Amor Além Da Vida escrita por Isabelle Masen


Capítulo 4
Parte IV


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/388472/chapter/4


Fader – The Temper Trap






Todos saímos do ônibus como uma fila de maternal, cada um com o “par”. Bella queria ir com Tina à qualquer custo, mas a mulher, só pra não ter que aturá-la, agarrou-se a um idoso. As pessoas não riram, pois estavam distraídas tirando fotos e mais fotos do lugar.







Bella não era diferente. Eu mal podia dar um passo e lá estava ela tirando fotos minha.





–-- Esses povos seguiam a antiga religião politeísta, na qual diz a lenda que os espíritos rondam o local em busca de energia solar.





–-- E porque? – Bella perguntou, batendo mais uma foto.





–-- Porque todos eram cientistas. Os cientistas, biólogos e físicos do século X refugiavam-se nesse castelo, que na época era camuflado, pra concluir suas pesquisas sem terem monopólio de outros países. Ele foi descoberto apenas em meados de 1875 pelos primeiros surfistas a habitarem o Havaí.





–-- Que interessante! – disse e se desgrudou de mim pra ir até a frente das pessoas, passando o braço pelo pescoço da mulher – Tina, você é uma ótima guia.





A mulher, disfarçadamente, se separava de Bella.




Tina explicava a história, a cultura e a lenda desse castelo, mas a única coisa que eu queria era puxar Bella pro gazebo que fica no jardim e eu mesmo explicar a ela, se é que me entende.




Tina virou um corredor e eu me deixei ficar pra trás. Pulei uma janela de madeira e corri até o jardim, onde arranquei quatro flores de lótus. Em Forks é quase impossível achar uma dessas.






Voltei apressado e tive que colocar as flores na boca pra voltar à janela. Depois de passar por alguns corredores, coloquei as flores nas costas e encontrei o grupo. Estavam todos juntos, com a exceção de Bella que ficara pra trás fotografando tudo. A puxei pela mão, colocando-a atrás da pilastra. Ela tentou gritar mas eu a calei com um selinho.







–-- O que está fazendo? - me perguntou, confusa e curiosa, umedecendo os lábios pelo selinho molhado que lhe dei. Mordi seu lábio inferior, fazendo-a sorrir.






–-- Nada, estou entediado.





–-- Isso é porque você não está prestando atenção – revirou os olhos.





–-- Eu achei o lugar mais bonito desse castelo – pisquei pra ela, que me olhou com olhos curiosos e brilhantes.





–-- Onde?





–-- Quero algo em troca disso – pisquei e Bella mordeu os lábios, pensando em uma negociação razoável.






Olhei pros meus sapatos e quando subi o olhar novamente mal pude respirar e Bella já estava com os braços em meu pescoço, pressionando seus lábios contra os meus em uma carícia deliciosa.






Paramos de cambalear quando eu dei com as costas na parede, beijando-a com intensidade e desejo. Levei minha mão esquerda até sua bunda, apertando-a enquanto a outra a segurava pela cintura, a grudando mais a mim. Ela gemeu contra minha boca e eu a empurrei pra trás, deixando ela passar uma mão por dentro de minha camisa, arranhando minhas costas e a outra em meu peitoral. Fomos cambaleando pra todas as paredes, sem parar de nos beijar. Ela estava com o fogo aceso hoje, e eu estava disposto a apaga-lo.





Empurrei-a até a outra parede e quando ela se encostou distribuí beijos e chupões por seu pescoço. Ela gemeu, puxando meus cabelos pra baixo. Ri de sua necessidade.





Sem aguentar mais, ela me empurrou pra trás, tentando subir em meu colo, passando uma coxa por meu quadril. Apertei-a dando equilíbrio a Bella, mas quando minhas costas tocaram a parede ela tremeu, como se fosse cair em cima de nós. Eu e ela nos sobressaltamos e a primeira coisa que eu fiz foi abraça-la quase entrando dentro da parede, tentando fazer ela manter o equilíbrio.





–-- Você – Bella ofegou quando a parede parou de tremer – é um... selvagem, Edward – disse e rimos.





–-- Você – ofeguei também – provocou – rimos como loucos, nos afastando da parede. A abracei e quando suas mãos estavam vindo pra minhas bochechas, ouvimos...





–-- O que aconteceu por aqui? – Tina perguntou com uma veia quase saltando de sua testa. Bella ficou imóvel e quando eu a olhei fui acertado por um tapa no rosto. Levei a mão a bochecha, massageando-a.





–-- Au! – gritei, mas não de dor, e sim de susto.





–-- Ele estava olhando pros seios daquela estátua! – Bella apontou pra estátua de uma mulher prateada atrás de si. Todos do grupo começaram a rir.





–-- Sr. Cullen, procure ter mais respeito com a história do Havaí – Tina disse como uma patriota. Os outros caíram na gargalhada no ciúme exagerado de Bella.





Quando todos se viraram pra voltar a passear pelo local, deixei que Bella fosse em minha frente.





–-- Sua bandida, você vai me pagar! – sussurrei em seu ouvido puxando-a pra mim.





–-- Vou pagar à prestação, é mais... – ela se virou pra mim rapidamente, fazendo minhas mãos descerem de sua cintura pra seu traseiro – sexy – sussurrou colando nossas testas. Ela ficou na ponta dos pés e me deu um beijo lento, porém sensual, em um equilíbrio perfeito. São beijos únicos. São beijos dela.





Depois enlaçamos nossas mãos e acompanhamos o resto do grupo pelo palácio, e como sempre, servi de cobaia nas fotos de Bella.





Depois voltamos pro ônibus rumo ao Aloha Stadium. Tina quase não subiu pra cá pra nos dar as instruções com medo de Bella.





–-- Acho que a Tina não foi com a minha cara – ela disse, olhando a vista deitada em meu peito, mordendo os lábios.





–-- Ela deve estar com inveja da sua beleza – pisquei e ela corou.





–-- Só se for pela beleza do meu namorado – ela passou um braço por meu pescoço e subiu mais o corpo pra me beijar. Coloquei uma mão em sua nuca, puxando-a pra mim. Minha língua explorou sua boca sem pressa, enquanto Bella a massageava ou sugava-a. Era incrível que Bella, até com seus beijos mais simples, consegue equilibrar o desejo e a paixão.





