The Innocent Can Never Last escrita por Clarawr


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Após estudar exaustivamente para quatro provas (isso porque são dez), fazer trabalhos, resumos, anotações e me afogar nos livros, EU ESTOU DE VOLTA!
Então, eu ainda estou nessa loucura, mas eu tive uma folguinha (não tenho aula/prova amanhã), então vim aqui matar as saudades.
GENTE EU ESTAVA COM TANTA SAUDADE, tipo, terça feira tocou Wake me Up When September Ends lá na escola (é, tem tipo uma rádio, a gente tira umas caixas de som enormes e passa os recreios ouvindo músicas e fazendo bailes funk, não, mentira kkk, só ouvindo música mesmo), aí na parte que ele cantou "The Innocent Can Never Last" eu lembrei da fic e quase chorei porque estava impossibilitada de postá-la oeiaodjasjka.
Enfim, bom capítulo. Para aqueles que estavam com saudade, notícias de Liz e Roger ♥
PS: O capítulo ficou grandinho para compensar o fato de que vou demorar a postar de novo (só quarta ou quinta da semana que vem)



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Acordo em cima da hora. Só tive tempo de enfiar uma roupa e correr para a sala de TV. Sinceramente, estou com muito medo do que vou encontrar. Dou de cara com Blight curvado na direção da TV, parecendo extremamente concentrado.

     Entro na sala e a primeira coisa que registro é que há duas pessoas zanzando juntas na TV que mostra nossos tributos. Aproximo-me da TV para examinar melhor, quase sem acreditar. 

     - Eles se acharam? – Minha voz torna-se aguda por causa da empolgação.

     Blight sorri:

     - Liz encontrou o paredão ontem, um pouco depois que você saiu. Escalou e caiu no esconderijo de Roger. Ela demorou um pouco a encontrá-lo, porque ele estava caçando. Mas eles se acharam.

      Um sorriso sincero atravessa meus lábios. Blight despede-se e eu observo os dois juntos, montando acampamento. Então um pensamento perturbador tira meu foco. Nenhum outro tributo achou o paredão. Tenho certeza de que ele fica muito afastado da área principal de combate, porque lembro que Roger correu durante muito tempo à procura de Liz antes de dar de cara com ele. Roger e Liz estão seguros demais. Logo, os Idealizadores dos Jogos vão dar um jeito de fazer com que os dois se juntassem à festa.

     Quero desesperadamente avisá-los para cair fora dali. É melhor que eles saiam por conta própria do que algum Idealizador expulsá-los com a ajuda de bestantes, fogo, inundações, terremotos ou qualquer coisa que passe pela cabeça doentia e psicótica deles. Mas não posso fazer absolutamente nada para dar-lhes a dica.

     Depois de algumas horas, fica mais escuro, dando a entender que anoiteceu. Não temos como ter certeza, porque aquela arena está sempre envolta em uma neblina pesada, de modo que a noite sempre parece estar prestes a cair. Só que apenas alguns minutos depois, percebo que não é a noite que proporcionou a leve diminuição de luz. Nuvens negras e pesadas cobrem o céu e em menos de cinco segundos uma chuva torrencial começa a cair. Lizzenie e Roger se ajeitam no esconderijo, mas eu tenho uma sensação ruim de que essa chuva vai trazer problemas. Nada do que acontece na arena é por acaso, por que com essa chuva seria diferente? Não, eu estou paranoica. Quem me garante que esse dilúvio não é direcionado a outra pessoa?

     Lizzenie está montando guarda, mas não parece particularmente preocupada com a água. Até que ela vira abruptamente a cabeça para a direita, como se tivesse escutado um barulho que não deveria ter sido ouvido. Vejo a coisa ocorrendo ao mesmo tempo que ela.

     A chuva bate violentamente na grama, que aparentemente não é tão firme quanto os dois pensavam. O chão vai cedendo assustadoramente rápido e se eles não saírem correndo em poucos minutos, serão engolidos pela terra. Liz entra e acorda Roger, que descansava contorcido junto de uma árvore. Ela só tem tempo de agarrar a mão do irmão e disparar até o paredão de pedra quando a terra onde Roger estava deitado por cima cede. É esquisito, porque quando a terra se abre, não fica escavada, como era de se esperar. Ela revela um grande vazio na parte de baixo do chão, como se a grama fosse apenas uma cobertura superficial. Na verdade, por dentro daquela fina camada de folhas e terra, há um enorme vazio. E eu tenho a sensação que a partir do momento que você é sugado para lá, não há volta.   

