Made In The Usa escrita por Maria Salles


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

I'll never ever let the world get the best of you

Every night we're apart

I'm still next to you



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Observei seu peito nu subir e descer lentamente conforme sua respiração. Dimitri dormia tranquilamente ao meu lado da cama que dividíamos – embora não fosse sempre que pudéssemos passar um tempo juntos nela. As coisas na Corte andavam bem agitadas e eu tinha que acompanhar Lissa a vários lugares e Dimitri tinha o Christian para cuidar; dessa forma, nossas folgas nem sempre batiam.

Sorri. Se me dissessem a dois anos que acabaria aqui, em um relacionamento sério com um homem mais velho, que foi meu mentor e ainda por cima Dhampir, eu não acreditaria. Envolver-me seriamente com alguém nunca esteve em meus planos. Minha vida sempre fora estritamente focada em proteger minha melhor amiga. E hoje eu tinha duas partes de mim (Dimitri e Lissa) juntas e em harmonia. Quando foi que adquiri tanta sorte?

Okay, não foi sorte. Fui eu. E um pouco de sorte para o sucesso, claro. Batalhei muito, ultrapassei barreiras – algumas literais – para conseguir ter sossego e felicidade. Muito embora eu admita que tivesse momentos que não achei que conseguiria. Tipo quando Dimitri virou um strigoi e sai em seu encalço para mata-lo.

E pensar que o começo de tudo, de nós dois, foi porque fugi com Lissa de St. Vladimir. Dimitri já demostrou ser incrível sendo o único a conseguir nos pegar – e impedir de fugir novamente. O mais engraçado foi que eu tinha certeza que aquela “mão de obra estrangeira”, como o chamei à época, só estava ali para me atrapalhar. Não poderia estar mais errada. Dimitri acabou se tornando o responsável por minha mudança. Antes mesmo de haver amor entre nós.

Não que eu admita isso a qualquer um, mas Dimitri me fez ser melhor em ser eu. Talvez ele seja uma das únicas pessoas que tenha sucesso nisso. Talvez seja algo inato nele, fazer as pessoas serem melhores. Não sei, só sei que ele, em pouco tempo, conseguiu a proeza de me botar na linha (bem, na maior parte do tempo) e me fazer rever meus conceitos e comportamento. Sou eternamente grata a ele por isso. Tenho certeza que minha mãe também.

Quando me apaixonei por ele não sei dizer. Dimitri é um cara incrível. Tem um coração enorme, um sorriso lindo e todo aquele jeito de cowboy misterioso que o deixa extremamente sexy. Sem contar as habilidades de luta. Posso enumerar mil e uma qualidades, e tenho plena consciência de que ele não é perfeito – ninguém é afinal –, mas o amo demais, mesmo com o seu inatingível autocontrole e rígidos códigos de honra. Atrevo-me a dizer que para Dimitri, antes de mim, tudo era sempre preto no branco.

Foram grandes obstáculos entre nós, pois Dimitri estava destinado a ser o guardião de Lissa, então não podíamos nos envolver. Ele tentou me afastar de todas as formas, pois era o certo a se fazer, e Dimitri sempre fazia o certo. Por isso eu sei que deve ter sido uma decisão bem difícil para ele, escolher entre o coração e o dever, ainda mais porque o mantra dos guardiões repetido incansavelmente seja “eles vem primeiro”. Apesar de compreender seus motivos, não me conformava. E Dimitri também não. A última barreira enfim foi derrubada – após, tenho certeza, inúmeras noites de Dimitri passadas em claro pensando em nossa situação.

Eu havia me entregado à Dimitri e este ao seu amor por mim. Dimitri tinha razão: devemos saber quando nos colocar em primeiro lugar. Nós havíamos criado uma conexão tão grande e intima que eu não sabia onde eu começava e ele terminava. Nosso coração havia ganhado sobre o dever e nada nem ninguém conseguiria tirar o que tínhamos. Ou somente a morte. E foi o que acontecera, eu fui tola demais por não ter cogitado essa ideia.

Eu tive tudo o que desejei e perdi rápido demais. Parecia uma tragédia grega, mas era real. Quando finalmente tive Dimitri, a morte veio rindo na minha cara e o tirou de mim.

