– Por quê? – foram as únicas duas palavras que consegui pronunciar.

– Porque eu quis – respondeu indiferente.

Afundei no colchão, mas que porra! Violet era uma assassina, Violet Trent era uma assassina. Deus, estou dormindo com uma assassina. Teoricamente vocês estão acordados Evan e você queria dormir? Teoricamente eu não sabia que ela tinha matado a própria mãe e que por um imenso complô do destino – com um dedo meu nisso – ela terminaria essa noite nos meus lençóis.

– Estou indo – murmura se levantando.

– Que? – dou um pulo – Por que Trent?

Ela repuxa os lábios, em um sorriso torto que não chega aos seus olhos. Queria abraça-la e faze-la falar comigo, queria muito, mas eu não estou com cabeça para isso e sei que ela não iria facilitar nada.

– Você gelou Evan – disse, recolhendo sua jaqueta do prego próximo a janela – Está me olhando diferente, não sei por que esperei uma reação diferente vinda de você.

Eu não sei nem porque eu esperava uma reação diferente de mim, ela matou alguém. Isso é muito mais do que eu tinha em mente, eu tinha me preparado para algo, mas não uma morte.

– Só me diga o por que Violet – pedi uma última vez, mesmo que ela não respondesse eu tinha que tentar.

Ela estava de pé no batente da porta prendendo seu cabelo anormalmente violeta em um rabo de cavalo. Porra! Por que eu tenha a necessidade de olhar pra ela? Saber que ela está aqui e saber se está viva pelo menos?

– Acho realmente estranho que essa história ainda não tenha chegado aos seus ouvidos – catou as botas cor café no chão e me fuzilou com seus olhos gélidos – Ian Carter sabe dessa história melhor que eu.

Bufei e me joguei na cama novamente, então Ian queria me manter longe dela por algum motivo e bem seria só esse realmente? Você deveria ir atrás dela Evan. Mas eu não vou, Violet Trent é mais problemática do que eu pensava e ela não está disposta a dividir nada comigo.

Escutei seus passos pela escada, mas não fui atrás. Ela provavelmente pulou o corrimão, sim ele rangeu e eu ri com isso. Bem do estilo de Violet saltar de um dos degraus. A porta se abriu e se fechou com um estrondo.

Você é um otário Evan Sattle.

O que eu fiz agora? Eu não matei ninguém, Deus ela matou a mãe. A própria mãe. Você se esqueceu que uma história pode ter dois lados Evan? Tome o caso de Ella como exemplo.

Pare! Repreendi-me, Violet não em nada a ver com Ella, nada! Ella foi um erro meu. Um fracasso de um milésimo de segundo que resultou naquilo, Violet não, ela é fruto de suas próprias escolhas.

Escolhas erradas, mas suas.

Mesmo que querendo salvá-la fica mais difícil a cada momento, é como andar sobre o gelo que está se derretendo. Você tem que ter calma e muito cuidado, para não errar. Pois um erro, um passo em falso e game over.

– O que foi?

– Eu não consigo dormir.

Ela parecia perdida, com os olhos arregalados me contando seus medos, eu queria poder fazer mais por ela. Eu quero salvá-la e mesmo que seja um tanto louco e difícil de admitir, eu bem me importo com ela.

De uma maneira que eu não queria, mas me importo.

Eu queria confrontá-la, como tinha feito à pouco. Eu tinha melhor eu tenho que saber mais, eu desejo saber mais. Evan, você não precisa salvar outra pessoa e provar para ninguém que é responsável.

Mas, esse é um dos pontos. Eu quero isso, quero provar que posso salvar alguém, provar que o incidente de Ella foi um acidente. Eu preciso provar para Don Sattle que sou responsável o suficiente para escolher meu próprio caminho.

Eu preciso ter coragem de olhar nos olhos da minha mãe e pedir perdão, mas para que tudo isso ocorra eu preciso salvar Violet Trent, dela mesma.

Evan tem certeza que você não tem um gato preto perdido dentre essa zona de guerra que está sua casa? Seu azar está no nível máximo.

Ri internamente enquanto jogava o edredom – que nem chegou a ser usado direito – no chão e procurava pelo meu celular. Instintivamente meus olhos pararam sobre o travesseiro que Vi mantinha sua cabeça.

Tinha um fio de cabelo ali, um fio violeta.

E sim, o travesseiro cheirava a ela (com um pouco de nicotina e mais ao fim minha colônia). Um sorriso bobo brotou nos meus lábios, ela tinha meu cheiro. E de repente eu não ligava mais pro fato dela ter matado alguém, eu só queria saber por que, para ajuda-la futuramente.

– Ian – o moreno atendeu na terceira chamada.

– Caralho Evan! Isso são horas? – desculpe, não olhei o relógio – O que quer?

– Agora eu quero uma rosquinha e um café, mas quero você aqui em casa as nove em ponto – segui para o banheiro, eu precisava de um banho definitivamente.

– Pra que? – resmungou.

– Caso chave de cadeia – ri com minhas próprias palavras – Apenas venha okey?

– Ta.

E as gotas de água desciam lavando meu corpo, eu deveria ir atrás dela. Sim mas, meu orgulho deixaria? Ou melhor, ela deixaria que eu me aproximasse? Talvez sim, talvez não... Quem sabe?

Sai dessa merda de chuveiro e vai atrás do monstrinho Evan, agora!

E foi isso que eu fiz, mesmo no início estando com raiva eu precisava saber mais e consequentemente aumentar minha tese sobre “ Pessoas anormais do cabelo de repolho e onde habitam”.

Levei novamente a mão ao meu celular, pegando a chave da Harley sobre a mesa da sala. Felizmente agora eu tinha seu número que com muito custo eu tinha conseguido.

– Violet, qual seu número? – perguntei, pegando meu celular de dentro do bolso.

– Por que quer saber quanto eu visto Sattle?

– Não – ri – Seu celular.

– E por que eu passaria meu número para você? – cruzou os braços, em uma posse de “ande, cuspa as palavras ou farei você cuspir seus dentes”.

– Eu...bem, pensei que éramos amigos agora – respondi calmamente, medindo minhas palavras.

– Está bem.

E está foi a emocionante história de como eu consegui o número de Violet Trent, isso mesmo sem tapas nem nada.

– Oi – murmurou.

– Cadê você? – perguntei.

– Por ai – me disse fria.

– Quero ir onde você está.

– Por quê?

– Eu não sei, só quero. É isso que posso dizer.

– Você é estranho Evan.

Ri de novo, se eu sou o estranho você é completamente pirada Violet , e eu acho que gosto disso.