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Gerard devia ter assumido um olhar, uma postura envergonhada. Mas não o fez. Ao invés disso, olhou inquisidoramente para Frank e Mikey,
- O que vocês estavam fazendo?
- Bebendo. Conversando. Sabe, algo que não envolva nudez. Mas não acho que você entenda isso. – Frank falou, mais frio que um iceberg.
- Nem você. – Gerard falou. Seus olhos brilhavam de raiva.
- O que ele tá fazendo aqui? – Mikey olhou para Bert. Conseguia ser cínico muito bem.
- Eu consegui um celular e pedi pra ele me tirar de lá. – Gerard falou, seco.
- Pensei que vocês estivessem brigados. – Frank falou, fuzilando Gerard com o olhar.
- Brigas passam. – Mikey falou, prático. – Bert, brigada por trazer meu irmão até aqui. Ele vai ficar bem agora. Aliás, seu zíper está aberto.
Bert, que olhava para aquilo tudo completamente perdido, deu um pulo e fechou sua braguilha.
- Ahm... eu tenho que ir. – e tratou de sair dali antes que as coisas explodissem na sua cara.
Frank e Mikey ficaram olhando para Gerard. Este tentou se defender.
- Vocês sumiram! Eu não tinha mais ninguém pra me trazer.
Nem mesmo o mantra de Frank o ajudou. Ele apenas para Gerard com uma expressão de nojo genuína e saiu, batendo a porta.
Gerard olhou para Mikey.
- Que foi que eu fiz?
Mas o seu irmão também o olhou com raiva.
- Você não entende mesmo, né? Você magoa as pessoas, Gerard! Todo mundo à sua volta! E o pior é que você nem se toca!
Com um grunhido, ele foi para o seu quarto e bateu a porta, deixando um Gerard muito confuso na sala de estar. Ele suspirou. Só havia uma coisa a fazer: ir para o seu estepe-para-todas-as-ocasiões, o eterno Bert McCrakken. Saiu do apartamento e foi pegar o seu carro. Não entendia porque todo mundo resolvera implicar contra ele.
***
Frank estava no seu apartamento, vendo TV, quando seu celular tocou. Viu o número e ignorou. O cel parou de tocar. 5 segundos depois voltou. Frank ignorou as chamadas de Gerard 4 vezes. Até o seu telefone de casa tocar. Frank o ignorou de novo. Veio a caixa postal:
- Frankie... você tá aí? – Gerard parecia choroso – Me desculpa, eu... eu fui no Bert, e... Porra, ele tava com o Quinn! Eles estavam trepando! Dá pra acreditar? Você acha que conhece alguém... mas acho que nem eu nem você podemos falar nada, né?
Frank atendeu o telefone. Ouviu um suspiro aliviado do outro lado e uma voz tímida que ele odiava amar:
- Posso passar aí?
Ele disse sim. Depois de desligar o telefone, bateu a cabeça na parede. Porque sempre falava sim para Gerard?
***
Chovia. Mikey estava vendo TV, mas sua mente estava longe. Pensava. Em Bert, em Gerard, e em porquê nada dava certo com ele.
E então alguém bateu na porta. Mikey atendeu, e teve que esconder a sua surpresa ao ver Bert à sua porta. Ele estava molhado, por causa da chuva, e ofegava. Devia ter corrido.
- Cadê o Gerard?
***
Num apartamento não muito longe mas também não muito perto dali, Gerard também aparecia ensopado na porta de Frank. Entrou, e Frank fechou a porta, já se arrependendo.
- Então... o que houve?
Gerard sentou no sofá, molhando-o. Frank se sentou ao seu lado.
- O Mikey começou a gritar comigo, e eu fui no Bert. Aí eu fui lá e... ele tava trepando com o Quinn. Eu nem parei pra nada, só vim pra cá. Foi o primeiro lugar que me veio na mente. Me traz uma certa... familiaridade.
- Sinto muito. – Frank falou, o mais friamente que conseguiu. Gerard parecia arrasado.
- Mikey tem razão. Eu sou idiota.
- Na maioria das vezes você é. – Frank concordou. – Mas não sempre. Não se odeie tanto.
- Não, é sério! Eu fodo com a vida de todo mundo.
