Spotlight escrita por Noise Kyouko


Capítulo 3
Como Manda a Etiqueta.


Notas iniciais do capítulo

Sim, desisti de excluir, e isso se deve a Losferatu e drezaaraujo.

Por isso, esse terceiro capitulo é dedicado a linda drezaaraujo. O próximo será dedicado ao Losferatu.

É isso, boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/394362/chapter/3

Desde que soube que faria o discurso de abertura na festa de aniversário da cidade, Lucy não conseguia pensar em outra coisa. As pessoas levavam aquele evento muito a sério, e se ela fizesse besteira ficaria para sempre marcada como uma grande piada. Ainda se comentava o incidente de Rod Peppers, que vomitou em seu discurso na frente de toda a população no Haine Day de 4 anos atrás.

Por isso, mesmo faltando exatos 34 dias para a data, a garota havia decidido que era melhor se preparar desde já, e uma das primeiras medidas foi buscar ajuda do aluno mais inteligente do colégio. A escolha ideal era quem quer que fosse o presidente do clube de literatura.

E era essa a razão da garota estar esquadrinhando o quadro de avisos da entrada, na hora do intervalo. Precisava saber a quem devia recorrer.

– Nossa, quantos clubes Hainefield High tem? Literatura...Aqui está. Bloco B, 1° andar e sala 38. Presidente: Aileen Calverley.

– Eu acho que me lembro desse nome. Ela seria aquela asiática de óculos? Acho que temos História e Geometria juntas...

Seguindo as instruções do quadro, Lucy não teve muita dificuldade em chegar à sala do clube de literatura. Na porta, que era de uma madeira muito escura, via-se uma placa de metal com letras cursivas e elegantes, onde se lia “Pena e Papiro – Clube de Literatura”.

Deu três batidas na porta e esperou. Sabia que teria gente ali a àquela hora, pois no folheto do quadro dizia ser esse um dos horários em que o clube atendia não-membros. A espero não durou muito, e logo uma garota abriu a porta e perguntou, com uma voz de sono.

– Sim?

– Eu vim falar com Aileen Calverley, presidente do clube.

A garota, que parecia estar morrendo de sono a poucos estantes, de repente estava muito acordada.

– Oh...sim, sim. Entre por favor. Eu sou Aileen.

Lucy adentrou a sala e olhou ao redor. Era com certeza um local elegantemente decorado em um estilo anos 50. Era bem típico de locais onde se concentravam muitos livros, como os que se viam nas estantes por todos os quatro cantos da parede. A menina que disse ser Aileen apontou um sofá de couro para a loira se sentar.

– Quer alguma coisa? Temos café, chá e biscoitos aqui.

– Não, obrigada. O assunto que tenho é rápido.

– Certo – Disse a morena se sentando numa poltrona de frente com Lucy – Pode falar.

– Como deve saber no dia 17 de março se comemora o aniversário da cidade, e a organização das festividades tradicionalmente fica a cargo de uma das cinco famílias. Esse ano a minha foi escolhida e minha mãe me encarregou do discurso de abertura do baile comemorativo.

– Nossa, é uma honra.

– Com certeza é sim – Disse Lucy se levantando e indo de encontro a uma janela, ficando de costas Aileen – Eu não sou a aluna mais brilhante do colégio, pode-se dizer que estou dentro da média. Mas o Haine Day não pode ter um discurso “na média”, tem que ser...épico. Algo que deixe as pessoas impressionadas. Por essa razão estou aqui. Preciso de sua ajuda.

– Minha...ajuda?

– Isso. Você é uma das alunas mais brilhantes daqui, e presidente do clube de literatura. Supõe-se que seja a pessoa mais qualificada para me auxiliar.

– Auxiliar como? Quer que eu escreva o seu discurso?

A loira deu uma sonora risada, virando-se na direção de Aileen.

– Eu disse que era mediana, não completamente burra. Sou capaz de escrever algo sozinha, mas acho que com algumas dicas suas esse algo pode se tornar excepcionalmente bom.

– Desculpe. Eu não quis dizer isso.

– Não tem problema. Posso contar com você?

