Bônus - Seu passado te condena Weasley.

2 anos atrás...

A garota de cabelos loiros cacheados corria pelos corredores sem nem ao menos saber onde estava indo, estava ocupada demais para se abalar com qualquer coisa ou com qualquer um que passasse pelo corredor, seu objetivo era correr, correr de seu melhor amigo, Derek.

O garoto de lindos olhos encobertos pelo cabelo negro que se jogava contra o rosto a cada passo que ele dava para correr atrás da garota. Derek e Mia sempre foram muito ligados, não só por Scorpius ser um vinculo entre eles, mas por terem personalidades muito parecidas, era como se fossem almas gêmeas, pelo menos era assim que ela pensava, só tinha medo de dizer, medo de que o pobre garoto não sentisse o mesmo ou até se assustasse com tal gesto. O pior de tudo era saber que ela não estava sozinha nessa disputa, longe disso, ela e metade de Hogwarts estavam na luta pelo coração do único garoto descente de toda escola, ou até do mundo.

– Será que tem como parar de correr atrás de mim ? – perguntou a garota, cheia de curiosidade e desejo, as palavras que lhe saiam da boca tinham um certo desejo, como se quisesse as dizer em outra circunstancia, outra situação.

– Mas por que ? Deixa eu correr atrás de você loira, nem sequer tem motivo pra não deixar, tem muitas garotas por ai que iam amar se eu corresse atrás delas. – ele zombou.

– Pois então corra, tá fazendo o que aqui ?

– Falando com a única delas com quem me importo. – ele falou e a garota gelou, não sabia o que dizer, as falas tinha lhe sido roubadas, como se quisesse responder a ele mas não conseguisse, não pudesse. - Ah, não me olhe assim, você sabe que é como uma irmã pra mim, e que mais nenhuma garota me importa, você me conhece.

E então o gelo se desfez, era como se seu coração tivesse sido destruído, esmagado, trucidado, nada podia ser pior do que ser chamada de irmãzinha.

– Pare você de me olhar assim, como se eu fosse uma aberração ou algo do tipo. Agora me deixa ir contar pro Scorpius o que eu vi. – a loira voltou a correr sem rumo, apenas procurando pelo irmão, ou fugindo de Derek.

– MIA, CUIDADO! – Derek gritou, mas quando a garota percebeu já estava no chão.

O corredor já tinha ficado abarrotado de pessoas, e a maioria parava para olhar a cena, Derek não podia carregar as duas garotas sozinho, então estava esperando por alguém que pudesse ajudá-lo. Mas ninguém que passava pelo corredor, parecia ter força para carregar uma das garotas.

– O que foi que rolou aqui galera ? – perguntou James que passava pela aglomeração de pessoas.

Derek estava no meio das duas garotas, sem saber exatamente o que fazer e as duas ali desmaiadas no meio do corredor e as pessoas sem entender nada, cochichando sobre o que poderia ter acontecido.

– Porque é que essas criaturas não estão na enfermaria ainda ? – perguntou James e Derek o encarou com repulsa. Os dois nunca tinham se dado bem, por causa da discórdia entre seus grupos de amigos.

– Deve ser porque ninguém tem força suficiente pra levar as duas, ou pelo menos uma, enquanto eu levo a outra. Pelo menos ninguém que esteja aqui agora. – falou o moreno zombando do outro garoto.

– Ou porque alguém não pensou em fazer um feitiço de levitação. – completou o mais loiro.

– Ah, pare de falar e me ajude a levar essas duas pra enfermaria, ou largo sua prima ai. – resmungou Derek.

James se abaixou e pegou a ruiva no colo e a jogou no ombro como um saco de batatas. Enquanto Derek pegava Mia com o maior cuidado possível para não machucá-la. Segurando-a no colo como uma criança frágil.

E foi então que o garoto a encarou, por mais do que segundos, ficou a olhando o máximo que pôde, não sabia exatamente por quanto tempo a tinha olhado, mas foi mais tempo do que seria apropriado se ela estivesse acordada.

Quando chegaram na enfermaria, madame Patil correu até eles preocupada com o que pudesse ter acontecido.

– Mas por Merlin, o que aconteceu com essas duas ? – perguntou a moça.

– Ér... bom... na verdade, eu não sei, não estava por lá. – James respondeu e Derek o olhou cheio de raiva.

– Ela perguntou pra mim. – disse o moreno. – As duas estavam correndo, mais do que deveriam e se bateram de cabeça. Mas Rose estava lançando algum feitiço e acho que atingiu as duas.

– O feitiço provavelmente foi o que causou o desmaio, podem colocar ela nas macas por favor.- eles as colocaram nas macas e James encarou madame Patil como se não estivesse nem ai pro que ela falasse.

– Bom, já fiz minha parte, agora eu posso ir ? – perguntou o garoto, Derek o olhou com repulsa e revirou os olhos como se não se importasse.

