Ai No Yubiwa escrita por Shadow of the Writer


Capítulo 1
Capítulo Único




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A noite estava realmente bonita. O céu estava estrelado e a lua estava cheia, enquanto uma brisa suave se fazia presente. Era uma ótima noite para se pensar no que fazer a seguir. Esse era o pensamento de Nova naquele momento, sentado no beira da fonte do jardim na mansão da Famiglia Arcana. Já fazia mais de dois meses desde o fim do Duello Arcana que proclamou a vitória de Felicitá, assim como também da cura total de Mondo. No entanto, haviam algumas coisas que, apesar de todo aquele tempo, não havia sido devidamente resolvidas na opinião do moreno. A primeira, o fato Libertá e ele terem terminado em um empate durante o Duello. Aquela situação ainda lhe irritava profundamente, porém era algo que teria de ser resolvido em outra oportunidade. Talvez Mondo organizasse outra disputa entre os membros da família, assim ele poderia resolver essa pequena pendencia com o contratante de Il Matto.

A segunda...

Quase como se estivesse com medo, Nova enfiou a mão dentro do bolso e tirou a caixinha de veludo marrom. Seus olhos azuis profundos observaram com atenção o objeto em suas mãos. Com um movimento calmo, ele abriu a caixinha e observou o anel de prata e safiras que estava guardado ali. O anel que Mondo havia lhe dado durante sua infância, para que este fosse usado quando o noivado com Felicitá se tornasse oficial.

Durante o Duello Arcana ele havia decidido que, após vencer, finalmente tomaria coragem para entregar aquele anel a Felicitá e pedi-la em casamento. Porém, não havia conseguido seu intento... Agora, nem ao menos sabia o que fazer.

Quando falara com Sumire após a luta dos dois, pensara que – apenas talvez – não fosse indigno ou inadequado para se casar com Felicitá. Esse pequeno pensamento havia preenchido seu corpo e seu coração de esperança. Porém... Estava incerto mais uma vez, já que não fora capaz de vencer o Duello Arcana. Ainda estava longe de ser um homem adequado para se casar com Felicitá.

- Não consegue dormir? – indagou uma voz atrás de Nova, fazendo com que o capitão do Santo Graal se assustasse, levantando-se quase que imediatamente e escondendo a caixinha de veludo a suas costas.

Parada a alguns passos da fonte, se encontrava Felicitá com um sorriso gentil em seus lábios. Ela estava com os longos cabelos soltos, usando a camisola branca e um hobby fino por cima. Nova precisou conter a vontade de se bater ao vê-la ali. Como não havia pressentido a aproximação dela? Estava tão distraído assim?

- O que houve, Nova? Aconteceu alguma coisa? – a preocupação na voz dela era perceptível, enquanto dava mais alguns passos na direção do contratante de La Morte.

- Não. Está tudo bem – respondeu mais rápido do que era realmente necessário, guardando a caixinha de veludo dentro do bolso do terno preto. – Não conseguiu dormir?

- Sim. Então resolvi dar um passeio. Você também não conseguiu dormir?

- Hm... Sim.

Felicitá sorriu e andou até o lado de Nova, sentando-se na beirada da fonte. Em um convite silencioso, ela havia deixado um espaço ao seu lado, enquanto encarava os belos olhos azuis do garoto a sua frente. Sem dizer nada, tentando permanecer o mais calmo possível, Nova sentou-se ao lado dela. Felicitá sorriu abertamente e voltou seus olhos para o céu, observando em silêncio a lua que enfeitava a noite junto das estrelas.

Um silêncio se seguiu entre eles, porém não estava desconfortável. Para Felicitá, que sempre gostava de sorrir e conversar, o silêncio era algo irritante, porém ao lado de Nova era algo totalmente diferente. O silêncio era confortável ao lado dele. Era algo... Agradável.

- Nee Nova... O que você estava olhando antes de eu chegar?

A pergunta surpreendeu o moreno, fazendo com que ele a olhasse.

- Não era nada.

- Mentiroso – os olhos verdes se voltaram na direção do moreno, encarando-o com seriedade. – Se não fosse nada, você não estaria tão distraído e teria percebido a minha aproximação.