– É claro. Ficarei muito feliz em ajudá-la.

– Ótimo. Podemos começar hoje mesmo, depois das aulas?

– Pode ser uma hora mais tarde? Eu tenho que levar meu cachorro no pet shop antes, e eles só tem esse horário vago.

– Mas é claro. Então estamos combinadas. Na minha casa as 16:00. Vou escrever meu endereço e deixar aqui – disse Lucy pegando um papel e uma caneta e anotando as informações – Aqui está. Até mais Aileen, foi um prazer.

– Digo o mesmo – respondeu a morena sorrindo.

Depois que a loira foi embora, Aileen se jogou na poltrona. Tinha acabado de ter uma conversa com a “rainha” da escola pela primeira vez em toda sua vida, e de quebra recebeu um convite para ir à casa dela. Estava certo que era para estudar, mas mesmo assim não é qualquer um que recebe a atenção de Lucy Gylehart.

Quando atendeu a porta não podia imaginar quem seria, e quando se deu conta quase infartou. A garota mais bonita e popular do colégio estava na sua frente. Precisou fazer muito esforço para não ter um daqueles ataques de fangirl, afinal Lucy poderia achar que ela era maluca.

– Eu estou tendo alucinações ou acabei de ver Lucy Gylehart saindo daqui? – Barbara Wang acabava de chegar com duas sacolas, uma em cada mão.

– Não é coisa da sua cabeça, ela estava mesmo aqui há pouco tempo.

A asiática sentou no sofá antes ocupado por Lucy e tirou um sanduíche da sacola. Aileen pegou o outro.

– Não imagino o motivo de alguém como ela estar andando por esses lados. Afinal aqui é a área dos clubes “CDF’s”.

– Veio me pedir ajuda. Pelo que me parece ela será a responsável pelo discurso do Haine Day.

– Te pediu para escrever para ela? Típico.

– Não, ela só quer ajuda mesmo. Vai escrever sozinha, mas quer umas dicas. Não é nada diferente de quando lemos o Blog da June St. Clair.

– Se você está dizendo... – a garota deu de ombros.

– Ela nem é assim. Você está generalizando.

– Desde quando você virou uma militante em defesa dos populares?

– Não estou defendendo ninguém, só acho injusto você classificá-la como fútil e idiota sem nem conhecê-la.

– Pelo amor, Aileen. Conhecemos os outros populares muito bem. Não é preciso ter uma conversa com a rainha deles para saber que ela deve ser, no mínimo, dez vezes pior. Conversou por alguns instantes com Lucy e já acha que a conhece?

– E você nunca conversou e já tem um julgamento dela.

– Tá, desisto. Vamos parar com esse assunto. Temos coisas muito importantes a tratar...


♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥


Lucy virou para trás impaciente. Hanna não parava de cutucá-la no ombro. As duas estavam, junto com o resto da sala, no laboratório de química.

– O que é? – sussurrou o mais baixo que pode.

– Você está conseguindo fazer direito? A nossa fórmula está estranha...

Lucy olhou para o lado. Não era ela que estava fazendo a mistura. Sua colega de laboratório (da qual ela não lembrava o nome) fazia tudo praticamente sozinha. Sua parte naquele trabalho em dupla se resumia em ocasionalmente pegar algum ingrediente e passar para a outra.

– Ah...qual seu nome mesmo? – Disse para a sua parceira.

A garota parecia não ter acreditado que era com ela que Lucy falava, e quase derrubou o conteúdo do recipiente nas duas.

– Z...Zoe C...Clambers – As bochechas tinham até um tom vermelho.

– Certo, Zoe. Você pode dar uma ajudinha para a minha amiga e sua parceira?

– C...Claro. Deixe-me ver o que vocês estão fazendo...




– Uau, acho que esse é um dos meus primeiros A+ em anos...

– Que? você já ganhou um antes?

– Vou ignorara a insinuação de que sou burra, Lucie. Mas sim, eu costumava ganhar alguns deles no 3° ano do primário, se não se lembra.

– Eu estava muito ocupada brincando de rainha mandou para prestar atenção nas minhas próprias notas, o que dirá as suas.

