Matemática Do Amor escrita por Lady Salvatore


Capítulo 79
- Epílogo.


Notas iniciais do capítulo

Nem acredito que é a última vez. Demorou, mas consegui. Do fundo do meu coração, me sinto muito feliz e agradecida a vocês

Pela última vez, boa leitura.



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DOIS ANOS DEPOIS.

Não via como um risco aceitar, afinal o convite não havia feito por si mesma. Caso houvesse magoas ou algum ressentimento envolvido, não haveria sido solicitada para estar ali. Não pensou muito antes de aceitar, seria falta de etiqueta de sua parte. Mas não conseguia evitar uma desconfiança de nascer por seus poros. Apesar de pequena, era o bastante para deixar Elena inquieta.
Mirou o relógio vendo o horário passar alguns minutos do combinado. Em seguida, voltou-se para a entrada do restaurante, na qual, como em atendimento as suas orações, a figura loira passou. De imediato, ela olhou ao redor e Elena levantou-se. Elevou uma das mãos para poder chamar a atenção.
Em segundos Rebekah a encontrou, caminhando em sua direção.
Elena não pôde evitar o sorriso pela nostalgia que lhe veio sem avisos. Ela não havia mudado muito senão fosse por alguns detalhes do cabelo. Assim como sua aparência, as roupas ainda eram joviais: calça jeans, botas e uma jaqueta de couro por cima de uma camisa vermelha.
Rebekah correspondeu a alegria e também riu ao encararem-se de frente.
— Mas você está linda. - Elogiou a loira, assim que se encontraram em um abraço.
Nem tão apertado, mas o bastante para corresponder aquele sentimento de saudades pelos velhos tempos.
— Olha quem fala. - Elena rebateu ao separarem. Ambas ainda com os dentes exibidos. - Está impecável, não mudou nada. - Disse, enquanto sentavam-se.
— Em compensação você, mudou demais. E no melhor dos sentidos. - A olhou outra vez. - Deslumbrante. - Fitou a calça cintura alta preta, com uma blusa de cetim cinza que a outra vestia. Sapatos bico fino e o cabelo em um chanel, um tanto mais curto. - Uma verdadeira mulher de negócios.
O garçom aproximou-se da mesa.
— Senhoritas, gostariam de pedir? - Ambas se entreolharam em dúvida.
— Eu já almocei. - Rebekah adiantou-se em falar. - Te convidei realmente pra gente conversar, se quiser comer. Fique a vontade.
— Eu também comi uma coisinha antes de vim pra cá. - Uma barra de cereal. Pensou em ironia, mas não iria comer para fazer isso sozinha. Almoçaria mais tarde. - Traga dois vinhos tinto. O que acha? - Perguntou à loira.
A mesma assentiu e o garçom retirou-se.
— Eu estou muito contente que tenha aceitado. Juro que por um momento achei que ainda poderia ter raiva, ou algo do tipo. - Confessou Rebekah, com certo alívio.
— Claro que não. - Disse sincera. - Imagina, já se passaram muitos anos. Hoje tá tudo diferente e eu não sou mais a mesma pessoa. - Quis mudar de assunto. - Mas me conta de você. Primeiro preciso saber como conseguiu o meu telefone. - Riram em unissono.
Rebekah havia entrado em contato com Lana, ainda sua assistente. Quando a mesma lhe informou que Rebekah Mikaelson estava na cidade e gostaria de lhe convidar para um almoço, não pode evitar um susto. Apesar de não sentir nada negativo perante a mais ninguém, aceitou mais pela curiosidade.
O metre começou a lhes servir o vinho, enquanto Rebekah falava:
— Bom, você provavelmente não sabe, mas nem um ano depois que você voltou pra Nova Iorque, eu também me mudei pra cá. Consegui uma bolsa pra fazer uma faculdade aqui e aceitei. Meus pais voltaram pra Inglaterra assim que eu vim pra cá. - Afinal os mesmos só haviam concordado em ficar na cidade por Rebekah ter se adaptado tão bem. O plano original era apenas expandir a rede de shoppings por aquela região e depois regressar. Isso Elena recordava-se com clareza. A loira continuava a falar. - ... E bom, resolvi te procurar hoje porque também estou voltando pro meu país e queria me despedir.
A boca de Elena abriu-se em um ''o''. Havia um tanto de decepção em sua reação, já estava cogitando a ideia de voltar a ter um laço com alguém de seu passado.
— Entendo. - Murmurou um tanto impactada. - E agradeço por ter me procurado, se soubesse que estava aqui, teríamos feito isso antes.
Rebekah concordava.
— Fui boba. - Confessou. - Já tinha como te encontrar há um bom tempo. Lana a sua assistente, é irmã mais velha da minha amiga de faculdade. Colega de quarto. Foi assim que te descobri.
— É o destino. - Alegou a famosa frase e bebericou um pouco de seu vinho. - Mas me fale mais coisas. No que se formou? O que anda fazendo?. - Já que seria uma despedida com mais uma figura do pretérito, jogaria as rosas naquele caixão da maneira certa.

