Spotlight escrita por Noise Kyouko


Capítulo 13
Epifania?


Notas iniciais do capítulo

LOOK WHAT THE CAT DRAGGED BACK FROM THE DEAD!

Meus deuses... Um ano sem atualizar Spotlight.
Sim, eu sei que ninguém merece tanto tempo de atraso. Sim, eu sei que deveria estar envergonhada (Na verdade, estou) E sim, eu sei que muitos de vocês querem minha cabeça...

Falando sério agora, eu realmente sinto muito pela longa demora. Esse hiatus não era para ter durado tanto tempo assim, mas às vezes na vida, coisas acontecem e totalmente mudam nossos planos. Eu não vou dizer exatamente o que aconteceu comigo para que não atualizasse Spotlight, isso não vem ao caso agora. Só direi que agora está tudo resolvido e eu, enfim, posso dizer com toda segurança e certeza que voltei.

Agora, posso garantir que não haverão mais atrasos, já que a fanfic está totalmente pronta no PC, e conforme eu for revisando certinho, eu vou postando os capítulos.

Para encerrar, gostaria de dizer que tenho consciência de que essa demora deve ter afastado e maioria dos leitores, e eu compreendo isso. Ficar esperando por algo que nunca vem desanima qualquer um. Mas para aqueles que ficaram, eu agradeço e peço mil desculpas. Espero que esse capitulo, assim como os que virão, possa compensar vocês.


Um grande abraço, e um beijo à todos,

TB.



P.s: Capítulo revisado, mas fatalmente eu sempre deixou algo passar. Se virem um erro me avisem, pliss.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/394362/chapter/13

A primeira coisa que Lucy viu ao chegar à sala de estar foi sua mãe tomando chá com alguém. Alguém de cabelos loiros platina.

– Que bom que já está pronta, querida – A senhora Gylehart se levantou e a pessoa que estava com ela virou o rosto na direção de Lucy. Era Kaitlyn Blake.

– Espero que possa levar a senhorita Blake com você à escola. Não seria ótimo ela começar a estudar já tendo uma amiga?

Aquilo era muito estranho. Se bem conhecia sua mãe, Lucy podia garantir que ela não dava a mínima para assuntos de escola, o que dirá se importar se uma novata ia ter companhia para ir ao seu primeiro dia.

– Claro. Tyler vai passar para me buscar daqui a pouco, Kaitlyn pode vir.

– Ótimo, filha. E mais uma vez, Kaitlyn, fique à vontade. Agora se me dão licença... – disse se retirando.

– Sua mãe é realmente simpática, Lucy. Além de muito elegante, é claro.

– É, com os filhos dos outros ela é sim. – Comentou distraidamente, o que fez a outra rir.

– Bom, os pais são assim mesmo...

– Mas e sobre a escola, esta ansiosa? – Perguntou se sentando na poltrona antes ocupada pela mãe.

– Muito... Fico com medo de não gostarem de mim, de ser tachado de “garota da roça”, sabe?

– Isso não vai acontecer. A menos, é claro, que você comece a usar aqueles chapéus de cowboy e alguma coisa xadrez, ai vai ser a piada do ano... – Lucy disse humorada.

– Não, isso não. – Kaitlyn entrou na brincadeira – Até mesmo de onde vim andar desse jeito só é aceitável se você passa o dia cuidando de animais e andando a cavalo.

– Então não há motivos para se preocupar, não é?

– Espero que não... Mas mudando de assunto, quem é Tyler? Se não for muita inconveniência da minha parte perguntar, claro...

– Meu namorado – Respondeu, embora internamente tivesse muita vontade de rir. Era muito estranho dizer que tinha namorado quando havia terminado com a sua há algum tempo atrás.

– Ah, que legal. Eu já tive um namorado, mas durou pouco. Ele estava mais interessado em atrizes peitudas nas revistas do que em mim, uma garota real...

– Garotos...

Uma buzina estridente foi ouvida. Tyler havia chegado.

– Ok, então vamos?

