Matemática Do Amor escrita por Lady Salvatore


Capítulo 43
- Cada vez pior. Part 1.


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas... Bom, como sabem deixei uma espécie de enquete nas notas finais do capítulo passado. A maioria apostou/queria a opção c por ser a menos trágica de todas. De certa forma, concordo em partes (n totalmente)
Prometo certas surpresas pra hoje e espero que gostem. N tivemos recomendações essa semana :( mas tivemos favoritos :) Obrigada à cahnog, lahla, kelly cullen e a somersmolder por terem favoritado e estarem me ajudando a chegar a meta de 100 favoritos. Lembrem-se: se essa é uma de suas fics prediletas, mas vc esqueceu de favoritar, favoritem.

PS: Chegamos (passamos) aos 600 comentários... EBAAAA

Obrigada, e boas leitura...



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Ficava cada vez mais difícil esconder sua impaciência. Continha-se num canto sozinho, batendo o pé direito contra o piso de mármore numa fula tentativa de tentar se acalmar. Queria poder pensar em algo, talvez assim se distraísse. Mas sua mente estava tão agitada que mal conseguia ouvi-la. Tentou concentrar-se na pequena televisão presa a uma das paredes, onde era entretida por uma maratona de castle. Mais uma vez não conseguiu. Não sabia o que era pior: Estar tão nervoso ou ter de esconder seu medo para que ninguém percebesse e desconfiasse de algo.

E desde que recebeu aquela ligação, essas duas tarefas ficavam mais impossível de colaborarem juntas.

Quase uma hora atrás, seu sono fora interrompido pelo telefone vindo da sala. Como todos dormiam no andar de cima era provável que não estavam ouvindo o toque. Acordou totalmente confuso e olhou ao relógio. Seu primeiro pensamento foi obvio: Quem é o louco que liga pra um fixo nesse horário?

Em passos preguiçosos, seguiu até a sala e atendeu o aparelho, num desejo enorme de querer falar todas as grosserias possíveis para quem estivesse no outro lado da linha.

Nem mesmo o próprio Damon conseguia descrever o que sentiu com aquela ligação do hospital.

Correu para cima em uma velocidade insana. Gritou por Isobel na porta do quarto, mas ela não abriu. Elena comentara uma vez que o sono dela era muito pesado. Jenna e April, também assustadas pelo barulho, saíram de seu quarto e Damon explicou o que tava acontecendo.

‘’ Elena sofreu um acidente de carro. Tá no hospital. ’’ No mesmo segundo ao fim da frase, Jeremy abriu sua porta com a expressão congelada de susto.

‘’ Eu ouvi direito? A Elena? ‘’ De cabeça baixa, Damon assentiu e explicou sobre a ligação. Após algumas insistidas na porta, acordaram Isobel que domada pelo pavor começou a derrubar suas lagrimas. Não demoraram muito até chegarem ao pronto-socorro.

Como um pretexto, Damon se ofereceu para dirigir dizendo que Isobel estava nervosa demais. O que por um lado era verdade, mas também não conseguiria controlar a vontade de correr até aquele ambulatório em busca de noticias.

Mas ele não era da família e segundo o pensamento dos outros sua relação com Elena não era nada intima e amigável; Era simplesmente uma relação formal entre um professor e uma aluna. Não podia mostrar toda sua angústia. Não. Tinha que esconder ao máximo que podia. Oferecer e transparecer somente apoio e firmeza.

Enquanto Jeremy, Isobel, Jenna e April andavam de um lado para o outro, sedentos por informações, ele continuava ali. Quieto, com as mãos em forma de oração, em cima dos joelhos e apoiadas na boca. Mal sabiam que por trás daquela postura de calmo, estava um homem em desespero por dentro.

Não explicaram o quão grave fora o acidente. Não disseram exatamente o que aconteceu e se ela estava bem ou se tinha sofrido algum ferimento grave. Somente mandaram esperar na recepção e aguardarem por informações.

Mistérios esses que ao invés de aplacar a ansiedade, apenas servia para dar mais ênfase a pensamentos trágicos. Não só Damon pensava assim, Isobel também concordava, assim como Jeremy, April e Jenna.

Todos prestes a explodir pela falta de noticias e pelas possibilidades que as mentes calculavam.

– Os pais de Elena Karen Gilbert? – Perguntou Meredith adentrando a recepção, sem tirar os olhos da prancheta em uma de suas mãos.

Em pressa, Isobel caminhou até a médica.

– Eu. Eu sou a mãe. – Sussurrou em nervosismo. Todos mantidos pela aflição aconchegaram-se próximo a doutora para poder ouvir melhor. Damon preferiu manter certa distância do grupo para manter o disfarce, embora seus ouvidos estivessem tão apurados quanto os de um vampiro na madrugada escura. – Como minha filha tá? – A voz saiu num choro baixo.

– Não se preocupem. Ela tá bem. O carro tinha airbag, e ele abriu na hora certa e impediu que ela sentisse o impacto contra o poste. Ela também usava cinto de segurança o que ajudou bastante na hora, sua filha não corre nenhum risco de vida. Fiquem tranquilos.

Num suspiro de alivio, Damon fechou os olhos sentindo o desespero perecer.

– Ai graças a Deus. – Disse Jenna, com a cabeça e as mãos elevadas para o teto.

– O acidente também ocorreu bem perto daqui, então chegamos rápido no local. Ela tava desacordada, mas quando adentrou ao hospital parecia consciente, embora um pouco tonta. Fizemos alguns exames e não houve traumatismo e nem quebra de ossos. Apenas uma luxação fraca no braço, alguns pequenos machucados pelo rosto...

– NO ROSTO? – Gritaram todos num uníssono, deixando Meredith atônita.

April riu sem humor

– Ela vai surtar.

Damon permanecia calado, ouvindo tudo a alguns metros de distância circulando uma área pequena para lá e para cá. Sentia que com aquele movimento, talvez pudesse o ajudar a manter a combustão que seu corpo se encontrava.

– Não tem muito que se preocupar. – Garantiu a médica, na tentativa de disfarçar seu assombro. – Os machucados no rosto foram bem pequenos, provavelmente vão cicatrizar rápidos. Como eu disse nada de grave aconteceu.

Em postura pensativa, a mão direita de Isobel se apoiou em seu queixo.

– O que eu não entendo é porque ela tava naquele carro. Não faz sentido. Ela ia dormir com as amigas... Porque ela saiu?

Damon também possuía a mesma duvida. A possibilidade de ter esquecido algo e voltar era inútil. Quando se tratava de roupas e derivados, Elena sempre se antecedia em organizar para que nada fosse esquecido. Ainda mais numa noite de meninas onde o necessário seria pijama, roupa para o dia seguinte e uma escova de dente; Coisas muito fáceis de lembrar e essenciais quando se arruma uma mochila para a ocasião.

Algo sério deve ter acontecido. Pensou ele concentrado.

Aos poucos seu coração ia se acalmando e o suor das mãos, secavam. Antes nem ao menos o ar condicionado do hospital era o suficiente para segurar as gotas de sua palma. Mas agora Elena estava bem e era o que importava acima de tudo.

– E a gente pode ir vê-la, Doutora? – Indagou Jenna, tanto preocupada quanto todos.

Meredith pensou um pouco antes de responder.

– Bom... Quando ela chegou aqui, ela ficou muito agitada, bem nervosa, então tivemos que anestesia-la.

– Mas como assim anestesia-la? Ela tá bem? – Jeremy pareceu mais alterado do que de costume.

– Só tá dormindo. Não se preocupem. O que eu realmente aconselho vocês é simples, esperarem até amanhã para vê-la. Só isso.

Calmamente, Damon retornou a sentar-se em um dos assentos de antes. Conhecia Meredith há tempo suficiente para conseguir adivinhar quando ela omitia para um paciente ou para a família desse resignado.