— Eu me formei em comércio exterior. Não era bem o que eu queria, mas tinha uma certa pressão da família, se é que me entende. - Ela soou desanimada. - Não é tão ruim como eu pensava, mas foi o que meu pai concordou em me deixar fazer.
— Mas a vida é sua, ele não tinha que se intrometer nisso.
Rebekah suspirou.
— Eu sei, mas não dá pra controlar. Meus pais são donos de muitos negócios e eu, como filha, tenho que tomar responsabilidade do que também é meu.
Apesar de não concordar, Elena se calou. Não queria colocar para ela mais insatisfação com a formação do que a própria já parecia estar. Nem todos conseguem seguir seus sonhos. Pensou.
— Não estou namorando agora e nem pretendo, não sou apressada como a Caroline.
Elena franziu a testa, refletindo as palavras da mesma.
— Caroline? Ainda tem contato com todo mundo? - Questionou em choque.
— Todo mundo não, alguns. O nosso antigo grupo. Mas mesmo assim não é aquele contato todo, é mais pelas redes sociais mesmo, ficou bem mais raro. Cada um seguiu um caminho diferente, tá ocupado com sua própria vida.
— Ao menos eu não me tornei a única celebridade da turma. - Ironizou Elena.
Rebekah correspondeu em um riso fraco.
Matt. Matt havia conseguido uma bolsa de esportes para uma universidade em New Orleans e hoje era um dos maiores jogadores de futebol americano do país.
— Não teria me separado dele se soubesse que ficaria tão rico. - Gargalharam novamente. Encerrando a sessão de risos aos poucos, Rebekah regressou a fala. - Era namoro de adolescente, como todos ali quase. Terminamos por que cada um foi transferido pra um lugar diferente e não tinha mais como continuar. - Explicou sem aparentemente nenhuma desolação.
Pensando sobre esses ditos, Elena concluiu.
— Então não foi com seu irmão que a Caroline casou?
— Não, claro que não. - Por pouco não gritou. - Aqueles dois não tinham como dá certo. Muita distância, ele traía ela demais. - Aquilo não surpreendeu Elena. - Ele gosta de Los Angeles, continua lá e tem uma namorada aqui e outra ali, agora tá mais sério com uma. Mas sei que não vai durar muito. - Serviu-se com mais vinho. - Já a Caroline, casou com o gerente do shopping da minha família, acredita nisso? Bem mais velho por sinal. Quinze anos- Agora sim a surpreendeu. - Ela continua em Mystic Falls, gosta de lá e quer ser mãe em breve, é secretária lá na coordenadoria da escola.
Caroline era a típica mulher do sul. Elena sorriu, em graça. Por um breve momento sentiu a saudade lhe invadindo.
— Mas o pior foi o Tyler. - Ela disse sem muito caso. Elena a encarou atenta e um pouco assustada. Aquele nome lhe causou arrepios que a muito tempo não sentia. - Fugiu de casa logo depois da formatura, foi pra Los Angeles com o Mason e hoje trabalha como músico. Toca até pra vários famosos, mas acho que não ganha tanto não. O bastante pra sobreviver, mas o pai tem muito dinheiro. Então, não sei se vale a pena.
Vale. Elena afirmou com certeza. Tyler estava fazendo o que gostava. Caso continuasse ao lado da familia, seria obrigado a seguir vocação política. O que era seu pior pesadelo. Em um dos poucos momentos de relação que tiveram ele lhe confidenciou esse segredo. Ter ficado pobre era simplesmente uma consequência de seguir este sonho.
Avaliou por breves segundos. A menina em sua frente, continuava rica e fazendo o que não lhe dava prazer. Já o outro, também teve de abandonar o luxo pelo que amava. A vida era realmente aquela corda de puxar e devolver, o tempo todo. Sem parar.
—... Mas acabou que o Mason voltou pra Mystic Falls há um tempo e acho que o pai o convenceu a se candidatar. Isso foi o que a Bonnie me disse na última vez que nos falamos, mas isso já faz uns seis meses. - Rebekah ainda falava, enquanto Elena perdia-se em sua mente.
— Bonnie continua lá? - Foi a única coisa que conseguiu captar.
— Morando não, mas ela sempre visita. Passa as férias lá, os feriados. Hoje ela mora em Washington, quer se tornar detetive estadual, investigadora criminal ou alguma coisa assim. Não sei direito. -Elena não conteve o riso alto. Detetive. Realmente Bonnie havia encontrado a vocação perfeita para ir atrás. - Eu não imaginava que você estaria tão desatualizada assim, afinal ainda tem bastante gente que mantém contato lá, certo? - Perguntou, sem muita certeza. - Sua mãe, seus irmãos, Rose, Meredith, senhor Saltzman.
— Não é bem assim. - Negou, procurando as palavras certas para não magoá-la. - É quando eu sai de lá, eu decidi que eu me isolaria de tudo que eu deixei praticamente, então não procurei informações e, até hoje, quando falo com eles, não tem essa curiosidade mais. Há não ser que aconteça algo muito grave. - Como quando soube de um incêndio que teve em uma fábrica nas redondezas. Rebekah não pareceu ofendida, o que lhe tranquilizou. - Meredith e Ric, tiveram um bebê nesse meio tempo e praticamente sempre que nos falamos é pra falar dela. Rose se estabeleceu em MIAMI ano passado, conheceu um cara e tá bem. Mas ainda volta, como a Bonnie, pra ajudar os pais que ainda tem aqueles problemas com drogas, você sabe né? - Rebekah assentiu. - Minha mãe continua lá, arranjou um namorado também. Cliente. Mora na cidade vizinha, eu e ela não falamos muito sobre a cidade no geral. - Afinal, poderia desembrulhar desafetos de antigamente. - E meus irmãos estão em Massachusetts.
— Faculdade?
— Não só faculdade. - Elevou as sobrancelhas, insinuosamente. - Harvard.
— Como é? - Disse impressionada.
— Isso mesmo. - Havia orgulho em sua voz cada vez que confirmava isso. - Harvard. Eles conseguiram, os dois. Ela faz direito e ele tá fazendo ciência da computação. Estão vivendo a vida de universitários, se é que me entende. Estudos, mas também festas, pegação. Um aqui, duas ali. Estão curtindo, dura pouco. - As vezes arrependia-se por não ter feito também, apesar de não ser preciso para ter conquistado o respeito e sucesso que adquiriu nos últimos anos. Apesar que o modo de vida universitário da farra, já tinha experimentado durante muitos anos de sua adolescência.
— Seu irmão quem diria. Namorou com a neta do pastor no colegial pra virar pegador na faculdade. A maioria dos alunos da escola acabaram indo pra universidades da região mesmo e ainda moram em Mystic Falls.- Seguindo os passos dos pais e de toda uma geração da cidade. Refletiu Elena. - Mas aquela menina pelo que eu soube também entrou em uma boa faculdade. Anna o nome dela não é?
Elena confirmou.
— Sim. Ela estuda em Princeton, comunicações eu acho. Foi a última vez que o Jeremy teve notícias dela depois de terminarem. - O irmão ficou arrasado durante um tempo até descobrir que não era mais o menino inexperiente de antes. Ao fazer isso, mergulhou na juventude.
— Parece que todos os casais do colegial não foram feitos pra durarem. - Rebekah pensou em alto.
— Menos um. - Elena a corrigiu, com um sorriso no rosto. Em seguida, ergueu a mão na direção da loira mostrando o solitário em seu dedo esquerdo. No direito ainda estava o anel de noivado que ele lhe havia dado no fatidico baile.
— Eu soube. Parece que foi a fofoca de Mystic Falls por semanas. - E do mundo, o vídeo de Damon invadindo sua coletiva de imprensa tornou-se viral. Era hilário para os dois atenderem aos pedidos de canais de tv para que fizessem um reality show ou coisas do genero. Apesar do episódio, mantiveram-se privados ao longo do tempo e pretendiam continuar assim. Ainda mais ano passado quando a mídia descobriu sobre o caso como a história deles aconteceu, incluindo o julgamento e o passado dele com bebidas. Foram meses de uma fase complicada, até superarem. - Quanto tempo de casados?
— Mês que vem faz dois anos. - Olhou seu anel, cada vez que fazia isso sentia que assistia o reflexo dele naquele aro. - Foi um casamento muito simples, sem convidados. Só nós dois, no cartório mesmo, sem vestido de noiva ou nada do estilo. Não avisamos ninguém, nem planejamos nada. Só decidimos que era o queríamos.
— No impulso mesmo? - Não conteve a curiosidade.
— A família ficou louca quando descobriu, souberam por um site. Estavamos na Belgica e voltaríamos para Nova Iorque em dois dias. - Foi logo após se reencontrarem. Aqueles meses foram os mais felizes de sua vida. - Acredite ou não, assim que saímos do cartório fomos comer um sanduíche enorme no subway. - Ambas riram, até a expressão de Elena embargar-se por nostalgia. - As melhores coisas acabam acontecendo assim, sem se planejar. Não foi nada do casamentos dos sonhos de todo casal, mas... Foi exatamente o que a gente queria naquele momento. Na verdade foi até melhor. - Em um gesto de emoção, aproximou a mão de sua boca e depositou um beijo naquele simples ouro, que muito menos era caro o bastante para invejar a realeza. Mas a satisfazia cada vez mais sempre que o mirava.
— Isso me deixa muito satisfeita. - Falou carregada de sinceridade. - Ainda mais depois de tudo, senão desse certo me sentiria até culpada de alguma forma. - Elena nada disse, aceitava as desculpas. Mas o fato de sentir culpa também lhe preenchia positivamente, afinal saber que haviam feito o que fizeram, sem sentir nada não era um bom sinal. Falava em relação há eles, mas até mesmo a John e Isobel, na qual hoje já tinha uma relação normalizada. - Como ele está? - Referiu-se à Damon.
— Está ótimo, está sóbrio. Tá lecionando na Columbia há um ano e meio, por processo seletivo. Concursado. Nem parece o mesmo de antes, está tão alegre, faz piada o tempo todo. Isso mais entre intimos, né. Por fora ainda é mais fechado, na dele, até misterioso. Mas não o mesmo grosso e amargado de antes. Eu não poderia estar mais contente por ele.
— Ele se relaciona bem com a sua família?
Elena desanimou-se um tanto.
— Ainda é melhor a minha relação com a família dele do que ao contrário. Mas, não há brigas. Falam o básico e se respeitam. - Tinha que ser uma coisa de cada vez, apesar de já ter clara em mente a ideia de perfeição como algo fora da vida de qualquer um.
— Você também está muito diferente. - Rebekah reparou. - Nesse tempo todo que estamos aqui só se olhou no reflexo da colher de dez em dez minutos. A antiga Elena faria isso de cinco em cinco.
— De dois em dois, você quis dizer. - Ironizou, sendo acompanhada por mais sorrisos. Brindaram em seguida, desfrutando da conversa por mais breves horas.
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O silêncio do sala de estar por um momento fez Damon questionar se havia alguém em casa, mas foi só reparar na quantidade de luzes acesas que teve a confirmação. Sempre que ela saía, deixava a casa em um breu, já quando estava ali, sem ele, no mínimo todas as lâmpadas tinham de estar ligadas.