Nova comprimiu os lábios em uma linha fina. Era realmente difícil despistar Felicitá. Se fosse qualquer outro, a sua resposta teria sido mais do que o suficiente para acabar com o assunto. Porém, com Felicitá parecia ser sempre diferente.

Os olhos verdes o encaravam com seriedade. Era óbvio que ela não o deixaria fugir sem uma resposta completa e sem meias verdades.

Conformado e hesitante, Nova colocou a mão no bolso do terno e tirou mais uma vez a caixinha de veludo marrom, mostrando-a para a garota ao seu lado. Felicitá observou a caixinha sem saber o que significava. Algo que Nova não estranhou. Ela jamais soube do anel de noivado que Mondo havia lhe confiado durante sua infância.

- O que é isso? – perguntou ela por fim, após desistir de tentar adivinhar o que poderia ser.

- Um anel – respondeu simplesmente, abrindo a caixinha e deixando que Felicitá visse o belo anel de prata e safiras.

- Kirei... – murmurou em um suspiro, erguendo as mãos para pegar a caixinha de veludo, assim podendo olhar o anel mais de perto. – Isso é um anel de mulher... Você vai dá-lo a alguém?

- Eu ia dá-lo a uma pessoa, caso vencesse o Duello Arcana – respondeu calmo, desde que não contasse para quem ele pretendia dar o anel, não precisava mentir.

- Isso quer dizer quê...

- Não vou dá-lo mais.

- Ah! Por quê?! – a voz de Felicitá subiu três oitavas ao falar, tamanho o espanto que sentiu ao escutar aquilo.

- Porque não tenho a certeza de que sou digno dela – respondeu sério, mostrando que não estava brincando e que aquele era seu mais genuíno pensamento.

- Nande...?

Nova virou o rosto, tentado esconder-se um pouco melhor do olhar safira. Deveria haver um limite legal para aquele tipo de situação.

- O Duello Arcana era um teste, para que eu pudesse provar a mim mesmo que era capaz de proteger a minha pessoa mais preciosa. Eu fracassei no teste e apenas reafirmei de que não sou bom o suficiente para proteger essa pessoa.

Felicitá não concordava com aquilo. Para ela, não poderia haver alguém mais capaz de proteger alguém do que Nova. Ele era inteligente, competente em tudo o que fazia, orgulhoso e gentil. Um aperto em seu peito fez com que ela abaixasse cabeça, olhando para o belo anel que ainda segurava. Estava com inveja e ciúme dessa pessoa, que havia conseguido fazer com que Nova a elegesse como sua ‘sua pessoa especial’.

- Eu não concordo com isso.

Ao escutar aquela resposta, Nova se virou para olhar para a garota ao seu lado, vendo que ela estava olhando fixamente para o anel.

- Você é incrível, Nova. Sempre dedicado ao trabalho, é inteligente e corajoso, mas também é gentil. Tenho certeza de que essa pessoa, seja ela quem for, será a mulher mais feliz do mundo por receber seus sentimentos.

- Felicitá...

Nova não conseguiu continuar olhando-a. Seu coração estava disparado e a vontade de falar tudo o que sentia estava comprimindo seu peito. Não. Não era a hora de falar a verdade.

- Nee Nova... Você há ama? Essa pessoa? – indagou olhando fixamente para seus dedos, que agora alisavam a superfície agradável da caixinha.

- Sim. Desde a primeira vez que eu vi, meu coração se encheu de alegria – afirmou convicto, enquanto um sorriso verdadeiro surgia em seus lábios, tomando coragem para olhar para a ruiva ao seu lado.

- Se é assim, então você deve dar isso a ela – afirmou Felicitá se armando de seu melhor sorriso, virando-se para encarar a face do moreno, enquanto lhe devolvia a caixinha com o anel. – Não importa se você venceu ou não Duello Arcana. O que importa, é que você a ama de verdade.

Nova olhou para o anel quando o tomou de volta. O que importava era realmente o quanto ele a amava? Era isso que importava?

Ele não soube de onde havia surgido, porém ele se viu cheio de determinação. Com o olhar firme ele se levantou e se virou para encarar Felicitá, que parecia um pouco surpresa ao vê-lo com aquela expressão determinada.