Sentia o peito mais leve. Sua vontade era poder abrir todos os botões de sua camiseta e deixar-se respirar.

Ela está bem. Suspirou aliviado, sendo completamente dominado por uma onda de sentimentos calmos dentro de si.

Isobel ainda parecia nervosa.

– Mas porque eu não vou poder ver minha filha? – Um choro baixo se deixou escapar. – Você disse que ela tava bem, disse que não foi nada sério e agora fala que... Não é recomendado que eu a veja agora, e que ela não vai ter alta hoje? Eu não to entendendo, minha senhora.

– Calma mãe. Fica calma. – Pediu April envergonhada.

– É de praxe o paciente ficar internado por uma noite após um acidente, mesmo que não tenha sido grave. Ela tava muito agitada e agora que ela tá dormindo acho que seria melhor continuar assim. Já disse que a senhorita não tem o que se preocupar, ela está ótima.

– Amanhã ela já tem alta? – Jeremy perguntou esperançoso. O interesse na pergunta fez Damon voltar a prestar atenção.

– Sim, já antes do horário do almoço e bem provável que ela possa sair.

Jenna suspirou aliviada.

– Ainda bem... Graças a Deus tá tudo certo com ela.

– Bom, se me derem licença eu tenho que ir agora. – Avisou Meredith, ainda na mesma maneira educada e profissional. – Eu aconselho vocês a irem pra casa, descansar bastante e... Esperar até amanhã pra trazê-la de volta. Ficar aqui não vai adiantar em nada e já tá tudo sobre controle mesmo, não há o que se preocupar.

Mesmo que em contrario a sua vontade, Isobel aceitou o conselho da médica. Sua vontade principal vontade ainda era ver sua filha e ficar ao lado dela pelo resto da noite. O que seria a vontade de toda mãe em sua posição. Aquela infelizmente era a opção mais fácil e rápida para o retorno de sua harmonia interna.

– Você acha que já tá bem pra dirigir, Isobel? – Perguntou Damon ao levantar-se na direção do grupo. Esperou Meredith sair para poder posicionar seu pensamento em prática.

Isobel estranhou a pergunta.

– Por quê? Você não vai voltar com a gente? Tá muito cansado?

– Não, não é isso. – Disse mesclando a pressa de seu nervosismo e a envergonha por estar mentindo. – É que... A médica, Doutora Fell, é minha amiga, e eu... Iria aproveitar pra ficar mais um tempinho por aqui.

Ele não sabia realmente qual sua intenção em armar aquela desculpa; Apenas possuía uma necessidade de vê-la, mesmo que não pudesse a tocar, de longe já bastaria. Sem entender se era sorte ou se finalmente havia aprendido a mentir, Isobel não pareceu se importar ou desconfiar de suas palavras.

– Não, nem se preocupa. Pode ficar aqui com a sua amiga, eu já to melhor. Consigo dirigir.

– Tem certeza?

Em confirmação, ela respondeu assentindo.

– Pra ser sincera, se eu achasse que eu não estaria bem eu falava. O que eu menos quero é outro acidente na minha família. Tudo menos isso.

– Então a gente vai agora? – Jeremy interveio, deixando a mãe pensativa.

– Vai indo na frente vocês, eu ainda preciso fazer uma ligação antes. Preciso falar com uma das amigas da Elena e saber por que ela saiu de lá.

Internamente, Damon continuava na ânsia por querer saber a resposta para aquela pergunta. Mas não era dissimulado o suficiente para ouvir entre as paredes nem algo parecido. Ele não era assim, era completamente contra seus princípios.

Esperar seria a resposta. Se fosse algo muito sério saberia depois por Elena, caso revelasse algo de menos peso, Isobel deixaria transparecer sem empecilhos.

– Com licença. – Pediu a mãe indo para outro corredor, já com o celular apanhado as mãos.

Jeremy, April e Jenna saíram em seguida com despedidas rápidas. Damon para dar mais realidade a sua mentira preferiu seguir para a lanchonete do hospital. Assim Isobel poderia realmente crer que estava ali por algo relacionado à Meredith.

Por conta de suas escapadas em bares com Ric antigamente, conhecia bem os plantões e descansos da médica. Olhou em seu relógio de pulso e resolveu pedir um café; Demoraria um pouco, mas esperaria o tempo que fosse necessário.

–--x---

Num suspiro baixo, Meredith olhou para os lados balançando a cabeça em negação devagar. Era absolutamente impossível para ela conseguir descrever o quão sínico Damon estava sendo. Terminou de engolir seu café e cruzou os braços e as pernas, tudo em movimentos tímidos para que ele não percebesse o quão cética sua postura se mantinha.

Ele a chamou na lanchonete havia um pouco mais de meia hora e tudo que fez foi falar mentiras. Algo na qual ela nunca imaginou que Damon, o sempre tão sincero Damon, tão transparente sobre os fatos e a justiça faria. O defensor da verdade. Péssimo em mentir que repudiava falsidades.

As únicas vezes que ele mentia eram quando envolvia bebidas, mentindo que estava sóbrio... Ou Rose no auge da traição deles em cima de Mason.

E agora... Aquela garota, Elena.

Estava sentada diante dele. Na posição em frente à pequena mesa de aço; Entre um gole e outro de café ele mentia mais e se enrolava em mais desculpas. Algumas boas outras nem tanto.

– Damon chega. – O interrompeu no ápice de seu discurso, já exausta de tanto o ouvir. Confuso, ele parou de falar. – Para de inventar desculpas idiotas do porque de você tá aqui, querendo vê essa menina. O Ric me contou há muito tempo o que tá aconteceu.

– Ele o quê? – Esforçou-se para não gritar, enquanto todo o vermelho banhava seu rosto pela vergonha. De certo modo, dessa vez, não sentia raiva, sim indignação. E como sempre, o costumeiro medo cada vez que descobria que alguém soube o que aconteceu entre eles. Rose no fim do dia tinha razão quando dizia que Ric não servia de nada. – Ele me paga isso sim. Eu disse que não era pra contar, porque ele fez isso?

– Ei, calminha amiguinho. – Solicitou em sarcasmo, mas logo o tom descontraído desapareceu de sua voz dando lugar à falta de interesse. – Presta atenção, eu não dou a mínima pro que aconteceu com vocês. Já vi mais de mil vezes médico se envolvendo com paciente, chefes com funcionários. Em hospital o que não falta é gente se pegando escondido. O que você tá fazendo não é nada comparado ao que eu já vi nesses quartos.

Mesmo com a tranquilidade posta pela amiga, a indignação de Damon não cessou.

– A questão não é essa, Meredith. Ele devia ter falado comigo antes. Foi falta de princípios sim, era pra ser uma coisa só nossa. – Revelara um dos maiores segredos de sua vida para Ric. Em respeito a si, ele não devia ter dito.

Sabia quão Meredith era confiável, mesmo que quanto menos pessoas soubessem o que houve, fosse melhor, aquele não era o maior problema. E sim, Ric ter traído sua confiança como nunca fez antes.

– Só nossa? – Riu em deboche. – Até a Rose sabia. Menos eu, sinceramente Damon.

– O que você queria que eu fizesse? Não era uma coisa que eu podia contar assim pra qualquer um.

– E você acha que eu sou qualquer uma? – Perguntou em brasa, o que para Damon soou-se mais como uma acusação. – Damon eu te conheço há mais de dez anos. Eu te ajudei com seu irmão. Quantos livros meus de medicina eu dei pro Stefan, em pedido seu quando ele se mudou pra Nova Iorque? Sem aquilo ele não passaria no vestibular nunca, te arrumei advogado pra você pra conseguir sua parte da herança adiantada e ajudar seu irmão com a mudança. Eu não sou qualquer uma e você sabe disso.