Como era bom estar em casa depois de um dia cheio. Nessas horas até sentia falta do colegial, mas assim que o cheque de professor universitário vinha, começava a valer a pena novamente. Aquela cobertura cara e luxuosa de Manhattan nunca parecia tão confortável como em situações como aquelas. As vezes achava grande demais para apenas os dois. Três quartos, quatro banheiros, cozinha e sala de estar acopladas em um típico designer americano, uma sala de jantar logo ao lado, perto da entrada. Nunca usavam, pois ambos gostavam de comer no quarto, no entanto,as vezes a utilizavam para fazer amor. O que dava um bom motivo para sua permanência. Havia também uma varanda no quarto, onde em dias romanticos usavam para tomar café da manhã e por último um terraço com uma piscina e um ofurô. Mais para visitas do que para eles. Gostava dos pisos: amadeirado e das cores: branco e aquele verde bem claro, havia alguns detalhes em laranja e uma cor que Elena dizia se chamar pêssego. Não entedia bem que tom era aquele.
Ela decorou, de modo que qualquer um a pagaria para ter aquele serviço. Transformou cada canto dali em um apartamento de revista.
Mas não negaria que orgulhava-se de ter contribuído com metade de cada móvel de luxo que ali estava. Nunca em seus sonhos mais loucos que poderia imaginar que um dia teria tal condição. Não trocaria aquele lugar, por mais extravagante que pensasse ser, por nada. Sentia-se em casa.
A companhia então. Não havia nada que o alegrasse mais, que amasse mais e que o satisfizesse mais do que aquela.
Retirou a gravata e os sapatos, repousando sob aquele sofá espaçoso no centro do cômodo. Finalmente livre, pensou. Vendo aqueles acessórios como algemas para o corpo. Após um conjunto de inspirações e respirações, começou a estranhar mais uma vez a falta de movimento. Sempre que ouvia o barulho de suas chaves e abria a porta, não demorava um minuto sequer para aquele belo corpo correr até si e lhe da o beijo que ansiava tanto pelo resto do dia.
Deve estar no banho. Concluíu.
Aludiu as escadas, também de madeira, sem muita pressa. Deixou os sapatos, a maleta e gravata, no comodo de baixo, o que ela reclamaria depois sem dúvidas. Riu. Nunca pensou que justo ele seria o menos organizado dos dois, já que sempre considerou-se um metódico nato.
A porta já estava aberta, como se dissesse que o esperava. Mas para sua surpresa, ela não estava onde apostou. Ao invés de deitada sob a banheira, Elena estava sob a cama. Com uma dessas camisolas curtas na qual era tão fina e macia como a pele que abrigava. Não percebeu em imediato a presença dele no cômodo, já que a concentração na leitura que fazia era exigida todos os seus sentidos. Ao sentir seu olfato sendo roubado pelo perfume dele, foi quando sua mente raciocinou. Mesmo assim, continuou focada nas palavras que seus olhos liam.
Um arrepio lhe cobriu o corpo. Damon aconchegou-se atrás de si e afogou a boca no pescoço branco já inclinado pra ele.
— Mas que saudades da minha esposa linda. - Disse ainda contra aquela area. Abafando a voz aveludada.
Ela contraiu-se.
— Diz isso todo dia. - Fingiu um aborrecimento, enquanto o incentivou a continuar com as caricias, puxando-o pelo coro cabeludo.
— Quem sabe uma hora você acredita.
— Quem sabe uma hora você seja sincero. - Retrucou, provocando risadas entre os dois.
Damon pregou um último beijo, perto da orelha da mesma e encarou seu livro em seguida. Sabia o que se tratava.
— Atrapalhei sua escrita?
Ela negou em um ronronar.
— Estava lendo. A conversa com a Rebekah me deixou nostálgica. - Explicou enquanto ajeitava-se na cama, para ficar em direção ao teto. Elevou o diário para trás, onde assim ele poderia ler também. Era diferente do antigo, que queimou. Esse era branco e parecia abrigar capítulos mais felizes de sua existência do que o outro.
— Em que parte está? - Aprimou mais a visão para poder ler.
Elena não precisou responder. Estava na semana que se reencontraram e Elena lhe contou seu segredo: A sua história com sua mãe. Na qual ela lhe confidenciou há anos quando estavam apenas as duas em casa e o restante da cidade em um acampamento de verão.
— '' Ele foi atencioso. Me ouviu ternamente enquanto miravamos a torre eiffel da varanda do hotel de Paris. Acariciava meus cabelos e tudo que eu sentia era que era a única garota que existia no mundo. Não foi fácil dizer, por anos não consegui e até hoje não sei se por falta de tempo ou por receio. Só sei que o que eu sinto agora é que não há mais espaços entre nós dois, me sinto livre como nunca. ''. - Damon leu em voz alta, a encarando em seguida com os olhos em brilho por cada sentimento que enxergava naquelas folhas, tudo refletido para ele mesmo. - Eu senti sua liberdade mais que nunca aquela noite. - Sem ironia ou sem sedução referiu-se ao que fizeram logo em seguida que suas roupas foram-se de si. Revelou com intensidade e a mesma seriedade que adorava nele. Sem jogos.
— Você também estava assim. Eu fui o que eu senti de você. - Aproximou seus lábios dos dele, provando um beijo simples e demorado. Mais como agradecimento que de paixão.
Voltaram as páginas em seguida.
Em seguida relembraram o dia da estreia de Elena no Paris Fashion week, onde reporteres ainda frescos pelo acontecimento na coletiva de imprensa perseguiram Damon por todo o show roon e provocando uma discussão entre ele e o agente de uma sub celebridade que veio quase nua, sem receber atenção. Gargalharam alto.
Gargalharam mais alto ainda, chegando a dias modernos. Stefan finalmente saiu de casa para morar sozinho. Grace parecia tão ansiosa por poder fazer aquilo pela primeira vez em sua vida, enquanto ele estava assustado, implorando para a mãe pedir para ficar e ter um motivo para desistir.
Voltaram algumas páginas para a primeira vez que Alaric ficou sozinho com a filha e os obrigou a mantê-los no skype durante toda a noite para ajudar. Algo que até hoje Meredith não sabe. Nisso, relembraram o primeiro aniversário de casamento na qual regressou a Jamaica. Dessa vez com ele em enlaço. Ficaram apenas cinco dias, já que fora o máximo que Damon conseguiu de folga. Ainda mandava mantimentos todo mês para lá e ajudava na divulgação do trabalho da UNICEF, conseguindo convencer outros famosos a participarem.
''Foi curto. Foi mais curto do que achei que seria, mas ainda sim foi o bastante para ele entender o motivo pelo qual esse lugar foi tao importante para mim e o que me marcou tanto. Não ficamos o tempo todo no acampamento, só durante dois dias inteiros pois também queria mostrar para ele os lugares que fui com Kai quando estava aqui''.
Damon bufou alto.
— Kai. - Disse com desgosto a interrompendo. - Sempre tem algo pra estragar.
— Sabe muito bem que meu contato com ele é pelos programas de caridade. - Repetiu aquela mesma frase já sem saber pelo qual número era. - E ele está namorando, também sabe disso. - Nao iriam descutir aquele assunto hoje. Continuou a leitura normalmente.
Ciúmes era um tópico um tanto quanto peculiar na relação dos dois. O de Damon era mais frequente, já que Elena possuía mais exposição. Fãs, ensaios fotográficos sensuais, vestidos que abusavam da falta de pele. E Kai. Mas apesar de contínuos, nunca causavam uma grande briga entre eles, no máximo lhe tomavam menos de dez minutos até ele admitir estar errado ou ela ceder a uma vontade dele. Variava muito da ocasião. Com Elena era o contrário. Era raro, mas quando acontecia era o bastante para deixá-los com sérios problemas durante dias; Sua razão principal era uma inspetora da turma dele na qual de cara não gostou.
Apesar da principal briga que já tiveram por aquele tópico ter sido Jenna. Tia da própria. Veio os visitar no último natal, sempre parecendo em choque e ao mesmo tempo amargada com o envolvimento dos dois desde que descobriu por Isobel na época do julgamento. Aquele não foi um dia fácil, na qual acabou com os dois na recepção de um hospital por Elena ter destruído um jarro após um soco.
Resultado: dois ossos da mão esquerda quebrados. Ainda bem que era destra.
Releram mais algumas coisas, antes do livro ir ao chão após a intensidade de um beijo.
— Me fala, o que foi que te abalou tanto nessa conversa com a Rebekah. - Resolveu questionar, com ela já deitada em cima de seu peitoral.
Elena refletiu antes de falar.
— Ela fez comércio exterior. - Disse simplesmente e ele não compreendeu. Até ela voltar a falar. - Não queria isso, queria outra coisa. Mas cedeu as pressões dos pais e vai voltar pra Inglaterra.
Damon acariciava seus cabelos. Era o velho truque para mantê-la calma. Usava-o normalmente em momentos de tristeza ou preocupações.
— E isso te deixou abalada? Porque ela não está feliz?
Ela o encarou.
— Não só ela. - Tentou explicar-se. - Ela me contou a situação de todos. Ela tem o dinheiro, mas não faz o que ama. Tyler foi embora pra fazer o que ama, mas não tem dinheiro. Mason para a cidade por que desistiu do sonhos dele, Caroline se acomodou rápido, Matt é famoso, mas o vejo nos jornais vivendo a mesma coisa que eu tinha: futilidade. Bonnie foi atrás de algo difícil e ainda está no caminho dela, mas... - Parou. Fechou os olhos estacando lágrimas. Damon a encarou preocupado. - Eu vejo que não se pode ter tudo, você entende? - Não respondeu, pois não sabia onde ela queria chegar. - Damon, nós temos tudo. Ao menos eu sinto que temos e tenho medo. Medo que algo dê errado.
Em imediato, ele a abraçou mais para perto e compartilhando do mesmo receio. Ás vezes também pensava sobre isso. Mas nunca a revelou.
— Talvez já tenhamos pagado as consequências que tínhamos que pagar. - Sugeriu, procurando por algo que a convencesse. - Todo mundo tem suas provações e talvez já tenhamos tido a nossa. Foi tudo cedo demais pra gente, eles ainda estão nesse caminho. Mas não significa que tenhamos que passar por algo de novo.
Elena enxugou suas lágrimas.
— Nenhum casal daquela turma deu certo. Todos terminaram. Éramos os mais desastrosos, o mais improvável de dá certo...
— .. E nos casamos. Nos casamos, meu amor - Completou com ênfase a cada sílaba que dizia. - Fomos a exceção uma vez e podemos ser de novo. - A encarou, tentando transpirar confiança. - Não significa que não vamos ter problemas. Claro que vamos e temos, temos brigas horríveis e você sabe disso. - Ela riu envergonhada. - Mas tem, não só que persistir. Mas tem que trabalhar.
Mais calma, Elena assentiu em concordância as palavras de Damon. Tomando-as para si como um mantra a ser repetido.
— Acho que é por isso que a maioria dos casamentos terminam em divórcio. - Pensou rapidamente sobre o matrimônio de seus próprios pais. - Acham que só por que casaram que acabou, que não precisam mais trabalhar a relação. Que já tudo garantido.
— Mas também há pessoas que vivem a vida inteira pra estar juntos. - Disse positivamente. - Esses que fazem exatamente o contrário da maioria.
Com a tranquilidade já em volta aos olhos da amada, selou seus lábios a dela calmamente. Sentindo-a aproximando-se de si aos poucos e apertando o abraço como se quisesse fundir seu corpo ao dela. Sabia o que era isso. Era medo. Medo de perder. O que, ironicamente, também era algo que precisariam eliminar, caso quisessem vencer.
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UM MÊS DEPOIS.