     Os dois correm numa velocidade que eu pensava ser humanamente impossível, mas depois lembro-me de que não devemos subestimar o poder da adrenalina em nossos corpos. Não há tempo para escalar, ambos terão de passar ela aberturinha entre as pedras. Dessa vez, não há preocupação com outros tributos mal intencionados, mas mesmo que houvesse, não ia ter muito jeito. Liz passa por ali com facilidade, engatinhando, mas para Roger é mais complicado, porque ele é maior. Ele é obrigado a rastejar, o que o atrasa e cratera está chegando cada vez mais perto. Liz o puxa, completamente desesperada e depois de alguns agonizantes segundos, os dois conseguem dar o fora dali, deixando o paredão desabar atrás deles.

     Depois de alguns minutos, a destruição insana cessa, mas ambos continuam correndo. Quando param, Roger resolve dar uma olhada na destruição. É quando eu vejo que a coisa é mais estranha do que eu tinha imaginado. As crateras não são buracos com uma profundidade tão absurda que não conseguimos ver o que há no fundo. Elas têm, em seu fundo, uma coloração amarelada, que parece ondular, como se alguém que estivessem iluminando o espaço com uma lanterna de luz amarela berrante estivesse tremendo. 

     Embora as coisas tenham se acalmado e a próxima meia hora seja de uma tranqüilidade perturbadora, eu continuo preocupada. Porque, se os Idealizadores pararam, é porque Roger e Liz chegaram ao local programado. E eu estou certa que o local programado vai nos trazer problemas.

     Pela primeira vez, eles param para inspecionar o lugar onde estão. É um novo corredor de árvores no cemitério. Eles não têm como montar abrigo por ali, porque é uma área passagem de todos os tributos. Para seguir qualquer caminho, eles precisam atravessar os corredores de árvores, de modo que parar ali é uma idéia extremamente idiota. Então, os dois continuam andando em linha reta, até chegar a um lugar que parece a última lápide daquela linha reta. Ao invés de virarem formando uma perpendicular com a rota que seguiam antes, Liz cutuca Roger e se mete no meio das árvores que formam o corredor, como se pudesse haver algo de oculto ali além da lápide protegida pelas copas. Ela passa por cima da lápide, com o irmão em seu encalço. Continua nessa estranha rota em diagonal por mais um tempo, afastando galhos enquanto passa, até que ao invés de ter de passar por outra lápide e quebrar outro galho para poder abrir caminho, ambos dão de cara com um amontoado de arbustos com folhas secas e quebradiças, praticamente mortas. Embora as folhas ressecadas não proporcionem um abrigo tão seguro quanto um arbusto cheio de folhas densas e verdes, eles decidem que aquela é a melhor opção.

     Eles não possuem absolutamente nada além do machado de Liz e de uns restos de um animal de Roger caçou no dia em que ambos se encontraram. Daqui a pouco, vão precisar de água. Roger entrega o resto da caça para Liz e ela come avidamente.

     - Você dormiu? – Roger pergunta, preocupado, enquanto avalia as olheiras de Liz.

     - Nenhum um segundo desde que o gongo soou. – Ela admite.

     - Então deita e dorme, que eu fico de guarda.

     Mal ele termina a frase, ela cai desmaiada a seu lado. Roger mantêm o olhar atento nas redondezas, o machado firme nas mãos, pronto para o caso de algum inimigo chegar, o que vai acontecer a qualquer momento, já que até onde sei, ele não teve contato com um único tributo além de Liz e o garoto da abertura.

     É impressionante como eu nunca erro. Modéstia à parte, minha intuição não falha. Talvez seja experiência, mas realmente acho que fui agraciada com algum tipo de sexto sentido quando nasci. Bom, você tem que ter sorte alguma vez nessa maldita vida, não é? É impossível que tudo dê errado sempre. 

 Uns quinze minutos depois de Liz adormecer, Roger vira a cabeça para o lado abruptamente. Ele fica parado como uma estátua, como se estivesse tentando ouvir melhor, os olhos varrendo toda a área a seu redor, tentando enxergar de onde veio o som que não devia ter vindo. Como não consegue captar nenhum sinal, senta-se cuidadosamente, mas não totalmente relaxado. Seus olhos ainda giram à procura de algum invasor.

