A Marca da dor. escrita por Melody Beauregard


Capítulo 6
Cara a Cara.


Notas iniciais do capítulo

Amei todos os rewiews.
Arigatô Gozaimasu pela consideração.



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Sendo perfurada por memórias que castigam sua mente, seu descontrole chega ao pico. Existe algo que vai além das obrigações de um shinobi. Dentro de uma Kunoichi ainda existem sentimentos e falhas de um mero ser humano.





Tudo o que Sakura sabia era que cada centímetro do seu corpo parecia ter sido amassado por um compressor gigante. Ela sentia dor em vários locais e sequer podia usar seu chackra para curá-los. Caída no chão daquela forma humilhante, a Haruno sabia que não era sensato atiçar novamente a fúria dos Uchihas. Seu chackra não havia se recuperado por completo desde a última batalha, por isso sua última tentativa de socar os opressores havia sido claramente imprudente.




Mas ela era assim... Neurótica e insana.


Em momentos de descontrole, deixava-se guiar pelas emoções. Assim como Tsunade Senju.

Apesar das dores, sua experiência como ninja revelava que os golpes de Itachi haviam sido leves demais para um ninja daquele calibre. Se ela estivesse com todo o seu potencial de chackra, poderia curar-se facilmente sem deixar nenhum vestígio ou hematoma. Na verdade, a rosada percebeu que, além de não usar chakra em seus golpes, o Uchiha controlara sua força bruta.

Ela ainda não decidira se sentira gratidão ou raiva.

Apenas ficou imóvel, com os olhos fechados, enquanto ouvia Fugaku dar às ordens.

– Itachi, - A voz do líder continha uma autoridade inflexível. – Pegue o Uzumaki e nos siga. – Sakura estremeceu ao ouvi-lo se referindo a Naruto. – Sasuke, leve a garota para o local que determinamos. Esperem lá até que eu e Madara nos juntemos a vocês.

Quando a Haruno abriu os olhos, viu que os pés de Uchiha Sasuke estavam bem à sua frente. Cerrou os orbes esmeraldinos novamente. Aquilo só podia ser um pesadelo...

– Levante-se.

Aquela foi a primeira palavra que Sakura ouvira o ex-companheiro proferir depois de muito tempo. O tom de voz dele era familiar, porém estava mais grave e frio, cheio de autoridade. Ela podia sentir a pressão que o chackra dele exercia no local. Aquele jeito arrogante e autoritário havia se potencializado.

Ela não falara com Sasuke desde o dia em que ele abandonou a equipe, anos atrás. Era óbvio que dentre todos os componentes do time, a que mais sofrera com o desfalque havia sido ela. A rosada era garota que um dia havia tido uma paixão obsessiva pelo Uchiha. Ela lembrava-se de ter praticamente suplicado para que ele permanecesse na equipe.

Aquela Sakura possuía a imaturidade de uma menina apaixonada, por isso dobrava-se perante sua paixão, como se jamais fosse ser feliz sem ele. Seu objetivo maior era conquista-lo. Tê-lo para si.

Quão imatura ela era...

Mas a rosada não era mais uma menina. E o comando rude e autoritário de Sasuke Uchiha não era mais a voz mansa e amigável de um garoto. O tom dele expressava a frieza e impaciência de um shinobi que via tudo como uma simples obrigação.

Por isso ela criou forças para levantar-se.

Completou o movimento com a maior dignidade que conseguiu reunir em si mesma, ignorando a dor e a impotência que sentia em seu corpo. Não se permitiu arquejar ou fazer nenhuma expressão que demonstrasse fraqueza. Olhou para o chão por alguns momentos, mas ergueu sua face, que possuía machucados no lado direito, e olhou diretamente nos olhos escarlate de Uchiha Sasuke.

Ela não era uma menina.

Ela era, assim como o homem à sua frente, uma shinobi de elite.

Os olhos de Sasuke ficaram ameaçadores quando os dois se encararam. Nem mesmo Itachi e Fugaku conseguiam chegar ao nível daquela expressão que ele lançava para a antiga colega de equipe. Mas a Haruno não desviou seus olhos. Mantinha sua face séria e imponente, com seus olhos esmeraldinos fitando corajosamente o doujutsu do Uchiha.

Ela não se dobraria dessa vez.

Não fraquejaria.

Sua expressão fechada, juntamente com o brilho verde de seus olhos, mostrava apenas uma coisa:

Apesar de todos os golpes que havia recebido, apesar de seus músculos protestarem diante da dor, apesar de estar cercada pelo clã inimigo, Sakura não baixaria a cabeça perante o sharingan.

Sustentou a troca de olhares até o momento que o próprio Uchiha desviou seus orbes rubros. Ele apresentava uma expressão confusa, que fez a rosada sentir-se ainda mais confiante. Era óbvio que ela prosseguiria com o combinado. Desfaria o selo dos documentos especiais e tudo mais, eles eram os novos dirigentes de Konoha afinal de contas, a própria Kushina admitira isso.

