Quatro Elementos: O Confronto escrita por Amanda Ferreira


Capítulo 24
A guerra está marcada


Notas iniciais do capítulo

Hello!!! Não, eu não abandonei a fic. :/
Tive problemas com ideais novas e ate mesmo preguiça, mas agora voltei firme e forte para terminar o fim da primeira parte dessa temporada. Se não falei antes, falo agora: essa segunda temporada será dividida em duas partes. Por agora, está no fim da primeira.
Sobre o capíyulo de hoje o que posso dizer é: fortes emoções dos nossos personagens. u.u
Gif para vocês e beijin no ombro! :*
Obs: Leitores fantasmas!! Adoraria ler a opinião de vocês. haha



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Bia

Um arrepio percorreu minha pele com a brisa que entrou pelas cortinas, trazendo um cheiro fresco de madeira. Tudo a minha volta parecia distante e sem importância, porque a única coisa que eu queria agora era que ele dissesse algo, ou principalmente, fizesse.

Soltei um longo suspiro e me obriguei a ficar mais próxima, vendo os seus olhos se arregalarem quando estendi minha mão empurrando o seu corpo e passei as minhas pernas a sua volta, tentando não pensar muito em como faria. Encarei seus grandes olhos verdes e seu rosto em choque. Deslizei a ponta dos dedos pela sua bochecha e finalmente sua mão se moveu, parando a minha. Olhei confusa e ele deu um suspiro antes de piscar.

– Bia... - ele tirou a minha mão lentamente. - Você tem certeza...

– Claro que sim. - o interrompi. - Estou aqui, não estou? É claro que tenho certeza!

Ele suspirou de novo e deu um sorriso torto. Retribui e me aproximei ficando a centímetros do seu rosto. Seus olhos me perfuraram, tirando qualquer calma que eu estava acumulando. Rocei os lábios nos seus e senti um choque percorrer toda a extensão do meu corpo. Nossos lábios se uniram num beijo leve como plumas, num toque calmo e sereno.

Nos olhamos por um segundo e suas mãos se moveram fechando-se na minha cintura, sob a pele exposta. Ele levou a boca ate a minha orelha, fazendo todo o meu corpo se arrepiar.

– Minha. - sussurrou e se afastou para me olhar e dar um sorriso. Senti nossas respirações se misturarem enquanto seus lábios encostavam nos meus de novo. Fechei os olhos e uma onda passou a minha volta enquanto meu corpo saia do lugar.

Abri os olhos e ele estava deitado por cima de mim me olhando um tanto satisfeito. Soltei a respiração e sorri. Aproximou-se unido nossos lábios num beijo rápido e excitante. Senti nossas línguas se tocarem e passei as mãos na sua nuca, ate entrelaçar os dedos nos seus cabelos negros.

Ele mordeu meu lábio inferior antes de soltar minha boca por completo e descer beijos pelo meu pescoço, trazendo todo o arrepio de volta. Puxei -o para me encarar e dei um sorriso malicioso nos rolando na cama e ficando por cima.

Desci as mãos pelo seu corpo e puxei a sua camisa. Ele levantou os braços e o ajudei a tirar. Deslizei as mãos pelo seu abdômen definido, antes de começar leves beijo pelo seu peito e subir do pescoço ate sua boca. Devorei-a sentindo suas mãos subirem e descerem pelas minhas costas, depois me apertarem pela cintura e de novo inverter as posições.

Levei uma das pernas na sua cintura, mas ele a puxou de volta para baixo, me deixando confusa. Desceu de novo com beijos pelo meu pescoço e por fim, senti sua boca na minha barriga, deslizando a língua macia e me fazendo arquear soltando um gemido.

Seus lábios deslizaram na minha coxa direita e suas mãos seguraram os meus quadris, desceram tirando lentamente a calcinha fina. Prendi a respiração e tentei não prestar atenção nas suas mãos, só quando sua língua quente me tocou... Não consegui segurar o grito que saiu dos meus lábios. Travei as mãos no lençol e deixei outro grito sair. Comecei a me remexer vendo o meu corpo explodir de prazer. Mais um grito e mordi os lábios abafando um gemido.

