Nós fomos até o estacionamento, deixamos nossas coisas no carro e fomos a pé para o Midnight, um bar popular em Londres, com rock, sinuca, baralho, karaokê e vários outros jogos.

Começamos sentados numa mesa, com uma porção de batatas fritas, suco para ela e cerveja para nós. Conversamos muito ouvindo as piadas idiotas de Kiba e as afirmações extremamente sinceras e cruéis de Gaara. Rimos até ela começar a beber de verdade, começando com um drink leve até a tequila e os licores, a essa altura, Gaara já estava metido num jogo de poker ganhando até as roupas de seus parceiros e Kiba já estava arranjando brigas com os fortões da sinuca, enquanto Hinata e eu continuávamos sentados, comportados, rindo, ela muito pouco lúcida e eu completamente são.

- Você não é muito resistente ao álcool, é? – perguntei mastigando uma batata frita fria do que fora a nossa quinta porção.

Ela riu corada.

- Ah, então este era o plano? Me deixar bêbada e me levar para a cama?

Sorri malicioso.

- Não me dê ideias, Hina – disse eu, rindo dela –, mas eu nunca faria algo tão desleal. – confessei.

- Sim, você é um cavalheiro, Sasuke-kun. – disse tomando o ultimo gole de sua bebida.

Me levantei.

- Vem! – estendi a mão – Vamos dançar.

- O quê? Dançar rock?

Revirei os olhos no momento que uma musica acústica começou.

- Goo Goo Dolls, Iris. – anunciei – É uma musica linda. – garanti.

Ela pegou minha mão e me deixou guiá-la para a pista onde vários casais dançavam lentamente abraçados.

Ela respirou fundo quando paramos um de frente para o outro e eu enlacei sua cintura e a colei ao meu corpo, ela ficou rígida e insegura de inicio, mas logo apoiou a cabeça no meu peito e se deixou levar pelo ritmo da canção.

- Você tem uma vida agitada, sabe? – ela comentou.

- É a vida que eu sempre quis. – dei de ombros.

- E se sente completo com ela? – ela perguntou.

Hesitei.

- Bem, não há nada que eu precise muito e não tenha. – desviei da pergunta.

Ela suspirou como se, de repente, um peso lhe caísse sobre os ombros.

- E a sua vida? – perguntei – Não me contou nada...

Ela abafou um riso sarcástico.

- Minha vida é toda esquematizada, cheia de horários para isso, horários para aquilo... – fez uma pausa – Eu nunca tive tempo para mim mesma... Nunca tive uma pessoa com quem partilhar diversão... Apenas... – ela se calou.

- E este seu amigo dessa noite?

- Bem, ele me deixou, não é? – sorriu triste.

Peguei sua mão segurando-a perto do meu peito.

- Você gosta dele, não é?

- Sim.

Beijei sua mão.

- Tenho uma outra ideia. – sorri afastando-a para encará-la melhor.

Ela me olhou confusa.

- Que ideia?

- Quero te mostrar um lugar legal... Tudo bem?

Ela pensou um pouco e então assentiu.

Eu a puxei pela mão até o balcão, paguei a conta, e fui até a mesa de poker falar com Gaara.

- Ei cara, estou indo, vocês vêm?

- Não... – ele fez um descarte – Kiba e eu pegamos um taxi mais tarde...

- Certo.

- Hei! Quero que leve meu baixo amanhã cedo ok?

- Temos o ensaio à tarde... Levo quando for...

- Amanhã cedo, Sasuke!

Revirei os olhos.

- Certo. – disse me afastando com Hinata – Nem pensar. – disse à parte para ela.

Ela riu e eu a puxei correndo para fora.

Voltamos para o estacionamento, paguei e retirei o carro dirigindo a toda para o meu apartamento ali perto.

Estacionei na garagem e ela uniu as sobrancelhas.

- Eu moro aqui. – expliquei – mas não vou levá-la para o meu apartamento, fique tranquila – prometi sorrindo.

Eu não sei se ela acreditou, ficou desconfiada, mas me acompanhou e subimos até o terraço. Quando a levei para perto do parapeito ela suspirou para a noite londrina que se clareava lentamente, olhando maravilhada para os prédios ainda acessos e as luzes piscando lá em baixo com o rio Tamisa ao fundo.

- Céus! – exclamou encantada.

- É lindo, não é?

- Maravilhoso.

- É meu lugar preferido. – confessei – Desde que eu tinha dez anos e meu irmão e eu nos mudamos.

Ela fechou os olhos e o vento bateu em seu rosto espalhando seus cabelos. Hinata respirou fundo e sorriu deliciada pela sensação.

- E seus pais? – se virou para me olhar.

Desviei os olhos, virei as costas para a paisagem apoiando-me no parapeito.

- Não tenho pais. – disse simplesmente.

Não queria falar daquilo.

Senti seus olhos sobre mim durante alguns segundos, então ela suspirou.

- Sinto muito.

- Todos sentem, não é? – disse sarcástico.

Não precisava da pena dela.

Ela abafou uma risada triste.

- Sei como é Sasuke, sei como é ouvir este ‘sinto muito’ também.

Fitei-a pelo canto do olho.

- Sabe?

- Minha mãe. – ela confessou olhando para a paisagem.

Eu a fitei por algum tempo sem ousar dizer nada, completamente imerso em meus próprios pensamentos, então desviei os olhos e fui me sentar no chão ao lado da porta da casinha do elevador.

Fiquei observando-a dali até que ela viesse e se sentasse ao meu lado. Ficamos em silencio fitando o horizonte e ao nascer do sol ela já dormia com a cabeça apoiada no meu ombro. Eu apenas a abracei e ela se encaixou no meu abraço como se fosse feita para ele.