Mordi sua língua quando o ônibus subiu e desceu por um quebra-molas. Ela afastou a cabeça da minha imediatamente, fazendo uma careta. Acariciei seus cabelos, rindo. Ela riu fraco com lágrimas nos olhos pela dor.





–-- Eu dou um jeito nisso – pisquei pra ela e ela pôs sua língua pra fora. Pude ver a marca de meus dentes bem na pontinha. Deduzindo o que eu iria fazer, ela corou e apertou os olhos, sorrindo. Ri e chupei a pontinha de sua língua.





–-- Esse é o momento mais erótico e constrangedor da minha vida – disse e eu caí na gargalhada, passando o braço por seus ombros.





–-- Você já não disse isso antes?





–-- Eu disse aquilo “até aquele dia” – imitou minha resposta e eu lhe mostrei a língua. Ela a sugou e riu, tombando a cabeça pra trás. Rosnei e distribuí vários selinhos ali, fazendo ela tentar afastar minha cabeça por causa das cócegas. Ela ria como uma condenada.





–-- Pa... Pa... Paraaa! – tentava dizer entre os risos. Afastei a cabeça e ela ofegou sem tirar o sorriso do rosto.





–-- Pessoal, chegamos ao Aloha Stadium. Por favor, desçam com cuidado e... – a pobre mulher quase foi atropelada pelo bando de turistas. Levantei abrindo os braços, criando uma barreira em minha frente. Bella passou andando em minha frente e eu fechei os braços, andando atrás dela, enlaçando nossas mãos.




Quando ela estava distraída ouvindo a explicação de Tina, apressei-me em falar com o outro guia.




–-- Onde será nossa primeira parada? – perguntei andando ao lado do homem.





–-- No Honolulu Italiée.





–-- Lá tem karaokê? – perguntei e o homem balançou a cabeça – pode me dizer onde fica alguma loja de instrumentos aqui perto? – o homem pegou um mapa em seu bolso traseiro e o avaliou. Paramos de andar pra que eu pudesse enxergar os traços.





–-- Aqui, dobrando duas esquinas, tem a Hula Hula, lá vendem artigos pra dança do hula-hula, acho que devem ter apenas violões ou... – não deixei o homem terminar e assenti.




–-- Poderia me dar as chaves do ônibus? – pedi e ele me olhou como se eu fosse um retardado.




–-- O motorista está no ônibus, senhor.





–-- Não a de cima, a da mala!





–-- Mas por quê?





–-- Pretendo fazer uma serenata quando formos pro restaurante – dei um sorriso torto podendo visualizar o sorriso surpreso de Bella. Ele sorriu malicioso.





–-- Já entendi, tem alguém aqui querendo se dar bem, hein? – deu uma tapinha no meu ombro e começou a rir. Tirei sua mão de meu ombro e ergui as sobrancelhas, esperando ele responder a pergunta – pode deixar, eu falo com o Tom – piscou pra mim e eu estranhei.





–-- Se ela perguntar por mim, poderia dizer que eu fui ao banheiro? – perguntei e ele assentiu. Praticamente corri até a loja de instrumentos.






(...)







–-- Espera aí, meu jovem! – “o” atendente se aproximou de mim, com uma mão afrouxando o nó de seu lencinho vermelho enquanto a outra estava esticada, mandando eu parar – por acaso sabe tocar esse instrumento?






–-- Pra ser sincero não faço ideia – dei de ombros rindo e ele bufou, vindo até mim e tirando o violão de baixo de meu braço, indo até um banco que tinha no balcão.





–-- Senta aí – disse e eu o fiz.





Ele pegou a palheta de minhas mãos e começou a fazer alguns movimentos esquisitos e explicou alguma coisa qualquer.





Pensei em qual música eu cantaria pra Bella. Tinha que ser uma que combinasse conosco, que a deixasse comovida e que esclarecesse meus sentimentos. Mas qual?





O atendente me jogou o violão novamente e me encarou. Franzi o cenho, confuso.





–-- O que?





–-- Tenta repetir o que eu fiz!





–-- O que você fez? – cocei a nuca.





–-- Eu acabei de te explicar a base do blues!





–-- Eu só vou cantar uma cover, não sou um grande compositor – falei fazendo uma careta e o homem fechou os olhos, passando as mãos nervosamente nos cabelos.





–-- O que você faz com esse violão?





–-- Ah, mexer nesse troço é fácil – sorri e ele ergueu uma sobrancelha sugestivamente.





Então coloquei todos os meus cinco dedos nas linhas, dedilhando-as. Os outros clientes da loja tamparam os ouvidos, parando pra me olhar. O atendente estava prestes a ter um AVC.





–-- Se você não tomou aulas, pra que diabos quer um violão assim, sem mais nem menos? – disse calmamente, mas parecia convencer a si mesmo pra manter o tom de voz daquele jeito.






–-- Eu quero cantar pra uma garota – deixei escapar um sorriso abobalhado de meus lábios e o atendente me olhou com brilho nos olhos.






–-- Ah, assim você me faz borrar a maquiagem! – disse pegando um lencinho e enxugando os olhos. Que porr* é essa? – Ei, Markos! Você deveria fazer isso pra mim, seu bofe imprestável! – bateu um pé no chão com a voz embargada.






O homem com quem falava, o tal Markos, lia um jornal, e ao ouvir o grito desesperado da bichona, cobriu o rosto. A bicha foi tirar satisfações, chamando atenção dos demais clientes.






(...)






–-- Esse solo ficou desafinado – apontou pro meu dedo mindinho, que estava no topo do violão.






–-- Que porcaria, eu já toquei cinco vezes o mesmo fio e errei quase tudo! – esbravejei e a bicha ergueu as mãos, parecendo ofendida.






–-- Você vai dizer isso pra sua guria? Finge que eu sou ela – piscou pra mim e eu entortei a boca, olhando bem pra careta do viado. Balancei a cabeça e levantei, indo até o balcão, pegando um saco qualquer e quando voltei, coloquei em sua cabeça.