– Claro...

♥x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥

O carro de Tyler estacionou no local costumeiro. O garoto foi o primeiro a sair e fez questão de abrir a porta para Lucy e Kaitlyn, um gesto cavalheiro notável.

– Nossa, estou impressionada. Só tinha visto homens abrirem a porta do carro para mulheres em filmes – Comentou a Blake sorridente.

Lucy só teve vontade de revirar os olhos em sinal de tédio. Para ela que não se relacionava, verdadeiramente, com homens, cavalheirismo era dispensável.

– A gentileza não deve nunca estar fora de moda – Tyler respondeu pomposo e depois emendou com um sorriso cálido – Ainda mais se ela for dirigida a uma garota tão graciosa quanto você...

– Bom, vamos então? – Lucy sorriu aos dois. Quem não soubesse dos fatos do relacionamento entre ela e Tyler, podia pensar que a loira estava com ciúmes, mas a verdade era que o teatrinho de “Don Juan” colegial de Tyler era entediante demais para ela.

– É claro... – Kaitlyn concordou timidamente. Provavelmente a pobre garota achava que Lucy havia odiado o tom lisonjeiro que Tyler usara para se dirigir a ela.

Os três foram andando em direção à entrada, e Lucy fez questão de explicar sobre o Hainefield High e seus alunos detalhadamente. Mostrou a fachada, onde normalmente os maloqueiros do último ano ficavam vadiando, os corredores onde ficavam os armários e finalmente o pátio, que era um local coberto cheio de bancos de madeira e arbustos cuidadosamente aparados. Lá era também o local de reunião de praticamente quase toda a escola.

– O que você precisa mesmo saber, no final das contas, é que há grupos nesta escola. Geralmente as pessoas procuram outras semelhantes a si para conviver, e aqui não é diferente. Temos o grupo dos nerds, dos góticos, dos atletas e também o das lideres – Nessa parte Lucy fez uma careta – As lideres são populares entre os garotos, mas acredite em mim quando digo que essa fama não é boa... Acho que consegue entender o que quero dizer, não?

– É claro – Kailtyn maneou a cabeça em concordância – Mas e vocês? – Apontou para ela e Tyler.

– Nós? Bom, pode-se dizer que somos... Nós. Tyler é o garoto mais cobiçado pelo publico gay e feminino, minhas amigas são invejadas e admiradas por onde passam e eu... Eu sou Lucy Gylehart.

– Se você disser esse nome em voz alta, vai atrair aténção de todos a sua volta. Todos a conhecem, muitos a admiram e desejam e outros a odeiam. Mas acredite, é impossível ser indiferente quando o assunto é Lucy Gylehart.

A dona da voz estava parada bem atrás de Lucy. Ela tinha uma macia pele negra e um sorriso luminoso. Ao seu lado uma ruiva com maquiagem fortíssima.

– Hanna, Natalie... – Lucy não pode evitar sorrir também, enquanto abraçava forte a amiga. Ela fez a mesma coisa com a outra – Muito bom ver as duas. Quero que conheçam Kaitlyn Blake, minha vizinha e mais nova aluna do Hainefield High.

– Prazer – A garota sorriu as duas recém-chegadas de modo simpático, gesto imitado por elas também.

– Sua nova vizinha? Ela se mudou apara a casa daquele criminoso, o senhor Knieff? – Natalie perguntou curiosa. Lucy lançou a ela um olhar frio.

– Natie, não se refira à situação dessa maneira rude, por favor.

– Não, tudo bem Lucy, é só a verdade mesmo... – A platina estava bem tranquila – Todo mundo sabe o que aconteceu naquela casa.

– Mas você não tem nada a ver com o ocorrido, então ficar citando o antigo dono desse jeito não é nada legal – Lucy deu de ombros – de qualquer forma Natalie é assim mesmo e costuma falar muita coisa desnecessária, então ignore a inconveniência.