– Deve. – respondeu o moreno. – Obrigada pela ajuda.

– Conte sempre comigo, tirando todos os dias da semana, do mês e do ano. – brincou o garoto.

O outro o ignorou e foi em direção a loira deitada na maca. James saiu da enfermaria e Derek ficou por lá, esperando madame Patil falar da situação das duas.

– Elas estão bem, só precisamos esperar, o feitiço não parece ter afetado nada interno muito menos externo. Mas só podemos ter certeza assim que elas acordarem. – comentou madame Patil.

– Está bem, será que eu posso ficar aqui ? – perguntou o moreno.

– Claro que sim querido. Fique o quanto quiser . – assim que a morena disse isso, três alunos adentraram a enfermaria. – Mas por Merlin, hoje é dia. O que aconteceu ?

– Estávamos no treino de quadribol e meio que alguns de nós tiveram uma discussão e alguns ferimentos não muito graves, mas então os feitiços começaram e ... bom... veja você mesma. – comentou Fred.

– Não acredito nisso, olhe só pra isso, é ridículo. Precisavam ter quase se matado desse jeito ? Remendar ossos é fácil, agora fazê-los crescer... – comentou. James Potter estava com o braço completamente sem ossos. – Você se parece tanto com seu pai que chega a dar nos nervos. Acabou de sair daqui a já se meteu em encrenca, se estava com saudade era só dizer. – brincou a moça. James deu uma risadinha e foi se sentar na maca, segurando o braço direito. – Menino Weasley, vá chamar o professor Longbottom.

– Mas ... – Fred tentou argumentar, mas nem se quer lhe deram tempo.

– Mas nada, vá logo. – Madame Patil ficou irada. Logo que terminaram a conversa e Fred saiu da ala hospitalar, Derek fechou a cortina que havia em volta do leito de Mia, não queria ver a cara de James nem por mais um segundo.

Derek ficou observando a garota, esperando ela acordar com tantas esperanças, tantas ações em mente, tanta coisa a ser dita. Mas a loira não acordava, horas se passaram e nada. Infelizmente já estava anoitecendo e James iria ter de passar a noite ali, assim como Mia e Rose. Mas Derek não queria sair dali, se recusava a sair. Madame Patil optou por não insistir, achou melhor deixar pra lá e ir dormir, a noite estava fria, então levou um cobertor para o garoto, que acabou por pegar no sono na poltrona que havia ao lado da cama onde Mia estava.

Seu sono no entanto não durou muito tempo, logo alguém ao seu lado começou a berrar, como se estivesse tendo um pesadelo ou algo do tipo. Derek abriu a cortina do lado e foi ver como Rose estava, Madame Patil parecia ter ouvido os gritos e correu de volta até a enfermaria para averiguar o acontecido. Quem gritava era Rose, que havia acordado a pouco, com uma cara de espanto por não saber onde estava e medo por algo que tinha visto, ninguém sabia o que era, nem mesmo a ruiva.

– O que aconteceu ? Porque estou aqui ? – perguntou a Weasley.

– Você e Mia se esbarraram no corredor, mas você estava lançando um feitiço que acabou por atingir as duas. Mas você parece estar bem. – comentou o moreno.

– Sim, estou bem. Mas saibam que eu não fiz e propósito, estava lançando um feitiço contra o Fred, ele ficou me irritando por motivos que não vem ao caso e eu lhe lancei o feitiço.

– Que feitiço foi ? – perguntou o garoto. Enquanto os dois conversavam, Madame Patil analisava a garota, pegava em suas pernas e pressionava alguns lugares para saber se a garota estava sentindo algum tipo de dor.

– Não me lembro, eu não pronunciei palavra alguma, então não sei direito o que foi que eu fiz. Mas se eu estou bem ela deve estar, quer dizer... eu acho que deve.

– Está bem Rose, obrigada por me dizer o que sabe, agradeço. – completou o garoto, que logo saiu dali e voltou a sua poltrona, sentou-se, mas não conseguiu pegar no sono. Segurou a mão da loira e pensou em algo pra dizer, estava preocupado.

Se Rose tinha acordado a pouco, já era para ela ter acordado também, mas nada aconteceu. Ela continuava do mesmo jeito, sem mexer um músculo sequer.

– Mia, eu prometo que se você acordar logo eu nunca mais te chamo de Amélia, por mais bravo ou irritado que eu possa estar, e prometo que deixarei você ser feliz, e nunca mais correrei atrás de você pelos corredores ou não deixarei você contar as coisas ao seu irmão. Prometo que não te chamo mais de ursinha ou de irmãzinha, prometo que ficarei longe o bastante de você para deixar que você escolha como quer ser feliz. Só acorde, eu preciso tanto de você. – pronunciou essas palavras na esperança de que a garota finalmente acordasse, mas nada aconteceu. Continuou segurando sua mão enquanto pôde. Não conseguiu mais dormir nem se quer um minuto, quando amanheceu o garoto ainda estava lá, olhando para a bela loira adormecida, encarava- a com desejo, com esperança, com amor.