Em recepção àquelas palavras Damon permaneceu calado e absorveu. Não só as sílabas como também as lembranças que vinham com ela. Só ele próprio e o céu sabiam o quanto odiava relembrar tudo aquilo. E o que o matava diariamente era o fato de que lembrava todo dia. Em alguma parte daquelas tão preciosas vinte e quatro horas, em algum momento. Fosse ao acordar, fosse ao colocar a cabeça ao travesseiro na hora de dormir ou até mesmo em algum momento de sua tarde.

Sempre voltava.

– Me desculpa. – Disse tristemente, carregando toda sua sinceridade. Meredith aceitou ao pedido calada. – A gente tá aqui... Dando volta e voltas. Quero ir direto ao assunto, o que acha? Vai me deixar vê-la ou não?

Meredith já esperava pela volta do tópico. Outra vez não falou mais do que o necessário.

– Me segue. – Fora tudo que saiu de sua boca até levantarem e sair da lanchonete. Damon deixou o dinheiro da conta na mesa, caminhando atrás da medica que prosseguia em passos rápidos corredores adentro. – Mas olha só. Não vou poder te deixar entrar no quarto, então vai olhar só pelo vidro.

– Mas...

– Mas nada. – Interveio autoritária, sem interromper seus passos por um segundo que fosse; Tamanha era sua sede de acabar com aquilo. – Eu não concordo nenhum pouco com o que aconteceu entre vocês, nem vou apoiar. Eu só não te julgo, só isso. O que eu quero aqui é deixar bem claro uma coisa: Eu não te julgo, mas também não te ajudo. Entendido? – Antes que Damon pudesse formular algum tipo de resposta, toda sua fala fora completamente paralisada pela visão na qual seus olhos se deixou dominar. – Vou dá dez minutos. – Disse ela ao sair; Ele novamente não pareceu ouvir.

Assim que seus passos foram se interrompidos pelo corpo dormente naquela cama, todo seu chão voltou para baixo de seus pés. Sua vontade de abraça-la era tão grande que a distância que se mantinham era como se fosse muito maior do que a realidade vivenciava. Ela estava no quarto, serena, sem aparelhos em seu corpo, completamente entorpecida pelo sono. Enquanto ele, no corredor, do lado de fora a olhando pelo vidro transparente mantidos na parede ao lugar de janelas.

Ao invés do desejado toque da pele de Elena, tudo que o tato de suas mãos sentia era o vidro. Gélido vidro como um coração psicótico.

A calmaria dela era o bastante para trazer a sua. Mandou embora o nervosismo a partir do momento em que a viu bem. De certo modo queria que ela acordasse; O que era improvável perante o fato de que estava dopada.

O que Damon não conseguia compreender era aquela sensação interna lhe dizendo que de alguma forma aquilo era sua culpa.

Mas como?

Só gostaria de saber a resposta quando Elena acordasse. Afinal, agora ele também teria uma resposta importante para dar a ela.

Ou melhor, não só uma resposta, como uma certeza.

–--x---

Dia seguinte

– Mas é sério isso Bonnie? – Perguntou Tyler incrédulo, ainda sem acreditar.

Ao outro lado da linha, ela ainda parecia nervosa. Tanto quanto ao inicio da conversa.

É... A mãe dela me ligou disse que ela tinha sofrido um acidente. Mas também saiu daqui igual uma louca.

– Mas que ideia de gênio de vocês contarem a verdade pra ela. Aplausos. – O sarcasmo e desdém na voz do rapaz fazia cada vez mais o arrependimento de Bonnie crescer.

Não devia ter feito aquela ligação para ele. Não devia ter dito que contou a verdade para Elena. Não devia ter contado a verdade para Elena. Não devia ter mentido para Damon e para Elena. E não devia ter criado aquele plano idiota de tira-lo da casa dela. Estava exausta de sentir remorso por tudo que acontecia ao redor.

Obvio que eu tive que mentir pra mãe dela. Disse que ela saiu nervosa porque brigou comigo e com as meninas, mas não disse a verdade, lógico.

– Você e sua habilidade de inventar desculpas me surpreendem.

Isso não é hora pra piadinhas, Tyler. Eu to com medo, to com muito medo. – Confessou Bonnie já sentindo o peso das lagrimas nos olhos. – A mãe dela disse que não aconteceu nada e que ela tem alta hoje, mas é que eu sinto como se a culpa fosse minha. Podia ter sido sério; Por nossa causa, alguém poderia ter morrido.

O peso da palavra morte coagiu também a culpa de Tyler. Era real, aquilo aconteceu. Elena na qual tanto quis por perto. Poderia ter ido para sempre. Tinha plena consciência de que a responsabilidade era coletiva, até mesmo da própria Elena que depois se tornou a vitima.

O silêncio se instalou na ligação, Tyler somente pensava enquanto ouvia sua mente e as lagrimas de Bonnie no outro lado da linha.

– Só descansa Bonnie. Eu to indo no hospital daqui a pouco, ainda é bem cedo quero vê como ela tá.

Não, não faz isso. – Sussurrou ávida, num esforço para não desesperar-se. – Não faz isso pelo amor de Deus. A Elena não quer vê a gente nem pintado de ouro. É capaz dela piorar se você, eu ou qualquer um de nós irmos visitá-la. Não faz isso.

Bonnie tinha certeza que ele estaria rolando os olhos naquele momento.

– É você tem razão. – Suspirou entediado. Dominado pelo estresse, Tyler deitou-se novamente a sua cama, jogando todo seu corpo no tecido dos lençóis. Gostaria que ao invés do colchão estivesse um precipício de uma alta montanha rochosa. – Vou desligar agora, se cuida tá bom?

Vou sim. Você também, por favor. Não aguento mais notícia ruim.

– Ninguém mais aguenta. – Bonnie não reconheceu a nuança daquela frase. Não sabia se tratava de cansaço, tristeza. Ou algum tipo de previsão de que mais coisas infelizmente viriam. Para Tyler era as duas coisas. – Tchau Bonn fica bem.

Tchau Tyler.

Ao desligar da chamada, a voz de Bonnie foi substituída pela sua própria. Nem Tyler conseguia prestar atenção em tanta culpa que sua mente produzia. Sabia que Elena não o iria receber caso estivesse acordada. O que provavelmente estaria já que o acidente não se fora grave. Agradeceria diariamente por aquilo a partir de hoje, e provavelmente por toda sua vida. Não havia o sangue dela em suas mãos, apenas o suor do nervosismo que também se acumulava em sua testa.

Mas porque a culpa ainda estava lá? Ficaria por quanto tempo?

Desceu as escadas resolvendo atender a primeira ideia que conseguiu ouvir-se ter. A raiva passava a cada degrau e junto algum tipo de esquecimento.

– Mason... Mason! – O chamou adentrando a sala de jantar, onde a mesa já estava posta com todos lá, além do rosto que queria ver.

O prefeito, concentrado lendo o jornal e a graciosa primeira dama, Carol tomando um suco. Logo seus olhos foram direcionados para o rapaz atlético que engolia em rapidez sua refeição.

– Oi meu filho. – Cumprimentou sua mãe, feliz por o ver. Eram raras as ocasiões onde podiam estar todos juntos a mesa. – Senta seu prato já tá aí.

– Não, eu não quero mãe. Mais tarde eu como.

– Mas filho tem manga que você gosta. Suco de abacaxi... Come um pouquinho também tem...

– Depois mãe. – Interrompeu um pouco acima do tom. Deixando em claro sua decisão. – Eu preciso falar com o Mason antes. – Percebendo a preocupação na voz do irmão, direcionou a atenção de imediato ao caçula. – Tem um tempinho, Mase?