A atmosfera ao redor dos cinco ficou tensa por alguns segundos, até que Hanna mudou de assunto e disse que eles tinham que levar Kaitlyn a sua futura classe. A novata não pode deixar de notar a careta feia que Natalie fez quando Lucy deu as costas pra ela. Estava claro ali que a loira e a ruiva não eram tão amigas assim.

♥x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥

Lucy tinha acabado de descer o lance de escadas que dava para o refeitório quando viu Aileen sentada em uma mesa lendo alguma coisa. Sem que ela percebesse, um sorriso começou a surgir em seus lábios.

Aileen era o protótipo da garota “geek” do colégio. Não que Lucy fizesse muita questão de saber a diferença entre esse termo e o tradicional “nerd”, mas ela era informada o suficiente para saber que existia uma diferença básica entre eles. Nerds eram aquelas pessoas já tão satirizadas que eram inteligentes, aplicados e sem uma vida social agitada, sem contar que muitas vezes não tinha exatamente uma boa aparência. Já geeks eram uma notória evolução disso. Ainda que pudessem ser igualmente inteligentes e aplicados, por muitas vezes era descolados e extrovertidos. Peter Terryghan, que fazia álgebra com ela, era um nerd esquisitão e repulsivo. Aileen Calverley era uma adorável garota geek que gostava de ler quadrinhos de super-heróis que Lucy achava entediantes.

– Oi? – A loira não sabia bem o porquê, só tinha tido o impulso repentino de falar com a Aileen.

– Ah, oi, Lucy – A morena deixou a revista de lado e sorriu. Lucy tentou, mas falhou em negar que aquele sorriso encantador a deixava com uma sensação estranha.

– Hã...Eu – A Gylehart constatou que estava nervosa, o que era novo para ela – Lembra daquele dia depois da boate, e no outro na minha casa?

Teve vontade de dar um tapa em si mesma. Que jeito idiota de começar uma conversa. Ela era Lucy Gylehart, afinal, nervosismo ao falar com outra garota não era nada comum pra ela.

– Aquele que eu te beijei? – Aileen disse envergonhada – Olha, eu sei que você deixou bem claro como se sente com a situação, e eu juro que entendo e respeito isso e...

Quersaircomigodepoisdaescola?

Soltou a loira muito rápido. A Calverley fez uma cara confusa. Lucy, a cada segundo só conseguia pensar que estava fazendo um papel ridículo se comportando daquela maneira pateta, e respirando fundo, repetiu, de forma entendível:

– Quer sair comigo amanhã, depois da escola?

Em um primeiro instante, Aileen não soube o que dizer. Aquela era mesmo Lucy Gylehart, em carne e osso, pedindo para sair com ela? Ainda mais depois daquela situação esquisita que aconteceu anteriormente? O pensamento de aquilo ser tudo uma pegadinha chegou a passar pela cabeça da garota, e ela teve vontade de olhar ao redor para ver se tinha câmeras.

Mas não, aquilo estava mesmo acontecendo. Lucy queria sair com ela.

– Tipo, um encontro? – Aileen disparou, e Lucy pareceu bem surpresa ao ouvir aquilo, o que fez a morena remendar – Um encontro de amigas, não é? Afinal não é porque nos beijamos uma vez que isso queira dizer algo de fato, eu estava bêbada e sei que não é como se você estivesse gostando de mim e...

– Ei, calma – Lucy colocou o indicador sobre os lábios de Aileen, que cessou o falatório – Que tal colocarmos assim: ainda não vamos decidir o que isso é, deixamos rolar e depois vemos onde as coisas vão dar.

– Parece ótimo pra mim – A outra sorriu tímida. A loira não pode evitar corresponder o sorriso.

– Ok, então está combinado. Acha melhor que eu te busque?

– Sim, seria bom...

– Certo. Até amanha então – Lucy se afastou com um aceno de Mao.

–Até – Aileen acenou de volta.