–-- Ei!






–-- Você quer que eu toque pra minha namorada, não é?





–-- Sim, mas não precisa estragar minha chapinha por isso.





–-- Oras, deixe de ser fresco! – dei um tapinha fraco em seu braço sentando novamente no banco.





–-- Não precisa me bater! Sou só uma bichinha indefesa! – fez drama.





–-- Liga pro IBAMA – zoei baixinho.






–-- O que foi que você disse?






–-- Vou começar – disse um pouco mais alto e ele se endireitou no banquinho.






Dedilhei os dedos na madeira do violão, sem saber exatamente o que cantar. Eu até agora aprendi a metade da base do blues, mas as músicas que meu “professor” me dava eram apenas em culto ao hula-hula. Bella não entenderia. Preciso achar uma música de nosso idioma que a toque profundamente, que expresse tudo que sinto em uma melodia... Já sei!







Comecei a mover a palheta à medida que meus sentimentos me guiavam. Tudo em Bella estava naquela canção, tudo mesmo. Seu sorriso, seus olhos, seus cabelos bagunçados, seu jeito meio torto e meio estranho de dizer que me ama, seu riso contagiante, seus beijos, seus toques, suas manias...






Dei início à canção, e a medida que minha voz soava, a bicha parecia ter ficado mole. Alguns clientes pararam pra me encarar. Algumas mulheres filmavam, outras abraçavam-se aos seus maridos e algumas até tiravam fotos. Determinadas crianças sentaram no chão em minha frente, me observando cantar. Mas nem minha “plateia” me fez sentir constrangido ou desmotivado a continuar.






Finalmente o refrão chegou e eu cantei com emoção, como se aquilo estivesse saindo de meu coração. E estava. Sorri entre as palavras pronunciadas, tentando imaginar a expressão de Bella. Flashes de momentos me invadiram: a primeira vez que eu a vi naquele palco da escola, nosso primeiro encontro, nossas brigas, quando ela ria quando eu fazia alguma palhaçada, quando eu a apresentei pros meus pais, o primeiro jantar que fiz pra ela, quando ela se entregou pra mim... Minha doença... Tudo cabia perfeitamente em uma única canção.






Quando a música acabou, fiquei alguns segundos de olhos fechados, imaginando tudo isso. Despertei de meus pensamentos quando ouvi palmas.





Até mesmo a bicha estava emocionada, já sem seu saco na cabeça e com algumas lágrimas escapando de seus olhos. As pessoas da rua também foram atraídas pela música, e o local realmente ficou lotado.





–-- Incrível! – uma mulher gritou, emocionada.






–-- Quem é ele? – um homem perguntou pra uma mulher, que chorava em seu ombro.







–-- Ei, garoto! Você canta? – um outro homem perguntou.






–-- Você foi demais! – a bicha disse entre sussurros, chegando pra frente e pegando em minhas mãos.





–-- Onde você vai tocar? Nós queremos ouvi-lo novamente – uma mulher loira apareceu.






–-- Eu vou tocar em um restaurante pra minha namorada, não sou cantor. Aprendi a tocar agora – dei de ombros e as mulheres disseram um “own” em coro.






–-- Nós vamos com você! – uma ruivinha disse, determinada. Franzi o cenho.






–-- Tudo bem, eu acho – disse envergonhado, passando a mão pelos cabelos nervosamente. Elas vibraram.







Depois de falar pra onde eu ia e que horas eu tocaria, voltei apressadamente, guardando o violão na mala do ônibus. Quando entrei, todos estavam do outro lado do campo, porém Bella andava distraída procurando por algo. Sorri e fui pra trave do goleiro.







–-- E Bella chuta a bola, e vai guiando, ela ultrapassa todos os outros jogadores... – fingi narrar um jogo de futebol, me agaixando um pouco abrindo os joelhos e os braços. Bella me encontrou e riu, correndo até mim. Abri mais os braços.






–--... e ela se aproxima, ela está prestes a marcar, ela vai conseguir, ela está com um sorriso lindo e... – ela corou nessa parte e pulou em meu colo, me abraçando e enlaçando suas pernas em meu quadril.





Ela começou a me beijar de forma intensa, como se não nos víssemos há anos. Nossas línguas eram urgentes em nossas bocas, mas não conseguíamos parar, tanto eu quanto ela ficamos assim quando nos vemos. Precisamos mover algumas vezes nossas cabeças pra conseguir manter o ritmo.






Quando a porcaria do ar fez falta, nos afastamos, ofegantes. Colei meus lábios em seu lóbulo.






–--... e é gol – sussurrei e logo em seguida o mordi, fazendo ela rir contra meu ombro, mordendo-o em seguida.





–-- Onde você estava? O guia me disse que você tinha ído ao banheiro, mas você demorou tanto que já estava ficando preocupada... – disse em zombaria e eu fiz uma careta pra ela.





–-- Ah, eu estava mesmo no banheiro e depois meus pais me ligaram – menti. Ela se soltou de meus braços e enlaçou sua mão na minha, andando um pouco em minha frente.





–-- Ah, Edward! Estamos praticamente em uma lua de mel! – ela disse com a voz manhosa e eu sorri.





–-- Então pare de me trair com a câmera! – falei tirando rapidamente sua preciosa câmera de suas mãos. Ela virou-se bruscamente e tentou alcança-la.





–-- Ei, me dá isso! – disse e eu levantei ainda mais o braço.





–-- Vem pegar! – provoquei correndo e ela riu, vindo atrás de mim. Fui pra trás da trave do gol e apenas a rede branca me separava dela.






–-- Vou chamar o F.B.I – disse andando lentamente pra esquerda, tentando me pegar desprevenido. A medida que ela andava, eu a acompanhava.






–-- F.B.I? Federação das Baixinhas Invocadas? – falei e gargalhei de minha própria piada. Bella se aproveitou disso e correu atrás de mim, e eu, claro, corri também.





–-- Edward, você vai ver, eu... – ela falava mas eu me virei bruscamente e ela abriu os braços. A peguei no colo e a girei no ar, fazendo ela gritar de surpresa. Quando paramos, eu cambaleei e caí tonto no gramado. Ela caiu em meu peito.





