Sam sentiu seu corpo dolorido contra o piso de mármore da cozinha. Tentou levantar, mas seu corpo implorava por mais um pouco de tempo para repor as energias, além de um cobertor. Era quase impossível lembrar o motivo de ter dormido no chão. E também não era nada bom. Seus pais a matariam se a vissem onde passou a noite. Seus irmãos, porém, achariam uma forma de aprontar alguma com ela. Ainda planejava uma vingança para a última que eles tinham aprontado.

Aos poucos ela foi se lembrando do que ocorrera..

Se pôs de pé num salto. O movimento abrupto causou pontos escuros na sua visão e uma terrível tontura. Suas pernas bambas ameaçam leva-la a baixo enquanto corria pela casa, pedindo para que tudo aquilo não passasse de um sonho. Que ela não havia acordado e todos tinham desaparecido misteriosamente, que não tinha andado por toda parte e não encontrado uma única pessoa.

Seus passos pesados ecoavam pela casa silenciosa. Como se uma faca tivesse sido cravada em seu coração, ela percebeu, novamente, que não havia ninguém na casa. Seu corpo tremia violentamente em espasmos de desespero enquanto verificava os interruptores. Nada. E quando por fim foi até a janela e observou a rua, só pode ouvir um enorme silêncio.

O que está acontecendo?! Ela pensou encarando seu reflexo no espelho. Que tipo de brincadeira é essa?!

Para onde foram todos? As pessoas não podem desaparecer assim... do nada.

Como que por resposta, ela ouviu um estalido. Quase imperceptível, vindo da janela. Seu coração agora era tão barulhento quanto um trator.

Silêncio.

E então outro estalido.

Esse agora viera do espelho, seguido por vários outros estalidos, vindo de janelas mais distantes. Girando em torno de si mesma, assustada, ela ouviu o que parecia milhões de vidros trincando ao mesmo tempo.

Os estalidos cessaram e, por um estante ela pensou, aliviada, que aquilo havia finalmente acabado.

Antes que pudesse respirar todos os vidros se estilhaçaram, aos mesmo tempo, em uma explosão barulhenta e mortal. Ela se curvou no chão protegendo a cabeça com os braços. O pânico a atingindo como ela nunca havia sentido enquanto milhões de partículas de vidro sobrevoavam em sua direção.

Ela se deixou tomar pelo pânico, gritando o mais alto que podia, como se aquela fosse a única e última forma de salvar a sua vida.

Estilhaços caiam sobre ela, aos mesmo tempo em que ouvia os vidros das casas vizinhas se estilhaçarem numa sucessão de estrondos atormentadores.