Não sabia mais o que dizer, o que prometer, o que fazer, estava confuso. Infeliz, sem ela ao seu lado, rindo de suas piores piadas ou irritada por ele a chamar de ursinha. Saudade de seus olhos extremamente azuis e de seu sorriso que conseguia cativar a qualquer um, saudade de seu jeito mandão e generoso ao mesmo tempo, da sua risada boba e com roncos intercalados com suspiros, ela era linda, do jeito que era, cheia de defeitos e muitas qualidades.

– Derek ? – o moreno ouviu a voz, aquela voz conhecida que o dava vontade e animo pra viver mais todas as manhãs a 2 anos.

– LOIRA! – ele não se conteve, a abraçou fortemente e logo a soltou, lembrando-se da promessa que tinha feito e que fazia questão de cumprir.

– Vai com calma ai. Que é que eu estou fazendo aqui ? – perguntou a garota.

– Bom, você e Rose tiveram uns probleminhas ontem , ambas estavam correndo e se bateram no corredor, mas ela estava lançando um feitiço em Fred que acabou por atingir vocês.

– Ah, o que diabos aquela cabeça de tomate estava pensando ? Cadê ela ? Vou matá-la, ela podia ter me ferido, ou pior, me ligado a ela de alguma forma, que merda de feitiço que ela lançou ?

– Ela disse que não sabe, que não penso muito bem antes de lançar o feitiço, e que foi um feitiço silencioso.

– Como ela pôde. RIDICULA! – gritou a loira. – Onde é que ela está ? – perguntou novamente e Derek tentou desconversar.

– Esquece isso Mia, já passou, não tem que se preocupar com isso, foi sem querer, ela não teve culpa de atingir vocês. – falou o moreno, a loira se levantou furiosa, abriu a cortina e foi andando a passos fortes a procura da ruiva. Não precisou andar muito, já que a ruiva estava em uma maca próxima na enfermaria, mas a loira não pôde deixar de reparar no garoto com cabelos castanhos muito claros deitado na cama a frente de onde estava a ruiva. O mais velho dos Potter estava dormindo profundamente, coberto apenas até a cintura, com o braço engessado e os músculos definidos por anos de quadribol a mostra. A garota parou tudo o que estava fazendo e olhou para trás a procura de brilhantes olhos verde água.

– O que foi ? – perguntou o garoto.

– Nada não. Ela está dormindo, mais tarde eu falo com ela.

– Está bem então, vamos. – falou o moreno enquanto ia se encaminhando até a porta.

– Pode ir que eu vou ficar mais um pouco. – falou e o garoto lhe olhou com repreensão, mas lembrou-se da promessa e logo saiu.

A loira ficou ali por mais quase uma hora, observando o garoto ali deitado, sabia que o odiava, que os dois competiam em tudo e que foram criados para se odiar, mas vê-lo daquele jeito acabava com ela, mesmo sem saber o porque. Assim que a ruiva acordou, olhou de relance para a loira que a fuzilava com o olhar.

– Finalmente. – argumentou Mia, que já estava cheia de raiva. – Estava querendo lhe dar um presente. – comentou a loira com a cara mais maligna que poderia fazer. – Legilimens! – exclamou a loira lançando um feitiço na ruiva que tentava resistir ao mesmo.

A garota entrou na mente da ruiva, viu coisas que não deveriam ser vistas por ninguém, sentiu coisas que não queria sentir e ouviu coisas que não deveria ouvir. A mente de Rose Weasley era um turbilhão que ela não conseguia controlar. E Mia Malfoy podia ver tudo. Assim que o efeito do feitiço terminou, a ruiva explodiu de raiva.

– Você não tinha o direito de entrar na minha cabeça. – argumentou a ruiva.

– E você não tinha o direito de me fazer perder um dos dias mais importantes da minha vida. – rebateu a loira.

– O que tinha demais nesse dia, eu nem sequer fiz aquilo por querer.

– Não minta pra mim Weasley, eu sei que foi por querer, você sabia, sabia que o Derek estava comigo e ficou com ciúme, eu li sua mente, você não pode esconder nada de mim. Nada.

– Você é ridícula Malfoy.

– Acredite Weasley, depois do que vi, sei que você é muito pior do que eu e do que qualquer outra pessoa. Seu próprio primo é a prova viva disso, seus pais sabem sobre vocês ? Sabem o que andam fazendo por ai ? Os pais dele sabem ? - a ruiva fez que não com a cabeça e a loira riu malignamente. – Que feio, Rose, que feio.

– Não conte a eles, não conte a ninguém Malfoy. – suplicou a ruiva.

– Não contarei, ou melhor, eu acho que não. – deu uma piscadela e saiu.

Mia a tinha nas mãos a partir de agora e com certeza usaria isso a seu favor.