Daughter Of Water And Ice escrita por Paola Araujo


Capítulo 2
A Chuva


Notas iniciais do capítulo

Estou adiantada, mas pelo menos vocês vão ficar felizes. Queria agradecer pelos comentários que recebi no último capítulo. Beijos e Boa Leitura!



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Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é. Fernando Pessoa

Mei foi uma menina tímida, uma menina que corava a maior parte do tempo. Uma menina cheia de vida que fora substituída por algo que ninguém sabia dizer o que era. Desde que tinha três anos de idade, tinha que permanecer no frio congelante que havia no sul, sem a maioria de suas roupas. Teve que suportar ficar mais tempo debaixo da água do que seus pulmões permitiam, tinha que quebrar coisas mesmo sem ter forças para aquilo. E quando completou dezesseis anos fora jogado em seu rosto coisas que ela achou terríveis da parte de sua mãe e também dos fantasmas que a assombram.

A chuva fora parte de sua vida, já que as lágrimas que ela queria sempre mostrar era a chuva que o céu fazia cair. Caminhou por tanto tempo que perdeu seus sapatos, caminhou até seus pés doerem e se ferirem. Mesmo assim não encontrava distancia e nem mesmo o que queria. Dentro de sua mente, as frases de sua mãe ecoavam querendo fazê-la cair perante a sua covardia, mas não. Entre os seus sonhos ela não deixaria isso acontecer, não se deixaria ser levada para algo que não lhe pertence e fazer do sonho de sua mãe o seu e realiza-lo de qualquer forma.

Você é como a chuva, delicada e fria. - pensou nas palavras da mãe para ela.

Lembra ela também seu pai, que ficou com ela durante seus oito anos de vida e depois desapareceu. Wintter nem ao menos se despediu. A criança desde que foi abandonada lutou contra estes fantasmas e mesmo assim nunca deixou de procurá-los. Sentiu o frio de uma parte sua queimar por dentro. Ela foi jogada fora por acharem-na fraca, frágil. Mas ela prometeu mostrar que era muito mais do que isso quando os encontrasse. Moveu o corpo na cama tentando, de alguma forma, passar conforto ao seu corpo.

Seu coração deve ser como gelo, frio. Assim sempre poderá concluir o que quiser. - pensou nas palavras de seu pai.

Abriu os olhos e fitou o quarto de paredes brancas, ao lado um abajur de cor creme, o acendeu e deu-se de cara um guarda-roupa aberto com roupas dentro delas, um espelho no canto inferior direto e uma pequena mesa com um vaso sem flor. E de longe ouviu a voz alta de Gray vindo da cozinha:

-Você fez o quê?!

-Juvia comprou roupas para ela.

-Mas ela não vai ficar aqui! Ela mesma disse.

-Mas Juvia quer que ela fique. Juvia não gosta de saber que uma menina como ela fique andando nas ruas sem o que comer e por onde dormir.

Mei sorriu. Aquele casal barulhento lhe deu tanto em algumas horas, do que em anos recebeu. Na noite anterior recebeu mimos que nunca recebeu. Depois de comer cinco bentous e de comer três vezes a sobremesa, Juvia lhe levou ao banheiro e disse que ela poderia tomar um banho. E lhe levou roupas limpas para poder dormir. Sentiu a cama que dormia e secretamente agradeceu por ter desmaiado na frente de Gray.

Olhou para as cortinas fechadas e decidiu se levantar e abri-las. feito isso viu o poderoso sol penetrar seu calor na sua pele e fazê-la se arrepiar. Era tao bom sentir o corpo energizado. Voltou sua atenção para o guarda-roupa e escolheu uma camiseta com o rosto de panda estampado nela, uma meia calça escura, pôs uma bermuda e um par de sapatilhas pretas. Olhou-se por um momento no espelho e percebeu que não havia uma escova por perto, fazia um bom tempo que não escovava seus cabelos. Porém vendo sendo refletida no espelho via a menina que era algum tempo atrás, uma menina feliz e sorriu novamente com isso.

Engoliu em seco, quando ficou de frente para a porta, não sabia ela se interrompia o que estava fazendo. Mas abriu a porta do quarto em que estivera, deslizou até a cozinha, pois sentira o cheiro de comida vindode lá. Viu Gray com o cotovelo na mesa e descançando a cabeça na mão aberta, Juvia no fogão e um prato já estava na mesa esperando ser comido.