     E ele vem. Consigo ver o vulto tomando forma a partir da árvore de onde Roger e Lizzenie vieram enquanto procuravam esconderijo. Seu andar não é o de alguém que também procurava abrigo, de alguém desesperado que só quer encontrar um local relativamente seguro para recuperar as forças. É de alguém pronto para matar quem estiver na frente. Não preciso olhar o rosto com mais atenção para saber que é um Carreirista. O que ele está fazendo sozinho, eu não faço a menor idéia, já que eles sempre se juntam para caçar os mais fracos. Talvez os outros estejam espalhados em posição estratégica por trás dele, para garantir que mesmo que Roger fuja, algum de seus amiguinhos bem posicionados dê conta dele. Agora é ou um, ou outro.

     Não consigo piscar. Não consigo me mexer. Eu mal respiro. Talvez esse seja o primeiro perigo real que os dois enfrentam nos Jogos. Porque eu honestamente acho que a intenção daquela terra se abrindo ao meio não era matá-los, sim trazê-los para perto do furacão. Mas esse garoto, não. Sua intenção está clara.

     Roger cutuca Lizzenie bruscamente e ela acorda assustada. O menino sorri de um jeito agourento:

     - Opa, finalmente eu arranjei alguma coisa para fazer.

     - Ah, você quer dizer morrer? – Liz diz e eu me surpreendo com o tom de sua voz. Duro e irônico. Feroz. Não é aquela menininha sonhadora da entrevista. É alguém pronto para ir às últimas conseqüências, mas não sem caçoar um pouco do oponente. Não sem garantir a diversão de Panem.

     O semblante do menino endurece. Ele não está acostumado com isso. Ele está acostumado com submissão, as pessoas implorando para que ele poupe suas vidas, principalmente as garotinhas magras de quatorze anos. Humilhar suas vítimas faz parte do processo. Mas eu conheço Lizzenie o suficiente para saber que se ela cair, não vai ser desse jeito.   

     Roger está prestes a se aproveitar que o garoto foi distraído pela afronta de Liz quando ele arranca uma faca do cinto e atira na direção do coração dela. Lizzenie gira rapidamente para o lado, esbarrando no irmão e a faca passa zunindo por ela. Mais um segundo, ele tinha acertado o alvo. Um riso debochado escapa dos lábios de Liz e, eu não tenho certeza, porque aquela névoa prejudica minha visibilidade, acho que o garoto ficou vermelho de raiva.

     - Sossega, Lizzenie. – Roger sibila para a irmã.

     - Seu irmão é mais sensato. – O garoto diz, enquanto se aproxima. Cada passo que ele dá para frente corresponde a dois passos para trás de Roger e Liz e agora eles estão encostados em uma árvore não muito alta, abandonada, que indica que ali é um dos limites da arena. Posso ver perfeitamente Roger calculando o tempo que o machado vai levar até alcançar o corpo do menino versus o tempo que uma daquelas facas vai levar para atingir alguma parte vital dele. Agora, a TV que exibe os Jogos do jeito que eles estão passando para o resto de Panem também está focada no embate, só que de um ângulo diferente.

    - Pode apostar que não estou sendo sensato por sua casa. – Roger responde friamente.

     Um embate com discussão. Só a morte sangrenta já seria divertido, mas um barraco é melhor ainda. Posso ver a Capital em frente à TV, cada casa focalizada nos acontecimentos, as pessoas apostando em Roger, Liz ou no garoto Carreirista.   

     O menino tinha uma faca escondida na manga da jaqueta. É a única explicação possível para um outro exemplar da arma já estar em sua mão, pronta para ferir alguém. A coisa é tão rápida que eu nem consigo ver direito. Ele lança a lâmina na direção de Liz novamente, mas não em algum órgão vital. Ele só faz com que a jaqueta dela fique presa a árvore. Liz ainda está se recuperando do choque de estar encurralada quando o garoto manda uma outra lâmina, só que dessa vez em seu peito e ela não tem como girar para se proteger.

     Roger arregala os olhos e, sem parecer pensar, se joga na frente de Lizzenie, de perfil para o menino e que a faca se finca em seu braço. Ele solta um gemido de dor enquanto arranca o objeto do braço. Não consigo ver bem, porque a jaqueta é preta, mas tenho certeza que está sangrando. Mesmo com o braço machucado, ele sabe que essa é a hora de investir e então eu só consigo distinguir o machado girando na direção do garoto carreirista.

