Never Again escrita por Maga Clari


Capítulo 6
Capítulo 6 - Apenas meninas perdidas...


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, eu havia escrito num caderno e tive preguiça de passar pro pc kkkkkkkkk mas já está aqui, hope you enjoy ^^



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Wendy caminhara um longo percurso até o flat que dividia com seu irmão John; não adiantava procurar pelo resto da sua família, afinal, ninguém a enxergaria.

Subira correndo e desabara na cama como se não o fizesse há dias! Deixara que os pensamentos mais uma vez tomassem conta de sua mente.

E talvez, todos estivessem certos. Wendy sempre seria a menina que não queria crescer. E quem sabe eles tivessem razão. Era tudo invenção de sua cabeça, de sua mente fértil. Talvez a famosa e adorada Terra do Nunca fosse apenas um sonho do qual ela desejasse desesperadamente voltar, para não mais acordar.

Wendy, então, resolvera observar seus milhares de desenhos pregados na parede; desenhos de navios, mares, piratas e meninos. Pan estava em todos eles. Mas aquele Pan dos seus desenhos não existia, nunca havia existido. Só havia uma única criança-perdida. E esta era Wendy Darling.

De repente, seus desenhos começaram a perder foco e forma; as tintas coloridas derramaram pela parede, e de algum jeito, Wendy sentira como se o que havia restado do seu mundo perfeito houvesse desintegrado completamente.

— NÃO! 

O grito da menina-perdida ecoou por toda a casa. John, que estava concentrado em seu próprio quarto, saiu desesperado procurando a origem de tanto barulho. Será que sua irmãzinha havia retornado? Ou seria apenas a TV ligada? Ou pior, um ladrão, quem sabe?

Quando chegara ao quarto, John Darling encontrara Wendy no chão, em meio às dezenas de desenhos e poças de tinta.

— Wendy?! — John apertara a irmã em seus braços, sem entender o que se passava — Minha nossa senhora, você finalmente apareceu! A polícia está a todo lugar procurando por você!

Mas Wendy não dissera uma palavra sequer durante intermináveis minutos. Apenas pôs para fora todas as lágrimas presas e ficou ali, aconchegada em seu irmão. Ele respeitava seu tempo. No momento certo, tudo faria sentido. Pelo menos, John esperava que sim.

Não tão longe dali, Pan e Lindy discutiam. Aquele incidente na Academia de teatro rendera, e muito!

— Quer parar de me seguir?

— Pan... Eu só quero entender o que exatamente está acontecendo. Quero uma conversa civilizada!

— Não tenho nada para falar com você — Pan disse sem olhar para ela, como se ainda estivesse caminhando sozinho. Então, quando tiveram que esperar o sinal abrir, para atravessarem a rua, complementou: — Não sei bem... Não me lembro por que namoramos, mas o que sei agora é que não quero mais.

— Ah, é assim? Então retiro a proposta. Você está permanentemente banido dessa e de todas as peças que fizermos. Boa sorte tentando arrumar outro emprego!

— Não vai faltar um!

E assim, Lindy deu meia volta e não mais o seguiu.

Pan passara os dias dormindo embaixo de árvores, e gastando o pouco dinheiro que sobrara de seu pagamento formal como ator. Wendy parecera sumir do universo, e ele mesmo esquecera por algum motivo do endereço da casa da Senhora Darling.

Desistindo de tentar o contato com a família de Wendy, que não o via de jeito nenhum, apenas vivia um dia de cada vez, torcendo para aquela tortura acabar.

— O que vai querer, senhor? — uma moça sorridente lhe perguntou, atrás de um balcão.

— Só um café — ele respondera.

Então, depois de pagar pelo café, escolhera a mesinha próxima à janela. Como de costume, divagara sobre os acontecimentos dos últimos dias. Sua vida pacata havia se transformado numa louca batalha de lapsos de memória, atormentando a consciência de nosso Peter Pan. 

Era como se o "Pan criança" tentasse invadir o "Pan adolescente"; eram dois num só. Era o jovem menino perdido que mais uma vez fugira em busca da Terra do Nunca.

Depois de um tempo, alguém interrompera os devaneios de Pan; Tina estava parada na frente de sua mesa, e seu rosto lhe parecia contraído demais, como se não aprovasse a sua presença:

— O que faz aqui? 

— Espera... Você consegue me ver ?! — Pan arregalou os olhos, a surpresa estampada em seu rosto — Então quer dizer que todo mundo pode agora? E... e... você acredita em mim!

