Dias Imprevisíveis escrita por Gil Haruno


Capítulo 16
Capítulo 16 -Megan e Claire X Sarah


Notas iniciais do capítulo

Capítulo postado!

Beijocas!



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‘Passos seguro se perde em meio a sussurros e lamúrias. Desviam do seu caminho original... Seguem outros rumos... Encalham-se em um novo percurso. Depara-se a labirintos traiçoeiros... Ficam encurralados entre o certo e errado. Procuram alternativas quando acham que podem pisar firme ou voltam ao ponto de partida, retomando ou prosseguindo sua jornada.’

Bocejei pela terceira vez em trinta minutos, mas mantive o ritmo da caminhada no Central Park, mesmo sentindo uma vontade desgraçada de me deitar na grama, e dormir por três horas.
A meu lado, cheia de bom humor, Megan caminhava tecendo elogios à natureza e, claro, olhando de esguelha os abdomes sarados que cruzavam seu caminho.

–Faz tanto tempo que não venho aqui. Agora volto e vejo muitas novidades.

Megan baixou os óculos de sol até o meio do nariz, pois a nosso lado direito, conversando distraídos, alguns rapazes se exercitavam. Sem pudor algum, a loira comprometida os encarou por longos segundos, mas se recompôs ao perceber que eles acabaram notando seu olhar de cobiça.

–Que assanhados! – disse ela sorridente e não demorou a deixar os óculos no seu devido lugar. –Você deveria se soltar mais, Claire. Tá cheio de bons partidos aqui.

–Estou bêbada de sono, mal vejo onde estou pisando.

–Vamos sentar um pouco.

Sentamo-nos em um banco onde havia poucas pessoas aos arredores.

–Não conseguiu dormir ontem à noite?

–Tive insônia. – bebi um pouco da água, depois molhei o rosto, tentando aliviar o cansaço nas pálpebras. –Acabei saindo da cama às duas da madrugada e...

–E? – indagou sem muita curiosidade.

–Cheguei à sala e encontrei o Ethan tentando fazer um curativo no braço.

–Sério? – indagou eufórica, como se eu estivesse prestes a lhe contar um segredo. –E aí?

–Eu me ofereci para fazer o curativo, ele aceitou, e conversamos por alguns minutos.

–Sobre o quê? Sentimentos?

–É. Sobre os sentimentos dele. – Megan estava esperando outra resposta, mas contentou-se com o que ouviu. –Acho que eu deixei uma mensagem na cabeça dele.

–E o Ethan te ouviu de boa?

–No começo, ele estava bem debochado, quase me disse que eu ia encher a paciência dele com um monte de besteira. – Megan riu. –Mas eu fui mais esperta que a conclusão precipitada dele e o calei de uma forma... – lembrei-me dos seus olhos embargando-se lentamente e a confusão em seu rosto. –, não sei explicar com palavras. Ethan... Ele estava emocionado, eu senti isso, mas calou-me em abrupto, e me deixou sozinha. Isso foi tudo.

–Uh. – murmurou fazendo uma longa pausa, pensativa. –Ele nunca vai dizer que ficou tocado com suas palavras, mas ele vai se aproximar ainda mais de você. – concluiu Megan cheia de certeza. –Ele sabe que você o compreende muito bem, mas talvez nunca peça sua ajuda, embora ele vá esperar por ela.

–Tenho medo de dizer alguma coisa que o magoe. Não sei. Às vezes eu sinto que preciso de um plano infalível para chegar perto dele sem que eu o assuste. Outras vezes, sinto que estou pisando em ovos sempre que lhe direciono uma palavrinha.

Megan riu divertida ao ouvir minha confissão.

–Relaxa! Você já conquistou a amizade dele, agora é só tirar proveito disso.

–Do que você está falando?

–Você pode usar essa amizade para preencher o coraçãozinho do meu irmão.

–Megan...

–Isso não é ilegal no jogo do amor, sabia? – calei-me por que eu sabia que era impossível contê-la. –Ethan está completamente vulnerável e nunca se apaixonou por ninguém. Você gosta dele e está deixando isso escancarado a cada dia. Eu somo um mais um que é igual a dois, e dois é um número par, que será seu número da sorte em breve.

Boquiaberta, acabei rindo do seu jeito espontâneo, e eloquente. Então, baseando minha vida amorosa no contexto argumentativo de Megan, achei que já era hora de termos uma conversa franca, sem que eu tentasse escapar da desconfiança dela.

–Eu confesso. – falei sacudindo o casaco branco no ar, me rendendo. –Estou apaixonada. Eu amo seu irmão. Satisfeita agora?