– Eu lembro dessas brincadeiras. Você prometia dar um beijo nos garotos para que eles realizassem suas vontades, mas nunca cumpria nada. Acho que você teria que passar sua vida toda dando beijos neles para compensar esses anos todos...

– Beijar quem e para compensar o que? – as duas levaram um susto com a voz que surgiu de repente.

– Tyler. Você tem que parar com isso. É sério – Lucy era a mais irritada.

– Me desculpe – o rapaz levantou as mãos em sinal de rendição, e então foi chegando cada vez mais perto da loira, até seus corpos estarem quase colados. Como Tyler era pelo menos meia cabeça mais alto, Lucy teve que olhar para cima para não ser sufocada pelo tórax dele. Hanna, que estava logo ao lado da amiga, tinha uma expressão engraçada.

– O que está fazendo? – A garota sussurrou entre dentes. Não havia gostado da aproximação repentina.

Em resposta, ele colou seus lábios na orelha dela, e disse:

– Atuando. Você devia se esforçar mais também. Se depender dessa sua apatia em relação a mim vão classificar esse como o namoro mais sem graça da história, ganhando até de Declan e Charlotte.

Fazia sentido. Lucy nunca tomava iniciativa nos carinhos públicos entre eles, e raramente se mostrava empolgada. Se quisesse realmente enganar alguém teria que entrar no jogo.

Colocando os braços em volta do pescoço de Tyler (o que exigia que ela ficasse na ponta dos pés), Lucy foi em direção a boca dele, mas há poucos milímetros desviou para a bochecha.


– Vamos embora, Ty – perguntou estendendo a mão a ele – Até logo Hans...

O rapaz ficou abobado por um momento, mas logo depois deu um sorriso de canto a pegou a mão oferecida.

– Claro. Até Hanna.

– Até... – A garota, que ainda não havia se recuperado da cena anterior, disse.

Já na BMW de Tyler, os dois comentavam do ocorrido.

– Você viu a cara daquela garota? Eu acho que podia acontecer uma invasão alien ali que ela não perceberia...

– E aquele jogador aleatório? Eu podia sentir o desejo dele de estar em meu lugar.

– Nós arrasamos.

– Sim, se bem que... – Tyler agora estava sério.

– O que?

– Sei lá, no instante em que eu pensei que você iria me beijar eu...por um instante gostei da sensação...eu desejei aquilo.

– Espere, você está dizendo que...não achou ruim a ideia me beijar?

– O que estou dizendo é que, caramba, eu sou totalmente GAY! Mas por uns instantes até eu fui envolvido pelo seu sex appeal. Céus, você é perigosa! Tenho pena da Brianna...

– Eu te garanto... – disse Lucy enquanto o garoto dava a partida – Brianna pode ser tão fatal quanto eu...



♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥



Brianna tinha um sorriso de canto nos lábios.

Pegando Lucy pela gola da baby look, a jogou na cama, fazendo- a cair de costas no colchão macio. Logo depois montou em cima dela, colocando um joelho de cada lado do corpo da loira.

Foi descendo a cabeça até ficar a centímetros do rosto de Lucy, sentindo sua respiração ofegante e seu delicioso hálito de menta. Passando a ponta dos dedos pela face, agora meio rosada, da outra, Brianna se perguntava como uma pessoa podia ser tão linda. Seus cabelos loiros-escuros estavam espalhados pelo travesseiro, parecendo mais uma cortina dourada. Os traços delicados pareciam ter sido feitas para harmonizar completamente com o formato triangular elegante do rosto e os lábios, embora pequenos, eram cheios e de uma maciez incrível.

O beijo começou calmo e suave, para logo depois se tornar intenso. Lucy foi subindo a mão, que estava por dentro da blusa de Brianna quando de repente uma batida na porta é ouvida:

– Senhorita Lucy, tem uma garota a sua espera na sala de visitas.

– Mas o que? – Brianna tinha parado o beijo mas mantinha a posição em cima da loira, a boca a poucos centímetros dela – Quem poderia ser?