–-- O que você vai fazer, sua baixinha? – provoquei-a ofegante e ela riu.





–-- Quer saber qual é a vantagem de ser baixinha? – disse rolando e ficando em cima de mim, com a cabeça apoiada em meu peito pra poder me olhar.





Ergui uma sobrancelha.





–-- É que quando você me abraça eu posso ouvir seu coração batendo – ela disse e eu sorri, acariciando sua bochecha com meu polegar. Ela apoiou seus pés nos meus e me deu um rápido selinho, para depois levantar e fazer um coque eu seus cabelos.





Levantei-me também e peguei sua mão, enquanto andávamos até Tina e a corja de turistas.





–-- O que acha de apostar uma corrida até eles? – sussurrei em seu ouvido.





–-- Não seja infantil – disse e me empurrou pro lado, começando a correr, consequentemente bagunçando seu coque.





–-- Sua bandida! – gritei ouvindo ela gargalhar. Comecei a correr atrás dela – isso não vale!






–-- Quem liga pra regras? – ela gritou rindo, mas pro azar dela minhas pernas são maiores e mais rápidas. Em menos de um minuto eu já estava bem mais perto dos turistas.






Quando eu cheguei, ela parou, erguendo os braços pra mim. Balancei a cabeça negativamente e apontei pro seu cabelo. Ela tocou e, percebendo o que eu queria dizer, bufou. Tirou o coque e seus cabelos mogno caíram até seus cotovelos, a deixando bastante exótica. Rindo de sua careta, corri até ela e puxei seu braço, colocando-a em minhas costas.





–-- Porque você gosta tanto dessa juba de leão?





–-- Eu gosto de cada detalhe seu, Bella – falei.





–-- Então está afirmando que eu tenho uma juba? – perguntou com um pouco de vitória em sua voz.





–-- Seu cabelo é lindo, você que vive implicando com ele.





–-- Edward... – ela disse e me deu um sorriso quando eu a coloquei no chão – não percebe que eu só implico com meu cabelo por sua causa? – falou colocando suas mãos em minha nuca.





–-- Bandida – falei colando nossas testas. Ela fechou os olhos e eu passei minhas mãos por sua cintura, colando-a a mim. Dei a ela um de meus beijos mais carinhosos e lentos, enquanto ela apenas cedia espaço pra minha língua. Pude senti-la mole em meus braços.







Finalizamos o beijo com pequenos selinhos e ficamos por alguns segundos apenas com as testas coladas, ouvindo a respiração um do outro.







Quando Bella abriu os olhos, ouviu um barulho e olhou pra direita, e desde que olhou não desviou mais o olhar.





Olhei também e ali tinha um time de jogadores de futebol tirando as camisas na arquibancada. Observei também que Tina e o restante das turistas também estavam no mesmo estado de choque enquanto os homens tentavam chamar a atenção delas.





–-- Bella? – chamei-a, confuso e meio raivoso.





–-- Relaxa, são gays – ela riu.





–-- O que? – uma interrogação surgiu em minha cara.





–-- É, os Royalty’s Pinkies é um time formado apenas por gays ou bis com o sexo masculino.





–-- Como sabe disso?





–-- Eu prestei atenção – deu de ombros e eu ri, abraçando-a por trás.





–-- São viados! – algum homem gritou e as mulheres o vaiaram.





–-- Invejoso! – Tina tirou seu sapato e acertou a cara dele.





–-- Bella, olhe! – apontei pros homens que, após tirarem as camisas, se agarravam quase fazendo sexo selvagem ali mesmo. As mulheres “murcharam” e nós só faltamos explodir de rir.






Enquanto as mulheres recebiam reclamações e risos de seus maridos, eu e Bella continuamos em nossa pequena bolha de amor. Entre amassos, carinhos e beijos, entramos no ônibus.






Dessa vez eu sentei no acento da ponta. Bella colocou as pernas encolhidas no acento da janela e seu rosto estava no vão de meu pescoço. Eu acariciava levemente seus cabelos. Mal sabe ela o que eu irei fazer.





–-- Edward... – ela disse com uma voz manhosa e eu a olhei.





–-- Sim?





–-- É só uma dúvida que está me matando – disse prendendo um riso. Ergui uma sobrancelha e ela continuou – você prestou atenção em alguma coisa que a Tina disse?





–-- Não – falei e ela explodiu em uma gargalhada, tombando a cabeça pra trás. Mordi seu queixo enquanto ela ria.





–-- Muito engraçadinha. Se lembre que você está me devendo muita coisa – pisquei pra ela e ela me olhou confusa.





–-- Eu?





–-- Sim, você, sua bandida – ri – pela foto minha que tirou lá nas pedras, a estátua que você quis pagar à prestação e a corrida – pisquei pra ela, que estava bestificada.





–-- Eu... Eu...





–-- Você, você...





–-- Eu não apostei nada com a corrida! – tentou se defender.





–-- Qual é, Bella – balancei a cabeça.





–-- É muita coisa pra eu fazer sozinha!





–-- E quem disse que eu não vou te ajudar? – sussurrei fazendo ela se arrepiar. Ri com isso.






–-- Pessoal, vamos fazer uma paradinha pro almoço, assim poderemos prosseguir com o resto do tour – Tina disse e praticamente correu com medo de Bella. Bella levantou-se, confusa com a atitude da mulher.






–-- O que deu nela?





–-- Deve estar com vergonha de ficar perto de uma garota tão bonita – beijei o topo de sua cabeça e ela corou fortemente, levantando e vindo atrás de mim.






Quando descemos do ônibus, pude reconhecer algumas pessoas da loja me esperando. Quando me avistaram, sorriram como se tivessem descoberto a cura pro câncer.







–-- Bella, acho que esqueci o dinheiro no ônibus... – falei e ela me olhou, confusa.






–-- Não precisa não, pagamos pela viagem, bobinho – piscou pra mim.





–-- Eu queria levar um presentinho pra minha mãe, sabe... – falei e ela revirou os olhos sem soltar minha mão.





–--Tudo bem, mas não me abandone denovo – disse e eu a puxei, fazendo ela colar o rosto em meu peito.





