Matemática Do Amor escrita por Lady Salvatore


Capítulo 48
- Paz.


Notas iniciais do capítulo

'' Eu voltei e agora pra ficar. Porque aqui... Aqui é o meu lugar. '' Recadinho: Caso não tenham lido meu último recado, em forma de capítulo, deem uma passadinha lá.



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Um sorriso de escárnio nasceu em seu rosto sem que Elena ao menos percebesse. Releu aquelas palavras outras três vezes tentando se sentir feliz com o que estava escrito, mas não conseguiu. Justamente porque sabia o que provavelmente passava na mente dele ao pôr tais frases naquele papel. A maneira na qual ele dava ênfase ao fato de que ela havia sido destinada para vencer, fazia Elena recordar as vezes com que ele lhe dizia: '' Você nasceu para o sucesso. Eu não'' ou '' Você é uma das exceções do mundo. Eu sou medíocre''. Aquilo era só mais uma repetição do que ela odiava que ele dissesse sobre si próprio, não simplesmente por apoio à Damon. Mas por ter total convicção do quão errado ele estava. E pior, ainda insistia em não ouvi-lá sempre que tentava o convencer do contrário.

Um exemplo disso era ela própria. Se ele soubesse quantas chances já teve de se apaixonar. Quantas oportunidades e quantos homens; E que foi, justo por ele, entre tantos, que finalmente provou de um sentimento na qual sempre achou que só existisse nos sonhos. Ou até mesmo Rose, que após, Mason e tantas outra voltas, era ele há quem ela, como Elena, também o amava.

Damon não possui noção do quanto era especial. Pensou ela, fechando aquele caderno e devolvendo ao fundo de sua mochila.

Olhou rapidamente o lado de fora através das vidraças nas janelas. Sentiu falta de ar puro. A primavera havia chegado no ápice em Mystic Falls e o tempo já estava mais fresco. Lembrou-se de hoje de manhã, enquanto estava indo para o colégio que percorreu o caminho inteiro, enquanto sua mãe dirigia, (já que ainda está sem carro em conta do acidente) com a cabeça para fora da janela. Tudo para poder inspirar aquele ar puro, das árvores tão florescidas.

Precisava daquele ar novamente. Sua cabeça estava à mil pela quantidades de pensamentos que a enchiam. Avisou seus irmãos que iria até a calçada por no máximo cinco minutos. Na verdade, prometeu para si mesmo que seriam apenas cinco minutos. Não podia continuar daquela maneira.

Atravessou a porta do bar e recostou seu corpo na parede. Pediu desculpas ao seu cabelo e a sua pele, mas nunca, em toda sua vida, desejou tanto ter um cigarro em sua mão.

As duas semanas que passou sem ele ali foram estranhamente aliviadoras. Por mais que odiasse admitir. Os primeiros dias foram infernais. Sentia-se completamente domada pela culpa e pelo arrependimento. Sentimentos na qual considerava primos. Só não conseguia identificar pelo que sentia culpa e pelo que sentia arrependimento, já que tinha a total consciência de que todas as suas ações, fossem elas certas ou erradas, foram o que, querendo ou não, o levou até ele.

Só que depois. Após o vê-lo nas aulas e acostumar-se a chegar em casa sem ter que planejar se o veria ou não. Sem ter que passar por olhares embaraçosos, tudo ficou mais leve. Por mais que a saudade existisse. E existia antes mesmo dele ir embora, já que logo após o último término seu corpo já fora invadido, no mesmo segundo, pela aquela sensação.

Sabia o que havia feito sair. Juntou as peças e viu que fora depois daquela conversa que tiveram naquele mesmo quarteirão. Onde disse o que disse para entregar para Mason depois. Após ter beijado Tyler. Quando viu que Damon não estava mais ali, logo dispensou Tyler outra vez. Sentiu nojo, pela primeira vez em ter que beijá-lo depois de saber tudo que ele havia feito, junto há seus '' amigos ''. Fingiu-se de bêbada, usando a mesma tática que havia feito depois que Matt a pegou saindo do banheiro na noite do piquenique. Ele acreditou e não nutriu esperanças de que aquele beijo significasse algo.

Depois que terminou com Tyler pela segunda vez, logo após começar a namorar Damon, havia prometido para si mesmo que não voltaria a enganá-lo, mas estranhamente não sentiu nenhum remorso depois do que fez. Porque agora, sabia do que ele foi capaz para que separasse Damon de si, então compaixão era algo que não cabia ter. Ainda mais por ele ou por qualquer um deles.

Não voltou a dirigir a palavra a quase nenhum. Com exceção as meninas na qual tinha de ver nos ensaios, mas só. Fora do treino, nunca mais. Não havia perdão para tamanha atitude calculadas tão friamente. Se acaso Damon nunca a perdoasse, ela entendia a razão. Afinal, para Elena também era impossível perdoar cada um deles.

Sentiu seus olhos pesarem em sono. Logo após a médica informar que não precisava mais dos remédios pós-acidente, seu sono seguia pior. Dormia muito tarde e acordava muito cedo. Pensava demais durante a madrugada. Pensava demais durante o resto da tarde, por isso também não dormia após a escola. Na verdade, pensava demais até mesmo em qualquer misero segundo que conseguia de distração. Começava a achar que aquele era seu problema.

Fechou os olhos. Provando do escuro. O corpo automaticamente relaxou e a respiração pareceu mais calma. Só aquele ato já era um alívio; Estava seriamente pensando em começar a praticar meditação, de tão acolhedora que era para si a simples sensação de descansar as pálpebras.

Quando voltou a abri-los, eles se assustaram e os arregalou ao máximo que pôde, ao ver a figura que atravessava a rua. Seu primeiro instinto foi fugir. Mas logo seu cérebro raciocinou que não havia motivos para isso. Pelo contrário.

Não achou que ela a veria, mas se surpreendeu ao encontrar aqueles olhos azuis a fitando de longe.

Grace deu um sorriso, a reconhecendo e surpresa por vê-la ali. Elena acenou e a chamou com uma das mãos. Sorriu em igual.

– Como vai? – A mais velha disse, bem-humorada ao seu encontro. Abraçou o corpo pequenino rapidamente e continuaram sorrindo. As duas.

– Vou ótima. E você? Faz tanto tempo que não te vejo por aqui.

Grace deu os ombros. Como toda vez que a via, Elena se surpreendia com a semelhança dos dois.

– Não tenho saído muito. Mas to bem também. Na verdade vim só comprar uma blusa no centro. O aniversário da minha irmã é depois de amanhã.

– Entendi. – Assentiu olhando para a sacola. Não sabia a razão, mas não queria que ela fosse ainda. – Já almoçou? – Perguntou, após ter um rápido flash de uma ideia.

– Ainda não, mas to indo pra casa almoçar.

– E seu marido? – Sabia que seria bem difícil ela aceitar.

– Tá trabalhando. Ele almoça na fábrica, já eu... Se não fizer a minha comida, morro de fome. – Riu divertida, entregando a deixa que Elena precisava.

– Ótimo. Porque hoje você almoça comigo. – Disse simplesmente.

Grace de início achou que era uma brincadeira, mas ao ver que Elena não voltou atrás na fala, sua expressão logo assumiu um tom de surpresa.

