meu quarto.

-Entra mãe.

-Filha, aconteceu alguma coisa?

-Nada demais, mãe.

-Não acredito. Você sabe que pode me contar tudo.

Realmente, isso é verdade.

-É que...eu...- comecei a ficar corada.

-Você?...

-É... Mãe, como você sabe se está apaixonada por uma pessoa?

Ela me olhou surpresa mas depois deu um sorriso meigo e falou:

-Quando tudo o que você faz é pensando nela, quando você gosta de compartilhar sua felicidade com ela...

-E como que você descobre que está sentindo isso?- perguntei atropelando-a.

Ela sorriu e disse:

-Só o tempo dirá.- e me deu um beijo na testa.- Mas você sabia que amor e ódio andam juntos.

Corei e joguei uma almofada nela.

-Para com isso, mamãe!- gritei.

-Ok ok.- ela falou rindo saindo do quarto.

Fiquei deitada pensando no que minha mãe falou.

“Eu já fiquei e já me senti atraída por outros meninos sim, mas nunca senti o que sinto por Nao.” Pensei tanto nisso que acabei dormindo.

Acordei com Midori, Lena e Aya fazendo cosquinha em mim.

-Acorda Bela Adormecida!- falou Midori.

-Ou vamos ter que chamar o príncipe para lhe dar o beijo que te despertará?- falou Lena.

-Eu acho que o príncipe ta no quarto do lado...- disse Aya ajoelhando para cochichar no meu ouvido rindo.- Por acaso o nome dele é Nao?

-Ta, ta legal! Já acordei!- disse me sentando na cama.

Lena e Midori começaram a dançar juntas enquanto Aya cantava:

- Foi você o sonho bonito que eu sonhei
Foi você eu lembro tão bem você na linda visão
E me fez sentir que o meu amor nasceu então
E aqui está você, somente você a mesma visão
Aquela do sonho que eu sonhei...

Depois as três caíram no chão rindo.

-Rá rá! Que engraçado!- falei pulando em cima delas fazendo-lhes cócegas.

-Hein amiga, você vai na festa hoje né?- perguntou Midori.

-Que festa?- perguntei.

-A  havaiana, na Fairy Tail.

-Eu não tenho fantasia.

-Relaxa! Eu te empresto uma.- falou Aya.

-Valeu!

-Então... Bora se arrumar?- perguntou Lena.

-Aye Sir!- respondemos.

Enquanto acabávamos de nos arrumar, Kenai bateu na porta e disse:

-Eu e Nao já estamos indo. Encontramos com vocês lá.

-Ok!- dissemos.

Por sorte, é uma festa só para a nova geração da Fairy Tail.

Chegamos lá depois de 15 minutos.

Tava tudo com decoração havaiana. Estava lindo. Era uma festa na piscina.

Eu e as meninas fomos para a pista de dança e depois fomos beber.

-Aya, eu não vou te ajudar a andar dessa ver.- falei zuando com a cara dela.

-Tosca.- falou ela quase bêbada.

Comecei a rir.

Estávamos bebendo quando Midori e Lena puxam Aya e a levam para um canto. Olhei para aquilo meio curiosa.

Depois elas voltaram.

-Kiki, tem como você pegar a bola de vôlei para nós jogarmos?

-Agora?- perguntei desconfiada.

-É, pode ser?

-Tá, pego sim.- falei sorrindo.

-Eba!

Fui até o quartinho de esportes, onde guardamos as bolas e o resto das coisas que usamos na aula de educação física.

Abri a porta e quando entrei, ela se fechou.

Tentei abri-la mas era impossível. Depois tentei usar magia, mas não consegui, então gritei:

-Eii! Alguém me tira daqui!

-Amiga, você vai nos agradecer por isso! Ah! E não dá para usar magia. Pedimos para o Alex cercar o quartinho com runas que bloqueiam a magia.

-Por que fizeram isso?- disse zangada.

-Você vai descobrir logo logo.

-Ei! Voltem aqui!

- Kiara?- disse alguém atrás de mim.

Quando me viro era Nao.

-Na-na-nao? O que você ta fazendo aqui?

-Fui lá no segundo andar pegar a bola de futebol que os meninos pediram.

“As bolas ficam em cima junto com as barras de ginástica olímpica. Embaixo fica os equipamentos de basquete, tênis, arco e flecha e natação.”

-Não acredito que eles bolaram isso.

- Porra, mas que merda! Eu já falei para eles não fazerem isso!

- Como isso é irritante, meu Deus!

-E eu ainda tenho que ficar trancado na mesma sala que você!

Aquilo me fez estremecer.

- Nossa Nao! Cala a boca, seu idiota! Você acha que eu gosto de estar trancada aqui com você?

- Fica quieta, não me irrita! Mas que porra de calor é esse?- disse ele tirando a roupa.

“Meu Deus, que tanquinho é esse?” Tive que me concentrar para não cair na atentação.