Levei a sério o que ele me disse, sobre me colocar em primeiro. Deixei a Academia mais uma vez, só que desta sem Lissa. Eu tinha que ir atrás dele e matá-lo (de verdade). Como poderia continuar vivendo sabendo que Dimitri, o homem que eu amava, andava por ai como um Strigoi, cometendo atrocidades? Ele, o homem correto, que odiava injustiças e as maldades do mundo? Ele que me ensinou que o certo nem sempre é o caminho mais fácil, mas que deveria ser seguido? Dimitri não era mais o meu Dimitri. Então eu tinha que dar um fim definitivo nessa história, por mais que me doesse o fato de que fosse perdê-lo uma segunda vez.

Ah, camarada. Você não facilitou a minha vida desde o começo, deveria saber que o fim também seria difícil. E quer saber? Que bom que as coisas não foram diferentes. Se Dimitri não fosse tão bom eu o teria empalado e o matado de vez teria perdido a chance – que até pouco tempo não sabíamos existir – de tê-lo de volta.

Não ajudou o fato de ele se parecer tanto com o Dimitri que eu conhecia. De beijar e me tocar como ele fazia. Era ele e ao mesmo tempo não era. Não havia as barreiras de antes (“apenas” o fato de ele ser um sugador de sangue sem alma) que o faziam se segurar. E quase me deixei ser enganada por isso. Quase.

De certa maneira, até quando semimorto ele me ajudou. Eu sabia que teria que me esforçar ainda mais para matá-lo, não apenas fisicamente, mas também emocionalmente. Teria que ser melhor, mais rápida e mais forte. Teria que ser capaz de ignorar suas palavras e conseguir cravar a estaca em seu peito, matando-o e levando consigo uma parte de mim. Porque era o certo a se fazer.

Lissa queria me ajudar. Queria trazê-lo de volta por mim, mas dessa vez ela vinha primeiro. Não iria bota-la frente a frente com o cara que quase me matou. Era perigoso demais e não poderia arriscar perde-la também numa aposta. Acreditar que um Strigoi poderia voltar à vida era igual acreditar que Papai Noel existe.

Entretanto, Liss, assim como eu, também aprendera algumas coisas nos últimos anos. Como, por exemplo, a fazer o que quiser e não o que os outros esperam que faça. E, por Deus, ela e Chris quase me mataram do coração nessa tentativa que, por sorte, deu certo.

Dimitri estava de volta. Assim como suas barreiras.

Seria cômico se não fosse trágico. Não. Era cômico e muito trágico. Porque as coisas pareciam que nunca iriam se acertar. Sempre que algo se resolvia, a vida vinha e nos surpreendendo, ferrando com tudo.

Não gosto de pensar no Dimitri como Strigoi. As vidas que ele tirou, o jogo psicológico que fez comigo, o sequestro de Lissa. Mas não é como se ele tivesse controle sobre aquilo. Ele não tinha alma, estava sem sua humanidade. Eu sabia disso e o perdoava por tudo que ele vez, mesmo sem saber de toda a sua trajetória durante aqueles meses terríveis. Mas eu o amava e entendia. E havia passado por coisas demais para desistir àquela altura.

Mas ele não pensava assim. Novamente sua consciência se tornara um obstáculo. Dimitri se sentia desonrado e indigno, até mesmo para amar. Para me amar. Acho que isso doeu mais que quando enfiei uma estaca em seu peito. Despedaçou-me por dentro. Porque aquele era o meu Dimitri. E ele estava desistindo de nós.

Respirei fundo e me deitei novamente sobre o travesseiro. Observei seu perfil contra a pouca luz. Dimitri e eu passamos por muita coisa juntos. Lutamos lado a lado e um contra o outro. Embora tenha achado, não apenas uma vez, que talvez não fôssemos ficar juntos como gostaríamos, nunca deixei de acreditar em nós. Quando fui para Rússia atrás dele, não era ele quem eu mataria afinal. Meu Dimitri sempre estaria em meu coração. Soa brega e piegas, mas é a verdade. Olha só a pessoa melosa que Rose Hathaway se transformou.

Dimitri respirou fundo e virou-se para o meu lado. Por debaixo do cobertor, suas mãos se encontraram com meu corpo, deslizando por baixo do pijama e me abraçando. Ele sorri de leve e piscou, abrindo os olhos.