– Não. Que isso. – Reclinou, ainda simpática. Elena sentiu que ela parecia um tanto envergonhada. – Imagina... To sem dinheiro e tem comida lá em casa. Não precisa e...

Elena a cortou, para que o discurso não se prolongasse.

– Senhora Salvatore, eu tenho dinheiro. Não se preocupa com isso e realmente pra mim seria uma honra. Eu não quero almoçar sozinha e não tem razão pra senhora fazer o mesmo. É só um almoço. – Antes que ela continuasse com sua reclusa, Elena apanhou sua mão a trazendo delicadamente para dentro do bar. – Juro que não vou tomar mais que uma hora...

– Mas é que...

– Mas nada. A senhora almoça comigo e ponto. – Gargalhou enquanto se dirigiam a mesa. – Garçom. – Chamou por um dos rapazes, que estavam próximos.

Agradeceu por Matt não estar ali hoje. Não devia mais nada para o resto daquele grupo, mas mesmo assim não queria arriscar que eles voltassem com suas suposições e planos caso a vissem ali com a mãe de Damon. Não voltaria a confiar neles nunca mais.

Sentaram-se nas cadeiras. Uma de frente para outra. Conseguiu reparar em Jeremy e April cochichando sobre quem era a mulher que estava ali com Elena, mas logo terminaram de olhar Já estavam acostumados com as loucuras e imprevistos de sua irmã mais velha que não davam mais tanta atenção.

Elena conseguia ver que Grace ainda estava um tanto tímida. Olhava para baixo, enquanto o atendente anotada os pedidos; e quando não encarava o chão, era os lados, mostrando claramente seu incômodo com a situação. Conseguia nessas horas deduzir o quanto ela deveria ser solitária. Também não trabalhava, não tinha mais os filhos, raramente saía e o marido, fora o dia inteiro, a deixando naquela casa enorme horas e horas sozinha.

Não era de se estranhar o fato de ficar em sobressalto por ter uma companhia.

Assim que o garçom saiu com os pedidos prontos. Elena, simpática, voltou a falar.

– Saiba que graças a você e seu marido eu fiquei com dez de média em história. – Queria deixá-la confortável.

Grace sorriu timidamente.

– Mas você nunca voltou lá. Eu disse que adoraria que você ou a Bonnie fossem qualquer dia pra um lanche, mas não apareceram.

– Tenho andando muito ocupada. – Pela primeira vez ficou séria. Depois do atentado de lembranças que a invadiram por tudo que havia acontecido ultimamente.

Grace não pareceu perceber a tristeza em sua expressão. Continuava tímida, mas, ainda sim, feliz.

– Não sabia que dava pra se manter tão ocupado nessa cidade.

Elena assentiu devagar, um pouco área.

– É nos menores lugares que acontecem os maiores redemoinhos. – Repetiu seca aquela velha frase que sua avó tanto dizia. Agora entendia o significado. Balançou a cabeça, negativamente. Expulsando tudo aquilo de si e voltando a postura bem animada de antes. – Mas e você... Não diga que foi só eu que não procurei porque não é verdade. Eu também convidei você e seu marido pra apresentação na escola e vocês não apareceram. Porque não foram?

A inocência na voz de Elena, fez com que Grace abaixasse os olhos outra vez e desse um fraco sorriso. Tentando disfarçar sua reação de abatimento. Só depois que Elena percebeu a gafe que havia cometido e também fechou seus olhos. Envergonhada. Desejando que voltasse no tempo. Antes que pudesse se desculpar. Outro atendente volta com os pedidos.

Ainda sérias, decidiram que era melhor não falar mais nada e começarem a comer.

– Me desculpa. – Pediu aos sussurros, lá pela quinta garfada, com toda sinceridade que tinha em seu corpo. Não a encarava, mas não podia continuar naquele silêncio. Havia quase dez minutos desde que disse o que disse e decidiram comer. Não aguentava mais o peso daquele martírio em suas costas; Que mesmo silencioso, era pesado. – Eu nem pensei direito quando eu falei. Desculp...

– Tudo bem. – Grace a interrompeu, educada. Sabia que Elena não havia dito por mal. – Eu não vou negar que eu queria muito ir, mas meu marido...

– Não precisa continuar falando disso se não quiser. – Elena a confortou.

– Não, mas eu quero. – Outra vez, uma atravancou a outra. Houve uma curta pausa. Onde voltaram a comer e novamente entre uma engolida e outra, Grace se sentiu pronta para recomeçar a fala. – Eu tava até feliz naquele dia. Íamos finalmente sair. E mesmo sendo tema de tantos trabalhos nas escolas, nunca havíamos sido convidados pra nenhuma apresentação. E você, me convidou. – Suspirou de modo sôfrego. – Me arrumei e quando desci a escada pra chamar o Giuseppe, ele tava... Assistindo televisão. – Com o olhar vazio, Grace encarava o nada. Ambas já não comiam. Elena ouvia atentamente, enquanto sentia-se sendo invadida por uma sensação de impotência. – Eu perguntei que horas a gente iria pra apresentação e... E Ele me olhou de um jeito que, eu vi pela primeira vez meu marido. O homem mais frio que eu já conheci. Sentindo pena de mim. – Elena queria dizer algo, mas não conseguia encontrar as palavras certas. Estava tão atônita imaginando a situação. Centrada na voz tão doce que ela tinha, que nem sequer pensava mais. A culpa de antes pelo comentário, já havia partido. Restando somente uma mistura de branco com breu pela extensão de sua mente. – '' O Damon, aquele cretino que você pariu, trabalha naquela escola, mulher. Como você quer que a gente vá lá? ''. – Engrossou a voz, imitando o marido. Depois riu sem humor. – Eu queria me afundar no chão de tanta vergonha. De tanta tristeza.

Elena balançou a cabeça em negação e soltou o ar que estava preso em seus pulmões. Queria dizer algo que a fizesse ficar bem outra vez, mas sabia que não havia nada que pudesse ser dito. Aqueles eram problemas que não estavam ao seu alcance. Na verdade, estavam longe demais de si. Tanto quanto Damon.

– Não precisa ficar assim. – Tentou, embora soubesse que seria inútil, a alentar. – Na verdade... A apresentação foi... Foi longa. – Atrapalhou-se ao escolher as palavras. Era a primeira vez em toda sua vida que não conseguia ser rápida o bastante para criar uma desculpa para alguém. – Pra falar a verdade, vocês não perderam nada em não ir. Foi bem chatinha. – Riu baixo pela lembrança das oito horas que passou ouvindo histórias sobre Mystic Falls.

Mas Grace não parecia melhor. Não soube identificar a expressão no rosto da senhora em sua frente.

– Não foi por perder a apresentação que eu fiquei triste, Elena. – Disse, como se fizesse a confissão do pior dos pecados. – Foi por ter esquecido que ele trabalhava lá. Foi por ter esquecido dele. – E para Grace aquele era sim um pecado. – Eu esqueci que meu filho... MEU FILHO. Eu esqueci que ele existia. Você tem noção disso?