Soltei o lençol e desci as mãos agarrando seus cabelos e fechando os olhos. Toda a dimensão do mundo se foi, nada importava agora. Tudo o que eu conseguia sentir era ele, mas era tudo o que eu queria também.

Tudo parou. Tentei me lembrar de como se respira e abri os olhos encontrando os seus e um sorriso extremamente malicioso nos lábios. Mas tinha algo novo que nunca vi em seus olhos antes. Desejo. O verde parecia brilhar e algo queimava ali... excitação.

Ele passou a mão no meu rosto se aproximando para me beijar de uma maneira tão provocante, que senti minha temperatura subir ainda mais. Uma das suas mãos logo tratou e descer pela minha coxa e aperta-la puxando-a para sua cintura. Ele apertou nossos corpos, fazendo seu doce perfume me deixar tonta. Passei as mãos nas suas costas nuas e não resisti a passar as unhas quando seus dedos desceram uma alça do sutiã, depois a outra, e logo as duas mãos já estarem nas minhas costas puxando o feixe, mas ele não o soltou.

Respirei lentamente e o puxei para mais um beijo, invadindo sua boca com a língua, tentando provocá-lo e obtendo em resposta a sua mão puxando minha outra perna para enlaça-lo. Desci as mãos pelo seu peito e abdômen ate desliza-las para dentro da calça jeans. Dessa vez não sendo impedida como ele fez outras vezes. Suas mãos hábeis já estavam me ajudando a desabotoar a calça e tira-la. Para minha surpresa ele soltou um gemido abafado no meu cabelo, por causa do meu toque. Mordi os lábios quando senti o feixe do sutiã se soltou.

Travei os braços no seu pescoço e olhei dentro dos seus olhos sentindo todo o meu corpo explodir numa sensação nova e extremamente boa. Tudo o que eu precisa estava ali: ele. E sim, eu amava com todas as minhas forças.

– Eu te amo! - minha voz saiu entrecortada e baixa, mas o suficiente para despertar um sorriso iluminado no seu rosto.

– Eu te amo! - ele repetiu se aproximando, me fazendo fechar os olhos e sentir a ponta do seu nariz no meu.

Agora com corpos colados eu podia ouvir a batida frenética do seu coração, ou melhor, a batida frenética dos nossos corações.

***

Rick

Tirei o capacete e ouvi dois passos parar na frente da moto e estender o outro capacete para mim. Sorriu e suspirou parecendo cansada.

– Aposto que suas noites já foram mais calmas do que está. - falei descendo da moto e pendurando o capacete na mesma.

– Algumas. - ela fez uma careta.

– Nem posso imaginar. - olhei para o chão dando uma risada.

– Não mesmo. - vi ela se aproximar e ergui a cabeça vendo que ela me encarava.

– Que foi?

– Hum. - balançou a cabeça juntando as mãos na frente do corpo. - Eu não ia dizer, mas... acho que se tenho esse dom é para que as coisas que eu vejo sejam ditas, então... Hoje, quando você e a Claire chegaram e eu olhei pra ela, eu pude ver.

Encostei na moto e esperei em silencio ela terminar.

– Tem alguma coisa, alguém... invadindo o espaço dela... - ela parecia procurar as palavras. - Alguém fazendo-a repensar algumas coisas...

– Um homem novo? - dei um sorriso debochado.

– Eu não sei, mas... - ela deu um longo suspiro. - Talvez. Na verdade... eu não consigo mais ver o futuro seu e da Claire.

– Como assim? Nenhum dos dois? - cocei a cabeça.

– Não Rick. O futuro dos dois juntos. - ela olhava para o chão.

– O que quer dizer com isso Vick?

– Eu vejo a Bianca e o Felipe, mas você e a Claire não. O que significa que vocês podem não dar certo.

– Por que está dizendo isso? Uma falha no seu dom não diz nada pra mim. - desencostei da moto franzindo a cara.

– Falha? Eu sei o que eu vejo. Não precisa acreditar, mas se não tem mais um futuro de vocês é porque algo ainda vai quebra-lo. Podem impedir isso antes.

– Olha, seja o que for, eu e a Claire sabemos o que sentimos e posso te garantir que nada vai mudar isso. - endireitei o corpo. - Nem mesmo uma visão.

Ela assentiu remexendo no cabelo e desfazendo alguns cachos ruivos.

