Presente

Lucy se levantou e estranhou o fato de que estava sozinha na cama que dividia com seu marido; Natsu Dragneel não era exatamente o mais madrugador da casa; esse título pertencia à pequena Nellie, filha do casal.

A pequena tinha apenas quatro anos e absolutamente era a luz da casa; seus grandes olhos cor-de-mel assim como os da mãe, enquanto os cabelos rosados vinham definitivamente do Dragon Slayer, assim como sua personalidade levada. Com apenas alguns anos, Nellie havia feito mais artimanhas que os filhos de Gray e Juvia e de Gajeel e Levy. Juntos.

Era mesmo filha do maior bagunceiro de Fairy Tail, não havia como negar.

Com dificuldade, Lucy se sentou na cama e pôs uma mão sobre sua barriga distendida e sorriu. Em menos de dois meses, a casa dos Dragneel iria receber mais um morador. A loira sempre imaginara sua vida depois te ter achado seu príncipe, o homem dos seus sonhos e nada saiu como pensou que sairia.

Era melhor.

O casal e sua filha viviam em uma casa que precisava de ajustes constantes, precisavam andar bastante para chegar a qualquer lugar devido à distância da residência, batalhavam por cada jewel que juntavam, viviam em perigo constante e pegavam os mais estranhos trabalhos na Guilda.

Mas Lucy não trocaria nem um segundo das batalhas, nem um momento das risadas e nem um instante de convivência na Guilda por uma casa que a porta fechasse corretamente, ou que o chuveiro decidisse aleatoriamente quando cair água quente.

A Maga Estelar amava cada sorriso que Natsu lhe dava, até aqueles que apareciam quando o mago sabia que ia ganhar um puxão de orelhas. Ela amava cada história sem sentido que Nellie inventava — na casa dos Dragneel, Lucy e Natsu não contavam as histórias para dormir, Nellie decidiu que ela que contaria, já que havia escutado sobre as aventuras dos pais durante muito tempo, provavelmente mais um traço adquirido da mãe —, e cada travessura da garota, embora lhe desse muita dor de cabeça.

E já amava o pequeno que estava por vir.

“Já vai, já vai.” Lucy sussurrou para sua barriga, enquanto a acariciava e sentia seu bebê se mexer; aparentemente o Pequeno Lorde Dragneel estava exigindo que fosse alimentado.

Levantou-se e foi em direção à pequena sala de estar, que tinha como anexo à cozinha, onde seu marido e sua filha estavam cozinhando, aparentemente.

“Você precisa mexer essa massa melhor, Nel.” Natsu instruiu, os braços cruzados sobre o peito. “Sua mãe prefere que não haja... bolotas na comida.”

“Eu gosto das bolotas.” A garota disse sem parar de mexer a massa e com uma expressão de concentração profunda; estava sentada em uma cadeira perto da mesa e balançava suas perninhas.

“Mas essas panquecas são pra sua mãe.” Natsu sorriu e fez cócegas na filha, que riu abertamente, mostrando um dente faltando.

“Não, papai! Eu tô cozinhando!” Nellie disse com falsa braveza, mas o Dragon Slayer somente riu e deu um beijo nos cabelos bagunçados da menina.

“O que vocês estão tramando?” Lucy perguntou, com um sorriso no rosto, e viu as pessoas que ela mais amava se virarem e sorrirem abertamente. Nellie tinha herdado o sorriso do pai, disso não havia dúvidas.

“Mamãe!” A garotinha colocou a vasilha com a massa das panquecas cuidadosamente sobre a mesa e subiu na cadeira para dar um abraço na Maga, que retribuiu. “Feliz aniversário, mamãe!”

“Obrigada, minha estrelinha.” Lucy encostou seu nariz no da filha e os esfregou juntos, um sinal de carinho.

“E bom dia pra você também, Lorde.” Nellie deu um beijo na barriga da mãe e Natsu riu com o apelido do bebê, que ele havia dado quando Lucy o mandara às 3:37 da manhã ir comprar Caramades Franks três noites seguidas. O Dragon Slayer brincou, falando que Lucy estava esperando um Pequeno Lorde que ia querer tudo na hora que bem entendesse. Nellie havia escutado o apelido um dia, e depois disso, só se referia ao bebê como Pequeno Lorde ou somente Lorde.

O bebê chutou e a garota sorriu para a mãe. “Ele me deu bom dia, mamãe!”

“Eu senti, amor.” Lucy deu um beijo na bochecha da filha e olhou para o marido. “Você vai ter que limpar tudo isso.” A loira apontou para a cozinha, onde farinha, cascas de ovos e manteiga podia ser facilmente encontrada por todos os lados.

Natsu rolou os olhos, sorrindo. “Posso pelo menos te dar parabéns antes de receber um sermão? Nellie e eu estamos tentando te fazer um café-da-manhã especial.” O Dragon Slayer colocou seus braços ao redor da esposa, que aceitou o abraço. Natsu, então respirou profundamente o perfume natural da loira e sussurrou. “Feliz aniversário, Lu.”

Lucy adorava quando o marido a chamava assim; havia começado durante a lua-de-mel, e o mago adorava chamá-la assim quando estavam sozinhos ou em situações íntimas como aquela.

“Obrigada, Natsu.” A loira o abraçou fortemente e sorriu; seus olhos lacrimejando. Sua vida era tão linda; ambos lutaram tanto pra ter aqueles momentos de paz e tranquilidade.

“E bom dia, Lorde.” Natsu soltou a esposa e colocou as mãos sobre a barriga da mulher, enquanto encostava sua testa na de Lucy, sorrindo com aquele lindo sorriso que iluminava tudo.

“Ele diz: ‘Bom dia, te amo, mas quero panquecas.’” Natsu riu com o que Lucy disse e a beijou rapidamente nos lábios antes de um par de mãos rechonchudas separar os dois.

“Não esqueçam de mim!” Nellie tentou abraçar os dois ao mesmo tempo, e de alguma forma, conseguiu.

Lucy riu e, na mesma hora que Natsu, beijou a bochecha da filha. “Nunca, estrelinha.”