Se antes não conseguia dizer muito, agora Elena tinha certeza de que nem se obtivesse o conhecimento de todas as palavras do mundo poderia ser suficiente. Mas estava cansada de palavras. Simples conselhos. E até brigas. Já estava cansada de tudo. Na últimas semanas assistiu tudo ao seu redor desmoronar e agora era hora de tentar reconstruir novamente. Mesmo que tivesse que começar devagar. Ou até por um problemas que não era seu. Mas tinha que tentar; Porque sabia que nenhum deles agiria e que se deixasse as coisas como estão, nem ela mesmo acabaria agindo.

Encarou o rosto fino de Grace. Ela não a encarava. Apenas tentava se concentrar no seu alimento. Que já era bem ralo no prato. Para Elena, nada mais cabia no estômago. Afastou o prato há alguns centímetros de seu corpo, enquanto esperava que a coragem atingisse o ápice por dentro. Não sabia o que dizer, nem por onde começar. Mas tinha ideia do que queria e mesmo que Grace negasse, ou não concordasse com ela. E mesmo que concordasse, e não desse certo, não poderia olhar para trás e ter dito que não tentou. E novamente, não faria isso para que Damon soubesse e viesse atrás dela. Não. Até porque, caso desse errado ele não iria querer vê-la nunca mais.

Era simplesmente para poder, tentar, dar o empurrão para que aquelas pessoas pudessem tentar ser feliz outra vez. Ou pela primeira vez.

– Grace. – A chamou. Não voltaria atrás. A mulher a olhou calmamente. Esperou um pouco antes de falar, mas não o suficiente para que toda aquela coragem fosse embora. Não, a agarrou com toda sua força. – Eu não te contei isso porque. Eu achava que você pudesse não gostar. No começo, logo depois que eu te conheci. E depois, quando eu fui te conhecendo, eu não contei porque era o Damon que poderia não gostar

As sobrancelhas de Grace se franziram.

– O Damon poderia não gostar? Como assim? Contar o quê? Do que você fala? – Ela dizia atrapalhada, após analisar cada ponto do que Elena disse.

Resolveu dizer de uma vez.

– Grace... Até duas semanas atrás... O Damon morava na minha casa. Grace rapidamente assentiu aquelas palavras numa mistura de surpresa e total falta de compreensão. Sempre foi uma mulher na qual os outros considerariam ingênua. Então não articulou nenhum pensamento direto após Elena dizer o que disse.

Preferiu que ela prosseguisse.

– Ele morou com você? – Foi a única coisa que conseguiu pensar.

Elena se surpreendeu pelo tom de voz tão calmo dela.

– Eu não tenho as datas direito na minha cabeça, mas sim. – Confessou, também calma. Afinal, a mulher em sua frente mantinha-se da mesma maneira, contagiando-a. – Minha mãe resolveu alugar um quartinho pequeno que tem lá em casa e isso foi bem na época que ele teve que sair do apartamento do Mason.

Grace perguntaria a razão pela qual ela não havia contado antes, mas lembrou-se de como aquela confissão havia se iniciado. Sacudiu a cabeça, levemente, em estresse; Não lhe era mais tão surpreendente o fato de não saber nada sobre seu filho. Ou seus filhos. Chocava-se pelo rumo que a vida de seu primogênito dava sem nem ao menos poder ajudar ou sem nem ao menos saber.

Sabia que aquela seria umas das raras ocasiões que obteria notícias dele sem que fosse uma fofoca. Por resolveu que aproveitaria o máximo do que estava ao seu alcance saber.

– E porque ele foi embora? – Agora parecia curiosa.

Elena já imaginava que ela perguntaria isso.

– Nem eu sei também. – Mentiu. Já sabendo o que responder. – Mas acho que foi porque... O lugar que ele tá morando agora é com um amigo, então não precisava mais pagar aluguel.

Alaric. Pensou Grace já deduzindo, enquanto trabalhava cada parte de si para que tentasse lembrar aonde ele morava. Não conseguiu.

– Pelas coisas que está me contando vocês parecem bem amigos. Ou que eram bem amig...

– Não. – Achou melhor a interromper, antes que continuasse. – Nos dávamos bem até, mas nada além. Nada muito íntimo. – Grace não pareceu perceber o tom tão nostálgico que estava. Ainda sim mantinha a compostura e a educação. – De relação mesmo só tivemos. E ainda temos. Na sala de aula. Fora isso não.

Grace pareceu satisfeita com o que disse. Não havia mais o que perguntar, mas Elena ainda tinha muito o que dizer. Só que novamente não conseguia tomar impulso sobre como começar. Com o que começar. Manteve-se persistente. Possuía um objetivo e era necessário que o alcançasse, mesmo que a escalada fosse ingrime, coberta por chuvas, deslizamentos ou avalanches.

Por isso, em primeira instância culpou sua mente por pensar naquele atalho. Uma voz em seu sub consciente gritou em automático, a tachando de covarde. E não podia culpar. Afinal, era uma estranha maneira de realizar o que planejava. Tão direta e ao mesmo tempo sem que fosse necessária o uso de palavras delicadas de explicação. Ou até mesmo palavras típicas de Elena que, apesar de mentir muito, sempre que lhe era necessário que dissesse a verdade ou que aconselha-se a alguém, como queria fazer com Grace, não costumava ter medo de ser direta mesmo que machucasse os sentimentos do outro.

Nunca teve dó. E agora, não tinha dó de Grace. Simplesmente não sabia o que lhe falar.

– Foi muito bom esse almoço. – Mudou o tom da conversa, após o reaparecimento do garçom para que recolhesse os pratos. Grace pareceu concordar com o que disse, embora seus olhos ainda denuncia-se que pensava nas coisas que tinham acabado de falar. Que ela pensava em Damon. Aquelas simples expressões foram o bastante para que Elena percebesse que era certo. Não importa a maneira que fizesse. Ignorou a voz em sua mente e caçou uma caneta por sua mochila e apanhou o guardanapo em seguida. A mais velha não prestava tanta atenção em seus movimentos; Deveria estar muito ocupada pensando nos filhos. Escreveu o que tinha que ser escrito e para não parecer tão medrosa diante de si, Elena não hesitou na hora de arrastar o pequeno papel até o outro lado da mesa. – Aqui... – Foi tudo o que disse.

Grace não esperou o bastante para que estranhasse o recebimento daquele guardanapo dobrado. Ao ver uma caneta na mão de Elena, logo raciocinou que se tratava de algum tipo de bilhete. A olhou com uma expressão de surpresa, mas não esperou para abrir. A curiosidade fez por vencer, revelando o conteúdo de um endereço.

E bem perto daqui. Pensou Grace.

– O que é isso? – Perguntou, com voz duvidosa.

Elena, já esperando por aquelas palavras, sorriu levemente em resposta. Percebia, cada vez mais, que em boa parte das vinte e quatro horas de seu dia, metade delas tinha que inventar uma mentira para alguém. E estava prestes a dizer mais uma.

Não queria que Grace entrasse em sua estatística, mas era necessário.