– Olha Vick, não é contra você, mas... não gosto de pensar nisso. - balancei a cabeça.

– Eu entendo.

Olhei para o chão me sentindo mal por trata-la assim. Ergui os olhos e vi sua expressão mudar. Sua pele ficou mais pálida que o normal e o azul dos olhos ser totalmente preenchido pelo branco.

– Vick? - ergui minhas mãos segurando seus ombros, mas ela permaneceu imóvel. - Vick?

Encarei seus olhos sem foco, como se visse algo além de mim, como se não estivesse ali. Vasculhei o ambiente e não tinha nada além de algumas garotas nos observando e carros passando devagar.

Ela deu um suspiro e seus olhos voltaram ao azul intenso. Ela parecia sem rumo e foco.

– Vick? O foi isso? Viu alguma coisa? - balancei seus ombros devagar.

Ela finalmente me olhou diretamente e não pude distinguir o que era sua expressão. Preocupação ou medo?

– O que foi ruiva? - perguntei tentando ler seus olhos.

– Nada. - olhou para o chão. - Obrigado pela noite e pela carona. - ela se soltou de mim e se virou andando depressa em direção a casa.

– Ei, ei, ei! - corri atrás dela e puxei seu braço bruscamente a virando para mim, trazendo seu corpo para perto do meu. Ela arregalou os olhos com a nossa proximidade e passou a língua pelos lábios rosados.

– O que você viu? - voltei a perguntar devagar.

Ela parecia ainda em choque pelo nosso contato tão próximo. Engoliu em seco e seu coração batia rapidamente.

– O que você viu? - falei lentamente soltando-a.

Ela suspirou e deu um passo para trás sem me olhar. Levou a mão ate o braço onde eu havia segurado.

– Eu vi. - sussurrou.

– O que? - me aproximei de novo. - O que era?

– Cuida da garota e nada vai acontecer. - falou quase inaudível.

– Que garota? Seja mais especifica, por favor.

– A chave para ambos os lados deve ser guardada no lugar mais protegido que você julgar.

– Enigma? Serio? - revirei os olhos. - Apenas diz o que você viu Vick.

Ela ficou muda encarando o chão. Soltei um longo suspiro e senti a presença familiar logo atrás de nós. Me virei dando de ombros para a Claire que nos encarava.

– Viu alguma coisa? Fala o que foi. - a Claire se aproximou de nós. - Não temos tempo para enigmas.

A Vick suspirou e nos olhou para falar em alto e bom som:

– A lapide será ativada.

...

Nós só tínhamos que proteger a Lucy e nada aconteceria e nem poderia. A Lucy, apesar de qualquer coisa é só uma criança e não um sacrifício de feitiços. Nada irá toca-la e eu realmente espero que essas "visões" da Vick estejam erradas, porque caso contrário, não seria muito bom para nós a lapide idiota ser ativada.

– Rick. - senti a pequena mão da Claire no meu ombro.

Cá estou eu, sentado em frente a piscina iluminada pela luz da lua, vendo a Lucy jogar bola com a Kate do outro lado.

– Nós vamos lutar por ela Ri. - a Claire falou se sentando do meu lado, acariciando meu braço direito que estava envolvido segurando minhas pernas dobradas na minha frente.

– Eu jamais vou me perdoar se algo acontecer com ela. - falei.

– Nada vai acontecer, porque nós não vamos deixar. - ela se sentou virada para mim. - Ela não está só. Tem a nós, todos juntos.

– Ela é só uma criança Claire. - soltei minhas pernas e relaxei os ombros me virando de frente para ela. - Não faz sentido.

– Eu sei. - ela se aproximou segurando meu rosto entre as pequenas mãos. - Vamos fazer o que for preciso. Estamos juntos nessa.

Assenti colocando minhas mãos em cima das dela. Nós aproximamos ate nossos lábios se tocarem com uma leveza inexplicável.

– Iremos destruir a lapide amanha mesmo. - ela falou assim que nos afastamos um pouco. - Para não ter o risco dela ser ativada ou roubada.

– É uma ótima ideia. - suspirei.

Ela sorriu e passou a mão pelo cabelo comprido colocando uma mecha atrás da orelha.

– A proposito. - estendeu a mão para segurar a minha. - Feliz natal!