– Ei você. – murmurei abrindo o sorriso.

– Está tudo bem? – indagou me puxando para mais perto – Não consegue dormir?

– Me distrai. – Dimitri riu baixinho e beijou a ponta do meu nariz – Te acordei?

– Não. – seus olhos piscaram pesadamente - Posso perguntar o que te distraiu da sua hora de descanso?

– Você. Estava pensando sobre nós... – ele me encarou com curiosidade, indagando silenciosamente o que eu queria dizer. – Já parou para pensar que não nos conhecemos há tanto tempo assim? E mesmo assim parece que...

– Faz anos. – Dimitri me completou. – Eu sei. Eu sinto o mesmo, Roza.

– Passamos por tanta coisa. Esse pouco valeu por uma vida.

Dimitri me respondeu com um daqueles sorrisos maravilhosos, que enchiam meu peito de emoção. Ele abriu os braços e me encaixei nele, deitando a cabeça em seu ombro. Sua mão direita apertou minha cintura e a esquerda subiu para acariciar meu cabelo.

– Uma vida agitada – comentou com um tom divertido. Dimitri suspirou e me abraçou – Eu cederia a você mil vezes, não há como ser mais feliz. Você nem imagina.

– Posso ter uma ideia. Uma vez que eu sinto a mesma intensa felicidade. Ou mais.

Dimitri riu mais uma vez e seu peito tremeu. Seu coração batia ritmicamente e sua pele estava quente. Ele beijou o alto da minha cabeça e o senti apoiar a bochecha em mim.

Senti toda leveza do momento se esvair pelo tremor de seu corpo e sua respiração repentinamente pesada. Não gosto de senti-lo hesitante.

– Espero que esse ano passe logo. – Ele disse após um breve silêncio.

Franzi a testa sem entender.

– Por quê?

– Pra você fazer logo vinte anos. - Gemi quando entendi o que ele quis dizer, provocando mais risadas suas. – Se eu não soubesse, poderia me sentir ofendido.

– Eu estou bem assim, camarada. Não precisamos dessa cerimônia toda. Estamos juntos e vamos ficar juntos até o fim da sua vida. Eu sei disso, você sabe disso. Fim de papo.

– Fico feliz com sua segurança, mas não vai me fazer mudar de ideia. Eu te amo, Roza. E quero fazer tudo como manda o figurino.

Foi a minha vez de rir.

– Não somos um casal típico, Dimitri.

– Eu sei. Mas isso eu faço questão. – ele se moveu para poder me olhar nos olhos – Eu amo você, gostaria que você fosse a minha esposa e eu fosse seu marido.

Sorri para ele e o beijei de leve. Suas palavras mexeram comigo como nunca antes – ele já havia feito indiretas como essa anteriormente -, mas eu nunca havia imaginado e ouvido de seus lábios que ele queria eu fosse sua esposa, não tão intensamente. Oficialmente, sem nenhuma prova do contrário.

– Eu também te amo, camarada. E não me oponho ao casamento, você sabe. Vai ser legal, serei a Sra. Belikova. Então vai ter que esperar mais um pouquinho. Não vou a lugar algum, de qualquer maneira.

– Eu sei que não. – Dimitri me virou no colchão, deitando-se por cima de mim – Nem eu.

Então seus lábios envolveram os meus e me senti completa.


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Notas finais do capítulo

Essa fic veio e foi terminada essa tarde! Estava vendo o clipe dessa música e comecei a prestar atenção na letra... foi um CLICK! E saiu pelos meus dedos...

Bem, espero que gostem da fic, ela é bem levinha e suave, como uma rápida retrospectiva Romitri.

Sunnyday, obrigada novamente por tudo! Pela revisão, opinião e acréscimos importantes. Sem você para lapidar, esse diamante bruto não teria valor algum!! Eu tinha feito uma dedicatória linda que se perdeu quando o note desligou, mas você sabe que é importante pra mm, e não só no quesito fics, né amor? ♥

Então é isso gente, até a próxima!


PS: Quase esqueço, o nyah está cheeeio de graça pra cima de mim! Come palavra, configura errado etc. Se virem algum estranho me avisem, okay!?