– O senhor Saltzman é um ótimo professor. Já vi ele saindo daqui, várias vezes pegando o almoço dele e entrando nesse prédio. Fica há duas quadras daqui. – Elena percebeu que Grace sabia onde o prédio ficava, embora não imaginasse que Ric morasse lá. Logo após a mudança de Damon, poucos dias na verdade, enquanto foi até o consultório de sua mãe, passou em frente ao prédio e logo Isobel a informou que era ali onde o motivo para seu devaneio e suas incertezas se situavam. Como quem não quer nada, a partir dos dias Jeremy, que ajudou a descarregar a mudança, soltou o andar e em qual apartamento era. Simples palavras ditas sem intenção, que Elena fez questão de pensar até que soubesse de cor. – Eu... Sinceramente não acho que seja bom te aconselhar a nada. Mesmo que seja com boa intenção. Não vou ser boba de pensar que você não tentou se falar com ele outras vezes, mas talvez você devesse se lembrar dessas experiências e tentar fazer diferente dessa vez. – Por mais que a expressão atônita de Grace, que ainda mirava aquele guardanapo, tão incerta, denunciasse que não estivesse com a atenção presa em Elena ou em nada ao redor no mundo que não fosse seus pensamentos e o papel em suas mãos, a própria Elena sabia que ela a estava escutando. – Mas como eu disse não quero dá nenhum conselho. Acho que se você for fazer, tem que fazer por vontade própria e não por que eu quis ou porque eu disse pra ir. Por você. Por ele também, lógico.

Ao avistar as primeiras lágrimas, ainda tímidas, vindo dos olhos de Grace, Elena desviou sua visão para outro ponto qualquer do local. Queria dá privacidade para que ela chorasse em paz. Pôde observar toda a surpresa e todo nervosismo e hesitação daquela mãe, mas também viu resquícios de felicidade e o quanto ela se mantinha pensativa. O que mostrava que mesmo diante de tantas probabilidades apontando o negativo. Desde a expulsão de Stefan, Grace havia procurado Damon duas vezes para que ele a desculpasse e duas foram as vezes que ele a rejeitou e tudo indicava que iria fazer de novo. Sabia que a raiva dele não havia cessado e o sentimento de indignação também não.

Damon, como seu marido, nunca foi bom em perdoar. Mas ao contrário de Giuseppe, Damon não praticava o perdão por que sempre, apesar de tomar muitos erros, era capaz de bater no peito e não usar máscaras. Era verdadeiro, sincero e justo, por isso não admitia que não fossem com ele.

Vendo que a privacidade para as lágrimas não era suficiente, Elena achou melhor que saísse.

– Meus irmão estão almoçando na outra mesa. – Explicou um tanto atrapalhada. – Vou vê como eles estão. Com licença.

Dirigiu em passos rápidos até o local onde Jeremy e April conversavam animados sobre o novo episódio de criminal minds. Não esperou o assunto terminar para os interromper e perguntar se já estavam prontos para ir. Pagou o almoço dos dois e eles bufaram alto por ter que ir embora.

– Mas escuta Elena... – Jeremy iniciou o assunto, enquanto levantava-se. – Quem era aquela moça que estava com você.

April compartilhava da mesma curiosidade.

– É Elena aquilo foi muito estranho. Você foi até a calçada e do nada voltou com ela.

Elena deu os ombros, tentando parecer despretensiosa.

– Eu a encontrei na rua. Nada mais.

– Mas quem é ela? – Jeremy insistiu.

Em raiva, Elena rolou os olhos.

– Nossa, mas que insistência pela minha vida. Vem cá. – Apanhou a mão do irmão. E completou estressada: – Se quer saber quem ela é, vamos lá que eu mesmo os apresento.

April riu sem humor.

– Apresentar como? Se ela já foi embora.

Elena rapidamente virou-se em direção até seu antigo lugar, em estranheza pelas palavras da irmã. Logo a confirmação dita por April veio a seus olhos.

Grace foi embora.

Com fúria, bateu o salto das botas no chão amadeirado e sentiu todo ódio adentrar seu corpo por não saber o que Grace havia decidido fazer.

–--x---

Damon contorceu o corpo para o lado esquerdo, ajeitando-se na cama para que tentasse finalmente dormir. Estava tentando dormir pelas tardes para aliviar o tédio. Hoje era sua folga do mês, Alaric estava na escola para aulas de reforço e Meredith no trabalho.

Um rápido estalo de '' vai beber '' passou por si. Não deu atenção. A abstinência não estava mais o matando. Claro que não iria enganar a si mesmo, sabia que se Meredith e Alaric não tivessem jogado fora qualquer garrafa antes presente naquela casa, pouco antes de se mudar, e obtivesse aquele oásis em sua disposição sem ninguém para o impedir ou o assistir, certamente cairia na tentação.

Não adiantaria tentar bajular o sono. No fundo não queria dormir e sabia disso. Resolveu levantar. As opções de entretenimento que tinha na televisão não era das melhores, mas logo encontrou alguma coisa que fosse minimante interessante o bastante para distrair-se.

Sem coisas para corrigir, sem nada.

Entre um comercial e outro, apoiou a cabeça em um dos braços do sofá sentindo-se realmente com sono pela primeira vez. Fechou os olhos esperando que ele finalmente chegasse. Mas antes disso, o barulho forte da campainha ganhou a corrida e veio antes ao seus ouvidos primeiro que o adormecimento alcançasse seu consciente.

Caminhou lentamente em passos e expressão preguiçosa até a porta. Tão sem má vontade que nem ao menos mirou o olho mágico para ver quem era.

Ao abrir finalmente a porta arrependeu-se por completo.

Os olhos arregalados perante o susto paralisaram seu corpo durante um segundo, que foi o suficiente para que seus pensamentos disparassem em várias perguntas. Aqueles olhos... Aqueles olhos que era os seus olhos. Não lembrava a última vez que a viu; Afinal, sempre que fingia que não a via era sempre sem querer e agora, claramente não era uma coincidência.

Não houve tempo para definir sua reação, nem muito menos para analisar a dela. O segundo passou e com ele fechou a porta com toda sua fúria e rapidez no mesmo instante.

Mas foi atravancado pelo joelho de Grace, que já esperava por aquilo.

– Se você não quiser me escutar eu vou entender, mas eu gostaria muito que você ouvisse. – Disse ela, rápida, séria e dura.

Damon se surpreendeu, nunca antes em sua vida a viu falando daquela maneira tão fria. Não pôde controlar sua curiosidade e deu, em silêncio, o espaço para que ela entrasse.

Também se manteve frio.

– Posso saber o motivo dessa surpresa? – Perguntou irônico, após fechar a porta. – Seu marido sabe que tá aqui? Ele não vai gostar nada.

Grace largou a bolsa em cima de sofá e passeou os olhos pela casa, procurou por alguma bebida por perto e ficou feliz por não ter encontrado.

– Não, ele não sabe. E como você não fala com ele, não tem o risco de alguém contar.

– Ainda não disse por que tá aqui.

– Uma coisa de cada vez. – Grace falava sem ensaiar o que dizer. Sem roteiros. Tentaria mostrar pra ele toda sua verdade, até porque ela tinha a total certeza de que se planejasse esqueceria quando se visse diante de Damon.

Estressado, ele riu sem humor.