–-- Nunca, minha princesa – beijei sua bochecha e ela sorriu, se soltando e entrando no restaurante com os demais.





–-- Ei, Edward! – ouvi uma voz masculina me chamar e quando me virei o outro guia estava lá, junto com a bichona que me vendeu o microfone.





Andei até eles, olhando pros lados pra garantir que Bella não estava ali.





–-- Você? – falei me referindo à bichona, que estava até com uma sapatilha rosada, emocionada.





–-- Claro! Quero ver quem é a baranga! – disse e meu rosto tomou um vermelho fortíssimo de raiva.





–-- A única baranga aqui é...





–-- Aqui, peguei – o guia me indicou o violão, e a bicha nos ajudou a escondê-lo, tirando seu casaco.





–-- Não posso entrar com isso – falei e olhei pro guia – você vai leva-lo até o palco do bar e ajeita o microfone, depois de alguns minutos eu vou fingir que vou ao banheiro e vou tocar lá – falei e o guia assentiu, empolgado.





A bicha ergueu um dedo.






–-- Porque eu não posso entregar o violão?






–-- Porque você chama muita atenção – falei me referindo as suas roupas rosa. Ele sorriu, maravilhado, enquanto eu e o guia andávamos pra dentro do restaurante.





–-- Vou encarar isso como um elogio só porque fui com a sua cara – piscou pra mim, me fazendo inconsequentemente rir.





Caminhei até dentro do restaurante, vendo que Bella estava fitando seu copo de refrigerante nervosamente enquanto balançava a perna e olhava pra todos os lados, buscando algo. Fui de fininho e tapei seus olhos por trás. Quando ela colocou as mãos nas minhas, fui ao céu e voltei.





–-- Meu príncipe? – deu um palpite e eu me agaxei, ficando na sua altura e te dando um selinho nos lábios. Ela sorriu.





–-- Claro que sim, minha princesa – dei um sorriso torto e ela suspirou. Sentei na cadeira ao seu lado – demorei?





–-- Sim, estava quase mandando a polícia atrás de você – disse com um biquinho. Ri e o mordi, fazendo-a rir também. Soltei lentamente seu lábio inferior, fazendo ela se arrepiar.





–-- Tenho um presente pra você – pisquei pra ela e ela me olhou com seus olhos curiosos.





–-- Edward, não precisa me encher de presentes...





–-- Então não quer?





–-- Claro que sim – respondeu automaticamente, me fazendo rir.





–-- Mas eu vou querer algo em troca.





–-- Edward, eu não sou rica. Não tenho tanto dinheiro assim... – disse baixando o olhar.





–-- Diz isso em que sentido?





–-- No que você está pensando – disse com um sorriso triste.





–-- Bella, você é perfeita.





–-- Não – ela se endireitou na mesa, colocando os cotovelos em cima dela – Edward, descreva uma garota gostosa.






–-- Bundão, peitão, coxas grossas – pensei rápido e ela ofegou, erguendo as duas sobrancelhas.






–-- Viu? Não sou gostosa – disse e eu levei uma mão à sua bochecha, colando nossas testas. Ela me olhava profundamente, e eu retribuía com toda a sinceridade do mundo.





–-- Você me pediu pra descrever uma garota gostosa, não uma garota perfeita – disse e um pequeno sorriso foi surgindo em seus lábios.





–-- Então eu pago, o que você quiser – se decidiu, mostrando seus dentes em um sorriso feliz.





–-- Espera aqui, minha princesa – me levantei e coloquei uma mão em seu ombro – você é linda Isabella Swan, não esqueça disso – pisquei pra ela e ela corou, com um sorriso tímido. Sorri também e corri pra trás das cortinas do palco. Sentia os olhos de Bella em minhas costas.





–-- Testando, testando... Um, dois... – ouvi a voz do guia além da cortina e tentei espiar, abrindo uma brecha no tecido vermelho.





–-- Yuhuu! – me sobressaltei largando de vez a cortina, virando-me pra trás repentinamente. A bichona estava sorridente segurando uma fita preta e um blazer preto em suas mãos.





–-- Agora não, eu já vou tocar! – tentei falar baixo e ela balançou a cabeça.





–-- Não vim te incomodar, só achei que vestindo isso iria sensualizar mais – piscou pra mim e foi aí que eu entendi o que ela queria dizer. Sorri pra bicha, que abriu meus braços pra enfiar o blazer neles.





–-- Não precisa me vestir, não sou criança – falei olhando pra trás.





–-- Own, claro que não, meu bebê – disse com a voz manhosa e eu revirei os olhos enquanto ela fazia uma gravata borboleta em meu pescoço.






–-- Está pronto, está lindo, um gato! – me elogiou com brilho nos olhos.






Desamassei um pouco o blazer e passei os dedos nervosamente nos cabelos.





–-- Quando você estava lá em cima, Deus disse: desce e arrasa! – disse a bicha empolgada.





–-- Só uma dúvida – me virei pra ela – você é gay, né?





–-- Fique sabendo que eu sou o macho da relação – disse ofendido, apontando o dedo pra si. Revirei os olhos – agora vai lá, bofe escândalo!





–-- Eu vou! – falei entrando no clima, me virando novamente pras cortinas.





–-- Você vai conquista-la!





–-- Eu vou!





–-- Você vai possuí-la!





–-- Eu v... Argh! – disse e ele(a) riu.





–-- Com vocês, Edward Cullen – ouvi a voz do guia e quando estava saindo fui surpreendido por um tapa na bunda. Olhei pra trás e a bicha sorria, arteiro.





–-- Arrasa, bofe! Se a baranga não te agarrar, eu agarro! – disse saindo dali. Bufei com raiva e entrei no palco, pegando o violão nas mãos do guia.





–-- Boa sorte, cara – ele me sussurrou e eu sorri olhando pros meus pés, sentando no banco e pegando o violão.





Levantei o olhar e os meus olhos encontraram os dela.





Sorri imediatamente e ela, timidamente, abaixou a cabeça e tirou uma mecha de cabelo de seu rosto, olhando pra mim em seguida. Seu rosto estava levemente rubro. Linda.