— Happy birthday to you. - O pai foi aproximando-se da sala com o bolo já em mãos. A criança de imediato atraída pelas velas brilhantes, arregalou os olhos e sorriu banguela. Aquela poderia ser facilmente a imagem mais linda existia. - Happ birthday to you. - Todos os seis presentes começaram a cantar. Elena, Damon, Rose, Jesse e os pais da pequena. - Happy birthday dear Louisa. Happy Birthday to you. - Palmas ecoaram pelo local.
Alaric aproximou o bolo perto da boca da criança e com a ajuda da mãe, Meredith, que a sustentava no colo, a única vela foi apagada e mais palmas foram soltas.
Voltar a Mystic Falls nunca era fácil. A primeira vez que fez isso naquela mesma data, para o nascimento de Louisa, depois fora um mês após isso para o batizado. E agora para o primeiro aniversário da mesma. Há oito meses atrás no falecimento de seu pai, por conta de um enfarto, não veio ao funeral. Grace e Stefan milagrosamente concordaram em ir para que o corpo não velasse sozinho. Pediu desculpas a Deus, mas o desgraçado não merecia.
Mas Meredith e Ric haviam o escolhido, junto com Rose para serem padrinhos dessa criança e não poderia desapontá-los. Por isso, Damon engolia cada lembrança ruim que os pedaços daquela estrada lhe traziam ao atravessá-la. Nas duas vezes, Elena não pôde vir por compromissos de negócios, também não insistia. Ela não estava pronta, apesar de ter dito que se caso ele pedisse, faria isso.
Era a primeira vez dela ali depois de tudo. No ônibus apertava a sua mão a ponto de deixar azul e o desconforto era claro. Mas não havia muito que pudesse fazer para incentivar, pois também sentia o mesmo. Por isso, a abraçava fortemente contra sim cada vez que aquilo vinha, para ambos.
— Meredith, eu estou seriamente apaixonada por ela. - Disse Elena ao colocar a bebê em seu colo. Parecia mais descontraída e a vontade, assim como ele. - Eu vou roubá-la. - Louisa também parecia entrosada com Elena, sorrindo e mexendo em seus colares. Apesar que segundo Alaric, se tratava de uma filha sorridente e sociável.
— Ih Damon, vai ter que dá um pra ela. - Jesse, o namorado de Rose, ironizou provocando risadas nos presentes.
Exceto na própria Elena que pareceu incômoda. Damon forçou um riso para o ambiente não transparecer a realidade. Entendeu a razão para a expressão dela. Há seis meses havia perguntado quando seria o momento exato para planejarem o próprio filho. A resposta não havia sido das melhores e a briga muito menos.
Essa era a grande pedra no sapato da diferença de idade entre ambos. Com vinte e dois, Elena ainda parecia jovem demais para aquele passo. Já ele aos trinta e dois, já deveria estar encomendando o segundo.