– Não te dei o presente que pediu, mas de qualquer modo... feliz natal minha gata! - sorri.

– Quem disse que não me deu o presente que pedi? - ela ergueu uma sobrancelha fina.

– Não dei uma noite normal como pediu. - dei de ombros.

– Claro que deu Rick. - ela fez uma careta. - Temos que admitir: o nosso normal é esse. O mundo sobrenatural.

Balancei a cabeça e não evitei uma risada. Me aproximei lhe dando um selinho.

– Você é uma ótima namorada. - fiz uma careta divertida.

– Mais ou menos. - ela deu uma risadinha.

Sorrimos juntos e ela passou os braços no meu pescoço e eu na sua cintura para deixar nossos lábios se encontrarem de novo, mas dessa vez com mais rapidez e vontade.

Alguém forçou um tossido perto de nós e fomos obrigados a nos separarmos para olhar a loira de braços cruzados de pé.

– Será que vocês podem parar, ou eu e a Lucy vamos ter que ir pegar a tocha para a próxima olimpíada? - a Kate falou dando um sorriso.

– Acho que podem ir pegar a tocha. - brinquei.

– Como foi o natal de vocês? - a Lucy já estava se sentando entre mim e a Claire.

– Foi.... - olhei para a Claire que abafou um riso. - Normal. E o seu Lu?

– Foi ótimo. Eu ate tomei um gole de vinho escondido. - ela riu da sua própria travessura.

– Bom saber mocinha. - a puxei pela cintura. - Vai ser jogada na piscina por isso.

– Não Ri! - ela gritou enquanto eu me levantava com ela no colo. - Nãaaao!

– Siiiim! - comecei a rir dos gritos histéricos dela e dos tapas que ela tentava me dar.

A balancei algumas vezes antes de solta-la jogando-a na agua azul da piscina. Ouvi um pigarro da Claire atrás de mim e logo a Lucy surgir na borda puxando um dos meus pés me fazendo desequilibrar e sentir o choque quando meu corpo bateu na agua fria.

– Ah não Lucy! - gritei balançando o cabelo.

Ela gargalhava com a franja colada na testa e batia as mãos na agua fazendo pingos voarem no clarão da lua.

– Bobão! - falou ainda rindo.

– Bobona! - afundei sua cabeça na agua.

Ficamos ali por um bom tempo sendo observados pela Claire e a Kate. Era disso que eu tinha medo. De que a tirem daqui, de tirem momentos como esse dela, e principalmente de que ela nunca mais possa voltar.

***

Claire

O travesseiro tremeu duas vezes suficientes para me acordar. Olhei a mensagem na tela.

O Rick me contou sobre a visão da Vick. Traz a Lucy pra cá que eu e a Bia cuidamos dela, ai vcs podem resolver as coisas por ai sem se preocupar.

Olhei para o lado vendo o Rick dormir feito uma pedra de bruços. Soltei um suspiro me ajeitei na cama, ficando de barriga para cima. Digitei rapidamente:

OOk, a gente leva ela hj e vê algumas coisas do tipo: Jeniffer tentando pegar a lapide E Lucy. N quero que vc e a Bia fiquem preocupados, só vão precisar tomar conta dela e nd mais.

Cliquei no nome Felipe e depois em enviar.

Joguei o celular na cômoda e me virei de lado para observar o Rick dormir. Seu cabelo castanho-avermelhado estava totalmente bagunçado. Enquanto ele ficava ocupando praticamente toda a pequena cama de solteiro, eu tenho que me segurar para não cair.

Me aproximei mais e remexi no seu cabelo, encostando minha boca na sua nuca para exalar seu doce perfume e sentir sua temperatura quente e aconchegante. Deslizei uma das mãos pelas suas costas vendo-o se remexer e soltar um gemido de protesto por acorda-lo.

– Temos trabalho a fazer bela adormecida. - beijei sua nuca de novo.

– Como eu queria que o trabalho fosse numa empresa com uma secretaria gostosa e cafezinhos. - ele resmungou com a cara no travesseiro.

Dei um tapa nas suas costas o fazendo se contorcer.

– Ai! - se virou com uma careta.

– Levanta logo, porque a Lucy vai ficar com o Felipe. - falei me sentando na cama e jogando as pernas para fora.

