POV Mary

Assim que Ally saiu do café, Trish e eu começamos a conversar sobre a viagem. Realmente estava sendo muito boa, apesar das brigas com Adam. Nós brigávamos ainda mais que Ally e Austin. Mas, eu não conseguia aceitar tanta dedicação ao trabalho sem nem ao menos se lembrar de mim.

Talvez eu estivesse mesmo apenas pensando em mim e não em seu trabalho. Mas, isso me magoava demais e eu não conseguia mais aguentar isso. Ele nem mesmo parecia mais me amar. Esquecendo-se de tudo isso por alguns instantes, vi quando Trish sorriu olhando para porta.

Lá estavam todos eles. Adam sorriu para mim e dei um sorriso de canto. Austin percorreu seus olhos por todo o lugar, provavelmente a procura de Ally. Revirei os olhos enquanto eles caminhavam em nossa direção..

– Olá – Audrey falou animada.

– Oi – sorri e ela se sentou na cadeira que antes Ally estava. Adam beijou minha testa e sentou na cadeira que sobrava. O resto deles pegaram cadeiras de outras mesas e se sentaram lotando a mesa.

– Onde está Ally? – Austin perguntou olhando preocupado.

– Foi na antiga casa – falei dando ombros e ele suspirou.

– Ela quis ir sozinha? – perguntou e eu assenti.

Nós ficamos conversando um pouco e logo todos fizeram pedidos. Parecia estar cada vez mais frio aquele lugar. Mas, não saímos porque tínhamos que esperar Ally. Que, por sinal, estava demorando. Austin olhou no relógio impacientemente e olhou para fora.

Foi então que percebemos a neve. Sorri animada e arregalei os olhos. Ficamos observando da mesa mesmo, já que não tive coragem de ir até lá. Ouvimos gritos e risadas do lado de fora. Foi aí que tudo começou a ficar estanho.

Um homem que estava correndo parou na frente do lugar e olhou para trás. Então reconheci Ally atrás dele. Ela ria animada enquanto corria. Realmente não sei como conseguiu correr com aqueles saltos. Enfim, todos nós olhamos para porta e ficamos confusos. Austin tinha um olhar atento sobre eles.

Os dois entraram no Café e eu deixei a boca cair. Ally se virou para nós enquanto eu reconhecia o homem. Era o mesmo homem daqui, o que encarava nós.

– Ele é o...? – Trish falou atraindo nossa atenção.

– Sim – respondi surpresa. Austin olhou furioso e observou os dois na porta do Café.

Vimos Ally abraçar o estranho e rir. Neste momento os olhos de Austin brilhavam em fúria. Os dois pareciam tão íntimos e amigos. Adam segurou Austin para ele não fazer nenhuma besteira. Observamos atentos enquanto Ally e o estranho sussurravam um para o outro.

O cara olhou para nós e eu sorri. Conhecia muito bem Ally para perceber seu ciúme planejado. Trish também deu um pequeno sorriso entendendo o mesmo. Enquanto nós duas sorriamos o resto tinha olhares ameaçadores. Eles pareciam também estar com ciúmes. Talvez querendo cuidar de Ally e defender Austin.

Ally e o estranho se separam lentamente. Ela se virou para nós, mas logo voltou. Percebi que os dois não se importaram em gritar bem alto.

– Aqui às duas horas – o cara gritou rindo e piscou. Eles pareciam marcar um encontro.

– Amanhã – Ally completou rindo. Revirei os olhos rindo também. Todos me olharam como se eu fosse louca. Adam me olhou também furioso. Austin parecia que ia explodir com os punhos cerrados.

A garota se virou para nós novamente. Ela levantou a cabeça e caminhou confiante e sorridente até nós. Continuei com um sorriso para ela. Ela me olhou provocativa e eu sorri ainda mais. O silencio até sua chegada era constrangedor. Ouvíamos apenas a conversa de outras mesas e a respiração pesada de Austin.

– Olá – ela disse normalmente e sorriu.

– Hm, oi – respondi com uma imensa vontade de rir. Ninguém mais a respondeu então a garota deu ombros e pegou uma cadeira vazia. Ela se sentou entre mim e Austin.

– Quem era ele? – Austin apenas perguntou.

– Bem, Thomas. O conheci na rua – respondeu dando ombros, animada. Ergui uma sobrancelha engasgando com um riso. Ela sorriu desafiadora.

– Na rua? – Austin perguntou debochadamente – E já marcou um encontro? Rápida não é? – falou sorrindo maldosamente. Ally imediatamente tirou sua pose vitoriosa. Ela parecia muito ofendida e magoada.

– Não tão rápida quanto você – falou se levantando. Afastei a cadeira novamente, mas ela balançou a cabeça.

– Vou para hotel, estou com dor de cabeça – avisou e saiu da mesa rapidamente. Todos permaneceram calados enquanto ela saia do lugar como um furacão. Lágrimas e raiva ao mesmo tempo.

– Idiota – gritei me levantando.

– Vou falar com ela – Austin avisou agora mais calma. Ia protestar, mas Adam pegou minha mão.

– Deixe-os – Adam falou seriamente. Hesitei, mas acabei sentada novamente. Austin saiu do lugar sem falar qualquer coisa.

– Austin é um idiota – murmurei irritada.