FLASHBACK ON - SEIS MESES ATRÁS.

— Eu não estou dizendo que eu não quero, só que gostaria de esperar mais um tempo. - Explicou-se, um pouco acima do tom normal, enquanto arrumava os livros na estante da sala.
Damon recostava no balcão que dividia a sala da cozinha, com os braços cruzados.
— Quanto tempo? - Já estavam há vinte minutos com aquela conversa e Elena ainda não lhe deu uma resposta direta.
Ela deu os ombros, confusa.
— Não sei, Damon. Uns seis anos talvez.
De imediato ele forçou uma risada exagerada, repleta de sarcasmo.
— Elena em seis anos eu já vou tá beirando nos meus quarenta. - Gritou.
— E dai? Homem pode ter filho a hora que quiser, na idade que quiser. Pra mulher é muito diferente. - Retrucou no mesmo tom.
— Então é assim, a gente nem pode ao menos tentar encontrar uma idade que seja confortável pra nós dois? É isso?
— Dói tanto fazer um sacrifício por mim?
— Sacrifício? Elena, isso não é pra ser visto como um sacrifício. É um filho. - Disse enojado pela maneira na qual ela se referiu. - Eu até entenderia se você não tivesse estabilidade financeira ou profissional, mas você tem mais estabilidade do que eu que sou dez anos mais velho.
Abandonou a organização da prateleira, pronta para ir para o quarto. Não queria mais alargar aquilo.
— Já disse é a sua vez de se sacrificar por mim. - Caminhou em direção até a sacada na pretensão de deixá-lo ali.
Mas antes que pudesse completar seu caminho, a mão dele a atracou puxando seu pulso com força. Ele a virou para si, com certa mágoa nos olhar.
— Olha aqui. - Começou, friamente. - Você precisa saber que eu reconheço sim tudo que você fez por mim e que eu reconheço sim o quanto eu errei, mas a partir do momento na qual eu arrisquei a minha vida inteira por uma garota que eu tive pena, te deixa sem o direito de falar que eu nunca fiz nada.

Um tanto assustada, pela reação dele Elena permaneceu muda. Até a última sentença ser dita. Ela franziu a testa, gélida.
— Pena? - Questionou. - Como assim pena?
Droga. Ele pensou, desejando poder matar a si mesmo naquele momento. Ela manteve-se intacta, esperando e exigindo que ele dissesse algo.
Não podia mais mentir. Não podia.
— Quando eu aceitei namorar com você. - Gaguejou, fechando os olhos em seguida. - Eu decidi fazer isso porque você tinha me contado dos sonhos que estava tendo com aquele homem do bar. Me senti culpado por ter te levado lá, achei que tinha te causado algum tipo de trauma, por isso aceitei. Eu só queria te ajudar a melhorar e depois daria um jeito de... . - Pausou, encarando a perplexidade que ela o devolvia nos olhos.
— ... De me deixar. - Dessa vez ela quem proferiu com asco.
— Elena, eu me sentia culpado por...
— CULPADO NÃO. - Berrou em estridência. - Com pena. É isso que você sentia, pena. Pena dessa idiota. - Aproximou-se dele distribuindo dois socos no forte peito do rapaz que nada fez para reagir.
Nem poderia. Ela se afastou, ainda em lágrimas indo para a escadaria.
— Elena, espera. - Correu atrás dela por um degrau,até a mesma parar por vontade própria.
— Hoje não, Damon. - Disse firme. Com a mesma seriedade que normalmente pertencia a ele. - Hoje eu não quero mais ouvir nada. Me respeita.
E subiu as escadas trancando a porta pelo resto da noite.

