Confiança escrita por Camila J Pereira


Capítulo 10
Tempo


Notas iniciais do capítulo

Como foi bem curtinho o capítulo anterior, mais um para se divertirem.



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Bella

Eu me recuperei da humilhação sofrida no dia anterior, Edward se mostrara muito confiante e disposto a tentar novamente comigo. Ele tinha telefonado para dizer que teria que viajar as pressas, coisas de trabalho, mas disse que voltaria logo. Naquela noite ele estava tão atencioso e até carinhoso comigo, eu sabia que ele no fundo era uma pessoa compreensível. Acabamos marcando um jantar para conversarmos um pouco mais sobre o nosso plano. Estava lavando a louça da janta e pensando nele quando a campainha tocou e eu fui atender, era Jake.

- Oi.

- Oi Jake. - Sorri para ele.

- Preciso falar com você. - Ele estava sério.

- Entre. - Dei espaço para que ele entrasse e ele sentou no sofá, sentei do seu lado. - Diga. - Ele suspirou.

- Sei que peguei pesado com aquele comentário. Eu te conheço o suficiente para saber que não faria aquilo, mas o ciúme foi mais forte do que a minha razão. Estou totalmente perdido e de mãos atadas nesse jogo louco em que se meteu. Eu queria poder te ajudar, queria que você se afastasse desse cara de uma vez por todas, mas eu devo admitir que no momento você precisa estar perto dele.

- Obrigado por entender Jake. Desculpe-me por ter entrado nesse jogo, mas é pelo estúdio e pela memória do meu avô.

- Mas ainda assim estou inseguro, completamente, totalmente inseguro.

- Jake... - Sussurrei e segurei seu rosto entre as minhas mãos. - Não fique. Isso é estritamente profissional. - Ele riu sem humor.

- Mesmo assim... - Ele abaixou os olhos tristes e meu coração apertou, ele segurou as minhas mãos e levou-as para seu colo.

- Mesmo assim o que Jake?

- Não vou suportar Bells...

- Jake, o que esta tentando dizer? - Meu coração apertado dava pulos.

- Eu te amo. - Ele levantou os olhos e me fitou intensamente. - Sabe o quanto eu te amo.

- Eu sei. - Sussurrei.

- Talvez seja melhor que nos afastemos enquanto você estiver com ele.

- Como assim? Enquanto eu estiver com ele? Eu não estou com ele Jacob.

- Sim, sim, sim. Sei que não estão juntos, mas vão fingir certo? Bells, eu estarei sempre ao alcance quando precisar, mas...

- Jake, não faça isso. - Eu implorei.

- Quando tudo terminar tudo pode voltar ao normal se ainda quiser.

- Não precisamos...

- Eu preciso. Não vou aguentar ficar te esperando enquanto esta com ele.

- É a sua última palavra? - Disse triste. Ele acariciou meu rosto com as pontas dos dedos.

- Sim. - Ele me beijou docemente. - Eu te amo e vou esperar. Mas preciso fazer isso longe. Entenda.

- Tentarei. - Eu o abracei fortemente até que ele se afastou.

- Até mais. - Ele riu.

- Até mais. - Ele se levantou e abriu a porta. - Juízo Bells. Tchau. - E ele se foi.

Eu fiquei sentada no sofá na mesma posição por um longo tempo pensando no que tinha acabado de acontecer. Meu namorado não suportara me ver fingir que sou a namorada de outro. Mas o que eu queria afinal? Ninguém merece isso. Por um momento me permiti ficar com raiva de tudo e de todos. Fiquei com raiva da minha irmã desnaturada que grávida de um homem se envolve com outro e ainda o trai com o próprio irmão. Fiquei com raiva de Edward por ele ser tão mesquinho e rancoroso a ponto de querer executar a hipoteca, raiva dele me forçar a compactuar com o plano dele de fingir ser sua namorada apaixonada. Senti mais raiva de mim de concordar com isso, de não poder lutar pelo estúdio de uma maneira menos ofensiva para o meu namorado... Quer dizer, meu ex-namorado ou sei lá. E então com toda essa raiva no coração eu chorei, chorei tudo que tinha que chorar, chorei toda a dor que podia. Deitei no sofá e fiquei pensando em minhas atuais desgraças.

Edward

O fato de estar fora de casa não estava me animando. Mais planos adiados e algumas noites sozinho não era um preço alto demais a pagar pela segurança de nunca mais passar necessidades, tinha me convencido na primeira noite. Quando formasse uma família, asseguraria que o futuro dela estivesse garantido.

Família, eu tinha sido um tolo sim porque percebia naquele momento que o que me motivou propor casamento a desnaturada da Rosalie que estava grávida e tinha sido abandonada a pouco tempo foi a vontade de ter uma família outra vez. Fui um louco precipitado, pois tínhamos saído apenas algumas poucas vezes quando ela contatou a gravidez e me contou. Fiquei fascinado pela ideia de casar com ela e criarmos o bebe juntos. Idiota!