– Olha, pra adiantar as coisas é melhor que fique claro de uma vez pra você não ter esperança. Eu não vou aceitar qualquer pedido de desculpa seu. Não aceito hoje e não aceitei das outras duas vezes. Então é melhor você poupar o seu tempo e ir embora.

Damon voltou em direção a porta na intensão de abrir e acabar com aquilo. Não estava disposto em ouvir mais coisas na qual tinha que superar. Já bastava ele próprio relembrando a si mesmo. Mas novamente foi interrompido por Grace; Dessa vez, não pelo joelho dela e sim, por suas, surpreendentes, palavras.

– Uma vez eu vi em um seriado desses da tv. Eu não lembro o nome... – Ela dizia atrapalhada, voltando a atenção de Damon para o que falava. – Uma mulher falando com uma tia, uma vó. Não lembro. E ela usava um computador. – Damon a encarava confuso, sem saber aonde ela queria chegar. – E conversava pela tela com a moça e do outro lado, ela respondia e se viam. Se viam mesmo, não teclavam. Se viam.

– Eu não to entendendo nada do que você tá falando. – Exclamou com desprezo.

– Eu quero saber como é o nome disso. Se dá pra fazer, se existe. Existe?

Damon suspirou, entediado.

– Existe. E se chama Skype.

Grace pensou um pouco antes de falar, como se decorasse o nome que o filho tinha acabo de falar. Parecia atenta ao que pensava. Damon permitiu-se a observar por um momento. Estava ansiosa, mas ao contrário dele não parecia tão pensativa. Tinha a impressão de que ela sabia exatamente o que queria fazer, embora não estivesse planejando. Sabia que ela se arrependia pelo que fez, sentiu isso até mesmo nas outras duas vezes que ela o procurou. Mas não era o suficiente.

Por um momento teve a impressão que voltava a ver a mulher de antes. Aquela mulher que quando chorava, era só abraçar a sua cintura com força que a dor ia embora. Era duro admitir. Não gostava daquela sensação.

– Você tem? – Ela murmurou, tímida. Cansado daquele assunto e ainda sem entender o porquê, ele assentiu. Ela respirou fundo e fechou os olhos, abrindo em seguida. – E o Stefan? – Damon engoliu em seco já sabendo a razão para aquilo tudo. Não foi necessário responder; Grace pela reação do filho já soube a resposta e sorriu, pela primeira vez desde que chegou ali. Segurou suas lágrimas e ele as dele. Era necessário manter-se firme. Os dois. – Por favor. – Pediu, quase que implorando.

Damon não quis prolongar o ato para pausas dramáticas ou delongas. Não queria dar oportunidade para sequer pensar. Trouxe o celular para suas mãos e logo ouviu o número chamar.

Parecia uma eternidade. Grace foi até a janela e ali ficou olhando a vista lá fora. Ele agradeceu mentalmente, pois não sabia se conseguiria a olhar mais. Surpreendeu-se por aquela atitude vinda dela.

No terceiro toque sentiu seu coração palpitar e um leve suor já escorrer de suas mãos. A voz de Stefan atendeu do outro lado, um pouco apressado.

Alô. – Damon se perguntou se o irmão olhou ou não no identificador de chamadas.

– Stefan? Sou eu. Tá tudo bem?

Do outro lado da linha, Stefan sorriu.

– Ah, oi Damon. Eu acabei de chegar em casa e esqueci o celular. Eu to bem e você?

– To, to sim. – Forçou o tom para parecer o melhor possível. Grace ainda mais apreensiva, as mãos apoiadas na parapeito e a respiração descompensada. Damon sabia exatamente como ela estava se sentindo, porque também estava assim.

Mas fala, porque ligou? – Stefan o despertou de sua mente,

– Vai trabalhar hoje?

Stefan pensou um pouco. Damon não havia respondido sua pergunta.

Só de noite. Porque?

– Consegue ligar no skype agora?

Pelo silêncio, conseguiu perceber que Stefan estranhou sua pergunta.

Consigo... Mas aconteceu alguma coisa?

– Liga lá e eu conto. – Damon tentou passar tranquilidade para ele.

Era preciso. O tom despreocupado acalmou Stefan e ele foi até o notebook. Atordoado, Damon viu que não tinha feito o mesmo. No alto do nervosismo esqueceu-se de ações tão simples e necessárias como aquela.

Quando avistou o irmão do outro lado da tela e o primeiro ''oi'' foi trocado, Grace em velocidade alcançou ao banheiro. De dentro conseguia ouvi-los conversando. Coisas rotineiras de '' como vai o trabalho?'' ou '' o que tem feito?''

Sentia sua pele entrar em total combustão. A ânsia pelo desconhecido. Tinha certa noção de onde pisava quando veio falar com Damon. Que ele relutaria, ficaria com sua típica postura de frio. Sentia isso quando o via na rua ou em alguma festa. Agora com Stefan. Não tinha notícias dele desde aquele dia. Era um tiro no escuro saber sua reação.

Sabia como seu filho era. Mas esse filho que tinha em sua memória deveria ser muito diferente do de hoje, principalmente depois de tudo que ele passou. Provavelmente amadureceu, aprendeu a superar as batalhas que a vida lhe impunha. Embora Stefan nunca tivesse sido mimado. Pelo contrário, era muito focado e sempre tranquilo. Torcia para que essas qualidades tivessem se fortificado.

Soltou o cabelo do rabo de cavalo em que estava e procurou por um pente, repartindo sua franja para o lado direito. Depois achou um batom clarinho em um dos armários e o passou. Se surpreendeu. Não sabia que havia uma mulher ali

Ao ficar pronta, emocionalmente quanto fisicamente. Saiu do banheiro.

Damon desviou os olhos rapidamente para a porta que se abria e revelava Grace. Depois, para que não levantasse desconfiança, voltou a prestar a atenção no que Stefan falava.

Estava na hora.

– Mas você entendeu, não é? – Inquiriu, enquanto o irmão guardava o caderno na mochila. Stefan teria uma prova em breve e estava o ajudando com um exercício de matemática.

Ele assentiu.

Entendi. Só não entendo porque eu tenho que estudar sobre isso sendo que estou prestando medicina. – Disse entediado. – Mas tudo bem, regras são regras e é pra um concurso público.

Damon sorriu orgulhoso.

– Mas você vai passar. Eu tenho certeza. Desde que eu te conheço você nunca foi mal em uma prova.

Olha quem fala. Eu me esforçava, estudava. Por isso tirava boas notas. Agora você nunca se quer pegava em um livro, nem tempos de prova, e ainda sim sempre ficava a cima da média. – Relembrou o irmão, fazendo Damon revirar os olhos. Ainda mantinham o tom bem humorado naquela conversa, embora Damon soubesse qual era intensão de Stefan ao falar aquelas coisas. – Então, por favor, pare de se menosprezar.

– Eu não to me menosprezando. Só to te elogiando. Só isso.

Ao fundo Grace sorria feliz ao ver que a mesma cumplicidade de quando ainda os tinha por perto, continuava. Stefan não tinha muitos amigos, quase nenhum e Damon era seu único alicerce. Já Damon, sempre foi ao contrário, rodeado por pessoas (bem diferente de agora) e o irmão sempre foi o melhor de todos.