     O tiro não é fatal, mas a arma se aloja no braço do menino, fazendo-o gritar de dor, porque uma coisa é ser atingido por uma faca, outra por um machado. O garoto começa a correr de volta para o meio da arena, com o machado no braço, mas Roger o alcança rapidamente, disposto a pegar a arma de volta, porque mesmo ferido, ele é esperto o bastante para saber que sair por aí portando um machado é bem melhor do que sair portando uma faca. Só que o garoto não seria tão burro para correr de costas para Roger. E sua expressão mostra que logo, logo eles vão dar de cara com algum outro amiguinho Carreirista.

     A imagem é cortada e agora eu vejo Liz, já solta da árvore, correndo pelo rastro que o irmão deixou. Mas ela não tem a sorte de achar o caminho vazio. Um garoto quase tão grande quanto o que estava agora tentando matar seu irmão surge em sua frente. Um som que parece um gemido sai de minha boca. É agora. Seus olhos se arregalam e antes que ela tenha tempo de reagir o menino a derruba no chão, prendendo-a entre suas pernas e segurando sua cabeça entre os braços.

     Posso ver o pavor em seu rosto, mas ela está decidida a morrer com dignidade. Não grita, só encara o menino com o máximo de ousadia que consegue e se debate cegamente. Reconheço nessa atitude o mesmo impulso que reconheci em Roger quando ele brigou com aquele menino, quando o gongo soou. Ele podia simplesmente ter ido embora depois do primeiro golpe, mas o orgulho o impediu. Liz poderia berrar e quem sabe, Roger tivesse condições de resgatá-la. Mas a menina que acabou de caçoar do um Carreirista não é do tipo que morre berrando. Ela tenta morder seu braço, mas ele desvia com facilidade. Então ele tira de dentro da roupa uma lança de aparência cruel e se preparar para perfurar o corpo de Liz. Sinto uma coisa horrível por dentro, um aperto que parece me sufocar, mas me forço a olhar para a TV, embora saiba que acabou e nos próximos segundos serei obrigada a assistir a doce (tudo bem, não tão doce assim) Liz morrer nas mãos de um Carreirista nojento.

      Eu devia saber que não ia ser rápido. Ele é um Carreirista, então quer dar um show ao público. Ele primeiro começa a cortar o rosto de Liz, abrindo um ferimento na testa que começa a sangrar descontroladamente, impedindo-a de ver coisa alguma. Depois, ele passa a lança delicadamente em sua bochecha, abrindo mais um corte. Ela rosna, mas não grita. Então, algo inesperado acontece. O menino solta um berro e abre um pouco os braço e as pernas, o suficiente para que Liz se liberte. Vejo-o caindo onde antes Lizzenie estava aprisionada e ele arranca uma faca que foi fincada logo acima de seu joelho. Reconheço a faca que prendeu Lizzenie na árvore. Como ela conseguiu atingir o menino, eu não faço idéia, mas sei que ela já correu para longe, muito longe de onde agora o garoto grita por seus companheiros.

     A imagem é bruscamente modificada de novo e agora Roger está numa briga ferrenha com o primeiro Carreirista. Os dois são bons lutadores, mas dessa vez Roger leva a melhor. Ele consegue prender o pescoço do garoto com os braços, asfixiando-o.

     E então acontece. A hesitação brilha em seus olhos, mas ele gira o braço e quebra o pescoço do menino. O canhão soa enquanto Roger olha para o corpo do garoto Carreirista que ele acabou de matar. Ele fecha os olhos e sacode a cabeça, como se tentasse expulsar de sua mente a imagem do que acabou de acontecer. Quando os abre novamente, eles estão cheios de culpa. Uma culpa que ele não tem, porque estamos nos Jogos Vorazes e se Roger não matasse o menino, ele o mataria na primeira oportunidade que tivesse.

     Mas eu entendo a culpa. A repulsa por si mesmo. Entendo. Eu me lembro. Não consegui me livrar dela até hoje.

     Liz sai lentamente de trás de uma árvore, olhando o irmão e o garoto morto a seu lado. Pelo visto, ela esteve observando a luta o tempo todo. Nenhum dos dois fala nada. Roger chega perto dela e diz:

     - Vamos embora para eles poderem levar o corpo.