Mas ela não se permitiria demonstrar fraqueza ou dor perante a eles.

– Vamos. – Sasuke falou, fazendo sinal para que ela o seguisse.

Sakura revirou os olhos, mas seguiu-o.

– Vamos. - ela respondeu, deixando sua voz no mesmo tom displicente que a dele, o que o fez erguer uma sobrancelha. – Quero terminar logo com isso.

Os dois entraram na base central de Konoha, que era um prédio enorme, cheio de corredores, onde toda a burocracia da porção militar do país do fogo era resolvida. Normalmente aquele lugar era cheio de gente, com ninjas andando para lá e para cá tentando resolver os pormenores das missões, além das mensagens para serem decodificadas e pergaminhos para serem guardados. Naquele momento, entretanto, tudo estava vazio.

Sakura lembrava-se de Tsunade e Shizune andando por aquele local. Dos dias de trabalho pesado e cansativo que ela mesma havia passado, se distraindo com as conversas atribuladas e risadas escandalosas dos outros amigos.

Naquele momento aqueles corredores estavam vazios, como um lugar fantasma onde apenas residia lembranças.

Sakura assumiu a frente a partir dali, mostrando o caminho da sala da Hokage para Sasuke. Ela lembrava-se das inúmeras vezes que havia percorrido aquela trajetória levando relatórios de missões e até mesmo alguns documentos importantes.

Mas a lembrança maior veio à tona no momento em que ela abriu a porta da antiga sala da Godaime.

Sakura arfou ao notar que tudo ali ainda estava da mesma forma que Tsunade havia deixado antes de morrer. Era como se ao olhar para a mesa, cheia de papéis, ela fosse encontrar a própria mestra ali, dormindo sobre alguns relatórios enquanto segurava um copo de sakê, os longos cabelos loiros espalhados sobre a mesa.

A imagem da forma incinerada da mestra tomou a mente da Haruno.

– Vai ficar parada aí? – A voz de Sasuke interrompeu seus devaneios. O moreno mirava-a de forma impaciente.

Sakura cerrou os punhos ao olhar novamente para o Uchiha. Havia sido um deles o responsável pela morte de Tsunade. Alguém com aqueles mesmo olhos rubros e irritantes e uma face arrogante e estranhamente bela. Alguém como o homem que estava ao seu lado.

Ela sentia-se mal só de estar ao lado de um Uchiha.

Sentia dor ao lembrar-se dos estragos do amaterasu. Da face sofrida de Kushina.

Sua mão começava a arder.

– Haruno... – Ele começava a falar, tocando seu ombro direito, na tentativa de fazê-la andar.

A reação de Sakura foi repentina. Ela tapeou com força a mão do Uchiha, tirando-a de seu corpo, olhando-o com toda a raiva e mágoa que possuía.

– Não me toque. – O tom dela também foi rude.

Com todas aquelas lembranças castigando sua mente, Sakura estava com sua sensibilidade à flor da pele. Sentia vontade de bater em qualquer um que possuísse aquele doujutsu maldito.

O olhar de Sasuke foi extremamente hostil.

– Não é você quem dá as ordens por aqui. – Ele falou, segurando com força em seus dois braços, exatamente onde havia hematomas.

– Nem você. – O tom dela era perfurante. Os orbes esmeraldinos encontravam os rubros de forma destemida. – Solte-me, agora.

Ele apertou ainda mais seus braços. Um pouco mais de força e seus ossos se partiriam.

Ao olhar para ele, Sakura não via o ex-companheiro de equipe, apenas enxergava o maldito doujutsu que fora responsável pela morte das pessoas que amava. Isso a irritava e fazia com que cada parte do seu corpo clamasse por justiça. Seus punhos queriam soca-lo até que suas belas feições estivessem desfiguradas, ignorando a dor que sentia pelo aperto de ferro em seus braços.

Desvencilhou-se habilidosamente do Uchiha, fazendo-o arregalar os olhos de surpresa. Tamanho fora o susto que ele sequer teve tempo de armar sua guarda. O punho de Sakura, apesar de não possuir muito chackra, atingiu-o em cheio na face, fazendo-o bater as costas na parede.

Antes que ela piscasse ele já se pusera de pé, pronto para reagir. Os olhos ardiam em fúria. Um poder descomunal emanava do Uchiha naquele momento. Antes que a rosada o percebesse, Sasuke já estava a centímetros dela, segurando-a pelo pescoço, tirando-a do chão e jogando-a de encontro à escrivaninha.

Nesse momento a porta se abriu.

Ela provavelmente desmaiaria com o baque. Porém, antes que a colisão se completasse ela encontrou-se nos braços de Itachi, que acabara de irromper pela porta. Fugaku continha Sasuke, enquanto Madara olhava a cena com uma expressão divertida nos olhos.

– Esses jovens. – Falou Uchiha Madara. – Não podemos deixa-los sozinhos por um minuto sem que cometam alguma imprudência.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam o do capítulo?
Qual parte foi mais legal?