— Mas é claro que acredito!

Pan enrugou a testa. Tina respirou fundo, para completar:

— Da minha parte fora tudo fingimento. Nunca deixei de enxergá-lo. Agora, por favor, suma daqui! Suma das nossas vidas!

— Hã? — Pan tentava inutilmente entender a situação. Seus olhos eram puro atordoamento — Do que você está falando?

— Não se faça de bobo, Pan. Ou melhor, Peter Pan. Você me largou lá sozinha para viver "A aventura da vida" — disse, tentando imitar a voz dele, com uma careta esquisita — Você nunca mais voltou. E pior, se fosse por causa de Wendy, eu talvez pensasse em perdoá-lo. No entanto, nem isso você fez! Voltou para cá e nem pensou em visitá-la!

A compreensão pareceu surgir repentinamente. Então fora isso... Agora tudo fazia sentido... A cada segundo sentia como se sua mente fosse uma máquina e as turbinas acelerassem a cada segundos; histórias, donzelas, piratas, sereias, índios, Cinderela, pó mágico, fadas, sentimentos, dedais, guerra, beijos...

— WENDY!

— Não, seu idiota — Tina o encarara com remorso, piscando os olhos enormes para ele — Não acredito que não se lembra...

Pan observou-a como nunca antes. Cabelos louros, olhos verdes e aquele jeito mandão e rabugento... Mas é claro, como pode esquecê-la? Por que mesmo que a esquecera?

— AI MEU DEUS, TINKY!

Pan se levantou para abraçá-la bem forte. O choro não tardara a surgir; eram os sentimentos, os malditos sentimentos que tanto temera e se arriscara por causa de Wendy...

— Perdoe-me, perdoe-me, Tinky! Por favor...

Tina, ou melhor, Tinky, hesitou antes de responder.

— Se eu não fizer isso, não perdoarei a mim mesma... Tudo bem, Pan. Mas acho que você devia consertar essa bagunça toda.

— Que quer dizer com isso? — as lágrimas secavam aos poucos, deixando apenas manchas em sua pele.

— Wendy não pode mais vê-lo. Ela não acredita mais que você seja o mesmo Pan de antes. Além disso, precisamos decidir por onde ficaremos, sabe...

Tinky virou-se em direção às amigas, sentadas num canto mais longe.

— Olha, vou avisá-las que... surgiu um compromisso. Assim poderemos conversar melhor, sim?

Tinky e Pan saíram do café, silenciosos. Apenas o vento a cantar para eles. Fora isso, silêncio total.

Pan começara a lembrar-se de como era a Terra do Nunca. Não costumava nevar lá. Os dias eram sempre quentes, a brisa sempre doce, as noites sempre estreladas.

Apesar do vazio que o dominava nos últimos dias, a presença de sua velha amiga Tinky o deixava feliz. Como pode não reconhecê-la? Sentira-se mal por ter feito isso com ela, Tinky fora sua melhor amiga por tanto tempo...

Depois de uma boa caminhada, encontraram uma pracinha para conversar. Ele explicara-lhe tudo que se lembrava, incluindo o porquê de ter retornado a Londres. Sua amiga, por sua vez, confidenciara-lhe que trocara o nome por Tina evitando encontrá-lo de novo.

Tinky ainda contou-lhe o segredo das fadas: quando alguém para de crer nelas, estas não morrem; aénas voltam para sua antiga casa, como as humanas que sempre foram.

As fadas nada mais eram do que também meninas perdidas.

Após muita conversa jogada fora, Tinky encarou o amigo, pensativa.

— Tudo bem, decidiremos o que fazer com nossas vidas mais tarde. Mas...

— Mas o quê?

— Quer mesmo Wendy de volta, não é? — falou, empolgadíssima.

— Quero! — Pan ajoelhou-se no banco.

— Quer mesmo que ela te veja, acredite em você novamente, saiba que você é o verdadeiro Peter Pan?

— Quero, quero! — ele falou cada vez mais alto, animando-se.

Tinky rira um riso que não dera há anos. Ela se aproximou, verificando se não havia ninguém prestando a atenção.

— Pois então, Peter Pan, sente direito e escute meu plano.


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Notas finais do capítulo

Gente... Acabei de verificar que tenho alguns leitores (uau, surpresa pra mim, acreditam? kkkk eu pensei que eram só 4!) e onde vocês estão hein? kkkkkk como disse anteriormente, estou aceitando sugestões, comentários... enfim. Mas valeu de todo jeito ! ^^