- Nova! – Felicitá gritou assustada, ao ver o moreno de ajoelhar a sua frente, encarando-a sem desviar o olhar em nenhum momento.

Sem dizer nada, Nova retira o anel de dentro da caixinha e toma a mão direita de Felicitá. Sobre o brilho de surpresa dos olhos verdes, Nova deslizou o anel prateado pelo dedo anelar da mão delicada.

- Nova... O quê…?

- Esse anel sempre foi para você, Felicitá – sussurrou baixinho, erguendo os olhos para fitar com carinho os olhos verdes, com um pequeno sorriso em seus lábios. – Quando éramos crianças, Papa me entregou esse anel para que eu pudesse lhe dar quando nos tornássemos noivos oficialmente.

Os olhos de Felicitá se arregalaram ao escutar aquilo, se voltando quase que instantaneamente para o anel em seu dedo. Naquela época, seu casamento com Nova era algo que ambos os lados da família desejavam, apesar dos motivos dos pais de Nova. Naquela época, ela não compreendia o que era um casamento. Sumire havia lhe explicado que um casamento, era estar para sempre ao lado de alguém especial... Era jamais estar sozinha... Era nunca sentir medo... Quando escutou isso, na sua ingênua mente infantil, ela pensou que seria incrível se casar com Nova. Porém...

- Você... Cancelou o noivado... – sussurrou abaixando a cabeça, em uma tentativa de esconder a tristeza que sentia ao se lembrar disso.

Ela nunca havia entendido. Nem mesmo depois de deixar sua ingenuidade infantil para trás, ela ainda não era capaz de entender o porquê de Nova ter cancelado o noivado.

- Sim. O fiz porque não me sentia digno – sua voz estava firme. Ele não estava mais hesitando. Os olhos de Felicitá se ergueram para encará-lo novamente. – Depois do que houve com meus pais, eu não me sentia digno... Nem da confiança que Papa estava depositando em mim... Nem de ter você. Por causa disso, cancelei o noivado e devolvi o anel a Papa e a Mamma.

Mais uma vez, os olhos verdes brilharam em surpresa. Se Nova havia devolvido o anel... Então... Como...?

- Ele estava na sua antiga casa, no quarto de Mamma. O encontrei quando a levei para lá, quando Libertá e eu tentávamos te fazer recuperar a memória – respondeu como se houvesse lido os pensamentos da garota. – Tentei entregá-lo a Mamma novamente depois que a venci no Duello Arcana, mas ela se recusou. Ela disse... Que talvez fosse o meu destino recuperar esse anel.

Felicitá abaixou a cabeça e observou o anel em seu dedo. O silêncio voltou a envolvê-los, porém, de forma muito mais tensa do que antes. Aquela era uma situação que nenhum dos dois havia planejado.

Depois do que pareceu ser uma longa eternidade, Felicitá reuniu toda a coragem que tinha, para conseguir perguntar aquilo que a estava quase enlouquecendo.

- Isso quer dizer... Que você está me pedindo em casamento, Nova? – murmurou baixinho, rezando para que não estivesse apenas fazendo papel de idiota. Ainda restava a possibilidade de Nova estar apenas lhe devolvendo o anel.

- Sim. Quero você para todo sempre, Felicitá. Não pelos motivos que meus pais usaram para iniciar nosso noivado no passado, mas pela linda, corajosa e gentil mulher que está diante de mim – afirmou com um sorriso terno em seus lábios.

Felicitá tentou, mas foi impossível impedir que as lágrimas deixassem seus olhos. Por um momento, Nova pensou que talvez houvesse dito algo que não deveria, mas no momento seguinte Felicitá se jogou em seus braços, abraçando-o com força, enquanto soluços deixavam seus lábios.

- Sim... Sim Nova... Eu quero me casar com você!

Nova sorriu e a abraçou de volta, erguendo o olhar em direção ao céu olhando para a bela lua e para as delicadas estrelas, que eram as únicas testemunha daquele pedido. Foi a elas que ele jurou, enquanto sentia o calor confortável e o perfume doce de Felicitá contra seu corpo: Enquanto vivessem, ele a amaria para todo sempre.


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