-Você me mandou calar a boca? Então vem calar, esquentadinho!

-Vem pra cima, cubo de gelo!

Pulei em cima dele com um chute, começamos a brigar até que, eu me desequilibrei pisando em uma das  raias do equipamento de natação. Acabei agarrando a gola da camisa de Nao e nós dois caímos. Ele em cima de mim.

Ficamos nos encarando, corados.

-De-de-desculpe.- falei muito sem graça.

-I-imagina. Eu te machuquei?-perguntou ele talvez até mais sem graça que eu.

-Na- não.

Ficamos um de costas para o outro até ele levantar.

-E-eu vou tentar quebrar a porta.

-Tu-tudo bem.- falei.

“Não, não ta tudo bem”.

Eu levantei com um pulo e o abracei por trás.

Ele me olhou assustado.(N/A: para quem quiser ler com a música, o link ta em notas finais)

-N-não me deixa- falei chorando.

“ MAS QUE PORRA EU TAVA FAZENDO?”

-E- eu só ia quebrar a porta... Você se machucou quando caímos?

-N-não.

-Então por que você ta me falando isso?- perguntou sem graça.

-Porque eu quero ver uma coisa.- disse indo para frente dele, entre ele e a porta.

Comecei a passar a mão em seu rosto e ele ficou olhando com os olhos arregalados.

-O-oque você...?- interrompi sua fala tampando sua boca com o dedo indicador.

-Eu perdi a minha calma, eu não consigo mais dormir...E-eu me sinto presa em uma bolha  que fica menor a cada dia que passa e isso ta me matando. Eu preciso me livrar disso. Apesar disso ser o meu bem, também acaba o meu mal. E isso piora quando eu te vejo, quando eu te toco, quando sinto o seu cheiro- disse chorando- E-eu preciso saber o que sinto por você.- disse mais constrangida do que se tivesse pelada na frente de todo mundo.

Depois finalmente olhei em seus olhos e disse:

-Eu preciso saber...- disse me aproximando mais dele. Mas ele me empurrou na parede e eu fiquei entre seus braços.

-Na-nao?- perguntei assustada.

Nossa respiração estava ofegante.

Eu olhava para seus olhos e para sua boca e ele fazia o mesmo.

Eu acariciei seu cabelo e sorri.

-O que foi?- perguntou ele de olhos fechados.

-Sei que sinto algo por você.- disse sorrindo.

-Isso é bom ou ruim?

-É ótimo.-Então eu corei e abaixei a cabeça.

- Que foi?- perguntou confuso.

-Se só eu sentir alguma coisa, então isso seria unilateral. E eu não quero isso.

Ele me deu um abraço e levantou minha cabeça com suas mãos em minha bochecha:

- Eu também sinto o mesmo por você! Você é minha força, minha vida. Se você estiver triste eu também fico, se você fica feliz eu também fico,...O que eu quero dizer...

Olhei para ele confusa e nossos olhares se encontraram.

Então ele voltou a falar:

-O que eu quero dizer é que...

-Eu te amo.- falamos juntos.

Comecei a chorar mais ainda e ele também começou. Nós nos abraçamos e eu beijei seu rosto todo e depois voltei a abraçá-lo. Ele começou a acariciar meu cabelo e meu rosto.

Eu olhei para ele novamente e disse:

-Me beija!

Ele colocou suas mãos em minha cintura e eu coloquei uma mão em seu braço e a outra mão em seu pescoço. Nós nos beijamos. Paramos para respirar e olhamos fixos, um no olho do outro. E depois voltamos a nos abraçar.

-Eu te amo muito, Kiara!

-Eu também te amo muito.

Então ele me afastou e disse:

-Eu sei que isso é muito rápido, mas eu não consigo achar outra hora sem ser essa. Kiara, você tem o meu coração, e sem ele eu não consigo viver, então eu preciso de você sempre por perto, para sempre.- ele suspirou e disse.- Kiara, você quer namorar comigo?

-Sim, sim, sim!- disse sorrindo com as lágrimas de alegria caindo de meus olhos. Eu quero ser a sua namorada. Eu já sou sua, Nao!

Ele me pegou no colo e me rodou dizendo:

- Você me faz ser o homem mais feliz do mundo!

Eu só conseguia rir.

Então a porta se abriu e Lena entrou chorando.

-Parabéns, gente!- disse ela nos abraçando.

-Foi lindo!- disse Midori.

-Ae cara, faz a minha irmã feliz! Ela merece!- disse Kenai nos abraçando.

-Pera, vocês escutaram tudo?—perguntei.

-Tudinhoo!.- disseram eles em coro.

-EU DISSE QUE ELES SE GOXXXXXXXXXXXXXXTAM!- disse Fly.

-É Fly, a gente se ama!- falei abraçando ele.

Saímos do quartinho e todos fomos dançar.

Foi a melhor noite que já tinha tido na minha vida. Eu e Nao somos namorados agora.