– Ally também não é uma santa – Adrian retrucou com braços cruzados. Apenas defendendo o irmão, repeti para mim mesma.

– Ally nunca trairia Austin – falei com uma certeza absoluta. Ele deu ombros e vi que todos seus irmãos duvidavam.

Mesmo não querendo duvidar ele faziam-no mesmo assim. Acho que agora não à volta. Nunca mais tudo voltará a ser mesmo, pensei com tristeza e certeza.

POV Ally

Quando saí apressadamente do café a única coisa que conseguia pensar era “ele não confia mais em mim”. Com todas aquelas fãs em volta dele, declarações, pôster, ele desconfiava de mim. Todos os dias eu controlava meu ciúme por causa daquilo. Algumas vezes não dava certo, mas eu nunca duvidei dele. Nunca gritei com ele, por dar muita atenção a suas fãs.

Além disso, ele sempre me avisou das fãs, ou seja, não era algo desconhecido para mim. Essa era a única coisa que sempre pedi, “não esconda nada de mim”. E até hoje ele não me deu motivos para desconfiar e eu não brigaria por nada.

Mas, eu? Sei que errei de não contar rapidamente, mesmo nem ter tido tempo para isso. Quando ia contar de uma das coisas mais importantes da minha vida Austin praticamente me chamou de oferecida. Esse pensamento levou lágrimas aos meus olhos.

Tudo estava tão bom e de repente vira isso? Idas e vindas cheias de lágrimas e gritos. Desconfiança no meio do amor. O que viria agora? Um término de namoro no meio da rua ou em um quarto de hotel? Provavelmente, já que nossa vida é o típico filme de amor. Um famoso com a pobre garota, isso está certo?

Mas, não foi assim que começamos. O garoto lindo da praia e a garota com família problemática. Não estava incluso a fama. E nem mesmo o namoro. O que viria agora mesmo? Ah, sim. A mocinha, no caso eu, viria o garoto beijar sua inimiga. Então seria apenas esperar por isso. Ou até mesmo a falsa gravidez da inimiga.

Enquanto, andava em direção ao hotel percebi alguém atrás de mim. Não precisava me virar para saber que era Austin. Mas, ao menos ele respeitou meu espaço sem me chamar. A neve caia em nossa volta deixando a cena ainda mais dramática.

Corri para dentro do hotel e subi as escadas correndo. Mesmo sabendo que Austin estava atrás de mim decidi apenas ignorar. Talvez deveria ter gritado “saia”, mas não o fiz. Apenas entrei no quarto e fechei a porta. Antes de chegar a janela a porta se abriu novamente.

Respirei rapidamente tentando controlar as lágrimas. Sentei no pequeno sofá e escondi meu rosto nas mãos. Meus olhos insistiram em deixar as lágrimas correrem. Lágrimas é a palavra que mais se repetia em minha vida. Ou talvez Austin? Não sei, muitas vezes uma era seguida pela outra.

– Ally? – sua voz preocupada me chamou. Com esse som tive ainda mais vontade de chorar.

– Não – murmurei soluçando.

– Ally... Não chore – suplicou e eu tive uma súbita vontade de rir.

– Acho difícil – ri irônica e levantei a cabeça. Passei a mão pelo rosto limpando a umidade.

– Não quis dizer aquilo apenas... – tentou se explicar, mas eu o cortei.

– Apenas desconfiou de mim – completei suspirando. Ele estava parado perto de mim. Austin tinha um olhar culpado.

– Apenas te amo demais para te ver com outro – falou em um tom baixo. A alegria e a tristeza batalharam nesta frase.

– Eu também te amo demais. Mas, sempre te vejo com garotas. Seja lá o que elas forem, fãs, secretárias... E nunca desconfiei de você, porque nunca mentiu para mim – falei entre lágrimas novamente. O olhar de Austin ficou culpado novamente. Ele suspirou passando as mãos pelo cabelo.

– Eu errei – admitiu – Fiquei tão cego de ciúmes. É tudo o que faço agora, errar – falou com raiva de si mesmo – Não aguento mais trabalhar e ficar longe de você – falou andando de um lado do quarto para o outro.

– Não parece – murmurei fungando.

– Mas, é a verdade. Todos dizem para mim o que fazer. O que não falar – disse fazendo uma careta. Franzi a testa confusa e ele me olhou com medo – Apenas não suporto a ideia de te perder por causa de tudo isso – disse se aproximando.

– Então não perca. Faça o que você quiser e não o que mandam – falei apontando para ele. Austin suspirou e negou.

– Não posso – negou tristemente. Meu estomago se embrulhou, não por uma doença e sim pelo significa dessas palavras em tudo isso.

– Iremos ver até onde nos levará - falei suspirando.

Nossos olhares se encontraram por alguns segundos. Isso não era um término. Deveria dizer ainda? Deveria, mas não é o que quero. Decidimos dar mais uma chance para nós, mas isso era o certo? Apenas perguntas sem respostas. Por enquanto.

Tirei meu salto e meu casaco sem olhar para Austin. Podia sentir seu olhar em mim, mas logo ele saiu do quarto sem dizer mais nenhuma palavra. Minha cabeça latejava, meus olhos queimavam e minhas mãos tremiam. E mesmo assim a única coisa que minha mente sonhadora me permitiu fazer foi pensar em nosso futuro juntos depois de tudo aquilo.