Observei-a esperando o estardalhaço de sua euforia, mas ao contrário da minha imaginação, Megan cruzou as pernas, bebeu água, e suspirou alto, olhando o céu azul.
As folhas farfalhavam com o leve sopro do vento, como se quisesse dar fim ao silêncio que se instalou entre nós. Megan agia sem novidade, no meu caso, permaneci com cara de boba.

–Você não me disse nenhuma novidade, senhorita Lewis. – comentou rindo. –Eu já sabia que você está apaixonada por Ethan. Eu te disse, não é? Mas você ficou negando e negando... Até que não conseguiu guardar mais esse segredo.

–Uhhh. – murmurei encarando o céu, da mesma forma que Megan. –Eu não sabia se era mesmo verdade. É patético, não é?

–O amor nos deixa patético. – rimos juntas. –Quando você vai contar pra ele?

–Como? – virei o rosto de supetão para ela, a mesma se divertiu com minha reação. –Nunca.

Megan se endireitou no banco, surpresa. –Nunca?

–É. – dei de ombros, indignando Megan. –Não posso dizer a ele que o amo.

–Isso se chama declaração. Normalmente acontece quando deixamos claro nosso sentimento para a pessoa amada.

–Não é meu caso. – Megan cruzou os braços. –Eu não saberia como dizer e tão pouco estou preparada para levar um fora. Além do mais, eu não quero estragar a aproximação que tivemos; o que torna totalmente descartável sua ideia de que eu posso me aproveitar disso.

–Argh! – murmurou bagunçando levemente o cabelo. –Eu não posso fingir que não sei de nada.

–Lamento Megan, mas isso terá que ficar entre nós duas.

Não contente com meu pedido, a Scott bufou de raiva e, quando eu achei que o assunto estava encerrado, ela iniciou outro; aquele que me convenceria. Mas eu estava determinada a guardar meus sentimentos, afinal ele não ia interferir na vida do Ethan que, provavelmente, escutaria três ou quatro palavras desnecessárias, e logo as esqueceria.

–Você prefere sofrer de amor?

–Por que eu sofreria? – indaguei arrancando um suspiro incrédulo de Megan. –Você está se referindo ao fato dele está namorando outra pessoa?

–Claro.

–Eu não me importo muito. – falei calmamente, o que surpreendeu Megan. –Eu gostei dele sabendo que seu coração já está ocupado, por isso não vou me dá ao luxo de ficar iludida. E meu pai sempre dizia que, o que é nosso verdadeiramente, o futuro trata de nos dá um dia.

–Quer saber? – ela sorriu. –Você está certa! Eu deveria ter te conhecido há três anos, assim eu teria evitado o bate-boca, e os puxões de cabelo por causa de garotos. – rimos juntas. –Vou respeitar seu silêncio, mas vou fazer de tudo para unir vocês.

–Megan...

Iniciamos outro assunto, que se resumia nas futuras tentativas de Megan a bancar o cupido.

&&&&*&&&&

Uma semana passou e foram os dias mais conturbados que vivi em New York.
Mesmo ouvindo o sermão de Megan sobre sair de casa e não dar notícias, Ethan havia ignorado a preocupação da irmã de novo. Com o sumiço do namorado, choveram ligações de Sarah no telefone residencial da família Scott, levando Megan a discutir com a cunhada diversas vezes. Como se não bastasse o infortuno, Melissa estava prestes a deixar o hospital, e tinha avisado, com muita antecedência, de que David voltaria com ela.

–Estou à beira da loucura!

De roupão e cabelo pingando, Megan se jogou no sofá da sala, sob o olhar divertido de Nicholas.

–Você é louca desde sempre, Megan.

–Nicholas! – chamei a atenção dele que, imediatamente, retomou a postura.

–Eu não sei o porquê de você ficar tão pirada. Ethan tá nem aí pra gente, a tia Melissa pouco se importa com ela mesma, e o David é um sem noção que não tem teto. Onde está à novidade nisso?

–Eu odeio admitir, mas você está certo, Nicholas! – Megan andou de um lado a outro, alisando o cabelo molhado com as pontas dos dedos. –Eu vou viver a minha vida! – motivada, ela bateu a palma da mão contra o peito. –A princípio eu estava planejando arrumar um emprego, alugar um apartamento, e levar a Claire comigo. Mas Jason está ganhando muito bem, logo se mudará para um apartamento maior, e ele disse que não há problemas se você ficar com a gente, Claire.

–E eu?

–Você, Nicholas? – indagou Megan em tom divertido. –Há centros de apoio aos sem tetos de New York. Chegue a um abrigo as seis e você terá uma boa noite de sono.

–Está falando sério?

–Claro que não, seu bobo! – Nicholas suspirou em alívio. –Você pode ficar com meu quarto.