– Por que? Ela tem que ficar aqui conosco. - o Rick já estava sentado.

– Claro. Nós vamos caçar a Jeniffer com a Lucy a tiracolo. Muito inteligente. - peguei a roupa dobrada sobre a cadeira.

– E se a Jeniffer encontrar a casa? A Lucy vai estar lá e será muito pior. - ele já estava de pé vestindo uma camisa preta. - Ela vai levar a Lucy e não vamos conseguir fazer mais nada. Ela vai terminar o feitiço, será imortal e o mundo dos mortos vai estar entre nós por...

– Rick. - alterei a voz o interrompendo. - Relaxa. Ok?

– Claire, eu não posso arriscar. - suspirou. - É a Lucy.

– Eu sei. - andei ate a sua frente e estendi as mãos segurando o seu rosto. - O Felipe vai protege-la. A Bia também. Juntos.

– Ela é só uma criança. Não tem que passar por nada disso.

– Relaxa. - o fiz me encarar. - Nós vamos cuidar disso.

Vi seus olhos girarem ainda desconfiados ate se focar em mim e ele meio que assentir.

– Ótimo! - suspirei tirando as mãos do seu rosto. - Vamos rápido.

Me virei indo de volta a cadeira e pegando uma camiseta branca, blusa de moletom cinza com umas escritas na frente, calça jeans e tênis. Vesti tudo rapidamente e passei os dedos pelo cabelo comprido.

– A Kate vai vir conosco? - ele perguntou assim que fechei a porta atrás de mim.

– Eu não sei. - balancei a cabeça. - Não falei com ela ainda.

– Acha que ela está com o Jonny?

Me virei para ele juntando as sobrancelhas. Ele deu de ombros.

– Acho que não. - respondi por fim.

Ele assentiu e estendeu a mão direita para que eu a segurasse. Peguei sua mão quente e ele me puxou para si me lançando um olhar curioso.

– O que está pensando? - perguntou apertando minha cintura. - Quer dizer... Estou sentindo você meio distante. Tem alguma coisa errada?

Encarei seus olhos avermelhados e engoli em seco. Na verdade, além de estar preocupada, não consigo parar de pensar em algo ou alguém. É idiota comparado a tudo que pode acontecer em breve, mas... não consigo entender como o Daniel se transformou e as roupas ficaram intactas. Sim, isso é estupido! Mas eu não entendo.

– Claire? - o Rick chamou minha atenção.

– Só preocupação. - pisquei algumas vezes. - Nada demais.

Olhei para nossos pés, reparando também que ele tinha vestido uma jaqueta. O tempo lá fora era nublado e frio. E se tem uma coisa que eu sei que o Rick odeia, é o frio.

– Claire. - ele voltou a chamar minha atenção, mas desta vez erguendo meu queixo para que eu o olhasse. - Quer me contar alguma coisa?

Arregalei os olhos por um segundo e o vi erguer uma sobrancelha. Não tinha nada a ser dito, não era nada demais. Neguei com a cabeça.

– Só preocupação. - me afastei do seu aperto e comecei a andar na frente, mais rápido do que o necessário.

Ouvi logo seus passos pesados atrás de mim, mas não me virei para espera-lo. Tudo o que tínhamos que fazer era pegar a lapide ridícula e destrui-la. Como o Daniel tinha dito. Tudo ficaria certo.

***

Rick

Sim. Ela estava distante. E olha que a Claire é a pessoa mais pé no chão que eu conheço.

Eu não gostei daquele papo da Vick, mas e se ela tiver razão? Se tiver outro que está deixando a Claire assim?

São os problemas de menos agora. Pelo menos é assim que eu penso. Concentrar na Lucy e não me esquecer que a vampira louca está querendo trazer os mortos, e definitivamente, não quero fazer parte do apocalipse zumbi, até porque não levo jeito par...

– Rick. - perdi meus pensamentos e me foquei na Claire na minha frente. - Acho que temos problemas.

Ela se agachou passando a mão em alguma coisa. O chão claro estava manchado por rastros vermelhos que seguiam ate o fim do corredor onde ficava a porta da sala do João.

– Lucy. - sussurrei.