Ao sentir os olhos de sua mãe em si, Damon lembrou-se do que tinha fazer.

– Mudando de assunto... – Parou. Com as palavras engasgadas em sua garganta. Aonde viu que por mais que tentasse ou ensaiasse o que dizer, nunca conseguiria nem sequer começar. Faria sem rodeios. – Hoje eu tava aqui em casa. E eu recebi uma visita. Uma visita que eu não esperaria nem em um milhão de anos.

Stefan não pareceu surpreso com aquilo. Pelo rumo da conversa, conseguia ver que seu irmão estava incômodo com algo e que tinha alguma coisa que queria contar. Aquele era o grande motivo para aquela chamada.

– E quem era? O que essa pessoa queria contigo?

Damon respirou fundo.

– Esse é o porém. – Houve uma curta pausa. Damon sentia como se estivesse hesitando entre a falta de coragem e o abismo. – A visita não era pra mim. Era pra você.

Se Stefan antes não havia se surpreendido com as palavras do irmão. Agora sim estava.

Como assim, Damon? Que conversa de doido é essa – Ele riu, tudo para tentar disfarçar seu nervosismo.

Damon não esperou. Levantou-se da cadeira em que sentava e o notbook em cima da mesa de madeira, ali ficou. Olhou Grace e assentiu dando o sinal que precisava, mostrando que era hora. Em passos lentos ela caminhou ao lugar aonde o filho antes estava. Embora dentro de si, a vontade fosse correr, sabia que não era aconselhável, para que não o assustasse.

Não adiantou. Assim, que colocou a cara e o corpo a exposição da tela e um viu o outro, o susto de Stefan foi inevitável. E a felicidade também. Essa para os dois.

Damon não quis atrapalhar, só que tinha que ficar ali. Tinha que ouvir. Tinha que saber. Por isso, ajeitou-se no sofá, que era longe o bastante para que eles pudessem se acomodar sem acanhamento. Mas que também era perto o suficiente para poder escutar e assistir o destino de sua vida mudar.

– Oi – Ela disse, praticamente sem voz. Já embargada por lágrimas. Ele estava diferente fisicamente. Mais forte, parecia mais alto, mas mesmo assim os olhos de menino doce irreconhecíveis eram os mesmos.

Stefan não respondeu de imediato. Quando sentiu que poderia falar; A voz veio junto a pequenos risos fracos.

Meu Deus... – Sussurrou atônito. – Acho que hoje quando eu acordei, nunca que eu ia imaginar que fosse acontecer uma coisa dessas.

– Foi uma surpresa pros dois. Sua e dele.

Stefan assentiu, ainda sem conseguir controlar suas reações.

Eu imagino. – Houve uma curta pausa, onde nela Stefan sorriu um tanto quanto abobalhado. – Você tá tão bonita. – Disse tímido e Grace acompanhou seu riso.

– Eu me arrumei antes de aparecer aqui. – Gargalhou envergonhada e ele a acompanhou nas risadas. – Já você nem ao menos precisou fazer nada e tá assim. Tá lindo.

É, eu andei fazendo compras. To com dinheiro agora, to trabalhando bem.

– Aonde trabalha? – Grace estava ansiosa para aquilo. Para fazer perguntas. Saber da vida do seu filho. Era absurdo pensar que tinha deixado chegar a esse ponto.

Stefan sorriu antes de responder aquela pergunta. Damon mesmo que não tivesse na conversa, fez o mesmo.

– Ele trabalha no Mount Sinai. – Interviu Damon pelo irmão. A voz era a mesma; Orgulhoso. Sempre muito orgulhoso.

A mão de Grace foi a boca. Impressionou-se com o que houvia, sem que imaginasse.

Eu faço estágio lá. É só um estágio, nada demais. – Completou Stefan acanhado.

– Meu filho, como isso nada demais? Esse hospital é considerado o melhor do mundo. Só os melhores médicos do país vão pra lá. – Meu Deus eu fui perder tanto? Pensava ela amaldiçoando a si mesmo.

Damon sempre dizia o mesmo para ele. Mas Stefan nunca foi do tipo que gostasse de se vangloriar. Damon tinha ciência de que seu irmão era daquele jeito, mas também sabia que ele não fazia simplesmente pelo motivo de não querer alimentar o pensamento que o mais velho tinha de que tinha nascido para o fracasso e que Stefan, para o sucesso.

Na mente de Damon surgiu Elena de repente. Ela sempre tentava fazer o mesmo.

– E estágio de que você faz? Que área?

Por enquanto é só na parte de cardiologia que eu to trabalhando. Mas eu pretendo ser clínico geral. Falta só mais um ano de faculdade e faz pouco tempo que eu to nesse apartamento novo. Tem acho que dois meses.

Grace pensou um pouco antes de fazer aquela pergunta.

– E você... Tá morando com alguém? – Deixou sub entendido no seu tom de voz. Era estranho para ela, criada em um lar; Na verdade, em uma cidade tão religiosa, falar sobre isso. Mas isso era algo que estava disposta a aceitar e iria.

Stefan entendeu o tom daquela pergunta. Mas mesmo assim não abalou ou diminuiu a felicidade por tê-la ali. Afinal, sabia que a difícil ação de estar aonde estava era um sinal mais do que claro do quanto sua mãe estava disposta a reparar os erros.

Moro com uma amiga da universidade, dividimos o apartamento. O nome dela é Tessa, faz jornalismo. É uma ótima pessoa. – A expressão de Stefan murchou-se diante a curiosidade que o brotou. – E o pai? – Estava sim curioso, afinal não tinha notícia alguma dele. Nem por Damon, já que o mesmo não sabia tanto quanto a si próprio.

Grace deu os ombros.

– Seu pai continua seu pai, Stefan. Não tem muito o que falar não. – Expôs seu descaso.

Houve uma certa pausa na conversa. Ambos queriam voltar para o tópico interessante e feliz da conversa, mas ambos também sabiam que não dava. Sabiam que aquela era a hora. Hora de falar, hora de lavar toda a roupa suja necessária até que não sobrasse nada além do branco mais branco de uma nuvem. Era hora de pedir perdão e finalmente, de perdoar.

Grace resolveu que ela começaria.

– Eu percebi que você viu que eu fiquei meio envergonhado na hora de perguntar se você tinha alguém. – Falou calmamente, com certa hesitação. – Mas eu quero muito que você saiba que... – Não aguentou. Sentiu-se saturada de segurar seu choro. Desabou, como poucas vezes na vida havia desabado. – Isso pra mim não é problema. Isso nunca não foi problema porque eu sempre amei você, mesmo que você me odiasse pro resto da sua vida. E eu sei que você deve mesmo ter feito por um bom tempo e eu te dou razão pra isso, mas eu quero muito que você esqueça e que a gente possa...

Ei. – Stefan a calou. Não só a sua fala, como todas as suas dúvidas. – Eu nunca, nem nos piores momentos te odiaria. – Aos poucos os olhos de Stefan também acumulava suas águas. Soltando-as, todas bem aos poucos. – Nem você, nem o pai. Eu amo vocês dois do mesmo jeito que eu sempre amei. E eu sei que a senhora tá aqui pra pedir um perdão ou algo do gênero. Mas... Não tem nada aqui pra perdoar porque nunca teve magoa, nunca teve ódio. A única coisa que eu sinto é muita amor e muita saudade.