Megan e Nicholas discutiam sobre o futuro da família Scott, eu, no entanto, tornei íntimas as questões a meu respeito.
Eu já imaginava que o futuro daquela família era incerto, mas deixei de pensar no dia que eu não mais estaria ligada a ela. Megan já fazia planos para nós duas, assim como ela revelou espontaneamente ao me conhecer, mas seus planos haviam mudado.
A ideia de morar com ela e Jason me fazia refletir sobre o quão dependente eu ainda era. A sensação que eu tinha era de que todos viviam me carregando de um lado a outro, como se eu ainda fosse pequena demais para dar meus próprios passos. Talvez eu fosse e seria sempre assim se eu não tomasse uma atitude.
Não estava nos meus planos deixar a família Scott, tão pouco deixar de conviver com Megan, mas... Teria que acontecer um dia e esse dia começava a se aproximar, devagar.

Nicholas e Megan ainda tagarelavam quando a maçaneta da porta girou, seguido de vozes do lado de fora e, boquiabertos, observamos a silhueta de Melissa aparecer.

–Estou chamando os nomes de vocês há um bom tempo.

Sem nada dizer, olhamos à senhora Scott de cima abaixo, notando a transformação em sua aparência. Ela usava um vestido solto, longo, em cores vivas. O cabelo estava divinamente liso, brilhoso, e levemente repicado nas pontas. Os olhos azuis estavam intensos, se sobressaindo na pouca maquiagem. O batom vermelho era um destaque à parte, tornando alegre e agradável à harmonia em sua aparência.

–Mãe?

–É, sua mãe. – disse indo à filha. –Está surpresa? – perguntou sorrindo enquanto espremia os ombros de Megan.

–Você disse que sairia em dois ou três dias.

–Não pude esperar até lá. – se desvencilhou da filha e abraçou Nicholas fortemente.

–Você fugiu, tia?

–Quase. – respondeu arrancando um riso orgulhoso de Nicholas. –Claire!

–Oi, Melissa.

Ela me abraçou fortemente, depois andou em passos acelerados até as malas.

–Trouxe presentes para todo mundo!

–Presente? Onde você acha que estava? De férias na Disney? – questionou Megan, cruzando os braços, irritada. –Será que alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui?

–Eu explico.

Sorridente, Sarah adentrou a sala, na companhia de David.

–Você? – Megan estreitou os olhos ao vê a antiga rival. –Se está aqui por causa de Ethan...

–Estou aqui por causa da minha sogra. – interrompeu Sarah. –Melissa me pediu ajuda para sair de lá e eu a tirei. Ela aceitou a ajuda da clínica de reabilitação e estou providenciando a internação dela. Assim que ela deixar a clínica, passará um bom tempo em Miami, minha família tem uma ótima residência lá. – ao terminar a explicação, Sarah abraçou Melissa. –Deixo bem claro que não estou fazendo isso por causa do Ethan que, aliás, não merece ser lembrado em consideração, mas faço isso para que Melissa se sinta bem, e tenha uma vida mais saudável.

–Você tem que reconhecer que ela está certíssima, Megan.

–Vai se ferrar, David!

Megan deixou a sala cheia de ira, tentando acalmá-la, fui atrás dela.

–Megan!

–Quem ela pensa que vai enganar facilmente? Eu?

Fechei a porta para que não fôssemos ouvidas, mas pelo tom de voz alto de Megan, ela queria que toda a vizinhança a escutasse.

–E se ela só estiver preocupada com a saúde de Melissa?

–Sarah não se preocupa com ninguém a não ser ela, Claire. Ela não faz o bem por que está fragilizada ou emocionada, apenas se houver benefícios a seu favor.

–Que tipo de proveito ela pode tirar disso?

Megan olhou-me, pensativa, e se jogou na cama. Encarava o teto enquanto balançava os pés, em um ritmo acelerado.

–Talvez... – falei chamando a atenção de Megan. –No dia que fomos ao hospital buscar a Melissa e teve toda aquela confusão, Ethan ficou do lado de fora quando você entrou no quarto, e eu fui procura-lo. Sem querer, acabei escutando a conversa dele e Sarah.

–Do que falaram?

Perguntou Megan se levantando em abrupto.

–Nada demais, talvez, porém a Sarah insistiu muito para que Ethan internasse a Melissa em uma clínica de dependentes químicos. Ela também deixou claro que a família se oporia ao relacionamento, por que eles são da alta sociedade, e o vício de Melissa traria escândalo; presumi essa última parte.

–Uh. – Megan tamborilou os dedos no queixo. –Ela ainda não contou aos pais, por isso tirou minha mãe do hospital, e está fazendo de tudo para mantê-la sóbria.

–O que significa?

