Bella

Duas semanas se passaram depois da confissão inesperada que Edward me fizera. Ele gostava de mim. O mesmo tempos e passou da conversa que tive com Jacob, agora meu ex namorado e possivelmente bons amigos. Naquele dia tinha uma missão muito importante, foi confiante que abri a porta do apartamento de Edward, entrei e permaneci no hall atenta ao silêncio. Nunca estive aqui e não estava conseguindo resistir a tentação de bisbilhotar um pouco. Estava aproveitando a ausência dos donos. Alice estava trabalhando assim como Edward e chegaria em cima da hora o que me permitia bisbilhotar a vontade.

Tinha antes uma visão clara de Edward, mas agora ele se transformou em um mistério, duro num momento, carinhoso em outro. Acima de tudo, ele me deixava atordoada. Talvez pudesse conhecê-lo melhor se conhecesse o lugar onde ele vivia. Após o pedido de desculpas, ele apenas me telefonara para falar do coquetel em seu apartamento num tom estritamente profissional, como se os momentos de paixão vividos por nós dois não tivessem ocorrido, nem ao menos falou da visita de Jacob em seu escritório.

Procurei um lugar para pendurar a roupa que usaria à noite. Edward parecia pensar apenas nos negócios e foi isso que me surpreendeu quando ele me beijou no estúdio. O tempo todo eu tentava combater a atração que sinto por ele devido à ligação passada com minha família e meu namoro com Jacob. Nos últimos dias, porém, convenci-me de que o caso com Rosalie acontecera muito tempo atrás e que minha irmã dera continuidade a sua vida. Convenci-me também do meu término com Jacob.

Quando ele me beijou, nenhum de nós dois parecia lembrar do acontecido. Eu sabia que ele me considerava atraente, mas nunca o vira perder o controle. Seria eu a responsável? Com um sorriso nos lábios, passei pelo apartamento vazio. Sem saber por quê, queria conhecê-lo melhor, saber quem ele era realmente.

À primeira vista, o aposento me passou a impressão agradável. O sofá as poltronas em tons terra conferiam uma sensação de calma, e davam um toque casual e, ao mesmo tempo elegante a sala de estar. Talvez Alice tenha ajudado na decoração, mas sim, era a cara dele. A cozinha com gabinetes carvalho era previsivelmente simples. Edward me garantiu que o serviço de bufê teria espaço suficiente e eu concordei. Não havia nada sobre o balcão além de uma cafeteira. Ao longo do corredor havia um lavabo, um quarto com severas cortinas rosas, com certeza o de Alice, e uma suíte decorada também em tons de azul. O apartamento era bastante agradável.

A visão do quarto de Edward foi o suficiente para que as imagens dos braços dele me envolvendo e do desejo ardente em seu olhar voltassem à minha mente. Tive vários namorados, mas o ex-noivo da minha irmã fazia brotar em mim um tumulto de emoções indecifráveis que nem com Jake me permiti. Ele me fazia sentir desejo de brigar, mas ao mesmo tempo e ardentemente fazer amor com ele. Edward no entanto, é um homem que construíra barreiras para o amor e não podia deixar de me associar à minha irmã infiel. Para ele, aproximar-se muito de mim era arriscado demais. Contudo, a lembrança dos beijos e abraços dele fazia com que eu quisesse mais. Perguntei-me se seria aconselhável me trocar para a festa aqui, no quarto dele, onde ele poderia entrar a qualquer momento. Assim que fechei a porta do closet o telefone tocou. Fui até o hall e corri até o aparelho mais próximo.

- Alô?

- Por favor, posso falar com o sr. Edward Cullen?

- Ele não está. Posso ajuda-la?

- Ah... - A mulher hesitou. - Bem, já deixei recado no escritório, mas não será ruim deixar outro.

- Claro.

- Aqui é do Bufê Party e sinto informar que não poderemos atendê-los hoje à noite.

- O quê?! Vocês não podem fazer isso! Temos cinquenta convidados para um coquetel.

- Sinto muito senhorita. Nossa funcionária esqueceu-se de anotar o compromisso na agenda e só percebemos isso agora. Temos quatro outros eventos para hoje.

- Ora, mande a sua funcionária incompetente para cá! - Exclamei indignada.

- Impossível, ela foi demitida.

- Então você vai nos deixar na mão?

- Sinto muito.