A atenção de quase todo o restaurante – que era enorme – estava voltada pra mim. Pigarreei e coloquei uma mão no microfone, e, timidamente olhei em volta.






–-- Boa tarde – comecei com um meio sorriso e quando ia falar mais algumas pessoas assobiaram, outras retribuíram o “boa tarde” e outras apenas me mandavam palavras de força. Peguei o violão que estava em meu pé e o coloquei abaixo de meu braço.





Achei Bella novamente em meio as pessoas. Seus olhos curiosos e surpresos estavam nos meus, e então toda a timidez se foi e quando ela sorriu senti a coragem explodir dentro de mim.





Peguei novamente o microfone.






–-- Eu queria mandar um recado pra aquela garota ali – apontei pra Bella e as pessoas se viraram pra fita-la, rindo ou apenas fofocando. A atenção de Bella não fora desviada de mim.






–-- Bella, eu amo você – comecei e respirei fundo. O silêncio predominou e todos se viraram pra mim novamente – Adoro seu sorriso, seus olhos, seu cabelo, seu corpo, sua boca, seu jeito. Eu gosto de cada mínimo detalhe seu. Não consigo me imaginar sem você. Mas o pior de tudo é que você não enxerga o quanto é perfeita – sorri nessa parte e ela ficou super corada, me olhando com aqueles olhinhos curiosos. Sorria abobalhada pra mim, e eu instantaneamente sorri. É uma coisa tão recíproca! – agora, eu digo pra todo mundo ouvir: você é linda, Isabella Swan, e eu te amo do jeito que você é – sorri torto pra ela.






Desviei meus olhos dela e comecei a dedilhar o violão.







http://www.youtube.com/watch?v=JQCdaLx7FsA




(N/A: se o link não for direto, apenas copiem e colem em outra página)



–-- Oh her eyes, her eyes (Oh os olhos dela, os olhos dela)



Make the stars look like they're not shining (Fazem as estrelas parecerem que não têm brilho)

Her hair, her hair (O cabelo dela, o cabelo dela)

Falls perfectly without her trying (Recai perfeitamente sem ela precisar fazer nada)


She's so beautiful (Ela é tão linda)


And I tell her every day (E eu digo isso pra ela todo dia)




Ouvi o som de um piano ao fundo e olhei pro lado, vendo que a bichona, ao reconhecer a música, me ajudou a ritmá-la. Ela piscou pra mim tipo um “ok!” e eu retribuí, balançando a cabeça negativamente.





Bella levantou, surpreendendo a todos. E, como se estivesse hipnotizada, serpenteou entre as mesas até ficar de frente pra mim. As pessoas chegaram um pouco pro lado pra poder ver a reação dela.




Vi as cores do olho dela bem de perto. Estavam ardendo em surpresa e amor, de uma forma tão intensa que eu quase a agarrei ali mesmo.




Yeah I know, I know (Sim eu sei, sei)


When I compliment her (Quando eu a elogio)

She won't believe me (Ela não acredita)




Ergui as sobrancelhas nessa parte e ela riu timidamente, sem mostrar os dentes.






And it's so, it's so (E é tão, é tão)



Sad to think that she don't see what I see (Triste saber que ela não vê o que eu vejo)


But every time she asks me do I look okay (Mas sempre que ela me pergunta se está bonita)


I say (Eu digo)


When I see your face (Quando eu vejo o seu rosto)


There's not a thing that I would change (Não há nada que eu mudaria)

'Cause you're amazing (Pois você é incrível)

Just the way you are (Exatamente como você é)

And when you smile, (E quando você sorri)

The whole world stops and stares for a while (O mundo inteiro para e fica olhando por um tempo)

'Cause girl you're amazing (Pois, garota, você é incrível)

Just the way you are (Exatamente como você é)



Pisquei pra ela e ela abriu um sorriso maravilhoso.





Her lips, her lips (Os lábios dela, os lábios dela)



I could kiss them all day if she'd let me (Eu poderia beijá-los o dia todo se ela me permitisse)

Her laugh, her laugh (A risada dela,a risada dela)

She hates but I think it's so sexy (Ela odeia, mas eu acho tão sexy)



Ela gargalhou baixo, mas ainda assim seu riso soou sensual.





She's so beautiful (Ela é tão linda)



And I tell her every day (E eu digo isso pra ela todo dia)


Oh you know, you know, you know (Oh você sabe, você sabe, você sabe)


I'd never ask you to change (Eu jamais pediria para você mudar alguma coisa)

If perfect is what you're searching for (Se a perfeição é o que você busca)

Then just stay the same (Então continue assim)


So don't even bother asking (Então nem se preocupe em perguntar)


If you look okay (Se você está bonita)

You know I'll say (Você sabe que eu vou dizer)


When I see your face (Quando eu vejo o seu rosto)


There's not a thing that I would change (Não há nada que eu mudaria)

'Cause you're amazing (Pois você é incrível)

Just the way you are (Exatamente como você é)


Vi uma lágrima cair e passear livremente por sua bochecha. Ela fungou.






And when you smile (E quando você sorri)





The whole world stops and stares for a while (O mundo inteiro para e fica olhando por um tempo)

'Cause girl you're amazing (Pois, garota, você é incrível)

Just the way you are (Exatamente como você é)



The way you are (Como você é)



The way you are (Como você é)

Girl you're amazing (Garota, você é incrível)

Just the way you are (Exatamente como você é)



Abracei minha princesa de lado enquanto tocava o violão. Ela me encarava intensamente, e minha única vontade era carrega-la dali e beijá-la até não ter mais forças.





When I see your face (Quando eu vejo o seu rosto)



There's not a thing that I would change (Não há nada que eu mudaria)

'Cause you're amazing (Pois você é incrível)

Just the way you are (Exatamente como você é)

And when you smile, (E quando você sorri)

The whole world stops and stares for a while (O mundo inteiro para e fica olhando por um tempo)

'Cause girl you're amazing (Pois, garota, você é incrível)

Just the way you are (Exatamente como você é)




A música parou e eu mal tinha colocado o violão no chão quando Bella me puxou pela gola de minha camisa e puxou meus lábios pra se moldarem com os dela. Passei meus braços por sua cintura e ela colocou suas mãos em meu cabelo, me grudando mais a ela.







