A Marca da dor. escrita por Melody Beauregard


Capítulo 2
O pedido de Kushina.




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O amor que ela sentia superava sua própria vontade de viver.


Era meio dia, mas o tempo em Konoha não estava quente, como o habitual. As nuvens estavam realmente escuras. Qualquer pessoa poderia facilmente prever uma chuva para dali a alguns minutos.

Sakura estava concentrada.

Como médica, ela sabia que concentração era algo básico para que qualquer objetivo fosse alcançado. Entretanto, naquele dia ela precisara concentrar-se como nunca antes. Tsunade já havia dado sua ordem:

– Os outros iryou nins já estão muito ocupados com os feridos no hospital, tenho que por um fim nisso hoje, Sakura, e para isso preciso que você seja o corpo médico aqui fora, no meu lugar. – Ela dizia tudo com uma voz autêntica, que mostrava claramente que não aceitaria ser desobedecida, ela tinha a autoridade ali... Foi então que a loira entregou um bracelete à Sakura. – Este é o bracelete de capitã do corpo médico... Se algo acontecer e eu não voltar, quero que você os lidere. Cure qualquer um que estiver ferido, de Uzumakis a Uchihas.

Era por isso que a Haruno usava o máximo de sua concentração naquele momento para realizar a cura remota de Katsuyu. Ela podia sentir cada parte do seu chackra fluindo para acelerar o processo de cura de seus companheiros. Apesar das palavras da líder, ela mesma, Haruno Sakura, desejava de todo o coração salvar a todos. Sentia medo de perder aqueles que lhe eram caros.

A maior parte dos ninjas de Konoha já havia estado nas mãos da rosada em tempos passados. Por ser uma ninja médica, Sakura já havia participado de várias missões com equipes diferentes, era amiga de muita gente e muitos dos que conhecia declaravam-se agora inimigos de sua líder, seus inimigos.

Mesmo assim ela não fazia distinção entre as pessoas que iria curar. Sendo amigo ou inimigo, tudo o que a rosada sabia era que ninguém deveria ser morto, não enquanto ela estivesse ali.

Os ninjas de ambos os lados começavam a fraquejar.

Ela já podia começar a movimentar-se.

Foi então quando ela viu Kushina e Tsunade correrem para o local onde o corpo de Naruto jazia inerte.

O coração de Sakura começou a bater a uma velocidade surpreendente. Começava a perder seu controle. Ela não podia perder seu melhor amigo. Seus pés pareciam se moverem sozinhos enquanto ela corria com toda a sua velocidade, indo ao encontro das líderes Senju e Uzumaki. Só o que conseguia pensar era:

“Ele não.”

Mas ela não conseguiu chegar até lá. Tudo aconteceu muito rápido. Alguns Uchihas que ela não conseguiu reconhecer ativaram uma espécie de bomba, indo de encontro às líderes. Tudo o que a rosada viu foi a união veloz de Kushina e Tsunade no momento da realização de uma barreira de correntes, própria dos Uzumaki.

Sakura queria gritar, Naruto ainda estava lá dentro.

Foi então que um barulho estrondoso soou e tudo dentro da barreira ficou preto.

A Haruno viu a barreira de correntes se desfazendo lentamente, enquanto um sinal aparecia no céu. Era a marca da rendição da Kushina. Sakura sorvia o ar com dificuldade enquanto percebia os Uzumakis e Senjus baixando suas armas.

A vitória pertencia aos Hyuugas e Uchihas. Konoha era deles.

Sakura correu até os três corpos mutilados pela potência da bomba.

Não havia mais vida no corpo de Tsunade Senju. Ela estava inteiramente consumida em chamas, suas feições sequer podiam ser reconhecidas com facilidade. A garganta da Haruno secou ao ver a forma mutilada de sua líder, a mulher que ensinara tudo que ela sabia, que a tratara como uma ninja capaz.

Essa mulher... Essa líder jazia agora em frente à Haruno e seu corpo voltava ao pó do qual se originara.

Os dentes de Sakura estavam trincados, ela não podia se dar ao luxo de fraquejar agora devido à morte de sua mestra. Kushina e Naruto ainda estavam vivos. A resistência dos Uzumakis era de fato surpreendente.

Embora a rosada quisesse correr ao encontro do melhor amigo, ela sabia que Kushina era prioridade naquele momento. O líder devia ser sempre prioridade para um iryou-nin.

– Sakura-san. – A rosada escutou a voz fraca da Uzumaki em meio às chamas.

Ajoelhou-se ao lado da líder ruiva, levando chackra suficiente às mãos para tentar fazer as chamas extinguirem-se. Entretanto, no início do processo, foi interrompida por Kushina que a olhava seriamente.