-Boa tarde dorminhoca. - saudou Gray quando a viu.

-Boa tarde? - perguntou confusa.

-Você dormiu bastante Mei-Chan. - respondeu Juvia trazendo mais dois pratos para a mesa. - Vamos comer? - perguntou se sentando a mesa. Mei fez o mesmo.

-Itadakimasu. - disse baixinho e pegou com o hashi um sushi e o pôs na boca, fazendo sons de concordância enquanto mastigava.

-Parece que ela gosta da sua comida. - ironizou Gray.

-E da sua companhia também - disse para ele com a boca cheia, Gray voltou a comer a sua comida em silêncio pelo que ela lhe falara.

-Mei-Chan, Juvia terá que ir a um lugar, você gostaria de vir com Juvia? Gray-Sama vai ficar em casa hoje. - Mei balançou a cabeça afirmamente enquanto mastigava. - Juvia fica feliz com isso.

-Juvia-Chan você tem mãos de deusa! - disse Mei fascinada pelo dom culinário de Juvia.

-O-obrigada.

Pelo centro de Magnolia Juvia caminhava com Mei ao seu lado vendo tudo tão fascinada. Juvia gostou da companhia dela. Ela parecia uma criança descobrindo o mundo. Juvia tinha que resolver algumas coisas na guilda e achou que Mei iria gostar de conhecer outras pessoas. Já que ela mesma dissera que não tinha contato com outras pessoas faz um tempo.

Juvia achou Mei um encanto de menina, meiga e mostrava-se um pouco tímida. Mesmo assim adorou ter alguém por perto como ela.

Se tivesse uma filha, queria que fosse assim. pensou ela.

Juvia começou a querer mostrar suas lágrimas, mas fora interrompida por Mei que mostrou-se a frente de Juvia com um sorriso enorme.

-Obrigada Juvia-Chan, estou adorando o passeio. - disse ela.

-De n-nada.

-Onde vamos? - perguntou ela.

-Juvia não contou que é uma maga? - Mei ficou confusa, mas balançou a cabeça negativamente. - Juvia está indo para a guilda neste momento, tenho que pegar uma coisa que Juvia deixou com uma das companheiras. - e seguiu com Mei que ficou um pouco quieta de repente.

Maga... Ela é uma maga. - disse Mei em seus pensamentos.

Caminharam ligeiramente por entre as pessoas e Mei pode ver ao longe um vasto lugar preenchido com algo que se parecia um castelo. Grande... Realmente grande. Juvia já estava passando pelos portões quando percebeu que Mei não a acompanhava mais. Virou-se para trás e a viu admirando o lugar. Chamou-a que olhou para Juvia e depois correu em sua direção.

Mei ficou com certo medo e agarrou-se ao braço de Juvia, que ficou impressionada com o ato, mas cedeu mesmo assim. Abriu a grande porta da guilda que se apresentou como sempre, bagunçada e cheia de barulho.

Os filhos de Levi e Mirajane brigando entre si. Gajeel comendo pregos enquanto sua esposa lia um livro e fazia sua criança de seis anos dormir em seu colo. Mirajane oferecendo lanches e Laxus, seu marido encostado em um canto com os braços cruzados olhando para todos. Lucy esfregando a mão na cabeça do filho enquanto esse ouvia o que o pai tinha o que dizer. Jet e seu companheiro tentavam jogar poker com o Wendy que ficava corada quando Romeo lhe dava um beijo na bochecha em sinal de boa sorte. Lisanna ao lado de Cana conversavam entre si e olhavam de vez em quando para os dragões gêmeos. E Gildarts sentado no centro da guilda ergueu os olhos para a Mulher chuva:

-Espero que esteja melhor. - disse ele vindo em direção a Juvia.

-Sim mestre, Juvia está melhor. -respondeu com um sorriso. Ela tentou caminhar, mas foi impedida por Mei que cravara os pés na entrada da guilda.

-Vejo que trouxe alguém. - disse ele. Juvia não havia percebido pois Mei perto de Gildarts tinha o tamanho de uma criança.

-O-oi. - gaguejou ela.

-Meu nome é Gildarts sou o mestre da guilda.

-P-prazer...

-Esta é a Mei. Ela é um pouco tímida. - disse Juvia.

-Mestre. - disse um garoto de cabelos loiros e lisos vir para o lado de Gildarts. - É ela.