Bella me beijava com intensidade, desejo, amor e desespero. Como se aquele fosse o nosso último, ela me mostrou ali o quanto eu era importante pra ela, me disse através de suas mãos o quanto me queria por perto e com seu pequeno sorriso nos lábios mostrava o quanto ela me queria. Esse, era, sem dúvidas, o seu melhor beijo. Cada gesto é uma linha cursiva, cada toque é uma frase redefinida.






Quando o ar se fez necessário nos afastamos e colamos nossas testas. Os aplausos vieram de toda parte.





–-- Eu te amo – ela disse com um sorriso feliz e uma lágrima escorreu de seu olho. Levei minha mão à sua bochecha e limpei a lágrima com o polegar.





–-- Eu te amo – dei meu sorriso torto e ela me abraçou, ficando na ponta dos pés. Acariciei suas costas e a ouvi chorar e rir ao mesmo tempo contra meu ombro. Fechei os olhos, apreciando o momento.






(...)







Depois ficamos no clima de romance: desde dar almoço um ao outro até declarações de amor. Bella sorria radiante pra qualquer coisa que eu dissesse, e até se eu não dissesse nada. Ela apenas me olhava e sorria. E eu, reciprocamente, sorria também.






No restaurante tirei algumas fotos com algumas pessoas que admiraram a música. Não me incomodei com isso, mas Bella tentava me arrancar à todo custo da corja de mulheres impressionadas. Ela, ciumenta? Imagina!







O tempo se passou rapidamente, logo já estávamos no quarto. Bella foi tomar um banho enquanto eu apenas fiquei na jacuzzi, na parte de cima da suíte.








Enquanto a bomba d’agua fazia massagem em minhas costas, eu olhava pro horizonte imaginando se Bella esqueceria de mim. É claro que o tempo passaria, ela teria outros, e com esses outros pode me esquecer... É claro que eu não quero que ela fique pra sempre chorando por mim, mas eu quero ser lembrado. Só os momentos bons, de preferência.






A verdade é que nenhum outro será como eu, que deixei minha família em minha última semana pra poder ficar ao lado de minha namorada. Se eu me arrependo? Claro que não! Eu amo Bella, e se eu tivesse o poder de escolher entre ir ou ficar, eu escolheria a eternidade. A eternidade ao lado de Bella.






–-- O que está fazendo aí? – ela tampou meus olhos por trás e eu sorri, tocando suas mãos. Ela sentou na quina da jacuzzi, apenas de roupão. Sorria abertamente.







–-- Pensando – dei de ombros.






–-- Em mim? – ela ergueu uma sobrancelha, divertida. Ri.





–-- Sim, mas... Bella...





–-- Que foi? – ela apoiou os cotovelos nos joelhos.





–--... se um dia alguma coisa acontecer, você vai me esquecer? – perguntei receoso e ela olhou pro horizonte, pensativa. Nunca fiquei tão ansioso por uma resposta.





Então ela me olhou e fez um sinal pra que eu esperasse, entrando novamente na suíte. Virei minimamente a cabeça pra olhá-la e lá estava ela de volta, com a lista telefônica em mãos com lápis e borracha. Sentou-se novamente a meu lado, me indicando o lápis enquanto abria a lista em uma folha sem nada escrito no fundo da lista.






–-- O que vai fazer? – perguntei e ela me olhou, séria.






–-- Escreve “eu te amo” nesse papel – ela indagou e eu, confuso, escrevi.





–-- E agora? – olhei pra ela.





–-- Agora apaga – ela me deu a borracha e assim o fiz.





–-- Apaguei... – falei tirando as borrachinhas que restaram na folha.





–-- O que aconteceu com o papel?





–-- Ficou marcado com a frase que eu apaguei.





–-- Viu só? Não importa o quanto você apague o que foi dito, existem coisas que marcam tão forte o nosso coração que acabam nos marcando pra sempre, é impossível esquecer. Por isso que eu não vou esquecer você se algo acontecer, e algo nunca irá acontecer. O que você me disse no restaurante me marcou de uma forma tão intensa que eu chorei no banheiro agora. E mesmo que eu tente apagar, ou que outros tentem tudo ficará marcado dentro de mim... Assim como neste papel – olhei intensamente pra suas orbes enquanto ela sorria pra mim.





Toquei sua bochecha com a mão e a acariciei com o polegar. Ela fechou os olhos, apreciando. Beijei sua testa e sorri, colando nossas testas.





–-- Eu te amo tanto, Bella... – falei e beijei sua testa. Ela abriu os olhos.






–-- Eu te amo, Edward – ela me sorriu e eu inconsequentemente sorri também. Foi questão de segundos pra moldar meus lábios nos seus.






E naquele momento eu sabia que ela não me esqueceria. Bella me amava, e mesmo que outros viessem, ela não me esqueceria. Ela era minha e eu era dela. Só isso bastava.






Nem percebi quando já estávamos no quarto, ambos sentados na cama, ainda nos beijando intensamente. Quando o ar se fez necessário nos afastamos e colamos nossas testas, nos olhando fixamente.






Ela sorriu sem mostrar os dentes e revezou olhares entre minha boca e meus olhos. Quando ela abriu os braços, sorri entendendo o que ela queria dizer.





Tirei seu roupão lentamente e apreciei seu corpo escultural, moldado especialmente pra mim. Ela sorriu e voltou a me agarrar, me beijando lentamente. Apreciei cada extensão macia de sua boca, enquanto ela apenas me cedia espaço. Aquilo era maravilhoso.





Ela me empurrou na cama e eu deitei com ela por cima de mim, sem parar de beijá-la. Explorei todo o seu corpo com as mãos, e ela fazia o mesmo comigo.





Girei rapidamente por cima dela, descendo beijos por seu pescoço.





Ela riu contra minha boca, colocando as mãos em minhas costas.





–-- Que foi?






–-- Estou me livrando de uma dívida agora – falou e não tive como não rir, voltando a agarrá-la.