     Liz balança a cabeça afirmativamente, cambaleando. Agora que a câmera chega mais perto dela posso ver que ela está pálida, como se estivesse prestes a desmaiar. Roger repara no ferimento em seu rosto e seus olhos fervem de raiva.

     Chegou a minha hora. Meu primeiro ato como mentora. Saio da sala e vou até onde os Patrocinadores costumam se reunir. Encontro três deles sentados a uma mesa, olhando atentamente para a TV. Eles viram a cabeça para a porta assim que ouvem o ruído dos meus passos e um senhor de meia idade com os cabelos pintados de verde escuro vem me cumprimentar:

     - Johanna Mason. – Ele beija minha mão. – Devo admitir que se os seus tributos continuarem nesse ritmo, minhas apostas vão passar para o nome deles.

     Sorrio da maneira mais doce que consigo. Graças a Deus eu sou dissimulada. Embora odeie esse povo da Capital, preciso amá-los agora para receber a ajuda necessária para Roger e Lizzenie. Ainda bem que sou uma mentirosa nata.

     - Você se orgulharia de dizer que teve participação na vitória de um deles? – Eu digo, ainda sorrindo. Jogar com o orgulho dessa gente é a minha melhor arma. Eles se matam para poder dizer depois que ajudaram tal vitorioso.

     - Claro.

     - Eu preciso mandar curativos para os dois. Você viu o que acabou de acontecer. – Eu aponto para a TV. – Liz incapacitou um Carreirista e Roger matou outro. Os dois merecem que você gaste um pouco do seu tempo com eles, não acha?

     - Acho a Lizzenie sensacional, sabe? – Ele diz, enquanto se dirige para uma tela de TV enorme e digita algumas coisas ali. Ele tira um cartão do bolso e o insere em uma fenda. – O jeito que ela enfrenta os oponentes, mesmo que matematicamente não tenha chances... Precisa só de curativos? – Ele me pergunta.

     - Água também. – Eu digo, pensando rápido. Me parece estar frio na arena, mas em algum momento eles sentirão falta de água e é melhor eu me antecipar. Não vi nenhum lago ou rio na arena até agora. Além do mais, é um presentinho para eles. Para que saibam que tem gente aqui fora disposta a interceder pelos dois. Pelo menos por enquanto. 

     - Água... – Ele repete. – Quer mandar um bilhete para eles junto com as coisas?

     - Quero. – Respondo, andando até a tela que ele manuseava dois segundos atrás. Ele me oferece uma caneta. Penso durante dois segundos, ciente que não posso perder tempo. “Eu disse que ia ajudar vocês. Continuem assim. Vocês conseguem – J.” Vejo na tela um Idealizador acrescentar meu bilhete ao para quedas com água e curativos, além de anti sépticos para limpar a ferida. Ele sai da sala e a imagem é cortada para Liz e Roger, que voltaram ao esconderijo inicial nos arbustos secos. A agonia toma conta de mim quando vejo que Liz desmaiou. Roger improvisou um curativo para ela e agora sua camiseta envolve a cabeça da irmã. Ele está com a mão apertada contra o ferimento no braço, tentando estancar o sangue. E então o para quedas vem flutuando delicadamente, até que aterrissa na frente dele.

     Roger olha incrédulo e desata o nó. Vê a água, os curativos e as coisas para limpar a ferida. Então ele pega o bilhete e estreita os olhos para conseguir lê-lo no meio da escuridão. Um sorriso aberto, um sorriso de verdade atravessa seu rosto.

     - Obrigado, Johanna. – Ele diz baixinho enquanto desenrola a camisa com cuidado da cabeça da irmã e começa a tratar da ferida.

     Também não consigo evitar um sorriso enquanto olho para a televisão.


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Notas finais do capítulo

HEHEHEHE Gostaram? Eu gostei, sei lá, acho a Liz e Roger muito fodas, eles têm postura de vitoriosos mesmo.
Essa parte do bilhete eu sei que não existe no livro, mas peguei emprestada do filme, daquela parte que o Haymitch manda o pote de caldo pra Katniss falando tipo "Isso lá é um beijo decente, garota?" kkkk. Eu queria que eles tivessem como se comunicar de alguma maneira com a Jojo, então adaptei essa parte.
1 beijo e 1 queijo.



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