Mei olhou para ele, e percebeu que já o havia visto em algum lugar. Mas não se lembrou. Afrouxou o braço de Juvia e deixou que suas mãos caíssem. Ficou admirando o negro dos olhos dele, eram tão parecidos com a escuridão que tinha dentro dela e que tentava não mostrar para ninguém.

-Esta é a garota que deu um chute em Chouji que foi parar longe? - perguntou o mestre um pouco confuso.

-Sim. - respondeu.

-Estou impressionado. - disse o mestre.

-Hum... Chang-Chan do que está falando? - perguntou Juvia.

-Quando eu e os outros fomos comer algo ontem, vi esta menina que fez Chouji tropeçar e querer mata-la, mas ela lhe deu um chute que fora parar em cima da nossa mesa. - respondeu novamente.

-Então ela deve ser forte! -gritou Natsu pulando por cima do filho.

-Natsu-san, Mei parece um pouco frágil para ser tão forte assim. - disse Juvia tentando dar um sorriso de não convencida, já que a menina que falam não podia ser Mei.

-Juvia-Chan? - chamou Mei.

-Hum?

-Onde está o mestre Makarov?

-Ele... Ele... - Juvia tentou dizer algo que não machucasse os sentimentos de todos que estavam ali. Pois fazia cinco anos que o terceiro mestre da guilda fora morto pela velhice.

-Está no cemitério. - gritou alguém. Todos se viraram para o garoto que segurou com força um biscoito que Mirajane lhe estendeu. E quando Juvia se voltou para Mei, viu que ela tinha partido.

-Mei-Chan?

-O que ela vai fazer? - perguntou Chang.

Ao longe duas vozes estavam sendo ouvidas. E quando perceberam quem era, olharam desconfiados. Happy e Charles.

-Charles-Chan onde você e Happy estavam? - perguntou Wendy.

-Vocês tem que parar aquela menina. - dizia tentando recuperar o fôlego. - ela vai destruir Magnolia quando descobrir que Makarov não está em pessoa. Ela vai destruir Magnolia procurando por ele!

Ele vai pagar! - pensava Mei.

Era para isso que fora transformada naquilo. Que fora treinada. Seu coração estava sedento de sangue. Algo queima ela por dentro, a neve branca que logo se manchará com a cor do sangue do homem que sua mãe tanto odeia e que por culpa dele Mei nunca fora amada por ela. Makarov verá com os próprios olhos o poder secreto que está penetrado dentro do corpo frágil de Mei, o poder capaz de transformar o a lua em uma cor aveludada de vermelho sangue.

Mei foi feita para matar o homem que partiu o coração de sua mãe. O coração de Oceana!

Atravessou os portões de ferro do cemitério, mas fora parada por um raio que ficou cravado milimetros de seus pés. Ergueu os olhos para enxergar o garoto de cabelos brancos pular por cima dela como uma luz dourada e parar a cinco metros a sua frente. Olhando-a como uma presa.

-Não posso deixar que você viole meu bisavô. - disse ele.

-Meus assuntos são com o Dreyar e não com você. - respondeu ela seca.

-Eu sou um Dreyar. Então antes de chegar até o velho terá que me enfrentar.

Mei sorriu com aquilo. Ergueu o rosto até os céus e fechou os olhos. Seiji sentiu o ar ficar mais gelado e em pouco tempo estava vendo neve cair. Mei virou seu rosto para o garoto e percebeu que estava intrigado com a neve que ela trazia.

- Kōri no ha ( lâminas de gelo ) - disse Mei devagar. Os flocos de neve que caiam devagar foram parados no ar e avançaram rapidamente contra Seiji que recebeu o golpe um pouco abismado.

As lâminas de gelo dançavam a sua volta e lhe faziam pequenos cortes. Mei não queria machucar ninguém que não fosse Makarov. Mas sua magia fora parada quando ele inusitamente envolveu o corpo em uma onda enorme de choque. Juvia e os outros chegaram a tempo de ver o clarão de luz de Seiji e ficaram sem o que dizer quando o viram com alguns cortes, enquanto Mei não tinha nada. Seiji juntou as mãos e um círculo de luz apareceu:

- Thunder cloud (nuvem de trovões) - vários feixes de luz puderam serem vistos atravessando o corpo de Mei. Juvia quis gritar para que ele não a machucasse, mas arregalou os olhos quando viu que ela não estava mais onde havia sido atacada que agora estava negro pelo poder de Seiji.