Frank não falou nada, porque concordava. O bom de Gerard bêbado era que ele ficava honesto.
- O que deu errado com a gente? – Gerard perguntou, choroso. Frank realmente não queria sentir pena. Tomou uma postura dura:
- Que tal você ser ciumento pra caralho?
- Eu?! Foi você que ficou com aquela vadia! – Gerard se levantou.
- E você de vingança ficou com uma fã! – Frank não queria gritar. – E a Kate era uma amiga, eu e você estávamos brigados, eu e ela estávamos bêbados... mas você ficou com uma fã, Gerard! De vingança contra mim! O quão baixo você chegou!
Gerard olhou para o chão.
- Nós dois erramos. Mas não podemos esquecer isso?
- Você que resolveu não falar mais comigo. – Frank cruzou os braços.
Gerard sentou no sofá, a cabeça apoiada nas mãos. Não chorava, mas a sua expressão de desolamento quando olhou para Frank faria até o satanista mais demoníaco cair no chão chorando. Frank sentou ao lado dele, o coração apertado dentro do peito.
- Porquê você fica com o Bert?
- Eu achava que ele era mais seguro.
- Bert? Seguro? – Frank riu. Gerard também.
- Seguro pro meu ego. – eles riram. Gerard olhou para Frank com *aquele* olhar. Justamente o olhar que ele sabia que pelo qual Frank sempre cedia. Também se aproximou um pouco mais. Frank percebeu o movimento e se levantou.
- Hum... então, você sabe como o Bert é, daqui a pouco você vão voltar. É... é melhor você voltar pra casa, você tá bêbado e tal.
- Eu não to muito bêbado. – Gerard também se levantou. Frank sentiu seu estômago gelar. Ficou paralisado enquanto o outro se aproximava como um felino pronto para pegar a sua presa. E o olhar. Que droga, porque ele tinha que ter aquele olhar?
Gerard se aproximou de Frank até ficarem com os narizes se tocando. Podiam sentir as respirações um do outro. Até um pouco dos corpos um do outro. Então Gerard se inclinou e Frank se afastou, indo até a porta do apartamento e a abrindo. Olhou para Gerard.
- Você pode ir agora.
Frank teve que olhar para o chão, para não ter que ver a expressão de Gerard enquanto este ia embora. Não cederia aos desejos de um bêbado recém corno (e muito menos aos seus próprios). Por mais diabolicamente irresistível o bêbado fosse.
Assim que Gerard saiu, Frank foi direto tomar uma ducha fria.
***
- Ele saiu. – Mikey falou apenas. – Porquê?
- Você não soube? Ah, que bom.
- Não soube o quê? – Mikey levantou uma sobrancelha.
- Hum... é melhor você saber pelo seu irmão do que por mim.
- O que houve?
- Ahm... acho que terminamos.
- Acha?
- Hum... Ele me pegou com o Quinn, agora há pouco.
- Ele foi pra sua casa?  - Mikey perguntou. Bert assentiu. – Mas... – ele imaginou para onde Gerard teria ido. E então soube. Coisa de irmão. Tudo estava certo. Ele estava com Bert, e Gee com Frank. Como devia ser. Olhou para Bert.
- Vocês realmente se gostam? Você e o Gee?
- Bem... a gente fica, e é legal. Isso é gostar?
- Depende.
- Ah.
Mikey respirou fundo e falou:
- Bert?
- Hm?
- Eu gosto de você.
- Legal Mi, eu também gosto de você. – o outro falou, avoado.
- Não, quer dizer... eu *gosto* de você. Tipo, romanticamente.
Bert o olhou, surpreso.
- Acho que isso corre na família, né?
Mikey deu de ombros.
- Gerard gosta (realmente gosta) do Frank. E eu gosto de você.
Bert sorriu.
- Ok. Vamos sair qualquer dia. Eu te ligo e a gente marca.
Mikey sorriu. Mas algo ainda espreitava a sua mente.
- Não é melhor a gente marcar agora?
- Nah, nessa semana eu vou estar ocupado com a banda. Mas eu te ligo quando estiver livre. – Bert falou, sorriu, e saiu.
Mikey sabia de algum jeito que não deveria cantar vitória.
***