Ouvi uma voz ao longe me chamando.

-Ela está acordando – não consegui identificar quem tinha dito. Eu estava zonza.

-Camilla, você está bem?- consegui identificar a voz da minha irmã.

Abri os olhos e vi que estava na casa do Gabriel.

-Camilla, você está bem? – ouvi a voz da Camilla.

Tentei me levantar, mais meu corpo estava todo dolorido. Estava pesado.

-Não precisa se levantar, amiga. Descanse. – Kelly estava ao meu lado também. Eu estava no quarto de antes, quando conversei com a Kelly.

Eu consegui me sentar na cama e minha irmã me abraçou.

-Está tudo bem Camilla? Que loucura toda é esta? –ela me perguntou preocupada.

Olhei para Kelly pedindo socorro. O que eu ia dizer?

-Ela já sabe de tudo. Nós contamos. –ela me tranquilizou.

Eu olhei para minha irmã.

-Eu não consigo acreditar.

-Também é difícil pra mim, pode acreditar.

-Que confusão você foi se meter minha irmã. Nossos pais nem pode sonhar com isso. Eles vão surtar! -ela riu.

-Não mesmo! Você entendeu que tem que manter segredo? – perguntei com certo receio. Não sabia até onde Caroline aguentaria guardar tamanho segredo. As pessoas que se metiam naquela loucura estava aumentando.

-Claro que sim! Pode confiar em mim. Vou ter mais cuidado agora. Mas é tudo uma loucura. Daniel não era quem pensávamos ser.

Ela mencionar Daniel me abalou. Eu comecei a chorar.

-Amiga, o que foi? –Kelly me abraçou.

-Eu... acho... que... eu... matei ele... – eu soluçava.

Caroline abaixou a cabeça.

-Eu estava... com... muita raiva.

Vi quando a porta se abriu e Gabriel passou pela porta. Kelly me largou e ele tomou o seu lugar. Ela fez um sinal para Caroline e elas saíram me deixando sozinha com Gabriel.

-Você está bem? Fiquei tão preocupado. –ele segurou meu rosto entre as mãos e olhou em meus olhos.

-Está tudo bem. Mas acho que eu o matei.

Ele continuou olhando pra mim.

-Claro que não, meu amor. –ele estava tentando me confortar.

-Matei sim. Eu joguei toda minha energia nele e ele evaporou no ar.

-Camilla, mesmo que você quisesse, não ia conseguir matar o Daniel.

-Como assim? –perguntei, tentando parar de chorar.

-Ele é muito mais velho que você, para começar. Isso tem um peso muito grande na hora dele ser morto por alguém. E, infelizmente, suas forças não estão com nível total para matar um anjo caído. Ele deve estar machucado com certeza, em outro lugar. Mas morto, não!

Não sei por que, mas aquilo me deu certo alívio. Por mais que ele merecesse estar morto, eu não queria ter isso na minha consciência. Eu não era como ele. Eu não queria matar ninguém.

-Que horas são? Eu preciso ir para casa. Meus pais devem estar preocupados.

-Não se preocupe com isso. –ele deu um sorriso que não entendi direito. –Caroline ligou para seus pais e disse que vocês duas iam dormir na casa da Kelly.

Eu dei um sorriso tímido de volta para ele e fiquei com vergonha. Mil coisas passaram pela minha cabeça. Mil coisas com ele.

-E presumo que vamos dormir aqui... – sussurrei.

-Pois é. –ele respondeu tranquilamente. –Daqui pra frente, temos que ter muito cuidado. Os anjos caídos vão continuar tentando atingir você de alguma forma. A sua segurança, da Kelly e da família de vocês vai ser triplicada. Ordens do andar de cima.

Ouvir aquilo me dava um pouco mais de tranquilidade por enquanto.

Eu o abracei forte.

-Eu fiquei com medo! Achei que não ia conseguir.

-Eu também! Fiquei com medo de você se machucar. Mas seus poderes estão se desenvolvendo rapidamente. Vou deixar você descansar mais um pouco e trazer alguma coisa pra você comer.

-Obrigada.

Ele me beijou de leve nos lábios e saiu.

Logo depois, a Kelly entrou novamente.

-Onde está a Caroline?

-Ela já está dormindo. Foi muito traumatizante pra ela.

-Foi mesmo. Eu quero esquecer este dia!

-Eu também. –ela concordou comigo.

-Me conte como foi sua reconciliação com o Miguel  – eu queria mudar de assunto. Deixar este dia ruim ir embora.

Vi o rosto da minha amiga se iluminar.

-Ah, foi lindo né? Depois que ele encontrou com a gente no shopping, ele me trouxe pra cá.

-Hummmmm – eu murmurei e ela me jogou um travesseiro.

-Quer ouvir ou não?

-Claro amiga. Me conta. –incentivei-a a continuar.

-Bem, ele me pediu perdão e disse que não queria mais mentiras entre nós. Que agora tinha residência fixa e que eu ia poder vir aqui quando quisesse.

-Isso foi ótimo, não é?- brinquei.

-Pra você também, diga-se de passagem. –rimos juntas.

-Aí ele me contou toda a história e que não importava o que acontecesse no futuro, mas que nós sempre iríamos ficar juntos. E pra mim, por enquanto basta. Porque eu não vou conseguir ficar sem ele.

-Eu sei disso!

-Arcanjo ou não, ele sempre vai ser o meu Miguel! Eu vou amá-lo para sempre.

-Mas que fofo! Estou tão feliz por você amiga!

-Eu também estou super feliz. E antes que você pergunte sua enxerida, a noite foi a mais maravilhosa de todas. Não sei se foi porque nunca tínhamos nos separado antes ou se o fato de não haver mais segredos entre nós... Enfim, foi diferente. Eu só sei que eu  fiquei mais apaixonada por ele.

-Amiga, o amor de vocês é tão lindo! –disse sorrindo pra ela.

-O seu também vai ser.

-Vai levar um tempinho ainda.

-É, eu percebi que vai levar um tempo mesmo. A sala desta casa que o diga. –eu fiquei vermelha por lembrar de mais cedo.

-Você é muito inconveniente, sabia?

Ela deu uma gargalhada.

Poucos minutos depois Miguel e Gabriel entraram no quarto com duas pizzas e refrigerantes. Minha barriga roncou alto com o cheiro que entrou no quarto junto com eles. Eu realmente estava faminta

Conversamos e rimos. Eles estavam me descontraindo.

Kelly e Miguel foram dormir e Gabriel ficou comigo no quarto.

Eu estava um pouco desconfortável. Eu me deitei na cama e fiquei olhando para ele, e ele me olhando de volta.

Ele se levantou e me cobriu. Me deu um beijo na testa e foi andando até a porta.

Eu esqueci toda a vergonha que eu tinha e fiz uma pergunta para ele.

-Gabriel, você quer dormir comigo?