– Cure o meu filho, Sakura-san – Sua voz, embora fosse fraca, ainda possuía a autoridade de uma comandante. – Onegai.

Uma lágrima desceu pelo rosto de Sakura.

– Não tenho chackra para usar a Katsuyu agora. – A iryou nin admitiu, sentindo que tinha um nó em sua garganta.- Não há tempo para curar um de cada vez.

Sakura mirou a face séria da Uzumaki. Embora estivesse à beira da morte, sendo queimada viva por chamas negras, Kushina continuava olhando-a com urgência. Seus olhos azuis, tão belos quanto os de Naruto, transmitiam algo além da segurança de uma líder. Em poucos segundos, a expressão da bela mulher ruiva modificou-se para uma face completamente nova, algo que ela dificilmente demonstrava.

Medo.

Qualquer um podia ver, ao perceber o olhar que Kushina lançou para Naruto, o motivo de seu medo evidente. Ela, como líder, não podia se dar ao luxo de morrer facilmente e deixar seus subordinados sozinhos. Porém naquele momento, Sakura percebeu que a mulher à sua frente era algo muito além de uma poderosa líder Uzumaki. Ela era mãe. E como a mãe que era, seu maior temor era presenciar a morte de seu filho daquela forma.

– Ouça. – O tom de Kushina era convicto. – O resultado dessa guerra já está claro. Nós perdemos. Sakura, de todas as pessoas, você é a ninja certa para estar aqui ao meu lado agora. – A ruiva respirou fundo. – Eu te peço, não como líder, mas como uma mãe, que deixe-me aqui e cure o Naruto. A vila vai ficar nas mãos de Hiashi e Fugaku e eu sei o quanto eles detestam o meu filho. O Naruto é insolente e teimoso, por isso pode acabar se metendo numa fria. Você, dentre todas as garotas, é a mais parecida comigo e também é a única que consegue mantê-lo na linha.

“Cuide do meu filho, Sakura-chan. Onegai.”

As lágrimas desceram incessantemente pelo rosto da ruiva, mas ela fechou os olhos, mostrando que era hora da Haruno usar seu ninjutsu em Naruto.

Sakura não olhou para trás. Apenas correu até o amigo, utilizando suas habilidades com a maior rapidez que podia. Ela podia ver as feições belas do Uzumaki, tão parecidas com as de Kushina. A Haruno sentia as batidas sôfregas de seu coração mostrando que ele ainda resistia.

Com toda sua força de vontade, a rosada usava seu chackra para fazer inibir o amaterasu e curar as graves queimaduras do loiro. Ela sentia cada parte do seu corpo arder em vontade. Ela queria salvá-lo, queria vê-lo vivo.

– Eu vou cuidar do Naruto pra você, Kushina-san. – Sakura falou baixinho, enquanto usava o máximo de suas forças para regenerar o melhor amigo.

.

.

.

Um baque estrondoso fez com que Sakura caísse bruscamente da cama onde estava devido ao susto.

Ainda atordoada, a rosada piscou várias vezes tentando reconhecer o lugar em que estava. Havia tido um sonho perturbador. Uma lembrança, na realidade. Uma memória recente do que tinha se passado alguns dias atrás.

O local estava mal iluminado. Era um quarto simples, com paredes brancas, piso de madeira barata, guarda roupa pequeno e uma escrivaninha polida. A rosada podia sentir o ar de limpeza que aquele lugar emanava, mas ainda não reconhecia nada daquilo. Não estava em sua casa, definitivamente.

Suspirou pesadamente ao sentar-se na cama. Desolada. Com as lembranças da noite anterior que se misturavam com as memórias de seu sonho afetando sua mente.

Em pouco tempo o desespero começou a atingi-la. As lembranças do corpo incinerado de sua mestra vinham como raios em sua mente. Rápidas e dolorosas. A certeza de que nunca mais veria Tsunade atingiu a rosada em cheio, enquanto lágrimas cristalinas escorregavam em montes por seu rosto alvo.

Ouviu passos se aproximando do local onde estava.

A Haruno enxugou rapidamente seu rosto com as costas da mão direita e voltou seus olhos para a pessoa que acabara de abrir a porta.

Um homem alto, de cabelos negros presos em um rabo de cavalo baixo a fitava curiosamente com um par de olhos estranhamente vermelhos. Ele tinha um ar sombrio, realçado pelas duas marcas que possuía abaixo dos olhos. Usava uma capa preta e lisa, que cobria parte do seu rosto.

– Estávamos esperando seu despertar, Haruno Sakura.


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