–Significa que ela vai manter minha mãe sobre o seu controle. Vai entretê-la com mimos e logo Melissa Scott estará apresentável à família dela. Quando esse joguinho acabar, Sarah vai internar minha mãe em uma clínica, e vai fazer que Ethan se desligue dela pouco a pouco, até que ele a enxergue como um empecilho na sua vida.

–Você não está sendo muito rígida? – Megan balançou a cabeça. –Eu não gosto da Sarah, mas acusa-la assim...

–Eu conheço Sarah muito bem, Claire, talvez mais que ela mesma. – sorriu convencida. –Eu já sei por onde atacar.

–O que você vai fazer? – perguntei temendo o pior.

–Vou trazer a família Williams aqui, assim eles conhecerão a verdadeira Melissa e seus filhos problemáticos, mas vou precisar de ajuda. – ela riu divertida, como se visse seu plano em cena. –Ninguém me faz de idiota duas vezes!

Atiçada devido às próprias conclusões – precipitadas –, Megan arrancou o celular da bolsa, e imediatamente entrou em contato com Jason.

–Oi, meu amor. Estava dormindo? – se sentou na pontinha da cama e manteve os olhos em mim, com um sorriso sapeca. –Eu preciso de um favor urgentíssimo. – ela manteve o sorriso, provavelmente Jason não tinha negado ajuda. –Preciso localizar o Crash.

–Megan...

–O Ethan não apareceu ainda e o Crash é a única pessoa que sabe onde está meu irmão.

Ela ignorou meu chamado, pois sabia que eu começava a desconfiar da sua intenção de achar o Ethan.

–Você é a única pessoa que pode me ajudar nesse exato momento, Jason! Por favor! – fez cara de choro e voz manhosa. –Obrigada! Eu prometo te recompensar hoje à noite. – cocei a nuca em desconforto. –Mande o número por torpedo. Te amo.

–O que você está tramando?

–Simples. – ela uniu as mãos, tentando conter-se. –Se acharmos o Crash, acharemos o Ethan. Eles nunca dizem onde estão, quando voltarão, muito menos ligam para dar notícias. Por isso eu preciso falar com o Crash e saber, exatamente, quando Ethan voltará para casa.

–Você vai convidar a família de Sarah e quer que eles flagrem a volta do Ethan? – indaguei confusa.

–Quase isso. Eu vou convidá-los como se eles estivessem vindo para um grande banquete, mas para nós, será um dia comum como outro qualquer. Pergunto-me se Sarah contou aos pais que Ethan disputa corridas clandestinas e que viaja, mas nunca a mantém informada sobre seu paradeiro.

–E se as coisas perderem o controle?

–De qualquer jeito, o filme da patricinha estará queimado. – deu de ombros. –Só tem um problema, Crash não vai me ouvir.

–E se eu tentar? – que pergunta mais estúpida fiz à Megan. –Acho que eu consigo arrancar alguma coisa dele. – no que eu estava pensando?

–Sim! Você é a pessoa mais indicada para isso! – levantou da cama, como se fosse raro ela permanecer quieta. –Vamos surpreender Sarah e os pais dela, Claire!

&&&&*&&&&

A caneta azul rolou sobre a folha rabiscada do caderno e, sem ter em mente o que escrever para terminar a estrofe, inclinei as costas no sofá, dando-me por vencida.

–Então, seu nome é Claire?

David chegou mais perto, olhando-me avaliativo, mas decidira se sentar em uma poltrona mais afastada de onde eu estava.

–Quanto tempo você vai ficar aqui?

Seu olhar me incomodava, tanto quanto sua postura relaxada.

–Por pouco tempo. Eu acho. – respondi ajeitando-me.

–Uh. – murmurou e sorriu em seguida. –Têm pais? Irmãos? Parentes em New York?

–Não.

Às vezes eu me considerava antipática quando alguém me interrogava. Dependia muito da simpatia da pessoa que eu olhasse ou como eu seria abordada. Mas, no caso do David, tanto a antipatia quanto à maneira de ele chamar atenção, prevaleciam no ápice do incômodo.

–Você está sozinha no mundo?

Estava. – respondi enfatizando a resposta. –Vou vê se Melissa precisa de alguma coisa.

–Não se incomode. Ela está dormindo.

Não dei importância à explicação dele e rapidamente guardei meus pertences espalhados no sofá.

–Se precisar de alguma coisa, terei muito prazer em atendê-la.

Olhei-o de esguelha, percebendo seu sorriso sádico, e seus olhos movimentando-se de cima abaixo, avaliando-me sem um pingo de pudor.

–Eu não vou precisar de nada.

Seus olhos se estreitaram ao ouvir minha retribuição à sua ‘gentileza’, mas tratei de ignorá-lo, uma vez tendo comprovado que ele não prestava, assim como a fama mal vista que o qualificava.


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