Comecei a correr pelo corredor ate parar de frente a porta branca. Segurei a maçaneta sentindo o cheiro do sangue entrar pelas minhas narinas. Girei-a e engoli o gosto acido que começava a se formar na minha boca.

O rastro se estendia pela sala de piso de madeira, ate atrás da mesa de gabinete. Prendi a respiração e andei seguindo o sangue manchado no chão. Os meus joelhos tremeram o suficiente para que meu corpo cedesse caindo em frente ao impossível.

Ali estava ele. O João. Coberto de sangue fresco e... sem batimentos. Morto.

Soltei a respiração e varri rapidamente o ambiente com os olhos. Era obvio que uma luta aconteceu, mas também era claro o vencedor. Quem quer que seja, saiu vitorioso.

– Não, não, não. - peguei o pulso dele e segurei. - Por favor.

Notei minha calça se molhar na poça de sangue a minha volta. Respirei fundo, apenas sentindo o cheiro acido do sangue. Segurei seu corpo o virando de costas, e pude ver de onde o sangue escorria sem freio. Do pescoço.

– Foi ela Rick. - virei encontrando a Claire de pé. Ela parecia ainda mais pálida que o normal e pude jurar ver seus olhos marejados.

– Vadia. - resmunguei voltando a olhar o corpo sem vida do João. - Vadia, vadia. - segurei na mesa para me levantar.

– Rick. - senti a mão da Claire no meu ombro. Me esquivei bruscamente e passei por ela. - Não, não, não! - levei as mãos agarrando meus cabelos e comecei a andar de um lado para o outro.

Abaixei as mãos de novo olhando para elas e vendo o vermelho pintar minha pele clara. Tentei respirar normalmente, mas a fúria estava me dominando, me deixando sem foco. Meus pensamentos giravam e giravam sem saber o que fazer, ate que algo me veio. Alguém.

– Lucy. - falei arregalando os olhos.

O João só lutou com a Jeniffer por um motivo. Tinha que ser esse. A Lucy.

– Rick? - ouvi a voz da Claire, mas ignorei. Passei pela porta notando a aglomeração de pessoas que agora estavam no corredor. Pareciam assustadas e confusas. Umas olhavam para a sala do João, e agora, outras para mim.

Vi a Claudia parada olhando fixamente para a grande janela que ficava ali no fim do corredor ao lado da sala. Andei ate ela e parei do seu lado, segui o seu olhar me deparando com a prova que precisava.

Lá estava em letras grandes e tortas. Escrito em sangue... e deixando claro suas intenções.

"Deem boas vindas aos mortos!"

No chão eu reconheci. Uma flor rosada e com pétalas curvadas. A favorita da Lucy. Engoli o cheiro insuportável do sangue e fechei minhas mãos em punho. Senti o calor acumulado explodir do meu corpo e quando dei por mim, já tinha acertado o vidro com um soco, fazendo estilhaços voarem para todos os lados. Me virei para a Claudia que mantinha uma expressão vazia, dos olhos escorrendo lágrimas. Agora era oficial:

– Se é guerra o que ela quer. É guerra que ela terá!

***

Bia

Virei de lado na cama, deixando um sorriso idiota brotar nos meus lábios. Meu corpo ainda ardia com cada toque lembrado, cada som, cada sensação nova. Tudo parecia perfeito demais para ser real, mas era. Ele era real. Tudo foi.

Abri os olhos não vendo com muita nitidez no começo devido a claridade, mas logo voltou ao normal me trazendo o ambiente iluminado do quarto e o vento frio que entrava pela janela. Lá fora parecia estar nublado e o sol não iria sair tão cedo.

Seu doce cheiro de menta ainda ocupava o lençol branco e todo o meu corpo. Eu não poderia querer coisa melhor do que isso.

Olhei minha blusa fina branca e a mesma calcinha preta de ontem. Meu short se perdeu, deve estar em baixo da cama. Passei a mão no cabelo bagunçado e embaraçado, mas não importava, nada importava agora. Deitei de bruços e olhei para a parede onde a cama ficava encostada. Segui com os olhos pequenos trincados que se estendiam ate o teto, conforme subia, mas grosso os trincados ficavam. Estendi a mão num trincado ainda maior no formato de uma...

– Mão? - minha mão se encaixou no formato fundo na parede.