Envergonhada, Grace cobriu sua face com as duas mãos, que tremiam de leve. Ali descarregou ainda mais o seu choro. Nunca em toda sua vida havia sentido tanto ódio de si mesma.

– Eu não mereço um filho como você. – Praguejava, com a voz abafada por suas palmas.

Silêncio. Um silêncio nenhum pouco constrangedor; Onde ela chorava expondo tudo que durante tantos anos estava sufocado por dentro. Stefan debulhava as suas águas de maneira mais discreta, mas o sentimento dentro de si era tão poderoso como o dela.

Damon continuava calado e imóvel e se pudesse até congelaria. Mas não era possível. Comparou a maneira no qual havia tratado sua mãe e o modo na qual Stefan fez. Se Grace merecia um filho como Stefan não sabia dizer, mas nem ela e nem ninguém merecia um como ele. Mas não podia simplesmente fingir, era o que sentia. Sentiu sim uma certa vontade de também poder extravasar isso que se mantinha enterrado. Nas vezes que quis chorar, estranhamente não conseguiu. Seus olhos continuavam secos.

Ouviu fragmentos do resto da conversa dos dois sem muita atenção. A rodada de perdões acabou rapidamente, afinal Stefan tinha deixado claro que não possuía nada para perdoar. Continuaram com as perguntas rotineiras e após em média vinte minutos, Stefan disse que precisaria ir ao banco. Preferiram não trocar telefones, não queria correr o risco de que por um acaso horrível, na qual o destino tem a mania de os pregar, que Giuseppe descobrisse encontrando o número.

E o Damon... O Damon ainda tá aí? – Relembrou Stefan, quando estava prestes a sair.

Droga. Pensou ele. Não queria ser lembrado. Cada vez mais sabia menos o que ele próprio sentia em relação a tudo aquilo, não queria participar e ter que talvez compartilhar.

Caminhou devagar, desejando que o chão se abrisse, até a frente do notebook. Stefan estava com um sorriso radiante de felicidade, assim como Grace.

– Estou aqui, Stef. – Sua voz mostrava cansaço. Grace rapidamente percebeu isso e o olhou compadecida. A alegria por recuperar Stefan não era bastante para abastecer todo o seu corpo. Faltava a outra metade. Mas ela iria esperar; Ao contrário de antes, não se afastaria e esperaria mais cinco anos. Não. Persistiria, estava disposta a isso. Tinha a certeza de que seria trabalhoso e cansativo, só que agora ela também sabia o quão prazeroso era no final. – Você já tá indo? – Perguntou, já sabendo a resposta. Não queria mostrar que estava ali ouvindo tudo.

Stefan assentiu confirmando.

Sim. Tenho que ir no banco. – Damon olhou rapidamente pro relógio. Alaric logo logo voltaria de seu reforço. Não queria que ele chegasse e se deparasse com essa cena. – E você? Vai sair?

– Acho que não. Se for, só de noite com o Ric.

Só não vá beber, por favor. – Pediu ele, repetindo as palavras que dizia toda vez que se falavam, na hora de se despedirem. Depois, ele dirigiu-se para a mãe outra vez. – Tô muito feliz que isso aconteceu. Não sabe como alegrou o meu dia. Eu te amo.

Feliz por estar se acostumando com aquela sensação Grace sorriu outra vez.

Não conseguia se lembrar a última vez que havia sorrido tanto.

– Eu também – Stefan sorriu pela última vez em agradecimento e a imagem dele sumiu, mostrando que havia fechado a tela.

Afastou-se da mesa, e consequentemente dela, na mesma hora que ele se foi. Sua mente encontrava-se cheia de nós, aonde velhos sentimentos se misturavam com os novos e brigavam entre si para ver quem vencia.

Lentamente, não soube identificar se por timidez ou por querer continuar ali com ele, Grace levantou da cadeira indo até o sofá para buscar sua bolsa e sua sacola. Não sabia o que dizer, simplesmente por não saber se Damon a ouviria. Ele mantinha-se frio, impossibilitando que ela desvendasse seu rosto e, por diante, seus sentimentos.

Desistiu. Ao menos por hoje.

– Acho melhor eu ir.

Dessa vez, Damon fez questão de expressar sua concordância em seu rosto.

– Eu também acho. Vai que acontece algum imprevisto e ele volte cedo pra casa, senão te encontrar as coisas não vão ficar muito boas. – Dizia seco.

Ela não se abateu, manteve-se na mesma postura exultante.

– Acho difícil. Tô em uma boa maré de sorte.

– Já eu não posso dizer o mesmo. – Em vista do tom da conversa, achou melhor dá por encerrada.

– Damon... Eu não quero que você espere que eu venha aqui e implore, como nas outras vezes. Chore e berre, dizendo que eu não vivo sem você. – Disse enfática. Deixando Damon descompensado outra vez pela sua frieza. A mesma de quando ela chegou. E agora, a mesma com que ela saí. – Porque se tem uma coisa que eu aprendi, duramente, nessa vida foi que eu vivo SIM sem você. – Disse para a dor de seu próprio coração. – Eu só não quero. Não mais.

Mesmo que ainda mais surpreendido, Damon caminhou até a porta, demonstrando sua intensão. Não mostraria o quão abalado ficou com o que ela disse. Grace logo entendeu. Mas havia feito o que Elena tinha aconselhado: Corrigir os erros das últimas vezes. E foi o que fez. Uns oito meses depois de Stefan ter ido embora enviou um presente pelo aniversário de Damon e foi visitá-lo em seguida. Após uma boa discussão, quando deixou claro que nunca mais a olharia na cara, ela disse que queria apenas o perdão dele e nada mais. E em resposta, Damon falou para pedir perdão para Stefan primeiro, antes de implorar pelo dele. Mas não fez o que fez somente para chegar a Damon e sim para poder chegar em Stefan também.

Era ainda pior a sensação de estar com ele, bem ali em sua frente e ter que deixá-lo depois. Achou melhor que fizesse logo, antes que se ajoelhasse para ele e debulhando em lágrimas pedisse por seu perdão. Cruzou a porta partindo em direção a frente do elevador.

O que tanto Damon sentiu querer evitar, aconteceu. Aconteceu no momento em que ela atravessou sua porta. O arrependimento. A vontade de acabar com aquilo. Todo muro que o impedia de aceitá-la caiu numa derrotada mais humilhante do que a antiga Alemanha Socialista. A mulher antes daquela tragédia residiu de volta para seu coração ocupando o lugar que sempre foi seu e que nunca desejou que outra o tivesse. E nem poderia.

Ela veio até ele na esperança de uma última chance. E agora quem sentia que aquela era sua última chance era Damon. No mesmo segundo o apito do elevador, vindo até seu andar e querendo levá-la consigo, o fez despertar. Precisa agir rápido.

Sem olhar para trás, ela deu o primeiro passo em direção ao interior do transporte.

Não. Dessa vez não. Damon pensou.