- Tivemos boas referências ao seu respeito. Vocês assumiram um compromisso conosco e têm de cumpri-lo.

- Sinto muito, mas não há nada que possamos fazer. Até logo.

- Espere. - Gritei para o telefone mudo.

Bati o telefone e comecei a andar de um lado para outro do aposento. O que poderia fazer? Nem Alice havia chegado ainda. Gostaria de ir embora. Eu não iria cozinhar para uma multidão. Eu mal dava conta de cozinhar para mim mesma. Caminhei até a porta de entrada e a imagem do rosto de Edward surgiu a minha mente. Eu hesitei, a bolsa na mão. Não havia nada que pudesse fazer e Edward ficaria aborrecido comigo de qualquer forma. Partir era a melhor opção.

Ajeitei a alça da bolsa no ombro, fui até a porta e parei, fitando os quadros sem vê-los. Ele certamente poria a culpa em mim. Deveria esperar e ouvir as críticas pessoalmente? Porém, incapaz de abandoná-lo, não abri a porta. A promoção era muito importante para ele. Não conseguia esquecer o entusiasmo com que ele falava do assunto. Mesmo contando com o serviço do bufê, Edward precisava de mim para certifica-se de que tudo correria bem, já que Alice não estava presente. Eu sabia como essa noite era importante para ele e não lhe voltaria as costas. Ele contava comigo e, por algum motivo isso era importante. Fui até a cozinha e joguei a bolsa no balcão. De nada adiantaria ligar para ele. Teria que resolver o problema sozinha e para tanto, tinha que pensar em algo rápido.

Edward

Quando cheguei em casa e não vi o pessoal do bufê me desesperei. Bella me contou o que tinha acontecido e eu mal acreditei.

- Como cancelaram?! - Esbravejei para ela da porta da cozinha.

- Uma mulher ligou dizendo que tinham cometido um erro e que não poderiam vir. - Bella explicou vigiando os salgados que assavam no forno.

- E por que você não me ligou?

- Ela disse que deixou um recado no escritório.

- Só o nome e o telefone! Não tive tempo de retornar o chamado. Achei que estavam ligando para confirmar.

- Você não poderia ter feito nada do escritório. - Ela justificou secando as mãos numa toalha e colocando ingredientes para uma salada na tigela.

- E você achou que não precisava conversar comigo a respeito? - Perguntei incrédulo pela atitude dela de me excluir.

- Já era tarde e eu tinha que fazer alguma coisa sobre a comida.

- Se tivesse me ligado eu poderia ter cancelado a maldita festa. - Repliquei exasperado.

- Para quê? Olhe, os salgadinhos estão prontos. - Ela anunciou triunfante colocando-os numa bandeja.

Eu olhei de cara feia para a comida, vendo pela primeira vez as bandejas enfeitadas e as tigelas de molhos e outros aperitivos que ela conseguiu preparar após uma visita ao supermercado mais próximo.

- Estou vendo que você teve muito trabalho, mas não tenho certeza de que...

- Experimente. - Ela disse oferecendo um salgadinho.

- Acho que não...

- Experimente! - Ela repetiu.

- Está bem. - Resmunguei dando uma mordida no petisco e me impressionei. - Hummm, nada mal.

- Eu não disse?

- Está bom, mas essas pessoas estão acostumadas a …

- Pratos sofisticados. - Bella interrompeu. - Coisas que já viram e provaram dezenas de vezes. Você vai iniciar uma nova moda.

- Eu? - Tornei em dúvida.

- Sim. Vamos servir pratos “empresariais” repletos de prazeres.

- O que é isso?

- Essas pessoas são muito ocupadas, e passam a maior parte do tempo no trabalho, certo?

- A maioria, mas...

- Elas comem congelados e, com o tempo, passaram a gostar deles. Pois é isso que eles vão ter. São pratos que adoram, mas não admitem consumir.

- Uma festa temática?

- Sim. - Bella assentiu. - E agora prepare as bebidas que eles já devem estar chegando. - Nesse momento Alice chega e nos olha interessada.

- Onde está o bufê?

- Nos deram cano. - Bella respondeu. Eu não podia mais ouvir aquilo e sai para preparar as bebidas. Um tempo depois eu só ouvi Alice gritar “Adorei a ideia” e depois “Que delícia!”. Naturalmente Alice era fã de Bella.