FLASHBACK OF
—--X---
— Você não se sentiu mal pelo que o Jesse disse, não é? - Teve finalmente a coragem de a inquirir sobre aquilo.
Haviam chegado da festa, tomado banho e arrumavam a cama que iriam dormir, forrando-a com lençóis, edredons e fronhas. O fato de estarem agora hospedados na casa que dividiram e se apaixonaram as escondidas em sua primeira volta juntos parecia uma cena retirada de alguma imaginação improvável do passado. Mas não. Era a cotidiana e estranha realidade.
— Se me prometer que não vamos discutir isso de novo, eu respondo. - Disse calmamente, beijando-o no ombro.
Damon a encarou, colocando uma mexa de seu cabelo para trás.
— Eu vi. Não precisa responder e também já está tarde, vamos dormir. - Não devia ter perguntado aquilo. Deu um beijo casto em seus lábios e regressou e dobrar um lençol que não usariam.
— Antes quero te perguntar duas coisas. - Avisou com um semblante aparentemente cauteloso.
— Pode falar. - Uma ele já sabia do que se tratava, afinal sabia que não fora a toa que Elena cancelou compromissos para estarem ali.
— A gente vai... Você sabe. - Disse sugestiva. - A caixa.
Bingo. Pensou ele
— Claro que vamos. Depois de amanhã, o que acha? - Ela assentiu concordando. - O que é a segunda coisa?
Deitaram-se ao terminar de forrar.
— Quero que seja de noite. - Disse o abraçando.
— O que? - Ela gargalhou em divertimento. - Mas Elena de noite? A gente vai cavar, tem que achar o lugar, e é no meio de um bosque ainda. É mais fácil de dia.
Ela já esperava por aquela resposta.
— Você vai me achar uma boba, mas é que... - Pausou envergonhada. - Nos filmes sempre fazem essas coisas de noite, fica mais poético. - Ele não conseguiu conter e gargalhou ainda mais estridente. - TÁ VENDO. Tá me achando uma idiota. - Corada, afundou a cabeça no pescoço do mesmo, que ainda ria.
— Eu não acredito que a gente vai ter que comprar lanterna porque é mais poético. - Fingiu-se inconformado, enquanto reiniciava suas risadas. Ela lhe deu um tapa, em leve nos ombros. Após longos minutos, voltou a postura de antes. - Vamos fazer o seguinte: amanhã cedo vou até lá, coloco uma bandeira nacional bem onde está a cápsula pra gente se achar mais rápido. - Sugeriu e ela concordou. - Só que Elena não vai da pra ser de madrugada né? Saímos daqui as sete horas e vinte, mais ou menos. Até chegar lá, descavar tudo aquilo já vai tá perto das oito, que já é mais escurinho. Mas sem muito perigo. - Novamente ela não apresentou objeções. - O que acha, heim? Minha poetisa.
Em resposta, ela lhe bateu outra vez e Damon voltou a rir.
—---x----
— Droga. - Elena esbravejou, enquanto lia os dizeres vindo do aparelho.
Damon a olhou curioso.
— O que foi? - Voltou a atenção para a estrada novamente. O bosque era cheio de falcatruas e o risco de furar o pneu por aquela área era de não poder se arriscar.
Ainda estava um tanto claro e o farol ligado, junto das cameras implantadas nele eram seu auxílio principal.
— Meu pai acabou de me enviar uma mensagem. - Suspirou cansada. - Vai se divorciar da Miranda.
Damon não compreendeu a reação negativa dela.
— Deveria estar feliz, vive dizendo que ela é uma interesseira, que não vale nada.
— Eu sei. - E era verdade. - Mas é que pelo menos era alguém com ele. Mas menos mal. - Em breve ele terá uma companhia para distrai-lo, pensou.
— Ele vai ficar bem, meu amor. É homem feito já, você vai apoia-lo também e isso é só o que ele precisa. - Apanhou a mão da esposa para depositar um beijo em sua palma.
Escondeu a preocupação momentânea de seu ser, para que ele não vesse. Enquanto Damon focava-se em andar o carro com cuidado para o lugar combinado e para que não furasse as rodas ou batesse em uma árvore, o observou. Mais um casamento acabando. Queria o abraçar e implorar aos céus que não fizesse o mesmo com o seu. De seus amigos mais próximos, era a única casada e a que provavelmente mais cedo faria. O resto estava ocupado com a vida laboral que encontraram após sair da faculdade. Na empresa de suas famílias logicamente. Aquele pensamento a arrepiava, nunca desejou ser tão dependente do pai. Nem mesmo nas épocas mais mimadas de sua existência. 
— Acho que estamos perto. - Avisou, otimista. - Ainda bem já que está quase totalmente escuro.
Certo em sua memória, logo deram em frente a bandeira hasteada como a espada do rei arthur. Elena sorriu tão largo, que seria capaz de iluminar o local por ela mesma. Reconheceu aquele chão, aquele local, aquele espaço. Como esquecer?
Sentiu um sopro vindo de seu peito. O nome não sabia definir. Satisfação talvez. Afinal a razão pela qual Damon insistiu por aquela cápsula fora para que tivessem uma garantia de verem-se novamente. Um pressentimento antigo lhe avisou que ele não estava confiante que estariam juntos quando aquela data chegasse, mas sim que se reencontrariam.
E chegaram ali. Casados, amadurecidos, estabilizados e o mais importante: Juntos.
Ele estacionou o carro de modo que o farol pudesse manter-se virado direto para onde a cápsula estava. Afinal, seriam aqueles mesmos faróis que iluminariam enquanto desenterravam. Por isso, não foi preciso desligar o carro ao descerem.
— Lembra desse lugar? - Ele abraçou por trás enquanto caminhavam para mais perto.
A voz rouca perto de sua pele a fez arquear para trás.
— Como esquecer. - Elena fechou os olhos e sorriu com as recordações.
— Fizemos amor bem ali naquele dia. - Apontou para uma direção específica.
A certeza dele a surpreendeu positivamente. Virou-se para o rapaz, ainda com a alta energia impregnada em sua face.
— Pois não seja por isso. - Ela o beijou em um estalo rápido e correu até o carro de novo.
Ele não compreendeu a atitude, até ela abrir o porta malas e retirar de lá coisas que havia posto sem ele nem ao menos saber.
— O que tem ai? - Perguntou aproximando-se.
Elena o encarou presunçosa.
— Sacos de dormir e cobertores.
— Não me surpreende. - Disse com certa malicia, enquanto apanhou os sacos. Elena o imitou, carregando a sacolas com as cobertas. - O que acha de você ir forrando enquanto eu pego a pá e já desenterro. - Ia ficar muito tarde senão começassem logo, por mais vontade que estivesse de pular para o revival do que fizeram naquele bosque.
Ela concordou. Começando por um lençol velho por baixo, na qual colocou os sacos acima dele. Na qual os juntou, formando um só e os forrou com outros dois lençóis. Até enfim chegar no cobertor e em uma manta. Tudo para tornar o ambiente mais confortável possível.
A luz do farol iluminava com perfeição a direção onde estavam. As terras eram pertencentes a família de Damon, mas desde que Giuseppe faleceu, seu tio tomava conta do mato de vez em quando. Teve a precaução de ligar e inventar a desculpa de que acamparia pela região naquele dia, tudo para evitar o imprevisto de que o vissem e fosse confundido com um invasor.
Ao terminar sua parte, Elena foi ao carro apanhar outra pá para o auxiliar em ir mais rápido. Apesar dele já está na metade quando ofereceu seu punho, até porque não haviam cavado tão fundo na primeira vez.
— Senti a caixa. - Ele avisou, com um riso de alívio. Era o lugar certo.
— Está ganhando muitos pontos comigo essa noite. - O provocou um tanto manhosa.
— E olha que eu nem to me esforçando. Isso vale mais um ponto, não acha?
Ela fingiu pensar um tanto.
— Gosto quando se esforçam pra me agradar. É menos um. - Ironizou pela última vez e voltaram ao trabalho.
—--
— Coloca a luva, coloca a luva. - Damon soou apressado, tanto quanto ela que já descia o objeto por sua mão tão aflita quanto.
Era uma luva dessas amarelas de cozinha que normalmente usam para lavar a louça. Agora era usada para Elena apanhar a sacola, puxando-a para cima já que haviam aberto espaço o bastante para trazê-la.
Um, dois, três. Contou, puxando com toda sua força. Damon a ajudou, segurando seu corpo para que não caísse para trás. A agarrou pelo punho, empurrou-o para cima, trazendo o embrulho junto.
Elena inspirou um tanto sem ar.
— É melhor deitar um pouco. - Recomendou, disfarçando sua própria fadiga também. - Vou colocar essa terra de volta no lugar e quando eu terminar abrimos isso. Não são nem oito e meia ainda, temos tempo.
— Tudo bem. - Não protestou. Jogando o corpo em seguida nos sacos de dormir que lhe saíram mais confortáveis do que o esperado.
Observou o embrulho enquanto ele terminava. Era uma sacola preta, que mais parecia látex. Na qual dentro estavam duas caixas, uma em cima da outra, amarradas em um nó grosso que o próprio Damon fez.
Lembrava-se de cada coisinha que havia posto ali dentro. Com certa indecisão refletiu sobre o que planejava durante anos e que agora assistiria a reação dele ao saber. A assustava um pouco, mas também lhe dava borboletas ao estômago só de imaginar.
— Acabei. - Ele avisou, enquanto vinha sentar ao seu lado. Vestia uma das luvas e carregava a sacola em mãos.
Elena lhe entregou uma garrafa de água que o mesmo engoliu metade em um só gole, fazendo a rir.
— Precisa se exercitar mais. - Gargalhou, ficando sentada. Um de frente ao outro.
Ele olhou ao redor procurando pela tesoura que estava em uma das sacolas, junto as garrafinhas de água e outras besteiras para comer, desde salgadinhos e doces artificiais. Na qual ambos não eram muito fã, mas que hoje era sua exceção.
Pressionou o corte até que conseguir desfazer o nó. Na qual nem o próprio lembrava-se de ter apertado tanto. Achavam que estariam mais comunicativos enquanto faziam aquilo, mas entendia a razão para o certo silêncio. Ansiedade. Em momentos assim os dois tinham reações muito similares: Ou optavam pela economia de palavras ou tagarelavam sem aquietar-se. A daquela noite era a primeira, embora ambos quisessem que fosse a segunda.
— Finalmente. - Sussurrou após consegui abrir a sacola. Damon olhou para dentro primeiro reconhecendo as duas caixas. - Qual quer abrir primeiro?
Apesar de saber o que havia posto, não recordava-se da ordem onde cada objeto havia ido, o que não ajudou em sua insegurança que a fazia desejar ir direto ao ponto que tanto esperava.
— Retira as duas e decidimos. - Sugeriu e ele o fez.
— Boa ideia. - Disse enquanto a fazia.
A primeira a sair fora uma de madeira escura, sem desenhos e de aspecto simples. Ele colocou as duas no meio dos dois. A segunda caixa, Damon sorriu assim que a retirou. Enfeitada e detalhada de maneira fina. Era de Grace.
— O bom disso é que eu finalmente vou poder ficar com essa caixa. - Elena riu apanhando.
Ambas estavam enroladas em um plástico na qual, retiraram.
— Fomos bem cuidadosos. - Damon relembrou, olhando o estado em perfeitas condições de cada uma. Ele retirou as luvas em seguida. - É melhor abrirmos a simples primeiro. - Falou ao recordar que era na outra que estavam as cartas. Esse momento queria deixar por último.