A expressão do mais velho era indefinida, ao contrario da de Tyler que exibia sem medos que era importante.

Mason virou-se para o patriarca.

– A gente pode usar seu escritório, pai?

– Só não demorem. Tenho trabalho pra fazer em casa ainda.

– Obrigado pai. – Agradeceram juntos, antes de saírem em completo silêncio para o cômodo acoplado a sala de visita.

Não fitaram os rostos um do outro nem por um segundo no caminho. Mason mantinha-se entre a curiosidade e a despreocupação de poder ser mais algum problema adolescente de Tyler. Já o mais novo cambaleava entre a linha tênue de manter a adrenalina muda e a vontade de querer falar de uma vez.

Quando finalmente ambos adentraram ao escritório o primeiro movimento de Tyler fora fechar as portas trancando-as. Mason sentou-se no sofá de couro, ainda na mesma postura despreocupada.

– O que foi agora? Problemas com garotas?

O garoto apenas riu em resposta, completamente sem humor.

– A Elena sofreu um acidente de carro. – Disse indo direto ao assunto. O rosto de Mason se contorceu em susto, logo em seguida choque. – Mas ela tá bem, não foi nada grave.

Ele suspirou aliviado.

– Ainda bem, não é. Como que aconteceu esse acidente?

– Isso não é importante agora. – Verbalizou firmemente. – O que importa é que ela não quer me ver e eu to preocupado, preciso saber como ela tá. – Mason entendia cada vez menos o que se acontecia. Ou onde Tyler almejava chegar.

– Mas se você mesmo disse que não foi grave... É porque ela deve tá bem. Não é?

– É só que... Eu quero vê, entende? Quero saber com a Elena. Só que ela não vai me querer lá.

Agora Mason entendia. Um rápido sorriso sínico acendeu em seus lábios.

– Já entendi o que tá acontecendo aqui. Você quer que eu vá lá, não é? Pra saber como ela tá.

Houve uma pausa longa. Na qual um pôde compreender o olhar do outro e o que queriam realmente dizer, sem a necessidade de tantas palavras.

Possuía certa pitada de vilania na fala dos dois.

– Já que você causou aquele machucado no pescoço dela naquele dia, seria uma boa desculpa você ir lá, pedir seu perdão. Afinal você até hoje não foi se desculpar com ela, seria uma ótima oportunidade. E aí já aproveitaria e... Vê como ela tá, e depois me conta.

Mais uma vez não houve som, apenas o entendimento enquanto a cabeça de Mason assentia concordando com a ideia de ajudar o irmão. Talvez pudesse até falar algo bom de Tyler para ela, sobre o quão preocupado ele ficou e etc. O que não deixava de ser verdade se analisasse as reações de cada um ao que vinha se ocorrendo.

Ajudaria seu irmão.

–--x---

Meredith atravessou a recepção na pressa entre correr e conseguir prender o cabelo em sua presilha preta. Com a correria rotineira de um hospital, mesmo um de cidade pequena, uma medica apressada pelos corredores não era uma surpresa. O diferencial era que outros doutores estariam em fuga ao relógio na tentativa de até salvar uma vida. Já ela, diferente do altruísmo médico de seus outros companheiros de profissão, corria até a lanchonete para encontrar Damon.

Este que não foi ao trabalho para poder dormir em sua casa, no sofá. Seu apartamento era bem próximo ao hospital; E ao ver que ele havia chego ao seu serviço antes dela mesmo fora de acordar todo seu cérebro para tentar ao menos entender o que estava acontecendo. Ric era quem não estava gostando daquela preocupação tão exagerada; Conversou com Damon por horas durante a noite, mas de nada adiantou. No fim o próprio Alaric fora convencido por Damon a mentir para a diretoria, informando que o professor de matemática estava doente.

Achava incrível como Damon conseguia convencer as pessoas com seu desespero. Não sabia se era pelo fato dele já ter sofrido tanto ou por ser muito bom em manipular.

Era definitivamente a primeira opção.

Adentrou a lanchonete em passos cambaleados pela pressa na qual correra. Avistou Damon numa mesa pequena comendo um salgado. Parecia exausto, embora não possuísse olheiras em seus olhos.

Sentou-se a mesa já falando de imediato. Não havia muito tempo, nem ela acreditava que estava fazendo isso por ele.

– Liguei pra mãe dela, falei pra vim pra cá lá pelas 09h00min, 09h30min da manhã. Ela acreditou e avisou que vem no horário. – Disse ofegante. Sem permissão apanhou o copo do suco de Damon e o bebeu pela metade, quase se engasgando com o liquido ao olhar em seu pulso e ver o horário. – 08h23min. Ela tá acordada, eu te levo lá. Até deixo você entrar no quarto, mas tem que ser bem rápido.

Damon assentia a cada palavra, tentando controlar sua ansiedade interna.

– Tá, então é melhor a gente ir logo, porque eu to com pressa.

Na repetição dos movimentos e caminhos de ontem, Damon deixou o dinheiro da conta a mesa e seguiu Meredith de volta aos corredores. Embora que somente com uma caminhada até aquele quarto, já fora o bastante para decorar todo o trajeto.

A surpresa e a diferença de sua imaginação só se fez presente ao voltar a ficar diante do vidro da janela do corredor para o quarto.

– Mas você disse que ela tava acordada. – Falou confuso. Assim como ele, Meredith também estava.

– Bom... Ela tava acordada, comeu... Inclusive não gostou da comida do hospital, reclamou dizendo que queria uma comida de rico que eu não sei nem falar o nome. – Damon não pôde deixar de sorrir ao ouvir aquilo. Típico.

– Ela deve ter pegado no sono de novo. A noite foi agitada, coitadinha.

Meredith achava bem difícil aquela possibilidade estar correta. Elena havia saído do efeito de uma anestesia; O que ela menos sentiria após acordar e comer seriam o sono. Preferiu não dizer nada e agir normalmente; Aquilo não era problema seu e já estava se arriscando de mais.

– Eu tenho que checar uns prontuários, então vou ter que dá uma saidinha. Lembra Damon, no máximo quinze minutos, tá me ouvindo?

Em resposta, ele assentiu concentrado. Esfregou as mãos uma na outra e respirou profundamente pela boca; Era como se aqueles simples movimentos já fossem um habito natural para ansiedade. Ou apenas um hábito natural já que estava nervoso com algo na maior parte do tempo; Meredith abriu a porta e a encostou, saindo logo em seguida.

Cada vez que o barulho do salto da amiga se distanciava, todo seu corpo paralisava ainda mais. Como ontem, a sensação de que estava de volta ao chão se fez presente. A diferença era que agora podia chegar perto sem o empecilho das paredes.

Uma cadeira branca já estava posta em lado a cama, na qual o corpo dormia em paz. Sentou-se ao móvel onde no caminho, cada passo seu apertava mais seu coração numa muralha entre seu peito.

Ao apanhar a mão dela, aquela muralha foi demolida por completo.

– Acho que eu já disse varias vezes o quanto eu gosto da sua pele, não é? – Sorriu timidamente, acompanhado de lágrimas acanhadas por seu rosto. Estava a falar com uma pessoa que nem despertada se encontrava; Um tipo de coisa na qual via nos filmes, lia nos livros e sempre achou sem o mínimo de senso. Era engraçado o quanto as posições mudavam quando o medo se fazia presente. Sabia disso mais do que ninguém e a cada vez que acontecia algo em sua vida, se surpreendia mais consigo mesmo. Ficou mais um pouco em silêncio, somente desfrutando do toque da mão dela na sua. Foi quando lembrou que tinha pouco tempo. – Fui eu que atendi o telefonema do hospital, sei nem explicar o que aconteceu na hora. O que eu senti. Era como se eu visse sumir qualquer possibilidade de ser feliz, de ter esperança, de ter sonhos. Fazia bastante tempo que eu não me sentia assim, tanto tempo que eu achei que eu nunca mais me sentiria desse jeito pra ser sincero.