Assim que se viu longe de Aileen, Lucy encostou-se em uma parede e fechou os olhos. Nunca tinha se sentido assim em toda sua vida, tão insegura e tímida. Nem mesmo com Brianna, lembrava-se que todas as suas conversas com ela antes do namoro havia corrido naturalmente, nada de pânico por parte de nenhuma das duas.

Aquela era apenas a Aileen Calverley, uma garota doce e inteligente que a ajudara em uma tarefa importante. As duas tinham passado muito tempo juntas, na maioria das vezes sozinhas. Porque estava sentindo tudo isso agora?

– Hum... Sinto que o cupido flechou alguém bem no coraçãozinho...

Hanna apareceu sem nem Lucy perceber. Também pudera: a loira estava imersa em pensamentos muito profundos, não teria notado nem se a Angelina Jolie tivesse passado por ela.

– Está falando de si mesma?

– Não, sabe que não. Eu vi você olhando com cara de boba pra Ailee.

– Aileen, o nome dela é Aileen, e não Ellie, Eilee ou Ailee – Lucy começou a andar, e Hanna a seguiu – E você está vendo coisas, ninguém estava com cara de boba coisa nenhuma.

– Não, é claro que não. Lucy, você pode até ser a rainha do Poker Face, mas nem sempre vai conseguir não deixar transparecer suas emoções. Você estava olhando de um jeito que eu classificaria como muito fofo/abobalhado. Sinceramente, eu nunca te vi assim, nem com a falecida Brianna...

A loira até pensou em negar, mas ela sabia que não adiantava, Hanna estava com toda razão. Ela nunca tinha ficado assim antes, e depois de pensar no assunto mais um pouco, ainda não tinha decidido se as borboletas*1 que ela sentia no estômago eram algo bom ou não.

♥x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥ x♥

Lucy corria por um jardim cheio de rosas vermelhas.

Pássaros cantavam e o sol banhava todo o local. Ela não sabia se já tinha visto aquele lugar alguma vez antes, provavelmente não. Mas não importava no momento. Tudo ali era tão bonito que ela poderia ficar ali pra sempre.

Foi quando ouviu seu nome ser chamado. Ela reconhecia aquela voz, tinha certeza. Correu um pouco na direção da voz e se deparou com uma garota vestida de branco sentada perto de uma fonte.

Aileen.

Andou mais alguns passos a sentou perto da garota, que sorriu e estendeu uma flor a ela. Diferente de todas as outras, era uma rosa branca.

O que isso quer dizer? – Perguntou observando bem a flor em suas mãos.

Você é quem sabe. Pode ser tantas coisas...

Você é linda. Eu já te disse antes?Soltou aleatoriamente.

A morena apenas sorriu.

Não. Mas é muito bom ouvir – Ao terminar a frase, ela foi chegando mais perto de Lucy, iria beijá-la. A loira se afastou.

Isso me assusta, muito.

O que?

Sentir... Esse sentimento. Já aconteceu uma vez comigo, me machucou mais do que eu admiti.

Não tema. O amor machuca sim, mas também cura e fortalece. Não se permitir sentir algo novo não vai te proteger, só vai te angustiar lá dentro. – Colocou a palma da mão no coração de Lucy. – Você está disposta a tentar dar uma nova chance?

A garota loira ficou algum tempo em silêncio, mas depois respondeu:

Sim.

Aileen sorriu mais uma vez, felicidade explícita no rosto. Então ela foi chegando seu rosto cada vez mais próximo do de Lucy. O beijo aconteceu. Foi calmo e suave, um misto de sensações acolhedoras e sutis.

Abriu os olhos, as lembranças do sonho ainda vividas em sua mente. Sentou-se na cama e olhou pela janela, tudo ainda escuro. Consultou o celular que estava na cabeceira, ainda eram 03h37min da manhã. Afundou a cabeça no travesseiro e suspirou.

Aquela maldita sensação mais cedo, esse maldito sonho brega...

Lucy só pode concluir que já estava perdida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*1 Borboletas no estomago: Expressão usada para descrever aquele friozinho na barriga que sentimos na barriga quando estamos apaixonados.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Spotlight" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.