– É. Eu fiz isso. - me virei quase caindo da cama.

Ela deu uma risada e andou vindo se sentar na beirada da cama.

– Nossa! - limpei a garganta e me ajeitei ficando sentada. - Pelo menos não derrubou o quarto inteiro.

Ela soltou uma gargalhada rouca e depois me fitou dando seu sorriso angelical.

– Que foi? - senti que minhas bochechas logo corariam.

– Nada! Eu só estou feliz por nós.

– É... eu também. - meu rosto devia estar vermelho e tive que abaixar a cabeça.

– Ei! - ele estendeu a mão levantando meu rosto. - Valeu a pena ter esperado você.

Dei um sorriso tímido e joguei meus braços em sua volta o apertando.

– Obrigado. - sussurrei.

– Por?

– Por tudo! - o olhei.

Ela sorriu e me puxou de novo em mais um abraço. O mesmo abraço cheio do seu perfume e seu calor. Senti um arrepio quando seus lábios encostaram no meu ombro esquerdo. Me contorci me afastando para olha-lo.

Fitei seus traços perfeitos e estendi a mão para passa-la no seu rosto. Fechei os olhos encostando meus lábios nos seus, tendo a mesma sensação eletrizante de sempre. Agarrei sua camisa quando sua língua encostou na minha e seus dedos entrelaçaram nos meus cabelos enquanto sua mão alcançava minha nuca.

Me remexi tentando me aproximar mais do seu corpo, mas foi em vão quando ele usou sua força me fazendo deitar e ficando por cima. Senti meus pulmões pedirem por ar e agradeci quando ele soltou a minha boca lentamente para distribuir beijos pelo meu pescoço. Tombei a cabeça para trás e abri os olhos vendo o teto claro receber o contraste das paredes amadeiradas.

Soltei um gemido quando senti uma leve mordida na minha clavícula. Desci as mãos puxando o seu cabelo ate ele ficar de frente para mim de novo. Deu um sorrisinho malicioso e mordendo meu lábio inferior, mas não o dei chance. Puxei sua boca na minha com a maior vontade possível. Travei os dedos no seu cabelo e as pernas a sua volta, sentindo suas mãos deslizarem pela minha coxa.

Puxei com força sua camisa a tirando o mais rápido que consegui. Desci as mãos pelo seu peitoral e senti-o puxar a minha camiseta para cima. Levantei os braços para facilitar a passagem. Ele olhou meu corpo por um longo segundo e depois sorriu voltando a me beijar.

Uma das suas mãos subiu pelo meu braço ate encontrar minha mão livre. Entrelaçamos os dedos e ele parou para me encarar, deixando perceptível a cor dos seus olhos. Pareciam mais claros e profundos. Deixei um sorriso escapar e ele logo retribuiu com outro. Fechei os olhos ao vê-lo se reaproximar e esperei o toque dos seus lábios...

Toc Toc Toc

O eco das batidas na porta do andar de baixo veio mais alto que o esperado. Arregalamos os olhos juntos. Ele deu um meio sorriso e me deu um beijo rápido logo ficando de pé.

– Deve ser a Claire com a Lu. - falou vestindo a camisa.

Assenti passando as mãos no cabelo e me sentando para pegar uma camisa bege dele que estava na cama. A vesti rapidamente e fiquei de pé notando que era comprida demais. Suspirei e o segui escada abaixo.

Puxei os cabelos num coque desarrumado e o vi passar as mãos no cabelo escuro antes de abrir a porta. Andei ate o seu lado e parei para o olhar a loira do lado de fora. Kate.

Sua expressão era triste, confusa, frustrada, furiosa. Estava com roupas de inverno e os cabelos caindo nos ombros. Ela engoliu e olhou apressadamente para nós. Suspirou e nos encarou seria, como nunca fez antes:

– A Jeniffer conseguiu. - sua voz saiu rancorosa. - Levou a Lucy.

Eu e o Felipe nos olhamos rápido e voltamos a fitar a Kate.

– Ela pediu por isso. - ela encheu os pulmões de ar para falar. - A luta está travada. A guerra começa agora!


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Notas finais do capítulo

Mds! Gostaram?!
P.S.: adoro esse gif sexy! kkk ;)



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