POV Carlisle





















 

Vaguei pela casa à procura de Esme. Minha voz ainda estava levemente embargada pelas lágrimas contidas. É, eu tinha acabado de voltar da funerária, onde reservei um caixão à pedido de Edward, assim que a doença foi descoberta.


De alguma forma me sinto meio aliviado de Edward não ter feito a quimioterapia. Seria cruciante ver meu filho aos poucos caminhando até a estrada obscura da morte, e também seus cabelos eram a marca registrada dele. Desde que conhecera Isabella, sua namorada, passou a apenas apara-lo, já que diz que é o “xodó da Bella”.


Mas de qualquer forma isso, realmente, não mudaria nada, pois está no DNA de Esme a tendência a pegar doenças deste tipo ao longo da vida. Edward sempre fora um homem saudável, então não pôde ter pego leucemia, pois nunca foi anoréxico ou nunca teve problemas alimentícios.


Enquanto vagava sem rumo certo pelo extenso corredor dos quartos, pensei ter visto uma miragem ao ver a silhueta de Esme de joelhos no carpete acinzentado do chão, com alguns papéis espalhados à sua volta. Sua cabeça estava baixa, me impedindo de visualizar seu rosto.


–-- Esme? - chamei-a e ela levantou lentamente a cabeça que estava apoiada nas mãos, revelando seus olhos inchados de lágrimas e ela estava pálida, quase como um cadáver. Seu rosto estava tão abatido pelo choro que meu coração parecia estar cortado ao ver aquela cena. Nunca vira Esme chorar, em dezenove anos de casamento.



 

Andei até ela, preocupado. Me ajoelhei em sua frente.


 

–-- Meu amor, o que houve? - perguntei tocando seu queixo, obrigando-a a olhar pra mim. Ela olhou pros papéis no chão e fungou, soltando um choro alto. Peguei um dos papéis e, só de ler as primeiras palavras, entrei em choque.


 

O Paciente Edward Anthony Masen Cullen foi diagnosticado com leucemia, no dia 15/02/2010”


Tive que controlar as lágrimas que insistiam em descer. Me sobressaltei quando Esme arrancou com força o papel de minhas mãos, chegando a arranhá-la profundamente.


 

–-- Você sabia! - ela gritou em meio às lágrimas, se levantando. Mal dava pra ver seus olhos e o resto de seu rosto, pois um leque de cabelo cobria tudo com a exceção de sua boca seca - você sabia! O meu filho...


Esqueci que eu mesmo tinha diagnosticado o exame, que tinha minha assinatura em baixo. Engoli em seco.


 

–-- Esme, me deixe explicar... - pedi, tentando me aproximar, mas ela se livrou bruscamente de meus braços, me empurrando de leve e voltando a por as mãos no rosto.


–-- Meu filho! Ele é meu filho! Oh, meu Deus... Meu filho... - ela urrava. Suas pernas fraquejaram e ela caiu sentada na cama. A abracei.


–-- Nós sabíamos que ia acontecer, Esme - falei, a voz já embargada pelo choro que queria sair.


–-- Isso tudo é culpa minha... Eu o trouxe ao mundo, eu o criei, eu o matei... - ela dizia sem conseguir me encarar. A abracei com mais força, tentando aplacar nosso sofrimento.


 

–-- Amor, você não teve culpa! Tá legal? Não tem culpa! - a peguei pelos ombros, as lágrimas já corriam livres por meu rosto.


–-- Eu vou no lugar dele, eu quero ir... - disse quase sem voz. Quando menos esperei, ela bruscamente foi até a mesa de livros de Edward e pegou um estilete. A abracei por trás, tentando toma-lo.


–-- Não, amor! Fica calma! Isso não é solução! - implorei.


–-- Eu o matei! Eu quero morrer! Me deixa ir! - ela dizia em meio ao choro e ao desespero. Tentava se sacudir sem sucesso pra libertar-se de meus braços.


–-- Vai ficar tudo bem - falei quando senti seus músculos relaxarem, e aos poucos deslizamos até irmos ao chão.


–-- Eu quero morrer - disse com a voz fraca.


–-- Eu to aqui - repeti, a abraçando com força. Ela já soluçava fortemente.


–-- Me deixa... Meu filho... Eu vou no lugar dele - sua voz sumia de tão fraca. Ela largou o estilete e me abraçou com força, enterrando o rosto em meu pescoço. Tirei os cabelos de seu rosto e acariciei suas costas, numa tentativa de tranquilizá-la.


Após alguns minutos, trouxe os calmantes que usei nos últimos dois anos pra que minha esposa se acalmasse. Tivemos uma longa conversa.



–-- Ele é - fungou - tão jovem... Tem um futuro tão brilhante... E ama tanto a Bella... - ela fitava um ponto fixo na parede enquanto desabafava - ela sabe?




 



–-- Ele me fez jurar segredo.


 

–-- Mas porque? - ela me encarou.


 

–-- Pra que isso não acontecesse - respondi imediatamente, me referindo a seu quase enfarto.


Ela voltou a olhar pro nada, balançando a cabeça.


 

–-- Ele sempre se preocupou com o bem de todo mundo - ela sorriu triste - não aguentava ver ninguém chorar. Fazia de tudo para ver quem ele ama sorrir - deu uma risada fraca e o silêncio prevaleceu - e é por isso que iremos salvá-lo - levantou-se, determinada. A olhei, confuso.


–-- Você lembra do Billy Black, o dono daquele laboratório de química? - me perguntou e eu não consegui responder - bom, eu sei que talvez não, mas eu poderia pedir pra ele pra emprestar o lugar pra tentar procurar uma cura através do meu DNA - as ideias vieram a minha mente como trovões.


–--... e criar uma regra oposta a partir de um sangue A positivo - sorri de orelha a orelha. Comecei a chorar novamente, mas não era um choro de sofrimento, e sim de emoção. Abracei Esme com força.


 

–-- Há uma esperança, meu amor! Vamos salvar nosso filho - disse em meio às lágrimas, e Esme riu.


 

–-- Vamos, não podemos perder tempo - ela me puxou pra fora do quarto e assim o fiz.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

kkkk não me matem por ter estragado o fim do cap!


Até o próximo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor Além Da Vida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.