Elena calculou que as cartas deveriam realmente estar na maior. O fato da sugestão dele ter feito-a adiar o que desejava não fora o que a agradou, mas tentava ver o lado positivo em ganhar tempo. Mas talvez aquele fosse o problema, não queria mais tempo.
Damon abriu a caixa cuidadosamente com ambos com os olhos cautelosos repousados sobre o objeto. O movimento de sua mão fora tão delicado quanto da primeira vez que segurou Louisa.
O reencontro com os velhos pertences os fizeram soltar um riso alto de imediato.
— Não acredito. - Elena jogou a cabeça para trás e tapou a boca para que não saísse estridente. - Damon olha isso, está tudo dentro de saquinhos transparentes, parecemos germofóbicos.
— A ideia foi sua. - Continuaram no mesmo tom bem humorado. - Vamos abrir. - Ele apanhou a primeira coisa que lhe chamou atenção. - O meu cordão. - Disse um tanto emocionado, encarando aquela cruz prata, retirando daquele calabouço.
Elena olhou a peça curiosa.
— Porque quis colocá-lo na cápsula. - Apanhou sutilmente, como se carregasse uma pluma.
— Representa a fé que a minha vó tinha. - Não havia conversado com Elena até hoje sobre isso. - Ela me ensinou a rezar, a falar com Deus. Quando criança eu era muito ligado nesse lado, era ligado em tudo que ela me ensinava. - Respondia ainda com os olhos fixos no crucífixo. - A adolescência foi diferente, eu já não acreditava em mais nada quase. - Disse tristemente. Mas depois sorriu. - Até você aparecer. - Ela correspondeu em instância. - O dia do seu acidente foi a primeira vez que eu rezei em muito tempo. Rezei com essa cruz na mão.
Lhe arrepiando ainda mais a alma, Damon aproximou o corpo em sua direção e elevou seus cabelos. Por um segundo, achou que seria beijada. Mas não. Na verdade foi mais significativo que um beijo. Ele prendeu o cordão em seu pescoço.
Observou admirado a figura que amava com o colo ocupado por aquela peça que ele próprio usou por muitos anos de sua vida. Era em definitivo uma das visões mais belas que Elena já o tinha proporcionado.
— Melhor se acostumando, provavelmente será raro me ver sem essa corrente a partir de agora. - Beijou o pingente compartilhando dele a emoção nos olhos.
— Próximo. - Damon anunciou apanhando outro pertence. Melhor continuassem antes que se prendessem no sentimentalismo e ficasse muito tarde. - Um chaveiro, com o pingente de um cavalo. - Riu, sem compreender a razão pela qual ela o pôs ali. Nem recordava. - O que significa?
Elena sorriu perante a estranheza dele.
— O quadro. O quadro que eu fiz e que você gostou, o dia que esteve em meu quarto pela primeira vez. - Apanhou as mãos dele, apertando forte com as suas.
O mesmo quadro que hoje estava pendurado no corredor do andar de cima de seu apartamento, assim como o da criança que ele havia lhe dado em aniversário.
Em resposta, Damon trouxe o braço dela para si e o beijou por toda a extensão.
— Foi naquele dia que eu te conheci, ao menos pra mim foi. - Confessou amoroso.
Houve uma curta pausa, até Elena sentir-se mais a vontade para apanhar a caixa por si mesmo e retirar um pertence.
— Mindy. - Passou os dedos na imagem. Uma fotografia simples, provavelmente de capa de disco, bem pequena. Haviam dançado uma de suas músicas. - Morreu muito cedo. - Falou com pesar. - Adorei que você colocou essa foto aqui. - Essa era uma de suas lembranças prediletas.
— Sua vez. - Disse Damon um tanto travesso. Ele já havia visto o último objeto dela.
Assim que Elena o trouxe para sua mão, riram juntos.
— O controle remoto. - Elena o sacudiu ainda em hilaridade.
O primeiro fim de semana que passaram juntos, como namorados.
— Pior é que ainda brigamos por isso. - Tiveram de dividir, quando chegava a vez de Elena assistir a algo que queria, ele mantinha o controle. Caso fosse algo na qual era de desejo dele que vissem, ela o dominava. Lembrando-se do que viria em seguida, a expressão de Damon morreu para ambiguidade. - Sabe o que vem agora, não é? - Ele questionou arrependido de ter posto aqueles ingressos na caixa.
Elena manteve-se serena. Já havia superado aquele demônio dentro de si.
— Está tudo bem. - O tranquilizou com sua certeza.
Fez de uma vez. Rápido e indolor, queria que fosse; Os ingressos da noite em que o bêbado a atacou e que acabou sendo a âncora que o fez aceitar aquela loucura. Essa segunda parte ainda machucava, mas Damon estava com ela e por um sentimento longe de ser compaixão. Tentou focar em seu atual presente para poder perdoar o passado.
— É tão estranho quando precisa acontecer uma tragédia pra se conseguir algo bom, não é? - Ele encarou aqueles dois pedaços de papéis na mão, com vontade de rasgar. - Minha mãe chama isso de provações.
— A minha também.
Sem querer prolongar aquele caso, Damon guardou-os de volta no lugar anterior. Provavelmente acabariam no lixo antes que retornassem a Nova Iorque.
Sem mais coisas para se aventurarem, foram para a próxima caixa. Dessa vez aberta por Elena, com o mesmo cuidado que ele teve na primeira.
— Aqui estão as fotos. - E a carta. Pensou, Damon.
Haviam dois envelopes um posto sob o outro, dobrados e recostados no canto esquerdo da caixa. No direito: dois sacos transparentes amarrados em um laço vermelho, com um conteúdo apenas: fotos.
Em um, fotos deles juntos. Nas quais haviam fotografado ali mesmo com uma máquina polaroid. No outro, fotos da vida de ambos, antes de se conhecerem.
Começaram pelas da infância. Comparando o modo de vida um do outro. Uma garota da cidade grande, frequentadora de shoppings. Com um quase que da roça.
— A sua foi bem mais divertida que a minha. - Disse Elena enquanto reviraram mais uma dúzia daquelas imagens. - Brincando na rua até tarde, na floresta. Andando de trator, de cavalo, escavadeira. Pra uma criança isso é um sonho, ter tanta liberdade e segurança. - Já estava recostada ao peito dele, onde iam contando a história por trás de algumas fotográfias, junto com coisas de cada época.
— Essa curiosamente foi tirada no seu aniversário. - Damon levou o dedo indicador para uma delas. Olhou a data melhor. - Seu aniversário não, no dia que você nasceu. - Corrigiu-se. Por essa razão havia escolhido para a cápsula.
Elena olhou a imagem docemente. Damon aos dez anos, em cima de uma árvore qualquer e com dois amigos juntos. Eles escalavam a mesma.
Mason e um outro rapaz que não reconheceu.
— Então quer dizer que enquanto eu nascia você subia em uma macieira. - Disse divertida, deixando uma mordida no queixo dele.
— E como é que eu ia imaginar que a mulher da minha vida estaria vindo ao mundo naquele momento. - Apertou ainda mais fundo o abraço entre suas peles e ela gargalhou pelo sufoco.
Houve uma longa pausa. Ainda faltava revirarem as fotografias que fizeram juntos, mas momentaneamente, ambos queriam adiar aquele filme.
Elena então, decidiu que tomaria a rédea.
— Quero abrir as cartas. - Afirmou decidida.
Ele também não via mais razão para esperarem.
— A minha ou a sua primeiro?
— A sua. - Colocou ainda mais convencimento. Tanto que por pouco não o deixou desconfiado.
Não discutiu. No envelope com sua carta estava escrito logo na frente. '' Para Elena Gilbert do futuro''. e o dela o mesmo, só que com o seu nome.
Ignorando o nervosismo inicial, Damon direcionou o conteúdo para a mulher a sua frente com um riso de satisfação no rosto. Agora sim sentia que conseguiram.
— Lê você. - Ela pediu, tentando mascarar o estado de nervos que seu coração agitava-se. A mente explodia e a fala era seca e gaga. - Por favor. - Endossou quase que sussurrando.
Damon franziu as sobrancelhas. A carta era para Elena Karen Gilbert. Ou seja, ela teria de ler. Estava pronto para questioná-la sobre tal atitude, até pousar os olhos sobre a figura e reparar que ela encarava os arredores, sem uma direção certa. A conhecia o bastante para saber que aquele era seu sinal de apreensão.
Elena tratava-se duas vezes por semana com um terapeuta, por conta da profissão. Todo stress contaminado do mundo da moda acabou lhe deixando com crises de ansiedade na qual vinha na adrenalina. Apesar de sempre ter agido friamente em momentos de pressão, quando seu profissional entrava em risco, não conseguia controlar.
Receoso que ela entrassem em um desses ataques, atendeu ao pedido.
— Não fique nervosa. - Ele disse paciente, enquanto abria o envelope. - Juro que não escrevi nenhuma besteira. - Riram brevemente.
Em uma tentativa de tranquilizá-la, juntou suas mãos a dele enquanto a outra já segurava a folha. Repassou os olhos pela primeira linha, voltando ao dia que escreveu aquilo. A tremedeira em sua letra mostrava perfeitamente a insegurança que sentia.
Começou.