– Ahn? – Lucy parecia ainda entorpecida – Quem é...Ah! é a Aileen, combinei com ela de estudar aqui ás 16 hs. Já são 16 hs?

– Sim... – Brianna saiu de cima de Lucy e sentou-se na cama, bufando – Você não me avisou nada de estudar com essa tal de Aileen. Aliás, desde quando você sequer estuda?

– Acabei esquecendo. E eu vou estudar maneiras de tornar épico o meu discurso do Haine Day. Aileen é a presidente do clube de literatura da escola.

Brianna já tinha ouvido Lucy falar desse discurso centenas de vezes nos últimos dias. A simples menção do assunto provocava enxaquecas nela. Não iria ficar com as duas nem por decreto. Por isso, deu uma ajeitada na aparência e pegou sua bolsa na penteadeira.

– Sabe Lucie, eu adoraria mesmo ficar com vocês mas não vai dar, tenho hora marcada na manicure – foi até a garota e deu um selinho nela.




Desde a hora da saída das aulas, Aileen estava um poço de ansiedade. Na recepção do pet shop, não parava de contar cada segundo e por fim quando se viu livre a primeira coisa que fez foi sair correndo para casa e tomar um banho, logo depois indo até o guarda roupa e criando um dilema sobre qual roupa usar. Tinha tanto medo de Lucy desaprovar seu visual. Acabou optando por um look que viu na Luc Astori outro dia: saia de pregas preta, meia ¾ da mesma cor e uma blusa salmão justa.

Apertou o interfone dos Gylehart com o estomago parecendo ter um grande cubo de gelo. Nunca tinha estado na majestosa casa de Lucy. O lugar, com seu jardim impecavelmente aparado e casa num estilo moderno, com partes em pedra a madeira que dava um ar único com certeza teve a mão de um ótimo arquiteto.

Quem abriu a porta foi uma senhora que aparentava ter por volta dos 40. Ela tinha os cabelos impecavelmente arrumados num coque, olhos azuis um tanto quanto comuns e postura séria.

– Sim?

– Ah...eu sou Aileen Calverley, colega de escola de Lucy. Vim aqui para estudarmos.

– Certo, acompanha-me até a sala, vou chamar a senhorita Lucy. Um momento por favor.

Um tempo depois a mulher voltou, e com a mesma voz polida ofereceu chá, biscoitos e algo para beber, o que foi recusado pela garota. Ela pediu para que Aileen ficasse a vontade e se retirou.

Não demorou muito e Lucy, junto com uma garota de cabelos castanhos claros, veio descendo pela escada. Ao chegar onde Aileen estava ela sorriu e disse cordial:

– É um prazer te ver novamente, Aileen. Esta é Brianna Coxx, uma de minhas amigas. Estávamos estudando...biologia.

Aileen cumprimentou Brianna, não deixando de notar como ela era bonita. Cabelos castanhos claros, olhos da mesma cor e pele bem clara formavam um belo contraste.

Outra coisa que a morena não deixou de reparar foi que ambas as garotas estavam vermelhas, Lucy estando um pouco mais e também com a boca no tom do batom rosé de Brianna. “Amigas. Estudando, sei” pensou ela.

– Bom, então já vou indo. Até mais Lucy. Aileen...

– Então...prefere meu quarto ou a biblioteca?




– O que acha?

– Olha, até que está bom, mas...

– Use toda sua sinceridade.

– Certo. Eu acho que está clichê demais. É praticamente igual a outros tantos discursos que se vê por ai...

Lucy colocou as mãos nos lados da cabeça, e exasperada disse:

– Eu fiz meu melhor. Nunca me esforcei tanto para escrever algo em toda minha vida.

– Que tal parar de pensar no que está obvio demais? Foque em dizer algo diferente. Eu sei que você é boa com palavras.

– Sabe? Como?

Aileen ficou um pouco sem graça, mas disfarçou.

– Conversando com você dá para perceber.

– Tá. Vou tentar de novo...





Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O próximo se chama "Bem Vinda ao Clube, e será postado Segunda-Feira.
Até a próxima...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Spotlight" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.