Segundo as palavras da recepcionista o quarto ficava naquela direção. Fora esperto o bastante para vir no horário de visitas; Saiu de casa logo após a conversa com Tyler, estava com tanta pressa para acabar com aquilo tudo logo, mas também queria muito falar com Elena. Pedir desculpas pelo que fez a ela naquele dia.

Seriam sim desculpas atrasadas, mas ao menos eram sinceras. Quarto 212. A mulher havia dito. Olhou em volta para o numero pregado às portas e diminuiu o passo ao perceber que estava perto.

Apertou o buquê de rosas vermelhas em suas mãos enquanto tentava extrair o nervosismo de si. Desde que aconteceu aquele acidente com ela no bar, por sua causa. Teve muito medo. Medo da raiva que ela deveria ter sentido, medo de tê-la machucado, medo de ela tentar de alguma forma o processar por agressão.

Só bastava torcer para que Elena fosse uma pessoa dócil e compreensível; O que infelizmente, pelo que Tyler descrevia da garota... Estava longe de ser. Para sua própria surpresa, seu medo fora substituído pela ansiedade. Alcançou a porta do quarto 211 e parou, respirando fundo decorando o que falaria para ela.

Mais alguns passos e se viu diante de uma janela de vidro, fechada e transparente na qual a porta se originava mais adiante. A intenção de Mason ao parar e olhar seria somente adquirir a garantia de que Elena estaria mesmo acordada ou apropriada para recebê-lo, mas em total contrariedade a sua imaginação o que viu fora mais do que algo inesperado. Damon, sentado diante a cama, perante a garota que pelo corpo dele a frente, Mason não conseguia enxergar se estava acordada ou não. Como Damon mantinha-se em posição contraria a janela, não fora possível para ele ver Mason, já este conseguia reconhecer o inimigo mesmo que de costas.

Num rápido reflexo, Mason recuou os passos e se apoiou na mesma parede. Inclinou a cabeça para a esquerda e seus olhos alcançaram a janela novamente. Para sua sorte, Damon continuava do mesmo jeito sem perceber que estava ali. Ajoelhou-se ao chão e engatinhou até a porta encostada, se pondo escondido atrás dela. Queria ouvir melhor o que estava acontecendo. Porque Damon estava ali? Não havia nenhum sentido.

Acalmou a respiração, ficando em total silencio para tentar ouvir o que estava acontecendo.

–... Acho que eu nem preciso contar direito quando foi. É muito obvio, e também porque eu to cansado de falar de passado... Quero falar sobre o futuro, falar sobre as coisas que eu quero. As coisas que eu to planejando. – Ainda sem compreender, Mason aproximou-se mais um pouco, tentando não fazer barulho. – Quando eu era criança... Eu tinha muitos sonhos, sonhava demais. Só que com a vida, com o que eu passei, eu aprendi a não ter sonhos, e sim a ter metas. Ter planejamento e nunca sair da realidade e me iludir. Acho que era por isso que eu não me deixava ir longe contigo; Porque não tava nas minhas metas... E também porque, seria muito fácil me deixar ser deslumbrado por uma pessoa como você. – Já sentindo as batidas de seu coração acelerando-se, Damon temia a possibilidade de nunca poder dizer o que cobiçava para uma Elena acordada. Aproximou a mão que segurava da garota para mais próximo de seu peito, queria que ela sentisse seus batimentos mesmo que ao sono. – Só que... Naquela hora, quando eu desliguei aquele telefone, eu senti como se sonhar não fosse mais possível. E foi aí que eu vi que... Você, Elena, mesmo sem querer, mesmo sem que eu percebesse e comigo lutando tanto contra. Você tinha trago de volta pra mim a chance de sonhar de novo. E assim como eu consigo sonhar, eu também consigo amar; E eu te amo, Elena.

Com a vontade presa de esvair um grito, Mason tapou seus lábios mantendo-se incrédulo. Afastou-se de imediato da porta cambaleando até a de outro quarto mais a frente. Adentrou ao cômodo que para sua sorte, estava vazio.

Então era por isso que ela havia se posto em frente ao vidro e o protegido daquela maneira. Eles tinham um caso...

Afundado em diversos raciocínios, Mason optou em ignorar todos eles. Era do tipo que sempre confirmava os fatos em todas as situações. Até mesmo quando respostas eram jogadas perante de si.

Embora ainda sem reação, manteve-se calado.

Em contrariedade a Damon, que em altos suspiros descarregava não só seus sentimentos, mas também sua falta de coragem. Os medos continuavam os mesmos, a diferença era que o receio de amar já se mantinha superado.

– Às vezes eu acho que amor é uma coisa simples, e que somos nós que complicamos. E às vezes eu também acho que é realmente um sentimento difícil e que se tem que lutar pra alcançar a plenitude. – Mesmo que não querendo, era impossível para Damon deixar de tentar comparar o que estava sentindo por Elena com o que sentiu, ou o que ainda sente por Rose; Se era maior, se era menor... Isso ainda não tinha ideia. Talvez por ser um sentimento ainda muito novo e recente. Embora que para ele, do fundo de seu coração, ele sentisse que o receio que ainda lhe encobria, de certo modo, o cegava de admitir ou até mesmo ver. – Pra ser sincero eu nem sei mais. Se todo amor é diferente ou se todo amor é igual também é um mistério. Ao contrario do que as pessoas pensam, eu não sou uma pessoa que tem todas as respostas; E eu também não corro atrás de tudo que me perguntam. Na maioria das vezes eu sempre fujo de tudo. – Já prevendo as lagrimas que viria, Damon as prendeu em seus olhos, fechando-os. Somente voltou a abri-los quando recomeçou sua fala. – Elena eu quero tanto mais tanto que você seja feliz. Eu não sei se eu sou o homem pra isso, não sei mesmo. É bem provável que eu não seja, mas... Mesmo assim, quando você um dia casar, ter seus filhos, sua vida com um rapaz adequado... Eu quero que você saiba que o seu primeiro amor, foi sim um sentimento correspondido e que vai ter um professor que provavelmente morreu e se acabou de tanto beber... Que te amou e que vai lembrar com muito carinho de você.

Pra sempre. Pensou ele, deixando a primeira lagrima escapar pelos seus olhos. Não era necessário o dom da vidência, mesmo sendo um homem que nunca acreditou nesse tipo de coisa. Era muito mais do que obvio o fato de que o quer que fosse aquele relacionamento, nunca seria consente a ninguém. Nem em amizade, nem em paixão ou muito menos em amor.

Destinos diferentes, sinas diferentes, tudo tão desigual. Não se tratava somente ao fato da certeza dele em que achar que uma pessoa como Elena merecia mais do que alguém como ele. Não existem contos de fadas e a realidade era o problema maior.

– Damon. – O bater tímido de Meredith a porta, junto com a voz baixa da mesma, o despertou. Afastou o tronco do corpo em sono e repousou a mão da garota de volta onde estava, bem longe da sua. No final aquela era a melhor opção para ela, e não se tratava apenas da mão. – A mãe dela ligou avisando que tá chegando. Já terminou? – Perguntou em voz baixa.

Ele não desviou os olhos de Elena, assim como no minuto em que adentrou ao quarto. Ou que a viu perante a janela de vidro. Após uma curta pausa, ele assentiu recolhendo mais lagrimas.

– Já, já sim. Eu tenho mesmo que ir agora?

Houve mais uma pausa. Dessa vez para que Meredith adquirisse coragem, ou pensasse nas palavras que faria uso. Ao fim, vendo que não conseguiria, preferiu ser breve com o amigo.