'' Querida Elena. Eu realmente não sei o que esperar do meu futuro. Nunca soube, na verdade. Talvez por falta de perspectiva ou de fé. Por isso, se eu estiver contigo, em seu lado, lendo esses papéis, saiba que está estará em uma das maiores vitórias da minha vida. Já que te verei de novo.
Não sei quais serão as circunstâncias atuais ou o que o passado terá nos causado, mas verei você de novo. Vejo tanto potencial em você, do corpo e da alma. Isso é mostrado em sua maneira de amar, em sua entrega. É lindo e imploro que não perca. Apenas encontre o equilíbrio e brilhe.
Espero deparar-me com isso nesse tal de futuro.
Sobre mim, apenas digo: Sou racional demais, pois já vivi rebelde demais. Me fecho, pois já fui muito solto e me escondo, pois já fui muito exposto. Talvez assim como você também precise desse equilíbrio. Achar felicidade é isso. É saber lidar com as situações sendo uma balança. Ter o meio de todos os extremos.
Talvez por trás de toda essa bagunça que trouxemos para a vida um do outro, esteja isso escondido. Se teremos a sorte de cruzar essa linha, eu não sei. Mas eu não duvido que a lição possa ser essa. Alguns entram em nossas vidas para ficar, outros para nos ensinar (seja o aprendizado bom ou ruim). Qualquer uma que seja a nossa resposta, eu terei aprendido de qualquer maneira.
Daquele que te ama, Damon.

Terminou a leitura com certo embaraço pelas palavras tão joviais que escolheu. Mas a vergonha passou batido demais ao encarar o êxtase que veio em resposta da expressão de Elena. Não estava mais na agonia anterior. Curá-la era o suficiente para ele.
— Já sei que a sua deve estar muito melhor e que... - Tentou amenizar o silêncio com uma piada, mas foi interrompido.
Os lábios dela vieram aos seus em um impacto forte. Atônito, Damon não correspondeu de imediato. Tendo reação somente a partir do momento que o corpo sentou-se em seu colo e seus cabelos foram puxados para mais perto.
Deveria escrever mais cartas romanticas. Pensou, enquanto trouxe o quadril de Elena para mais junto ao seu e intensificou o beijo. Caso fosse um vestido ou saia no lugar daquela bermuda, já teria afundado seus dedos onde desejava estar.
Elena deixou um gemido escapar quando ele desceu a boca para seu pescoço e elevou as mãos para seus seios. Sabia que teria de interrompê-lo em breve, mas aproveitou-se dos arrepios de espinha que a língua dele lhe causou ao espalhar-se por seu colo. Gritou outra vez.
Agora sim teria de parar.
— Temos que ver a minha. - Disse ofegante, com ele agora em sua orelha. Arfou. - Preciso...
— Precisa do que? - Ele aveludou a voz, mordendo-a em provação.
Houve uma curta pausa até que ela conseguisse responder.
— Preciso te contar uma coisa.
Parou. Encarando Elena, um tanto decepcionado.
— O que aconteceu? - Não conseguiu evitar a frieza com qual falou.
Quando ela o seduzia e depois interrompia para falar algo, vinha desagradáveis notícias. Mas era homem então sempre caia no jogo.
Ela o segurou com a mão ainda nas laterais do rosto do rapaz. Preferiu não sair de seu colo, pois queria estar o mais próximo possível dele quando declarasse. Respirou fundo, apesar de não sentir mais a mesma insegurança.
— Foi muito lindo o que escreveu. - Começou sem muita certeza de suas palavras. - E eu entendo que quando fez, não tivesse certeza se estaríamos juntos ou não hoje. Mas eu quando fiz a minha, tinha a certeza que estaríamos. - Olhou fundo nos olhos de Damon a cada palavra. O mesmo tentava desvendar sua expressão sem sucesso. - Tinha a certeza de que estaria com você pra sempre, porque não teria como ser de outro jeito pra mim. - Disse, enquanto tateava a mão a procura do envelope. Quebrou o contato visual por um minuto, ao entregá-lo. - Por essa razão, eu fiz o que está aqui dentro e foi algo que eu planejei durante todos esses anos pra esse dia. - Sua voz começou a ser interferida por algumas lágrimas. - Quero que abra.
Apesar do susto inicial pela atitude tão emocional da esposa, Damon conseguiu serenizar a mente. Não parecia nenhuma noticia desagradável dessa vez, teve a certeza pelo brilho que aquele castanho jogava em sua direção.
Ainda sim, não pôde controlar a pitada de pressa que seu corpo produziu ao abrir o papel.
Retirou sendo de imediato contaminado pelo desentendimento. Esperava encontrar palavras e mais palavras do que Elena havia planejado para aquele momento, mas ao invés disso encontrou o que ela fazia de melhor: Um desenho.
Franziu a testa. Estava lindo, mas incompreensível para ele.
— É um porta retrato. - Ela se ateve em dizer. Sem detalhar mais.
Um porta retrato dele, com a própria ao seu lado e uma espécie de coberta enrolando algo na qual Elena mantinha nos braços. Elevou o papel melhor para a luz e ai sim conseguiu desvendar.
Era um recém-nascido.
Sem muita certeza pela sua conclusão a encarou em perplexidade.
— Há seis meses atrás você me pediu um filho. - O relembrou. Damon sentiu seu peito contrair-se. - Tudo nesse desenho representa o plano que eu tinha pra esse momento, para o que eu queria para agora. - Sorriu, esperando uma resposta dele. Mas ele parecia paralisado. - Por isso eu menti pra você há seis meses atrás, porque eu tinha planejado isso há anos. Pra hoje. - Completou repleta de alegria em cada canto de si.
Damon fechou os olhos e respirou profundamente.
— Elena você está gr... - Foi interrompido pelo dedo dela em sua boca.
— Não. - Ela colou suas testas. - Há um mês atrás deixei de tomar os remédios e estou em período fértil. - Dessa vez Damon sorriu, despertando de seu coma de consciência. - Por isso menti, queria esperar por hoje. Queria que nosso filho fosse concebido aqui.
O beijou em um estalo. Um, dois, três.
— Tem certeza? Aqui? - Disse em um suspiro.
Ela assentiu positivamente. Provavelmente Nova Iorque seria o local na qual o nascimento seria feito, mas também desejava que o lugar onde o homem de sua vida nasceu estivesse com o resultado maior de sua união.
— Aqui... E agora.
Envolvidos pela certeza maior do momento, Elena deitou-se abrindo do botão da bermuda em que vestia e puxando até o meio de suas pernas, levando junto a peça intima. Damon fez o resto terminando de retirá-los. Ele fez o mesmo com sua camiseta, largando em um canto qualquer. Provavelmente fora ao chão, mas não importou-se.

— Eu te amo. - Ouviu sair dos lábios de Elena quase que sem som 

— Eu também te amo meu amor, te amo muito. - Deitou-se sobre ela em um beijo agitado, sendo recebido pelo par de pernas que enrolou-se em seu quadril.
Gemeram com o contato. O primeiro gemido de uma noite longa na qual em nove meses aguardariam pelo resultado.

 

 

FIM.


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Notas finais do capítulo

@superflysex é o meu twitter, caso alguém queira entrar em contato comigo para conversamos. Foi uma honra compartilhar esses anos com cada uma.
Caso tenham uma conta, comentem. Adoraria saber a opinião de cada uma pela última vez, não só desse capitulo, como da história inteira no geral. Agradeço outra vez todo apoio, carinho e compreensão. Foi muito importante pra mim continuar, apesar das pausas e dos problemas pessoais. Agradeço de verdade.



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