O mago bisneto de Makarov sorriu por achar ter vencido a luta e se surpreendeu quando foi lançado para o ar com um chute vindo do chão. Mei havia transformado seu corpo em água e se arrastado até chegar perto de Seiji o suficiente para poder lhe atacar fisicamente. Enquanto Seiji ainda estava no ar, Mei ficou abaixo dele, juntou as mãos na boca em forma de cone e gritou enquanto se formava um círculo de magia. Natsu e todos que estavam ali arregalaram os olhos e abriram as bocas não acreditando no que viam:

- Suirō to Aisudoragon no hōkō ( Rugido do Dragão de água e do Dragão de gelo) - uma magia tão poderosa como aquela poderia ter matado Seiji. Mas ele fora resgatado por seu pai no último segundo, que desceu atrás de Mei, onde a mesma olhou por sobre o ombro.

-Uma Dragon Slayer. - sussurrou Juvia.

-Eu disse que ela era forte! - berrou Natsu.

-Não fiquem em meu caminho. - disse Mei.

-O que quer com Makarov, criança? - perguntou Laxus.

-Não é da sua conta.

-É sim já que é de meu vó que estamos falando.

-Ele machucou uma pessoa que amo. - Mei cerrou os punhos enquanto se virava para Laxus. - E vai pagar por isso! - aquela não era a menina que conheceu na noite passada. Pensava Juvia. Os olhos, a voz, tudo mudou.

-Ele já pagou. - disse Laxus. - Ele morreu a cinco anos atrás. -Mei arregalou os olhos e depois começou a rir.

-Está mentindo. Está o escondendo. - Seiji que já estava fora dos braços do pai correu em direção a Mei para lhe socar o rosto, e quando achou que conseguiria a menina dera um mortal para trás atingindo abaixo de seu queixo com as pernas. Laxus fora para cima dela também com o punho e com um giro ela desviou.

Todos viam aquela luta parecer um show de dança, pois Mei não lutava, ela dançava com graça e beleza. Conseguia dar chutes e socos em Laxus um dos mais fortes da guilda e em seu filho que seguia os seus passos.

-Basta! - disse Juvia correndo para onde estava Mei. - Mei... Por favor... Pare!

Juvia - o nome da mulher lhe penetrou e a fez parar e com esta brecha Laxus a atingiu no rosto, mas Mei não fora parar longe ela ficou parada com o punho de Laxus no rosto. O próprio mago ficara surpreso com isso e se afastou dela.

-O que é você? - perguntou baixinho.

-Mei! - gritou Juvia abraçando a menina. - Por favor pare. Você não sabe a dor que está fazendo Juvia sentir vendo-a lutar. Juvia não quer te ver machucada. Por favor pare. Laxus-san está falando a verdade. Por favor acredite. - Juvia tinha lágrimas nos olhos e abraçava cada vez mais Mei.

Este sentimento... Este toque... É desconhecido... - pensava Mei. Ela que nunca teve um afeto de quem mais precisou, estava tendo por pessoas que nem mesmo era de seu próprio sangue. Mei enlaçou os braços envolta de Juvia e ambas se abraçaram mais forte ainda enquanto deslizavam para o chão.

-Nunca recebi um abraço. - revelou Mei fazendo Juvia olha-la surpresa. Mas sorriu vendo-a sorrir. - Obrigada Juvia- Chan. Obrigada mesmo.

Uma camada fina de chuva começou a cair. Natsu e os outros olharam para Juvia que ergueu os olhos para o céu um pouco confusa. Não era ela desta vez que estava fazendo chuva, muito menos estava triste para fazê-lo.

-Juvia-Chan... Você...

-Não... Não é Juvia. - respondeu para quem quer que tivesse falado. - olhou novamente para Mei que tinha o rosto molhado e Juvia pensou que era devido a chuva. Limpou-lhe o rosto com a manga de seu cossaco, mas logo percebeu que a menina chorava. - Mei-Chan?

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-Desculpa Juvia, não queria molhar você e os outros. É que quando começo a chorar o céu também chora. - respondeu a menina que colocara as mãos no rosto tentando esconder as lágrimas que brotavam sem a permissão dela.


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Notas finais do capítulo

O que acham da descoberta feita neste capítulo?
Não deixem de me contar.
Beijos e até a próxima.



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