– Infelizmente sim. – Confirmou em tristeza.

Cada átomo do corpo de Damon gritava ao contrario. Berrava que cada segundo, mesmo que final ou mesmo que crucial, poderia de algum modo vir a ser aproveitado, para que pudesse ter mais tempo. Falar mais. Ao fim, os gritos da razão venceram o de seus sentimentos. O medo de levantar da cadeira e descobrir que não havia mais chão era grande, mas ao lembrar que ainda viviam na realidade, seus pensamentos se dirigiram apenas para a ignorância. Ou melhor, de volta a ignorância. Caminhou até a porta recebendo os braços de Meredith em seus ombros, firme em demonstrar condolências. Talvez palavras não fossem necessárias, talvez nenhum dos dois quisesse ou conseguisse falar.

Abaixou a vista em direção ao chão ao passar em frente ao vidro do corredor para o quarto. Tudo que menos desejava era observar o paraíso de longe, como um pobre menino pimpão. Não podia ser menino, tinha de ser homem.

Meredith o dirigiu até uma das saídas dos fundos, junto a uma copia da chave do apartamento dela com Ric. A médica o aconselhou a ficar lá por algumas horas até que a família de Elena chegasse, a levasse para casa e a garota estivesse realmente acomodada.

Sempre que Damon dormia em sua casa, Ric escondia todas as bebidas no carro então ambos sabiam que não haveria perigo de ficar lá sozinho, mas Damon, por mais maluco que soasse, não queria beber. Não sentia a menor vontade no momento. Com o álcool, se sentiria mais cheio e após ter dito tudo que disse para Elena, mesmo que com ela dormindo, Damon gostava da sensação de leveza.

O que precisava era pensar. Deitar num confortável sofá e pensar. Não sabia exatamente no que ou por quanto tempo.

Mais do que nunca, precisava do silêncio.

–---x---

No mesmo quarto, os olhos de Elena se abriam junto a um sorriso que se acendia e lagrimas que se escorriam. Estava cansada, querendo ir para a casa e toda sua paciência se esvaziando em mínimas gotas por si. Ao ouvir os passos no corredor, tratou de fechar os olhos e fingir que seu sono. A surpresa veio na segunda voz que invadiu o ambiente: Damon? Ela pensou na hora, confusa. Ao mesmo tempo em combustão pela alegria de ele ter vindo; Preocupado, atencioso. Não abriu os olhos, não queria que ele se dominasse pela vergonha ou que ao fim, ambos trocassem grosserias e palavras jogadas ao vento e futuramente ao arrependimento.

Em cada silaba que ele lhe soltava. Como numa confissão difícil feita por um homem tão atordoado e perseguido por si mesmo, Elena sentia a dor de não poder o confortar. Quantas vezes quis ‘’acordar’’ e dizer que ele não precisava se esforçar tanto apenas por palavras bobas. Não pareciam bobas para Damon; E se despertasse, dando a por que estava a mentir, traria de volta a ele o pensamento sobre quão dissimulada era. Sim, é verdade. É uma dissimulada, mas também não era uma mulher de gelo para enxergar isso na expressão dele sem sentir dor.

Mas toda e qualquer possível dor, mesmo que após um acidente, se esvaeceu no soar daquelas palavras. Ele disse isso mesmo? Ele disse que me ama?

O mundo não existia mais. Igual a quando seus lábios se tocaram pela primeira vez. Tudo desapareceu e a paz mundial finalmente fora alcançada pela humanidade e todos ganharam a caçada em procura pela felicidade plena e para sempre. O que não havia chorado ao ouvir chorou quando ele se fora. Queria Damon consigo, queria o abraçar enquanto suas mãos batiam em seu peito e gritava ‘’ Eu também te amo, eu também te amo. ’’

Esqueceu qualquer tipo de orgulho. Ele a amava e nem que houvesse de ir até a última camada do planeta, ficariam juntos novamente.

–---x----

Mason não viu o momento exato na qual Meredith saiu com Damon. Não arriscou colocar seu rosto para fora do quarto. Imaginar eles dois se encontrando no corredor seria a pior opção. Ainda mais se a realidade fosse de acordo ao que estava martelando em seus pensamentos. Não tiraria conclusões precipitada, mas também não iria ficar parado quando uma oportunidade como aquelas estava bem diante de si.

Calma Mason. Concentra primeiro. Pensava ele em instruções.

Saiu finalmente do quarto onde estava e caminhou pelo corredor, ainda com o buquê em suas mãos. Havia tido tempo para organizar o que faria e como faria. O modo que arquitetou logo de primeira lhe pareceu mais adequado para o que seus pensamentos indicavam.

Era sim arriscado, mas se o tempo estivesse ao seu favor, poderia ser genial. Fez o caminho de volta a recepção sem alardes. Para sua felicidade e sorte, Damon não estava mais lá; Meredith em igual, também não. Apenas outra comum recepção de hospital, igual a quando adentrou de primeira ao dia.

O ambiente só se diferenciou na entrada da família ao lugar. Controlando a ansiedade, Mason permaneceu em seu lugar. Tudo girava em seu favor, e a pressa de ir em frente poderia lhe custar tudo.

– O quarto de Elena Gilbert, por favor. – Disse Isobel a recepcionista.

Em entendimento a mulher checou o computador, embora sua expressão não denunciasse nada.

– Você é a mãe dela?

– Sim, eu sou. Viemos busca-la. Ela vai receber alta hoje.

Confirmando o que estava na ficha, a moça assentiu relendo o que estava na tela mais uma vez.

– Bom... Como vocês vieram pra leva-la acho melhor sentarem e esperarem a médica que a atendeu, assim ela já explica tudo direitinho, dá as instruções e leva vocês até lá.

– Ok, mas... Tá tudo bem com a minha filha, não é? – Certificou-se Isobel, já aflita. Não entendia a razão de não poder levar Elena logo dali.

– Não se preocupe. – Sorriu a mulher, lhe transmitindo segurança. – Só to fazendo o que é de praxe. Sentem-se num desses bancos, enquanto eu chamo a Doutora Fell. Rapidinho ela tá aí.

Derrotada, Isobel suspirou afastando-se do balcão.

– Obrigada. – Agradeceu em desanimo.

– Calma mãe. – Pediu April a guiando para um dos bancos. – A Elena tá bem, a médica já garantiu isso mais cedo, quando você ligou...

– E ontem também. – Completou Jeremy. – Hoje mesmo ela vai tá em casa, sem nenhum arranhão. Não tem porque ficar nessa aflição toda.

Isobel havia ouvido o mesmo mantra durante toda a noite de ontem. Não entrava em sua cabeça. Passou a madrugada na sala com Jenna e duas xícaras de chá na mão de cada uma. Sua irmã cansou de lhe pedir calma e dizer que tudo ficaria bem. Não adiantava. Nem ao menos chegava a suas orelhas.

Sentaram-se cada um em um lugar aleatório. Mason observava cada movimento deles, completamente calado. Dividia-se ao mesmo tempo em pensar e em não ter tantas esperanças, embora mais de 50% de si acreditava que as chances de estar certo eram enormes. Ou ao menos significativas.

Isobel estava ansiosa demais, não seria bom falar com ela. O casal de adolescentes mantinha-se muito ocupados tentando a acalmar; Também não seria a melhor opção. Em contrariedade aos três, à ruiva ao lado da mãe parecia estável, somente esperava como quem aguardava por um frango numa fila de mercado.

Era por ela quem começaria.

– Com licença. – Proferiu Mason, rastejando-se entre os bancos, colados um ao outro, para chegar até o grupo. – Eu não pude deixar de ouvir a conversa... Vocês devem ser a família da Elena, não é? Lembram de mim?

Embora perguntando com os olhos apenas direcionados para Jenna, todos puderam escutar com clareza cada palavra dita por Mason.