– MÃE!!!!!!! – Gritou estridente. Fazendo-a virar para ele no mesmo segundo. Mesmo assustada, sorriu ao vê-lo correndo em sua direção. Era a primeira vez em muito tempo que pronunciava aquela palavra, ainda mais com tanto gosto. No mesmo instante, lembrou-se daquele garotinho que vinha chorando em sua direção quando fazia um machucado.

A caminhada até ela não foi longa. Não deu tempo de pensar, somente de chorar. Ao ter as mãos em volta daquele corpo em um forte abraço, ajoelhou-se imediatamente ao chão ficando na altura do quadril dela. Sentiu-se uma criança outra vez. Chorava como uma criança e ela também.

Afundou o rosto em sua roupa, sentindo novamente aquele cheiro que tanto teve saudades. O cheiro de infância, de sua infância.

– Me des... Culpa. – Gemeu Damon, entre lágrimas e de voz escassa. Ela o apertou e o trouxe para mais perto de seu corpo, fechando os olhos e deixando toda aquela água, que segurou por tanto tempo, sair de si.

Não foi necessário o uso de mais palavras. Ficaram assim durante quase dez minutos até que ele, com o rosto vermelho expressando tanta mistura por emoções, a chamasse para entrar outra vez.

Apenas bebericaram uma água, tentando acalmar os nervos e trocaram mais abraços longos. Muitos abraços e poucas palavras. Como Stefan havia dito em algum ponto da conversa; '' As pessoas ficavam cada vez atentas demais ao modo de falar e não no modo de agir ''. Por isso não precisava dizer em voz alta o perdão. Dizer era uma simples alimentação para orgulho. Não valia a pena, tinham que mostrar. Demonstrar.

Ainda sim, Grace tinha que ir embora, mas dessa vez ele a acompanhou até o elevador. Com direito até a insistência que ficasse.

– Queria muito, mas você sabe que não vai dá.

Sim, ele sabia. Ainda era complicado pensar em seu pai, embora ele tivesse a toral certeza de que Giuseppe, ao contrário de Grace, não tinha intensão e nem o arrependimento de tentar começar de novo.

– Eu imaginava. – Afirmou, já recuperado. Com o peito repleto pelo alivio – Mas a gente vai dá um jeito daqui pra frente. Tem tempo.

Grace pensou um pouco antes de responder.

– Acho que dessa vez o destino colabora... Ele me trouxe até aqui.

– Por falar nisso. – Sua face se contorceu em dúvida. – O que te fez vir até aqui? Assim do nada... Bater na minha porta. Saber onde eu tava? – Ele riu pela quantidade de perguntas que se viu fazendo. Só agora que pensava nessas coisas. Na hora ficou tão chocado que sua cabeça se ocupava por outros tipos de pensamentos.

Grace gargalhou baixo. Depois, ficou séria outra vez.

– Sabe quando a vida dá um clique? Quando a gente vê que ela tá passando e não tem mais tanto tempo quanto... Sei lá, há um segundo atrás. – Não foi necessário explicar mais. Damon sabia muito bem o que ela falava. – E quanto ao endereço... Isso temos que agradecer à Elena.

– Elena? – Esforçou-se para não gritar. Indignação, desespero, surpresa. Tudo junto e muito mais. Não queria esperar para tirar mais conclusões; Era cada vez mais desesperador para ele, quando começava a observar que os últimos acontecimentos de sua vida levaram, de alguma maneira, à ela.

Grace não pareceu perceber a alteração na voz dele.

– Sim, ela é sua aluna inclusive, não é? Encontrei com ela hoje, almoçamos. Já a conhecia por causa do trabalho sobre as famílias fundadoras, que ela fez com a gente. E entre conversa e outra ela me contou que moraram juntos e que você tinha se mudado.

Damon supôs que Elena não tinha contado nada muito intimo entre eles. Supôs não, era obvio. Se ela tivesse contado algo, por minimo que fosse, a fala de Grace não estaria tão normalizada assim. E sabia que Elena não seria capaz de dizer algo assim. Quer dizer, nem tanto... Cada vez estranhava mais e sentia como se não a conhecesse pra valer. Aquela noite, na qual ela beijou Tyler em sua frente. Aquela não era a Elena que conhecia. Agora essa que tomou perante atitude com sua mãe... Aquela sim. Aquela era a qual ele se apaixonou.

– E ela disse mais alguma coisa? – Perguntou fingindo descaso.

– Não, mas pra falar a verdade mesmo não querendo ela deu um grande empurrão pra eu vir aqui. Disse que eu tinha que fazer isso por conta própria e não por um conselho alheio, mas ainda sim foi um bom suporte.

Damon sorriu com aquilo. Lembrou-se do dia em que ela o ajudou com o cancelamento de seu casamento com Rose. Havia lhe dito a mesma coisa.

– Acho que eu vou ter que agradecê-la, não é mesmo? – Ele disse um tanto aéreo.

Isobel gargalhou alto.

– É. Vai ficar devendo um dez e tanto pra ela.

Ainda que tímido, Damon riu também. Sendo ambos interrompidos pelo elevador. Despediram-se, da mesma maneira calorosa de antes. Onde Damon permitiu-se dizer, mesmo que bem baixo e sussurrado, que a amava. Para Grace não importava o quão alto fosse o som, era o bastante. Mais do que o bastante.

Agora sim, saía de lá completa.

E Damon ficou. Ficou, sentindo-se feliz. Aproveitou aquele sentimento, afinal era rara suas visitas.

Obrigado Elena. Pensou ele após um alto suspiro. Deitou na cama, conseguindo fazer o que tanto queria antes de sua mãe chegar. Conseguiu dormir. Conseguiu sua paz.


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Notas finais do capítulo

Sei o que vocês devem estar pensando. '' Nossa, Yasmin tanto tempo sem postar pra quando voltar não ter nada de Delena?'' Sim, eu sei que é duro mas prometo que o próximo terá casal. Particularmente eu adorei o desenvolvimento desse capítulo. Só não curtir muito a escrita, afinal vocês já devem saber que eu sou muito perfeccionista. Acho que foi tanto tempo sem escrever, estava enferrujada. Em muitos momentos eu ficava '' Meu Deus, se antes eu tinha algum talento pra escrever, definitivamente o perdi. Por isso quero saber, se vocês estranharam a escrita em algum momento ou se acharam que não está tão bom como era antes.
Esse cap, alguns diálogos foram inspirados no filme '' Dizem por aí. '' Principalmente nos diálogos do damon com a grace. Minha maior preocupação em voltar era pq justamente fiquei muito tempo fora e tava preocupada se vcs lembrariam dos últimos acontecimentos, de fatos importantes. Da personalidade e problemas dos personagens. Por isso, se acaso não lembrarem podem dá uma relida gente, normal.

Agora vamos ao que interessa, o meu último recado: Quero agradecer aos comentários de força e apoio que recebi. Fiquei tão feliz que vocês nem imaginam o quanto. Cada mensagem de carinho e cada mínima palavra que fosse eu agradeço do fundo do coração. Foi lindo. Foi tão lindo que nem apagarei aquele cap do aviso, continuará lá como prova do carinho que eu tenho pela gratidão que vcs me deram. Espero que possamos começar de novo. Não esqueçam de comentar, beijos.