Mas aquilo não me importava mais. Tinha que me concentrar em preparar a reunião. Abri minha pasta e vi um pedaço de papel com o número de Bella. Apanhei a pasta e abri. Tinha saído tão apressado que não houve oportunidade de desmarcar o jantar de amanhã. Sorri ao pensar nela e imaginar o que estaria fazendo. Estaria trabalhando no estúdio?

Fui até o telefone com o papel nas mãos, sentei-me na cama e disquei o número da casa dela. Enquanto o telefone tocava, a imagem de Bella, os cabelos castanhos esvoaçantes, formou-se em minha mente. O beijo que trocamos tornou a invadir-me os pensamentos. A simples lembranças daquele único abraço deixou-me tenso e com a respiração ofegante. Ela não se encontrava em casa.

Desapontado, desliguei e fitei o espaço vazio, imaginando onde ela poderia estar àquela hora da noite. Teria saído com as amigas para dançar? Ou com o namorado? Esse pensamento me revoltou. Merda! Ela estava me afetando e muito.

Tentei me lembrar do sobrenome de Ângela e apanhei o telefone outra vez, logo desistindo da ideia. O que ela fazia a noite não era da minha conta. Larguei o papel na mesa-de-cabeceira e voltei a pasta aborrecido por não ter conseguido falar com ela.

Sem dúvida, Bella me distraía de meus objetivos. Ela mexia com a minha sexualidade como poucas mulheres haviam conseguido e quase o fazia esquecer o que realmente importava. Contudo, não podia me esquecer que fui traído pela irmã dela e ela podia muito bem fazer o mesmo.

Não podia ceder ao impulso de me aproximar dela. Teria que encontrar meios de resistir aos encantos de Bella ou atraí-la para a minha cama e então tirá-la da cabeça de uma vez. Mas eu não poderia escolher essa opção, além de outras coisas ela tinha namorado e pode ser apaixonada por ele. Eu ainda não tinha voltado à escrivaninha quando o telefone tocou de novo.

- Alô. - Eu respondi.

- Então foi você quem ligou. - Bella confirmou. - Foi o que pensei quando vi o número no identificador de chamadas. Eu estava no banho.

Deixei-me cair na cama, o peito apertado diante da imagem do corpo nu e úmido de Bella.

- Onde você está? - Ela indagou.

- Em Cleveland. - Por alguma razão o som quente da voz dela naquele quarto de hotel deixou-me sem palavras.

- Puxa! Você não me contou que ia viajar. Vai voltar para o jantar amanhã?

- Não vai dar. - Eu respondi de modo automático.

- Ah... – Será que também estava desapontada como eu? Como desejava que sim.

- Foi repentino. Só soube da viagem hoje à tarde.  O que acha de jantarmos na sexta-feira?

- Para mim está ótimo. Parece que estarei livre por muitas noites a partir de agora. - Ela disse triste.

- Porque diz isso? - Interessei-me.

- Ah, nada, deixa pra lá.

- Se começou tem que terminar. - Insisti. - Diga por que razão terá muitas noites livres.

- Jake terminou comigo. - Silêncio, eu não consegui proferir nenhuma palavra. Eles terminaram? Porque eu estava tão eufórico?

- Provavelmente você aprontou alguma. - Quis brincar, mas querendo saber o que realmente tinha acontecido.

- Sim, aprontei. - Ela admitiu.

- Eu sabia, e o que foi dessa vez? O que fez a sua vítima? - Disse irônico.

- Nada que te interesse. - Ela devolveu agressiva.

- Ora, ora Isabella Swan. Diga para mim o que aprontou, estamos em uma conversa franca não?

- Estamos? - Ela perguntou irônica.

- Sim e tem que me dizer.

- Não sei por que você tem tanto interesse em saber o porquê do meu termino com o Jake. Mas eu vou dizer. Ele terminou comigo por não suportar a ideia de me ver ao seu lado, de ficar a noite me esperando chegar de eventos onde estaria fingindo ser a sua namorada. - Ela cuspiu cada palavra. Eu fiquei mudo novamente por sentir a sua tristeza e me senti um pouco culpado.

- Eu sinto...

- Não sinta. - Ela me cortou ríspida.

- Tenho certeza de que voltarão. Você explicou tudo a ele, certo?

- Mesmo assim não foi o suficiente Edward. - Eu respirei fundo.

- Não diga que quer desistir. - Eu murmurei, pareceu que eu implorava.

- Claro que não, diferente do que você diz eu cumpro com a minha palavra e com os meus compromissos e eu vou até o fim. Quando tudo terminar eu implorarei para que ele me perdoe e volte pra mim. - As suas primeiras palavras me animaram, mas as últimas me fizeram desmoronar.

Ela era apaixonada por ele, estava na cara.

- Acho que não precisará implorar.

- De qualquer forma o farei.

- Certo. Olha, eu ligarei quando chegar.

- Está certo. Boa noite então.

- Boa noite.

Desliguei o telefone e fitei o aparelho por vários instantes. Ela era apaixonada por ele. Balancei a cabeça pra desviar meus pensamentos, não era da minha conta isso. Concentrei-me e voltei ao trabalho, era tudo o que me restava.


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