Confusos, os quatro se entreolharam. Ninguém parecia conhecer a identidade do rapaz, embora fosse familiar perante o tamanho de Mystic Falls, mesmo assim nada que pudessem liga-los o parecia ter fundo.

– Não, não lembramos. Quem é o senhor? – Perguntou à ruiva.

Mason não se ateve a reação estranha do grupo, sorriu demonstrando toda uma animação e gentileza.

– Mason Lockwood. O filho mais velho do prefeito e da primeira dama, vocês já jantaram em casa... Na festa dos fundadores, estão lembrados?

Num rápido flash, a recordação colidiu ao grupo, exceto claro por Jenna que ainda não havia chego à cidade na época mencionada.

– Ah sim. Lembrei. Como vai? – Cumprimentou Isobel com um sorriso que logo desapareceu. Tentava ao máximo ser educada, embora por dentro fosse só nervosismo.

– Eu vou bem... To indo. Pra falar a verdade eu já esperava encontrar vocês aqui.

A expressão de Jeremy se contorceu em suspeitas.

– Como assim?

– É que a sua irmã e o meu irmão tiveram um namorozinho de adolescente e... Ele soube o que aconteceu com ela, pela Bonnie, e me pediu pra vir aqui. – Disse Mason levantando o braço na qual o buquê se encontrava. – Comprou até flores pra eu trazer.

– Que gracinha. – Cantarolou April após um suspiro.

Para Jeremy aquilo ainda não o convencia. O nome. Mason Lockwood. Era o cara que havia cortado o pescoço de Elena com aquele vidro de garrafa. Ele iria acertar Damon; Elena para apartar a briga, se pôs ao meio dos dois e acidentalmente o vidro a cortou. Era isso que havia acontecido, segundo as próprias palavras de sua irmã. Ele não estava ali apenas por Tyler, também estava ali para se desculpar. Raciocinou Jeremy, preferindo optar pelo silêncio.

– E você quer visitá-la, rapaz? – Questionou Jenna, embora soasse mais como uma conclusão.

– É... Eu queria vê como ela tá, entregar as flores, fazer umas perguntas. Acredita que meu irmão quase me fez uma lista de coisas que eu tinha que perguntar?! – Riu rapidamente, junto ao resto das mulheres. Jeremy que continuava mudo. Até o momento tudo estava indo como planejou.

– Daqui a pouco ela vai ter alta, então... Se você quiser passar mais tarde lá em casa. Pode levar seu irmão também se quiser. – Sugeriu Isobel, já mais confortável com a presença dele.

Mason desanimou-se perante a recomendação da mulher.

– É que daqui a pouco eu tenho que fazer minhas coisas, e o meu irmão queria que eu mesmo viesse. Não ele.

– Mas por quê? – Falou Jenna.

– Bom, pelo que parece ele e a Elena meio que brigaram. Coisinhas de adolescentes. Sabe? – Lamentou triste; Isobel, Jenna e April assentiram partilhando de seu sentimento. Mason não parecia perceber a ambiguidade de Jeremy sob suas palavras. – Por isso eu queria muito poder falar com a Elena antes dela ir pra casa. Eu vim aqui visitar, não sabia que ela teria alta hoje nem nada.

April sorriu timidamente.

– A gente entende. Acho que dá pra você falar com ela antes de voltar pra casa.

– Só que tem que ser rápido. – Completou Isobel. Deixando cada vez mais claro o quanto queria ir embora para que tudo voltasse logo ao normal.

– Mason? – Uma voz conhecida soou há alguns metros. Meredith havia acabado de adentrar a recepção. – O que você tá fazendo aqui? – Disse ela, confusa. Há minutos atrás era Damon que estava naquele mesmo local, e ter Mason no mesmo dia era minimamente estranho.

Isobel respondeu por ele.

– Ele veio visitar a Elena. O irmão dele namorou minha filha, eles souberam o que aconteceu... E o Mason veio vê como ela tá.

Meredith preferiu não entrar em mais detalhes. Nada que envolvesse toda essa ligação entre Mason e Damon a interessava. Viu Rose se machucar muito por muitas coisas que aconteceram. De alguma forma era sim irônico em diversas formas, o fato de Damon já ter se envolvido com duas mulheres que já passaram por um dos Lockwood. Para manter sua sanidade, havia se retirado do meio de toda aquela batalha há muito tempo. E aconselhava Ric todo dia a fazer o mesmo, por mais que ele ainda não a escutasse por completo. Tudo por conta da leal devoção que ele e Damon tinham um pelo o outro.

– Vocês preferem que o Mason a veja agora ou... Primeiro vocês vão? – Perguntou a médica, voltando ao tom profissional de antes. – Quando a alta for assinada não vai poder demorar muito.

Mason endureceu mais sua postura. Pela primeira vez viu-se sentindo realmente nervoso com aquilo.

– Eu acho melhor eu ir primeiro. – Ele aconselhou, tentando não transparecer todo seu nervosismo. Sabia que era naquele momento ou nunca mais. – Assim quando ela sair, já faz tudo direto e vocês a levam logo pra casa sem nada pra atrapalhar.

Em aceitação, Jenna assentiu.

– Eu concordo. – Disse ela, recebendo o olhar confuso de Isobel. – Pensa comigo, Isobel. Ele tem razão, quando você vê a Elena vai querer tirar logo ela daqui e o rapaz ainda vai querer falar, ter privacidade e você não vai deixar de tanto que vai ficar em cima da coitada.

– É mãe... – April endossou. – Tem uma lanchonete aqui. A gente aproveita e faz um lanche, enquanto espera ele falar com ela. A senhora não come nada desde ontem.

Não era a primeira vez que Isobel perdia uma batalha contra os argumentos de sua família. Perante o silêncio da médica, preferiu optar por não pedir opinião da moça. Não achava o silencio de Jeremy estranho, ele normalmente sempre era calado. O que não é comum, era o fato de ele não dá seu palpite, fosse contra ou a favor, numa conversa. Embora quieto Jeremy era um garoto com opinião formada, na qual sempre gostava de a compartilhar com a família.

– Tudo bem, vocês venceram. – Revirou os olhos, suspirando em derrota. – É melhor a gente ir comer alguma coisa mesmo.

– Quer que eu leve vocês até a lanchonete? – Meredith perguntou.

Jenna se deteve por um momento.

– Não é melhor levar o Mason até o quarto da Elena?

– Ah não, pode deixar que eu do meu jeito. Não se preocupem.

– É... Mason quando você terminar, passa na lanchonete e avisa pra nós, tudo bem? – Pediu Isobel e o rapaz assentiu despreocupado. Sem mais delongas, a medica os conduziu até o elevador e de lá seguiram para a lanchonete no quarto andar.

Já no segundo, Mason refazia o caminho de volta até o quarto onde suas respostas e chances se encontravam. Não esperou muito até que o resto do grupo saísse para subir outra vez. Sentia que se esperasse mais um minuto todo seu corpo explodiria em ansiedade. Embora, para seu agradecimento, não estava mais tão nervoso quanto antes.

Passou tão rápido a janela de vidro que não observou com atenção a como estava Elena. Não tinha tempo para observar de longe, era hora do cara a cara. Do ao vivo e a cores. E talvez, quem sabe, de sua tão sonhada chance de vingança.

– Posso entrar? – Sorriu de maneira simpática, enquanto batia a porta entre aberta.

No primeiro segundo, Elena não o reconheceu. Estava tão tomada pelos sentimentos e euforia das palavras de Damon que talvez, mesmo se fosse sua mãe naquela soleira, haveria uma pequena chance de não reconhecer inicialmente. Era como se estivesse cega. Cega de felicidade. Cega de amor.

– Sim, claro. Entra – Falou completamente atônita.

Mesmo que percebendo a estranheza de Elena com sua visita, Mason não apagou o sorriso amigo de seu rosto.

– Trouxe essas flores pra você. Gosta de rosas vermelhas?

– Ah, sim. Gosto. Pode deixar ali. – Indicou a garota, apontando para uma mesa acoplada numa das paredes. Em obediência, Mason pôs o buque no local dito. – Muito obrigada pelo presente. Eu tenho que confessar que to muito surpresa por você tá aqui.

– Pra falar a verdade foi o Tyler que me pediu. A Bonnie contou pra ele o que aconteceu, ele conversou comigo e praticamente implorou que eu viesse vê como você tava. Ele gosta muito de você.

– E porque ele mesmo não veio? – Perguntou Elena, embora já soubesse a resposta. Covarde. Percebendo que se tratava de uma pergunta sarcástica, Mason não a respondeu. Apenas sentou-se numa beirada pequena da cama e ficou em silêncio até que pensasse em algo certo para dizer.

– Elena eu não sei o que aconteceu entre vocês. – Exclamou triste. Estava sendo sincero, embora aquela não fosse sua intenção inicial. – E também não to aqui pra perguntar. Só espero que vocês se acertem porque eu sei o quanto ele gosta de você.

E a própria Elena também sabia. Antes não lhe importava o fato de Tyler a amar ou não. Era algo que não fazia diferença em sua vida, mas agora... Quando provou o quanto doía não ter um amor não correspondido. Conseguia entender a dor e o vazio que se situavam no peito de quem sofria por isso. Não desejava para ninguém algo assim. Só que agora não queria mais pensar nisso. Damon a amava, e voltaria a ser seu assim que saísse daquela cama.

Esperava profundamente que Tyler fosse feliz, embora ele não merecesse pelas coisas que fez. Ainda não havia se esquecido das palavras ditas por Bonnie. Precisava falar com Damon sobre aquilo o quanto antes.

– Eu quero muito conversar com o Tyler mais pra frente. Não agora, primeiro eu preciso voltar pra casa, me acertar. Depois eu quero sim ter uma conversa, pode dizer isso pra ele se quiser.

Não era só com Tyler que precisava falar. Era com todo aquele grupo. Quando sua chance fosse dada, descarregaria tudo. Não sabia dizer se um dia as coisas voltariam ao normal, mas não era um simples acidente de carro que a faria se esquecer, e perdoar. Precisaria de muito mais que aquilo.

– Você tá bem pelo visto. – Concluiu ele. Claramente envergonhado, na fome por querer mudar de assunto. – Tá se mexendo, tá até corada.

– É eu tive muita sorte mesmo. Podia ter sido bem pior, quero nem pensar muito nisso.

Não queria mesmo. Durante a noite sonhou que o acidente havia atingido sua coluna, destruindo de si qualquer possibilidade de mexer suas pernas. Não entendia muito quando alguém dizia que ao acordar, a humanidade deveria agradecer a Deus por estar vivo. Por mais um dia naquela terra de oportunidades.

Mas agora conseguia entender.

Havia rezado aquela manhã; Algo que não fazia há anos. A dor que sentia no corpo em consequência do acidente era seu principal motivo de alegria, por saber que era capaz de sentir algo. Um dia quando o sol nascesse à dor não estaria mais lá, e nenhuma sequela para lembrar-se do que aconteceu existiria. Só havia sobrado a gratidão pela vida.

– Eu queria muito falar com você sobre o que aconteceu naquele bar.

A expressão de Elena amargurou-se.

– Eu já imaginava. – Ela sussurrou sem muita vontade para olha-lo. Estar diante de Mason e ainda ter de falar sobre aquela noite, só dava ênfase à ideia do que poderia ter acontecido com Damon, caso não tivesse feito o que fez.

– Acho que... Desculpas é o mínimo que eu te devo. Eu me arrependo muito, e me arrependeria também se aquele vidro tivesse cortado o Damon. – Elena não pôde deixar de se surpreender com aquelas palavras. – A gente briga muito, a gente se odeia. Mas eu acho que nenhum de nós dois quer ser responsável pela morte um do outro. E nem de ninguém. O ruim é que na hora da raiva, tudo sai do controle. – Não iria julgar Mason por agir impulsivamente quando a cabeça estava quente. Tanto ele quanto o próprio Damon já deviam ter tido situações parecidas numa de suas discussões. O que segundo toda Mystic Falls, não foram poucas.

– Eu entendo você. – Olhou-o compreensivamente. – E eu te desculpo. – A sinceridade tomou por sua voz. Preferia não envolver a opinião de Damon sobre Mason em sua decisão. Afinal, Mason não era a única pessoa na cidade que não gostava de Damon. Ela própria já esteve naquela posição.

Com os olhos repletos pela gratidão, Mason apanhou sua mão direita, depositando um beijo calmo bem ao meio da palma. Inesperadamente o rosto antes grato transformou-se, numa fração de segundos, em perspicácia. Toda uma malícia contida no olhar de uma cobra.

Adjetivos que manterão o corpo de Elena em alerta.

– Eu... Fico muito contente pela sua amizade com o Damon. – Como se o veneno da cobra fosse jorrado, Elena em imediato puxou a mão de volta para seu corpo, longe dos dedos dele. O sorriso sínico que fora aberto no rosto do rapaz aumentava seu receio de que algo estava realmente errado.

– Como assim? – Perguntou nervosa, tentando fazer-se de desentendida.

– Como assim o quê? Você e o Damon são muito amigos, não é? O bastante pra você se enfiar na frente de um vidro de garrafa por ele. Estou certo?

– Não, não está. – Respondeu grossa, perante aquele tom tão cheio de sarcasmo dele. Agora era certeza. Mason sabia de alguma coisa. – O senhor Salvatore não é nada meu, além de professor e inquilino lá de casa. Só isso.

Bingo. Pensou Mason comemorando por dentro. Professor e também inquilino. Era ainda melhor do que havia planejado.

– Nada mais? – Inquiriu retoricamente.

Elena pensou em responder mesmo assim, mas deteve-se por um momento. Era melhor acalmar-se. Não queria alimentar mais nenhuma desconfiança dele. Se é que fosse apenas desconfiança.

– Olha aqui rapaz, eu não to gostando nada desse tom. Esse teu cinismo já tá me irritando, e eu sou mulher de ir direto ao ponto. O que tá acontecendo?

– O que tá acontecendo... – Gritou, na tentativa de expor que era ele quem estava no controle daquela conversa. – É que eu sei que vocês namoram. Ou namoraram, sei lá. A questão é que eu sei, e eu vou denúncia-lo. É isso que tá acontecendo. Satisfeita?


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Notas finais do capítulo

PEGADINHA DO MALANDRO. É povo, nada as opções que eu apresentei aconteceram... Eu sei, eu sei n devia ter brincado com vocês daquele jeito, mas foi só uma diversãozinha da minha parte. Vi que só fazer o acidente não atiçaria a curiosidade de vocês o suficiente, e decidi fazer aquela enquete colocando três horrorosas opções como alternativa pro destino da fic.
Meus planos iniciais pra matemática do amor, era sim fazer a Elena ter uma paralisia (lembra no começo da fic onde ela vivia sentindo certos formigamentos pelo corpo?) mas eu desisti, pois não sou médica e acho que poderia contar de uma forma mto ruim e fora da realidade sobre a doença... Então n quis mais. E tbm porque queria q essa fosse uma fic mais leve, um pouco mais comédia romântica do que um dramalhão.

Bom, o que realmente aconteceu foi que o Damon FINALMENTE disse eu te amo pra Elena e que o Mason descobriu... E sobre isso eu não darei spoilers, vão ter que esperar até quarta que vem. Beijo gente.